quarta-feira, 23 de julho de 2008

:: Os Sementes Pretas ::

Primeiramente, gostaria de agradecer o convite (tipo, eu me convidei e a galera aceitou) do Depredando para ser um dos correspondentes internacionais do blog. É muita sofisticação!

A partir dessa semana vou postar algumas boas coisas que existem aqui na Nova Zelândia, vulgo Cu do Mundo, onde moro atualmente.

Segundamente, vou falar aqui uma coisa (a primeira vez que eu disse isso numa conversa de bar quase quebraram uma cadeira na minha cabeça): Se o Bob Marley não tivesse morrido eu matava ele. Ô cara chato, pô!

Não é só a implicância com reggae que me faz odiar bandeiras da Jamaica (nada contra o país) e todo esse esteriótipo rasta+maconha=praia (ou ao contrário). É a falta de qualidade dos discos, das músicas e dos músicos que se propõem a fazer esse tipo de som. A guitarra sempre a mesma, as cadências idem, o vocalista de cabelo sujo ibidem.

No entanto, hoje vou pagar a minha língua e pedir perdão a Jah ajoelhada no milho. Indico uma banda kiwi que já é até celebridade nos EUA, na Europa e no Japão - merecidamente: The Black Seeds.

O Cd que eu to postando hoje é o segundo da banda, o melhor dos quatro, eu acho. Cheio de groove, funk, naipes de metal belíssimos e dubs pra te deixar doidão. Qualidade impecável e um tecladista talentoso (coisa rara).

Engraçado que depois desse disco, os Black Seeds se transformaram numa banda quase exclusiva de reggae (ainda assim com bons hits). Talvez os produtores tenham falado pros caras: "Ei brôus! Vocês são da Nova Zelândia, só tem brasileiro maconheiro lá!! Olha o mercado!". Funcionou. Os caras não param de tocar na rádia e são ícones por aqui.

Bom, a dica ta aí pra baixar! Espero que gostem e que espalhem a música dos caras aí no Brasil também.

Agora dá licensa que eu to indo ali acender meu baseado. Cof.

Quem: The Black Seeds

Má-o-meno isso: Não espere música pra relaxar. Os caras são bons e quando você menos esperar já vai estar dançando no meio da sala.
Receita (inusitada): Lenny Kravitz + The Warriors + Ben Harper + Salmonela Dub + bons níveis de T.H.C no sangue
Indico para:
- Quem tem preconceito com reggae como eu
- Quem precisa decidir se vai morar na praia ou investe na bolsa de valores
- Reuniões de amigos antigos
- Colocar no som do carro para viajar

My Space The Black Seeds



DOWNLOAD DE GRÁTIS!!!


* Francine Micheli é jornalista, acha que é pianista, mora na NZ e comeu uma barra inteira de chocolate enquanto escrevia esse texto. Também é a dona do blog Mãe, ja Acabei!.

terça-feira, 22 de julho de 2008

:: PROJETO PET SOUNDS - largada! ::

(desculpa a viadagem, mas o bichano aí em cima é uma graça, né não?)


Ó só. Criamos uma nova brincadeira crásse para deixar esse bloguito ainda mais legal. Deix'eu explicar procêis. Com certeza 'cês se lembram de jornalistas pouco criativos fazendo a clássica e clichê pergunta aos músicos que entrevistam: "quais os 5 discos que você levaria para uma ilha deserta?" Resolvemos reaproveitar este mesmo conceito, já que também não somos nada criativos, e sair perguntando pr'um monte de gente legal de bandas legais por aí: "quais são as músicas que mais te marcaram na vida, teus mais adorados 'pet sounds'?"

Nossa ilustre "estrela do post" é então convidada a escolher uma dúzia de musiquetas, que encham uns 60 minutos de música, com aquilo que mais marcou musicalmente sua vidinha. É como se gravasse uma k7 para uma pessoa especial ou preparasse um CD-R que gostaria de ouvir pelo resto dos dias na tal da Ilha Deserta (considerando que ela fosse monótona e sem emoções, bem diferente daquela de Lost ou de O Senhor das Moscas..). Pedimos ainda ao nosso entrevistado que faça breves comentários sobre cada uma das faixas, de preferência dando completa vazão ao umbigolismo e às confissões autobiográficas. Aí nós aqui do Depredando reunimos as mp3 num zipão e entregamos de presente para vocês a histórica e exclusiva COLETA DE SONS DE ESTIMAÇÃO de nossos espetaculares convidados. Curtiram a idéia?

O Fábio, nosso amigo que canta e toca guitarra nos Visitantes, uma das mais bacanas bandas de rock experimental da cena paulistana atual, aceitou o desafio de inaugurar essa nova seção do Depredando o Orelhão. E mandou bem! Os caras, que fizeram um fodástico show no Groselha Fuzz de Ribeirão Preto, onde foram entrevistados por dois dos depredadores (eu e o Vernarrdo) aqui presentes, já receberam antigamente um post aqui no blog que vale visitar - confiram! E agora fiquem com Fábio e as músicas de sua vida...

E logo logo vem aí o VOLUME 2 com... segredo!

(Mas Thom Yorke, Eddie Vedder e Jeff Tweedy já toparam participar... :P )

:: PET SOUNDS PROJECT - volume I ::

:: SONS DE ESTIMAÇÃO - VOL 1 ::

estrelando...

FÁBIO, vocal e guitarra dos VISITANTES/SP,
e as MÚSICAS DE SUA VIDA!

01) "BONE MACHINE" – Pixies – eu tinha o Bossanova do Pixies em K7, achava eles só interessantes como "a banda que inspirou o Nirvana", mas quando comprei o Surfer Rosa em vinil, eles se transformaram na minha banda favorita de todos os tempos! É uma vergonha pra nós, músicos latinos, que temas tão nossos como catolicismo, discos voadores, arroz com feijão e sexo bizarro tenham sido muito melhor explorados por um gordo albino americano.

02) "IN BLOOM" – Nirvana - toquei essa música um milhão de vezes. Os dois clipes dela são fantásticos, o que tem eles com vestidinhos eu conseguia assistir dezenas de vezes seguidas. Aliás, tem um terceiro clip dela, nada a ver, da época do Bleach. Nirvana me tirou do ostracismo.

03) "CVV" – Ludovic – Nunca vou esquecer do dia em que tocamos juntos em 2004, no Festival Sinfonia de Cães, e o Jair Naves dedicou essa música para a Wasted Nation, que tinha tocado antes deles. O espaço do baixo e vil. Queria um dia poder sentar com o Jair e trocar idéias sobre tudo e sobre nada.

04) "STAY" – Oingo Boingo – Toquei essa música no primeiro show da minha vida (Wasted Nation, em Barueri, 2001) e ela me lembra minha infância revirando os LPs da minha tia na Vila dos Remédios. A música é toda boba. "No, don't you gooooo, stay with me one more dayyy". Hahaha.

05) "O PINTO DE PEITOS" – Cidadão Instigado – Isso é que é pop brasileiro! Ouvi pela primeira vez chapado na estrada, viajando com a SomoS pro Araraquara Rock.

06) "EVIDENCE" – Faith No More – Climão. Mike Patton é um filho da mãe que soube jogar o jogo. Aprendi a gostar mesmo depois de ouvir o disco... Meu tio me mostrou "King For a Day, Fool for a Lifetime" enquanto a gente jogava truco em família na varanda da chácara.

07) "KOOL THING" – Sonic Youth – Amo essa música. Tocava na abertura do "Alto e Bom Som", quando a MTV era grunge. Nessa música eles atingiram o apogeu do rock'n'roll com barulho! Não é que cada um de nós tem seu primeiro estalo do que é o punk? Pra mim foi o Sonic Youth. "1991: The Year Punk Broke" mudou minha vida!

08) "FAIRGROUND ATTRACTION" – Fairground Attraction – Achei essa banda em K7, na Musical Box, em Higienópolis. Minha banda-favorita-que-ninguém-conhece, tem um quê de circense e meio brega, é gostoso de ouvir.

09) "SLOW NUMBERS" – Morphine – Essa talvez seja a melhor música da História do Mundo. Number seven's lucky in Japan, but here... we don't give a damn. But on the elevator… no thirteenth floor… Caraca. Não sei o que me toca nessa música mas é quase religioso. Viva Mark Sandman.

10) "ROSA, MENINA ROSA" – Jorge Ben – Jorge Ben foi o ingrediente secreto que aos poucos desmanchou o universo semântico da Wasted Nation, transformando-nos em Visitantes. De grunge psicodélico a rock tropical. Essa faixa é meio mística, tipo um flamenco com preguiça.

11) "PORQUE A GENTE É ASSIM?" – Cazuza – Mais uma dose éééé claro que eu tô a fim, a noite nunca tem fim, porque a gente é assim?

12) "HEY JUDE" – The Beatles – A primeira música que eu tirei na vida. No violão. Parece que o Paul fez ela pro filho do John Lennon. Na na na na na na! Hey Jude!

13) "REFUSE/RESIST" – Sepultura – Deliciosamente viril e absolutamente necessário! Essa é homenagem ao Sabão, que toca comigo no Visitantes. Ele me ensinou a gostar de porrada. Yeah. O Chico Science curtia muito essa.

14) "PRAISE YOU" – Fatboy Slim – Pra fechar com chave de ouro! Não tem nada muito pessoal nela, mas é uma porra de uma música legal que faz todo mundo dançar e se pegar. Oh yeah.

(Meu nome é Fábio. Sou guitarrista e vocalista da banda Os Visitantes, toco desde 2001 nela, desde quando ela se chamava Wasted Nation. Morei em Londres por um ano quando era pivete e já fui pra Machu Picchu de ônibus. Fundei em SP o coletivo Escárnio e Osso, que trabalha com eventos e distribuição independente desde 2003. Estou me formando em Audiovisual na USP e faço som, roteiro, rádio e o que vier. Toco bateria na Cabongues e baixo/voz no Juquinha. Trabalho num estúdio de áudio. Adoro Pixies e namoro a Karina. Ela é um amorzinho.)

DOWNLOAD (62 MB): http://www.mediafire.com/?1dx5ojyxxn4

MAIS SOBRE OS VISITANTES: ORKUT - TRAMA - FOTOLOG - contato no oscaras@visitantes.mus.br.

domingo, 20 de julho de 2008

:: Smells like diva spirit ::


Desde que Joss Stone pintou os cabelos e Amy Winehouse começou a despencar pro precipício junto com sua voz, a comunidade musical (fui boazinha agora, hein? Quando é que juntando críticos, blogueiros e jornalistas a gente forma uma comunidade?) internacional caça uma nova diva. O primeiro lampejo de luz veio com Duffy e seu álbum “Rockferry”, que pareceu convencer boa parte da crítica. Voz potente, banda orquestrada, mas, bem, hum, faltava aquilo, sabe?

Aquilo que faz uma diva.

Uma textura única de voz, uma entonação hipnotizante, um apreço qualquer pelas raízes, sejam elas quais forem.

Eu continuava órfã até que a Fran Micheli, a jornalista cosmopolita do blog “Mãe, Já Acabei” que atualmente contempla quilos de neve na Nova Zelândia, meu mostrou Gin – a diva, não a bebida.

A história da menina é triste que dói, e de nascida na Nova Zelândia, foi parar em Buenos Aires e depois na Austrália. Gin está em seu primeiro álbum, “Extended Play”, que contém cinco músicas. Quatro delas estão no MySpace, e eu não consigo parar de ouvir.

O CD será lançado no dia 02 de agosto, mas já é de cara uma das coisas que mais curti até agora em 2008. Macy Gray está ali, Ella, uma pitada de Aretha, e até o folk, que Duffy esboçou meio sem convicção, Gin entrega com frescor de Bob Dylan.

Smells like diva spirit to me.

http://www.myspace.com/ginwigmore

Gin - These Roses

sábado, 19 de julho de 2008

:: hard-rock de mina ::


ELAS SÓ QUEREM FARREAR!

:: THE DONNAS, Turn 21 (2001) ::
- por MARCEL PLASSE, numa velha Showbizz -

Enquanto a maioria de suas colegas preocupava-se com a festa de formatura do colegial, esse quarteto só pensava em fazer barulho. Agora, em seu 4o disco, as Donnas deixam de ser lolitas do punk rock para cair bêbadas legalmente nos braços de quem pagar os drinques. Aos 21 anos, elas estão longe de amadurecer. Ainda bem. Com as mesmas camisetas, tênis e jeans pretos, as Donnas mantêm a consistência demonstrada aos 16 anos. Mas algo mudou: as Ramones de San Francisco podem fazer o que sempre insinuaram em suas canções sem que ninguém vá parar na cadeia. Desde os dias em que Joan Jett brigava com Lita Ford pela liderança das Runaways não aparecia uma banda de meninas tão disposta a ferrar com os ideais machistas do rock'n'roll. No novo CD, elas pedem mais groupies, bebidas e bobões sem roupas para usar e dispensar. Nem L7 era tão atrevido. E as garotas abusam. Sua versão de "Living After Midnight", clássico do Judas Priest reduzido a Cheap Trick de 4 acordes, revela a falta de respeito da banda. As Donnas exploram o fato de guitarras serem tradicionalmente convertidas em símbolos fálicos para estuprar os clichês. A platéia faz fila e nem pede delicadeza. Ao contrário, quanto mais hard, melhor.

DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 63 MB - 14 faixas):
http://www.mediafire.com/?ds1cdn4zz4g

* * * * *


:: SAHARA HOTNIGHTS, Jennie Bomb (2001) ::

E LUX LUSCIOUS TB RECOMENDA... Pra quem curte rárd-róqui de minas farofeiras, que manjam de melodias grudentas e que nos deixam a libido enlouquecida, vale muito a pena conferir também o som do quarteto sueco de 4 beldades SAHARA HOTNIGHTS. É ótimo rock and roll para bater punheta, pogar pelo quarto e headbangar ao mesmo tempo. Elas fazem um som bem ao estilo da Joan Jett, da Suzi Quatro e das próprias Donnas, mas pra mim soam ainda mais empolgantes, sexies e deliciosas. É mais ou menos como os Forgotten Boys soariam se fossem uma banda de mulherzinha. Um hard-rock treme-estádio espetaculoso que deixa o ounvinte se perguntando o que foi que aconteceu que elas não venderam ainda umas 10 milhões de cópias tendo gravado música tão contagiante. Dá pra notar que elas prestam suas homenagens às mulheres fera do roquenrou de outrora - Joan Jett, Chrissie Hynde, as Runaways... -, mas acabam soando mais como uma versão fêmea dos Hellacopters (aliás compatriotas delas...) ou como um Darkness um tanto menos escrachado. Ou como um AC/DC de calcinhas. Riffs ganchudos, refrões inesquecíveis, vocal pra lá de massa: tudo o que você precisa para uma festança de rock and roll pauleira - que é oitentista e americanizado bragarai, mas não deixa de ser irresistível. Ouvir Jennie Bomb dá mais tesão que muito soft-porn por aí...

DOWNLOAD (54 MB, 192kps, 13 faixas):
http://www.mediafire.com/?inwt4xtvmtt

quinta-feira, 17 de julho de 2008

:: The Sounds ::


Novamente 2006, ano de cabeçadas, flagras e planetas depostos. Como já disse, passei o segundo semestre viciado em Metric e o consumo excessivo de sua música deixou o efeito desta mais fraco. Precisava de uma nova banda com características parecidas. Foi então que encontrei essa droga para consumir.

No início houve a máquina de teleporte do filme de David Cronenberg "A Mosca" (1986). Ao invé de Seth Brundle adentrar-se na máquina, para realizar o primeiro teleporte com um ser humano, ele resolveu passar as honras para sua amiga Debbie Harry. Deb, com seu jeito todo peculiar, se colocou na primeira cabine para ser transportada, graças à evolução tecnológica-musical, à cabine número dois. Mas ninguém percebeu que uma pequena e saltitante Avril Lavigne também entrou na cabine número um. Seth puxou a alavanca e correu para a cabine onde as garotas estavam. Vazia, o teleporte foi um sucesso. Se dirigiu para a outra cabine e abriu a porta, gelo seco impedia sua visão. Eis que um corpo feminino passou a ser distinguido por entre a fumaça, porém não era sua amiga Debbie, tampouco a serelepe Avril, quem apareceu foi Maja Ivarsson, com suas belas pernas a mostra. Maja (que por pouco não virou inimiga dos Comandos em Ação) juntou-se com Felix Rodriquez, Fredrik Nilsson, Jesper Anderberg e Johan Bengtsson, os rockeiros mais fashion da Suíça, para fazer um new wave dançante.

Não espere por nada muito profundo ou complexo no trabalho de The Sounds. Músicas curtas, guitarras bem colocadas ("Queen Of Apology"), teclados constrangedores (início de "Ego", "Much Too Long" e da sexual "Tony The Beat"), letras do simples ao banal, canções bem ritmadas, vocal grudento, tudo isso muito bem produzido, ideal para tocar em alguma radio ou festa indie. Este álbum representa o que há de mais pop no mundo underground, e não seria estranho, daqui há alguns anos, a banda emplacar alguma de suas músicas quero-ser-hit nos meios comerciais. De qualquer forma é um grupo jovem, que merece atenção (ou não), e algum dia pode fazer algo mais interessante do que um glam-pop-poser-rock para dançar nas baladinhas da Augusta.


Para download "Dying To Say This To You" lançado no Reino Unido, com seis faixas bonus, entre elas dois remixes. De qualquer maneira, vale pela capa.

Download (mp3 - 16 faixas - 79)

:: The Pillows ::


Mais uma pra categoria nerd. Dessa vez trata-se de uma banda conhecida através de um anime insano chamado フリクリ, ou FCLC, ou Fooly Cooly, mais comumente conhecido como Furi Kuri.

The Pillows, formada em 1989 (mantém até hoje sua formação original, com excessão do baixista), mistura muito bem J-Pop, Power-pop (termo que aprendi com o Lux Lúcio, também conhecido como Dirty Little Dummie e raramente chamado de Eduardo) com Indie-rock, indo desde um som mais sujo e agressivo até um pop-rock marcante, cantado sempre em japonês com apenas algumas frases, geralmente o refrão, que dá nome às canções, em inglês. Porém é ai que reside o problema, o vocal. Todas músicas soam perfeitas até se ouvir uma voz fanha e desempolgada (peguei um pouco pesado) do guitarrista Sawao Yamanaka.

Mas o instrumental conscistente, com riffs espertos e o ótimo punch na guitarra de Yoshiaki Manabe (juntamente com a de Yamanaka) somados à bateria de Shinichirou Sato, produz ótimas baladas e porradas que sempre soam como aquela gravaçãozinha mal feita, no melhor dos sentidos.

Então bate aquela dúvida, mas será possível rock cantado em japonês? Depois de passado o estranhamento, e preconceito, inicial é fácil se acostumar com o idioma nipônico nas músicas, pena não dizer o mesmo da voz de Yamanaka (que parece cantar em um videokê). Não desista na primeira nem segunda tentativa, vale a pena conhecer Happy Bivouac ou a trilha do anime por músicas como "Crazy Sunshine", "Black Seat Dog", 'Funny Bunny" e todo o resto pra variar.


Aproveito para encaixar, nunca tarde demais, na série desse blog Turismo Inter-Planetário da Depredando S/A, viajando hoje pela maravilhosa ilha do Pacífico Norte, Japão.

Download: The Pillows - Happy Bivouac (1999) [79mb]
Download: The Pillows - Fooly Cooly OST 3 (2005) [96mb]

quarta-feira, 16 de julho de 2008

:: welcome aboard! ::

A família Depredando saúda e dá as boas-vindas ao mais novo membro da gangue, o grande Fabricio Boppré, nosso (pasmem!) correspondente em ***Paris***. Esse blog tá chiquérrimo e pra lá de globalizado, falaí! :) Pra quem não sabe, há anos o Fabricio escreve só material fino para um dos web-sites musicais mais bacanas e clássicos da net brasileira, o Dying Days, verdadeira enciclopédia sobre o grunge e as bandas que marcaram o rock nos anos 90. Atualmente em estado de reformulação, a D.D. promete retorno para logo logo - volta triunfal que aguardamos com ansiedade. Enquanto isso, o Fabricio promete fazer contribuições eventuais para o Depredando o Orelhão, conforme permitir seu atribulado e très chic cotidiano parisiense. Um grande salve para o novo depredador! =D

Vampire Weekend (2008)


por FABRICIO BOPPRÉ
(corresponde internacional,
exclusivo para o Depredando)


Surpreendentemente agradável a meia horinha de música deste primeiro disco do Vampire Weekend, banda de Nova York que contabiliza até aqui dois aninhos de vida. Mas são dois aninhos bem vividos e frutíferos. Resumir a trajetória dos rapazes é moleza, então lá vai: se conheceram na Columbia University e por lá, pelo visto, costumavam tirar um som entre as aulas e as farras (porque, se você assiste aos filmes de Hollywood, sabe que nos EUA as duas coisas tem peso e frequência de ocorrência iguais na vida de um universitário, certo?). Soltaram uns singles prestigiosos, ganharam fama no mundo virtual, e com o passar dos meses, dos shows, das farras, e dos singles prestigiosos, a fama foi agravando-se para o mundo real. E, claro, não dá de omitir: apareceram na capa na Spin. Grande merda? Não se atentarmos para o fato de que nunca antes na história da revista uma banda havia figurado na capa sem ter ainda um full-lenght lançado. Os vampiros foram os primeiraços. Terminaram seus cursos e investiram na produção do debut, desta vez dividindo o tempo com seus empregos, que nem devem ter durado muito.

Para ler uma biografia um pouquinho maior do que a minha, clica aqui (já fica registrado o devido crédito para a fonte das informações do parágrafo acima).


O show foi legal, tocaram somente músicas do primeiro disco. Porque só tem esse mesmo.

Mas eu disse que o álbum é surpreendentemente agradável pois eu, como de costume, alheio a todo o paparico internético sobre novas bandas, fui ouví-los somente pouco tempo atrás, quando nas vésperas de um festival que eu iria assistir e eles estavam escalados (Main Square Festival), achei por bem experimentar para saber do que se tratava. E acabei achando o sonzinho totalmente desprovido de graça, fraquinho, num primeiro momento. Mas alojou-se uma pulguinha atrás da orelha - e aqui vai uma comparação indireta, uma lembrança - mais ou menos como ocorreu quando o Pinback me veio com aquele sonzinho frouxo, cheio de buracos. E, não muitas audições depois, passei a amar o Pinback. Nada mais justo então dar mais uma chance a estes vampiros inofensivos, e o processo foi se desenrolando similar. Até porque respeito e geralmente dedico mais horas a quem faz bem com pouco e sem estardalhaço, e o Vampire segue essa linha minimalista, tranquila. Guitarrinha, teclado, bateria e baixo e os moleques trabalham com isso e nada mais, e fazem bonito, principalmente por botarem a originalidade para guiar as intenções, num mundo em que já há bastante quem apenas refaz o que já foi feito antes (nada contra). Ok, como ingrediente importante e referencial tem ainda o vocal do guitarrista, que emprega sua voz de forma a lembrar um Frank Black ainda impúbere, meio tímido, vez ou outra. E uma última impressão genérica é que os caras ganharam enfim minha simpatia quando saquei que em certos momentos eles soam realmente divertidos, e isso para mim é bem digno de nota, na medida em que a grande maioria das banda que se metem a soar divertidas, na minha opinião, soam no máximo tolas.

Para tentar ser mais esclarecedor sobre que diabos de tipo de música, afinal, faz o Vampire: leio direto por aí que o som deles tem influências de música pop africana, coisa que eu, ignorante, nem sabia que existia. Mas faz sentido. Dadas minhas poucas referências, não tenho como me alongar mais do que já fiz, então fecho a minha primeira indicação para você depredar o seu orelhão (*) sugerindo que, se for para ouvir uma única música (apesar da mamata do download do álbum completo abaixo), vá de Oxford Comma, não tem erro, música boa e universal. Duas? Enfia no orelhão a The Kids Don't Stand A Chance, a última do disco, que talvez entregue idéia melhor do senso melódico diferenciado (afro?) da banda e de como eles o arranjam na manha. Assimilou e gostou das duas, tá pronto então para fechar comigo na aposta de que o Vampire Weekend não vai ser só mais um fogo-de-palha.

(*) Bom, na verdade, se quiser depredar o orelhão no sentido literal, talvez seja melhor apostar no Motorhead logo abaixo. Do Vampire, no máximo Walcott num volume consideravelmente alto pode causar tal estrago.


terça-feira, 15 de julho de 2008

:: Ira! - Psicoacústica (1988) ::


RECEITA PARA SE FAZER UM TRABALHO CLÁSSICO
- por JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR -
(Discoteca Básica Showbizz, março de 2001)


- Disposto a indicar um caminho diferente para o combalido rock nacional, o Ira! dispensou o produtor, recorreu a a referências diversas e criou o tão belo quanto incompreendido Psicoacústica -


O terceiro disco do Ira! já foi chamado de tudo: maldito, visionário, ousado, suicida... A começar pela decisão do quarteto de abdicar de um produtor para o trabalho. Apenas os integrantes e o engenheiro de som português (que viraria um megaprodutor no futuro) Paulo Junqueiro seriam suficientes - nenhum grupo de rock nacional nascido nos anos 80 havia feito proposta semelhante às suas gravadoras.

A criação de "Farto de Rock'n'Roll" dá um idéia do clima reinante durante as gravações no estúdio Nas Nuvems, no Rio de Janeiro. O baixista Gaspa chegou com um tema pesadíssimo. A música ficou pronta, mas a letra não saía. Então o guitarrista Edgard Scandurra apareceu com os versos que falavam de "outros sons, outras batidas, outras pulsações" e agrediam o rock de uma maneira inteligentíssima. Nasi não quis cantar aquilo, por julgar ofensivo demais. Pediu para Edgard assumir a bronca, mas não se furtou a demonstrar seus dotes de DJ fazendo scratches na canção, enquanto o baterista André Jung introduzia batuques de samba. Mais tarde o guitarrista confessaria que sua intenção era dar um toque em Nasi e André, envolvidos até o talo com a produção hip-hop da época.

Concluído, o trabalho não deixava dúvidas quanto aos méritos. Os problemas ao redor da obra, no entanto, foram vários. Primeiro: a gravadora não conseguiu achar uma música de trabalho. As faixas eram compridas e consideradas "difíceis". A reflexiva "Pegue Essa Arma" foi a encarregada de puxar o disco e já determinou seu fracasso - apenas 50 mil cópias vendidas, 200 mil a menos que o antecessor Vivendo e Aprendendo.

Segundo: o single seguinte foi o proto-reggae "Receita Para Se Fazer um Herói", cuja letra fora fornecida por um ex-colega de exército de Scandurra, o soldado Esteves. Ele saiu nos créditos, mas cismou de pedir uma grana absurda pela autoria, sob a ameaça de embargar a obra. Paralelamente, uma leitora da BIZZ acusava o Ira! de plágio, pois tinha lido a letra de "Receita..." em um livro de História. O rolo fenomenal só terminou quando a viúva do escritor português Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira, o verdadeiro dono do poema, foi encontrada.

Terceiro: usar sampler não era algo comum nos anos 80, o que levou Nasi a procurar o diretor Rogério Sganzerla para liberação de frases do seu filme 'O Bandido da Luz Vermelha' (1968) para as faixas 'Rubro Zorro' e 'Pegue essa Arma'. O diretor concordou, contanto que fosse chamado para dirigir um clipe para a banda. A gravadora topou, Sganzerla pediu muito dinheiro, a gravadora deu pra trás, Sganzerla passou a ligar para Nasi de madrugada ameaçando embargar a obra (mais um!).

Apesar de reunir rocks sublimes rocks sublimes como "Poder, Sorriso, Fama" e "Manhãs de Domingo", nos quais o guitarrista abusava de camadas, efeitos e recursos de produção da época, Psicoacústica chocava o ouvinte pela ruptura com o passado recente do Ira!. "Advogado do Diabo", um rap sobre base de pandeiro, foi fundamental para o surgimento do mangue beat. Chico Science era tão maluco pela música que chegou a incluí-la no repertório da Nação Zumbi.

Por ter antecipado tendências e reunir as melhores canções adultas da banda, o disco manteve seu frescor por todos esses anos. Jogou o Ira! no ostracismo, mas isso é só um porém. Nasi confirma: "Faríamos tudo de novo, nunca achamos que tínhamos dado uma bola fora."

DOWNLOAD:

http://www.mediafire.com/?pcn4zmxxhxj

domingo, 13 de julho de 2008

:: The Nightwatchman ::


"He's concerned with the circumstances of others, of the downtrodden and the under-represented, of a general uprising of the oppressed, and so his words focus on this, on the characters he creates. His lyrics aren't overly complicated — simple rhyme-scheme and imagery dominate — but they're highly detailed and affective because of it. He's not trying to give in-depth commentary on globalization or terrorism; rather, he concentrates on the effects these things have on normal citizens, the factory workers, the young soldiers, the teachers..." - AMG All Music Guide

Tom Morello, o mago das guitarras por trás do Rage Against the Machine e do Audioslave, sempre se notabilizou por ser um dos rock-stars dos mais ativos na militância política, sendo um dos mais influentes porta-vozes do bom-mocismo de esquerda no mundo do pop. Sempre incentivando o ativismo e o engajamento da juventude nas tretas geopolíticas globais, na sabotagem do imperialismo e na tacação de tomates pra cima de George W. Bush e todos os descalabros do Império Americano, Tom Morello ataca nesta mesma frente com One Man Revolution. Em seu primeiro álbum solo, ele assumiu a persona The Nightwatchman e fez um álbum bem sussa e essencialmente acústico, bastante diferente da porrada elétrica agressiva que o notabilizou em suas duas bandas principais. É um álbum de música folk em que Morello encarna o cantor de protesto, remetendo ao começo da carreira de Bob Dylan ou ao trabalho de Woody Guthrie, ao mesmo tempo que homenageia o clássico americano Nebraska, de Bruce Springsteen. O vozeirão grave dele não faz feio, e sua competência no violão está fora de dúvida, mas é óbvio que seu talento poético fica longe de chegar aos pés dos grandes mestres do passado. Porém, tudo somado, este é um álbum que merece ser ouvido como um bom cartão-de-visitas para conhecermos melhor a alma e a luta de Tom Morello, que compôs este bem-intencionado e interessante conjunto de manifestos e protestos folk. Lançado, aliás, no intervalo entre a morte do Audioslave e a ressureição do Rage Against the Machine - volta que promete!

DOWNLOAD (mp3 VBR, 57 MB, 14 músicas, 50min.):
http://www.mediafire.com/?ugbmn2r1oct

quinta-feira, 10 de julho de 2008

:: Motörhead ::


"Safe sex, safe music, safe clothing, safe ozone layer, too late! Everything that has been achieved in the history of mankind has been achieved by not being safe."
- LEMMY

Se o Motörhead se mudasse pra tua vizinhança, todas as simpáticas velhinhas católicas (a não ser as que já eram surdas), todos os bichinhos de estimação fofinhos, toda a horta lindinha, todo o jardim cultivado com muito esmero e repleto de flores tão líricas, todo o gramado tão bem aparado e cheio de borboletinhas e ursinhos carinhosos felizes e saltitantes, morreriam todos em poucos dias, em terrível e sangrenta agonia, caindo aos pedaços numa carnificina digna dum Happy Tree Friends. Dizimados a golpes de excesso de decibéis, no caso dos membros do reino animal; ou cobertos por uma monturama colossal de latinhas de cerveja e bitucas de cigarro, no caso dos mortos do reino vegetal. Não concebo elogio melhor a fazer a esta estupenda obra de agressão pura que é o Motorhead. Nada melhor que Lemmy e companhia para causar estrago nas redondezas e deixar como rastro uma pilha de cadáveres de coisas horrorosamente bonitinhas.

Eu sou daqueles radicais que acham que quem não gosta de Ramones, de AC/DC, de Motörhead e de Beatles boa gente não pode ser. Como é que alguém pode não se empolgar com um som tão imundo, tão encardido, tão estupidamente barulhento, tocado com tanta fúria e empolgação? Lemmy Kilmister (baixo e vocal), Phil 'Philty Animal' Taylor (batera) e 'Fast' Eddie Clarke (guitarra) construíram com este power-trio uma instituição sagrada da música pesada, capaz de agradar ao mesmo tempo a fãs de metal, de punk, de hardcore, de grunge... É uma das poucas bandas que faz com que um punk possa pogar alegremente ao lado do metaleiro que headbanga, sem que o primeiro queira furar o olho do segundo com seu moicano ou o segundo queira esmagar a cara do primeiro com seu soco inglês.

Sem falar que Lemmy Kilmister é mito. Depois de 5 anos fazendo parte dos space-rockers do Hawkwind (foi expulso da banda depois de ser preso no aeroporto com um monte de anfetamina na mala), formou banda própria em 1975 e chamou-a de Bastard. Depois que a gravadora julgou tal nome "anti-comercial", mudou-o para Motörhead, gíria inglesa que nada tem a ver com o mundo glorioso do automobilismo: é uma denominação para os junkies que se entopem de speed e ficam a mil... Daí em diante, soltaram uma pá de clássicos do rock pauleira que soam foda até hoje - com destaque para os três crássicos que destacamos aqui no Depredando hoje: Ace of Spades, Overkill e o ao-vivo duplo No Sleep 'Til Hammersmith.

Lemmy é o tipo de cara com quem você não gostaria de trombar num boteco ou num beco escuro. Tretar com ele seria péssimo conselho para teus ossos. Ele é um daqueles caras assustadores: um ursão do mal com cara de alcóolatra, comportamento psicopata e voz de vilão de filme de terror. Quase um personagem de Charles Bukowski, mas com a grande vantagem dupla de ser real e de fazer um rock and roll bom da porra. Se ele viesse vindo na minha direção na rua, eu provavelmente mudaria de calçada pra não cruzar com esse vândalo, esse criminoso, esse desequilibrado, esse machão insensível e impiedoso, que fala grosso e ri certamente a prototípica Risada Diabólica; mas no meu aparelho de som curto a companhia desses loucos viris e destruidores de tímpanos que fazem música cuspindo para fora suas vísceras ensanguentadas.

* * * * *

p.s: Um dia um jornalista pediu ao Lemmy qual sua filosofia em relação à vida, ao amor, a Los Angeles, às mulheres, ao dinheiro e, principalmente, ao rock 'n roll. Ele respondeu: "A vida é um sanduíche de merda, por isso quanto mais pão você colocar nele, menos merda vai ter que comer. O amor é algo que, aparentemente, só os homens sentem, as mulheres só vão contando o dinheiro. Los Angeles é o lugar onde eu moro e dinheiro foi feito para gastarmos. Rock 'n roll é a única religião verdadeira. Deus nunca ouviu as minhas preces, já Little Richard jamais me decepcionou."

Gênio!




"THE ONLY WAY TO FEEL THE NOISE
IS WHEN IT'S GOOD AND LOUD!"


:: DOWNLOADS (SÓ CRÁSSICO!) ::


"OVERKILL" [remasterizado e com bonus tracks]
(mp3 de 192kps, 57 MB):
http://www.mediafire.com/?1bw4yei2z5g
[ letras ]



"ACE OF SPADES" [remasterizado e com bonus tracks]
(mp3 de 192kps, 63 MB):
download: http://www.mediafire.com/?cgdnytatja1
[ letras ]


"NO SLEEP 'TIL HAMMERSMITH" [remasterizado e expandido]
disco 1: http://www.mediafire.com/?zmumbyykzze
disco 2: http://www.mediafire.com/?ilvycb5by2q

domingo, 6 de julho de 2008

:: da série PÃO QUENTINHO - discos de 2008 ::

BECK - "Modern Guilt"
(mp3 de 192 kps - 71 MB )
http://www.mediafire.com/?c4tnwbd0dpe




FLEET FOXES - "Selft-titled" + "Sun Giant EP"
(mp3 de 192 kps - 86 MB - um LP e um EP)
( AMG - Pitchfork )
http://www.mediafire.com/?szf9nnxbsce



RACOUNTERS - "Consolers of the Lonely"
(mp3 de 192kps - 88 MB)
http://www.mediafire.com/?wqwc5dwm3fp



FREE KITTEN - "Inherit"
(mp3 de 192 kps - 77MB)
(Kim Gordon do Sonic Youth + a mina do Pussy Galore)
[myspace: http://www.myspace.com/freekittennyc ]
[download: http://www.mediafire.com/?qmdbbnzxzzy]



LIGA LEVE - "O Disco dos Carros"
(download no site oficial da banda:)
http://www.telecoteco.com.br/ligaleve/carros/index.html

sábado, 5 de julho de 2008

:: Slayer ::


:: SLAYER - “Reign In Blood” (1986) ::

EMBAIXADORES DO DEMO
Em 1986, o peso e a agressividade do Slayer
levaram o metal a uma nova dimensão

- por GASTÃO MOREIRA -
(ShowBizz, agosto de 1999)


Seja bem-vindo ao mundo dos pesadelos patrocinados pelo quarteto californiano Slayer, povoado por anjos da morte, assassinos sádicos, sacrifícios e chuvas de sangue. Os temas, hoje banalizados e esgotados, causaram furor na época em que todos queriam levar o heavy metal ao extremo do binômio velocidade / agressividade.

Reign In Blood, lançado em 1986, traz o Slayer na sua melhor forma com os diabólicos guitarristas Kerry King e Jeff Hanneman, o chileno Tom Araya no baixo e vocal e o tremendo baterista cubano Dave Lombardo (hoje no grupo thrash Grip Inc. e no Fantômas, do ex-cantor do Faith No More Mike Patton), impecável na técnica e rapidez. Lombardo comentou certa vez sobre a predileção de todos por hardcore – não o de Green Day ou Rancid, que receberam essa nomenclatura recentemente, mas o punk rock seco e cru dos anos 70 e 80, de gente como o Circle Jerks e o GBH – o que foi confirmado anos depois com o álbum de covers Undisputed Attutyde, de 1996, um protesto contra o mau uso do nome.

Em Reign In Blood a veia core se misturou ao sangue sujo de speed metal e deu no que deu: um disco de raro impacto nos ouvidos, que fez com que outras bandas à época consideradas ferozes soassem inofensivas como o Abba. Fora a maldade natural dos integrantes, outro fator que contribuiu para tamanho peso foi a produção do barbudão Rick Rubin, o descobridor do Slayer. Rick manteve toda a sujeita e ainda conseguiu dar definição a todos os intrumentos, coisa rara no gênero.

“Angel Of Death” (com alusões ao infame carrasco nazista Joseph Mengele) e “Raining Blood” garantem uma fratura exposta na cervical de tanto sacudir a cabeça. “Necrophobic”, “Jesus Saves” e “Criminally Insane” consagram o estilo slayeriano que causou tanto estrago. As letras gritadas são típicas de adolescentes que querem chocar os avós e, ouvidas hoje em dia, podem parecer meio bobas. Mas isso não importa. O Slayer é um dos poucos que, até hoje, se mantêm irredutíveis na maneira de sonorizar o apocalipse, mandando às favas toda e qualquer concessão musical. Reign In Blood prestou um serviço ao rock pesado ampliando seus limites até a periferia do inferno.

DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 48 MB - 12 faixas - 34min):
http://www.mediafire.com/?5ofmvjwejyz

quarta-feira, 2 de julho de 2008

:: os 10 melhores dos anos 60...- #02 ::

#02



:: THE BEATLES, Revolver (1966) ::
por Eduardo Carli de Moraes


1966 foi um ano de transformações radicais para os Beatles. Alguns anos de pop-stardom extremo e contínuo tinham servido para alquebrar e amadurecer os 4 garotos de Liverpool. Eles, que foram ficando cada dia mais enfezados contra o frenesi das platéias endoidecidas da beatlemania, cujo fuzuê e gritaria histérica impediam que a banda conseguisse se ouvir durante os shows, parecem ter atingido o ponto de saturação neste ano. Um tanto cansados dos coros de adolescentes possessas e de hormônios à flor da pele, que se desmanchariam em histerias mesmo que Paul tirasse meleca do nariz ou John coçasse o saco, os Beatles estavam prestes a se retirar para um refúgio artístico mais plácido. Cientes de que a sonoridade cada vez mais complexa e arrojada da banda era praticamente irreproduzível ao vivo, ainda mais em meio à ensurdecedora papagaiada dos fãs, os Beatles estavam abandonando os palcos para se dedicar exclusivamente aos experimentos no estúdio.

Períodos turbulentos. A aprovação popular unânime e entusiástica que eles pareciam ter conquistado até então pareceu derrapar um pouco em certas ocasiões, como na desastrosa turnê que fizeram para as Filipinas, um dos capítulos mais patéticos de todo Beatles Anthology. Outros dissabores desagradáveis tiveram que ser suportados, como no caso bizarro que foi a organização de várias fogueiras públicas onde discos, pôsteres e fotos dos Beatles eram postos em chamas por organizações cristãs fundamentalistas. Isso porque alguns padres e outros soldadinhos do Senhor tinham ficado revoltados com a impertinente declaração de John Lennon de que a banda significava mais para a juventude britânica do que Jesus Cristo e estavam dispostos a reacender as chamas da Inquisição e ali queimar as bruxas chamadas Help!, A Hard Day's Night, Please Please Me... Para o bem da Humanidade, conclamavam eles no Rádio, traga todo seu Lixo Beatle para ser dizimado, irmão! Membros da Klu Klux Klan ameaçavam atacar a banda em algum show (um dos momentos mais engraçados de todo o Beatles Anthology é a entrevista com um desses malucos...) e paranóias envolvendo snipers e terroristas dispostos a apagar os Beatles assolavam as mentes de George Martin, Brian Epstein e da gravadora.

Além disso, não é mais com tanta segurança que os Beatles estavam no top of the pops, podendo se considerar sem rivais à altura. Os Beach Boys, com o clássico instantâneo Pet Sounds, tinham feito uma obra tão magistral a ponto de deixar McCartney inebriado de admiração e assustado com sua nova tarefa - a de tentar superar Wilson. Os Rolling Stones e o The Who, que ganhavam fama como uma espécie de lado B negro e diabólico que constrastava com a face beatle sorridente e boazinha, também eram novos candidatos ao posto de reis do rock. Sem falar em outras bandas de menor quilate, mas que arquitetavam então maravilhas psicodélicas que entrariam para a história - caso dos Kinks com Face to Face e dos Zombies com Odessey & Oracle. Tudo isso deixava claro para Lennon, McCartney, Harrison e Starr que havia concorrência acirrada nas pessoas de Wilson, Jaggers e Richards, Ray Davies... Ou os Beatles tratavam de continuar a criar música pop cada vez mais perfeita, ou seriam destronados logo por tantos talentos nascentes. Syd Barett e o Pink Floyd, aliás, estariam gravando The Piper at The Gates of Dawn no estúdio ao lado daquele onde os Beatles estariam registrando Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - quer símbolo mais emblemático de um Duelo de Gigantes pelos holofotes do pop?


Em 1966 a banda já parecia ter amadurecido dum modo radical e as músicas de amor bobinhas sobre querer segurar na mãozinha da moça e dirigir por aí alegremente tinham sido substituídas por temas mais complexos e experimentações mais pesadas. Se no começo da carreira o rock and roll de Elvis, Chuck Berry, Little Richard e Jerry Lee Lewis parecia a principal força propulsora da música beatle, a partir de 1965 o fantasma de Bob Dylan é que começa a assombrar a arte dos Beatles, influenciando-a e modificando-a para sempre.

Os perfeitos arquitetos do pop alegre e entretivo agora estavam se levando mais a sério como artistas de vanguarda. Os meninos bonzinhos que toda mamãe gostaria de ter como genros agora estavam fumando maconha, fritando os neurônios com LSD e fugindo dos caminhos fáceis que poderiam ter continuado a trilhar ao somente dar ao público o que ele pedia. A banda de rock mais bem-sucedida da década estava prestes a se tornar algo muito mais colossal do que um mero fenômeno comercial incrível e uma febre cultural de proporções faraônicas.

O disco anterior, Rubber Soul, já apontava para uma expansão dos horizontes artísticos dos Beatles, que pareciam ter ganho a ambição de não ser somente a maior e mais bem-sucedida banda de rock do mundo, mas também a melhor, reconhecida pelos entendidos como criadora de verdadeiras obras de arte. “Norwegian Wood” já apontava para os experimentos com instrumentos excêntricos que se tornaria marca de George Harrison; "Yesterday" já tinha demonstrado a fineza da sensibilidade romântica de McCartney; "You've Got To Hide Your Love Away", de Help!, já dava o primeiro gosto do talento folk dylanesco de Lennon; e “Nowhere Man” já demonstrava que os “temas” de canções estavam com um leque mais aberto...

Em Revolver, disco da prolífica e genial fase psicodélica dos Fab Four, a banda transborda de auto-confiança, criatividade e vontade de experimentar novos formatos musicais ao invés de repetir a mesma fórmula de sucesso que já havia dado tão certo.

“Paul McCartney incentivando os Beatles a fazerem pequenos trechos superspostos, inspirados em John Cage e Stockhausen. John Lennon querendo soar como o dalai-lama no alto do Himalaia ao cantar letras inspiradas no Livro Tibetano dos Mortos. O dedo oriental de George Harrison em uma canção sem mudanças de acordes. A bateria frouxa de Ringo Starr, mais tarde ressuscistada por moderninhos como Beck (“New Pollution”) e Chemical Brothers (“Setting Sun”). O produtor George Martin obrigando funcionários dos estúdios Abbey Road a sincronizarem gravadores em colagens aleatórias de som. O técnico Ken Townshend inventando os vocais ADT (Artifical Double Tracking) e o engenheiro de som Geoff Emerick metendo a voz de Lennon numa caixa Leslie dentro de um órgão Hammond. E isso tudo no 1o dia de gravação do 7o disco dos Beatles, para uma única canção. A música era “Tomorrow Never Knows”, mas ali, no início do álbum, o grupo assinalava a faixa como o começo de uma nova fase, batizando-a sem modésita 'Mark I'." - ALEXANDRE MATIAS, Showbizz.


Os interesses dos Beatles agora pareciam ser o LSD e toda a Experiência Psicodélica dos anos 60; as religiões da Índia, os instrumentos excêntricos (como as cítaras) e uma espiritualidade que se voltava muito mais para o mundo oriental do que para o ocidental; um radicalismo musical que deixava claro que os Beatles estavam de vez no caminho da Arte, deixando para trás o Comércio. A temática começou a variar mais: havia uma música de protesto contra os excessos do sistema de impostos inglês (“Taxman”), explorações de estados de consciência oníricos e sonambúlicos (“I’m Only Sleeping”), viagens musicais a reinos hindus (“Love You To”) e até mesmo uma tentativa de reprodução sônica de uma trip de ácido saturada de misticismo religioso (“Tomorrow Never Knows”).

O que não impedia que houvesse pop perfeito e divertido, em canções sobre dizer alegres bons-dias aos raios de sol (“Good day Sunshine”), sobre viver debaixo das águas em submarinos amarelos ("Yellow Submarine") e, claro, sobre tomar drogas (“Dr Robert”, o “médico” que tinha medicinas que eram o maior barato, meu..., e “Got To Get You Into My Life”, que apesar das aparências é uma canção de amor à maconha e não a uma garota!). Mesmo nas músicas de amor, Revolver, ao invés de ser a simplista celebração alegre de um amor adolescente e ingênuo, como era comum no início da carreira dos Beatles, é uma exploração da solidão (“Eleanor Rigby” e “For No One”) ou de uma suavidade singela tocante (“Here, There and Everywhere”). Pérolas que, como diz o Matias, “transformam McCartney em um jovem Schubert, compondo pequenas sinfonias em vez de baladas de amor".

* * * * *

Decidir qual o melhor disco dos Beatles é a tarefa das mais ingratas, decerto - um beatlemaníaco legítimo sente-se como uma mãe que precisa dizer qual filho ama mais e simplesmente não consegue se decidir - mais ou menos como Meryl Streep em A Escolha de Sofia.... Mas, se fosse preciso escolher, eu ficaria com Revolver - e que me perdoem os que preferem Sgt. Peppers, Abbey Road, Rubber Soul, o White Album ou algum outro....

Que Sgt. Peppers tenha causado um impacto maior no cenário cultural é quase indubitável – como diz o Newman, “pessoas contam histórias sobre ouvir Sgt. Peppers pela primeira vez que parecem mais descrições de epifanias religiosas, mas quase não há histórias similares sobre Revolver” (pg. 8). Mas concordo plenamente com Clinton Heylin, que diz: "Que Pepper seja digno de tanto louvor, é algo que aprendi a aceitar; que seja chamado de melhor álbum de todos os tempos, francamente ainda acho risível". Eu não chegaria ao extremo de dizer risível, mas acho que Pepper só teria condições de competir com Revolver se nele estivessem "Strawberry Fields Forever" e "Penny Lane" no lugar de musiquinhas de segunda linha como "For the Benefit of Mr. Kite!" e "Good Morning Good Morning". Já Revolver não tem uma única música que seja menos que uma obra-prima - e foi o disco que primeiro quebrou todas as barreiras e cânones, que expandiu o horizonte beatle até dimensões antes impensadas, que elevou o pop até às estrelas e mudou nossa concepção de música pop para sempre. Revolver, dentre os discos dos Beatles, é um dos que envelheceu melhor (como um bom vinho...), permanecendo hoje uma obra-prima impecável e de um brilho imortal.



DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 40min - 16 faixas - 53MB):
http://www.mediafire.com/?mgyeez6zgog

p.s.: adicionei duas bonus tracks, "Paperback Writer" e "Rain", que são os dois singles de Revolver que não entraram no álbum, como era comum na época (só lembrar que "Penny Lane" e "Strawberry Fields Forever", os dois singles de Sgt. Peppers, não estão presentes no álbum...). Convêm notar que os Beatles praticamente "inventaram a MTV" com os videoclipes que fizeram para essas duas músicas...