Junte riffs do Black Sabbath, psicodelia da década de 70 e longas jams de guitarra, em músicas que podem ultrapassar 10 minutos. Adicione a estética flower power dos 60, com carrões e motos envenenados atravessando grandes desertos, e você terá a mais nova facção do rock made in America: o stoner rock. A formação das bandas adeptas do stoner rock costuma ser um trio, ou no máximo um quarteto, em que eventuais teclados podem aparecer, e o vocalista também é opcional. O que importa é baixo, guitarra e batera, tudo no talo.
Já identificado há cerca de 10 ou 15 anos, o estilo tem como precursor o tripé formado por Kyuss, Soundgarden e Cathedral, grupos de origens distintas, mas que convergiram para o mesmo tipo de som. Mas não fica só nisso. Outras bandas ajudam na construção do stoner rock, estilo mutante e ainda em formação, considerando-se que possui grupos originários de várias tendências da música contemporânea, do blues ao heavy metal, do grunge ao hardcore, passando até pela hot rod music.
Embora já tenha se espalhado pelo mundo afora, com ecos na Europa e até no Brasil, o stoner é tipicamente americano, onde existem várias gravadoras que praticamente só têm em seu cast bandas afins, como a Tee Pee e a Mia Records, de Nova York. Algumas delas já lançaram coletâneas reunindo os principais nomes, e revelando ainda outros mais obscuros. Depredando e Rock Press não mediram esforços para identificar raízes, influências, tendências e desdobramentos da vertente que está sacudindo o mercado do rock em todo o mundo. Enjoy it! (Marcos Bragatto, na Rock Press #30)
::: CLÁSSICOS STONER :::
KYUSS, Blues For The Red Sun. Rock pesado e viajandão, guiado por uma guitarra malandramente ligada num amplificador de contrabaixo: ainda não inventaram nada parecido com Blues For The Red Sun, álbum definitivo do Kyuss. Formada na cidade californiana Palm Desert, a banda durou cerca de 6 anos (1990-95) e lançou 4 álbuns. A época é relativa à adolescência do guitarrista Josh Homme, que fundou a banda na tenra idade de 16 anos, ao lado do baixista Nick Oliveri (que tinha 17), do vocalista John Garcia e do baterista Brant Bjork (hoje no Fu Manchu). Josh afinava sua guitarra o mais grave possível, pisava no fuzz e saía compondo riffs turbinados com a urgência de um garoto que acabara de tirar a habilitação para dirigir. É por isso que a sequência inicial de Blues For The Red Sun, com “Thumb", “Green Machine”, “Molten Universe” e “50 Million Year Trip (Downside Up)”, cheira à estrada empoeirada. O grupo, que no início de carreira promovia grandes festas no meio do deserto californiano usando geradores, onde tocava por horas a fio, transporta o ouvinte para esse ermo. Quente, seco, duro. Mas com um suingue atmosférico quase sensual, culpa do baixo do então cabeludo e desbarbado Nick Oliveri. Dave Grohl, Billy Corgan, Mellisa Auf Der Maur e muita gente boa da cúpula do rock bota Blues For The Red Sun entre os dez discos da vida (há os que preferem o abusado Welcome to the Sky Valley, com suas três suítes musicais, cada uma dividida em várias partes). E um pouco da magnitude do Kyuss pode ser medida pela qualidade das bandas que excursionaram junto: Faith No More, Smashing Pumpkins, Ween... Ver Josh tirando aquele som lindo era (e sempre será) uma experiência mais do que incandescente. (por José Flávio Jr.).
SOUNDGARDEN, Badmotorfinger. De toda a geração grunge, o Soundgarden foi o que mais se aproximou do heavy metal / heavy rock. Embora tenha começado como uma autêntica banda de garagem, e lançado álbuns em que o esporro e a gritaria tiveram predominância sobre qualquer outra característica, o Soundgarden lançou álbuns altamente palatáveis para o mercado, como Superunkonwn (94) e Down On The Upside (96). Mas foi Badmotorfinger (91), identificado com o metal e abusando das referências ao Sabbath, que acabou sendo a maior influência para o Stoner Rock, além, é claro, dos ecos setentistas encontrados também nos dois (já citados) últimos álbuns. Os solos longos e cheios de riffs, o peso lento e arrastado, os vocais firmes e a estética psicodélica, sobretudo nos vídeos, são as principais influências que germinaram no SR. Depois do fim, o batera Matt Cameron foi tocar com o Pearl Jam; Kym Thail, guitarra, participou do WTO Combo, banda de Jello Biafra; e o vocalista Chris Cornell gravou 3 álbuns à frente do Audioslave e agora defende uma modesta carreira solo (por Marcos Bragato).
NEBULA, To The Center. O grupo, que é de Los Angeles, começou a se formar como um projeto paralelo do Fu Manchu, com Mark Abshire (baixo) e Ruben Romano (batera), como integrantes comuns, lá pelos idos de 96. A formação se consolidou com a entrada do guitarrista Eddie Glass, vidrado em distorções e amplificadores. As viagens propostas pelo Nebula lembram muito a psicodelia do Cream, no final dos 60, mas com o peso de um Ted Nugent, considerando o mercado contemporâneo. Mas, diferente de outros grupos stoner, o Nebula não faz músicas tão longas, e é considerado por muitos como "punk" em meio à galera S.R. Tocando am algumas espeluncas na Califórnia, o grupo atingiu notório reconhecimento pelas suas eletrizantes performances ao vivo, nas quais os ruídos produzidos o associam a Sonic Youth & Cia. Já tiveram disco (To The Center) lançado pela "grunge" Sub Pop, e produzido por Jack Endino, que trazia como curiosidade a cover para "I Need Somebody", dos Stooges, uma de suas influências (por Marcos Bragato).
DOWNLOADS:
"Charged" (2001) http://www.mediafire.com/?40lxlj01wj5wxjj
"To The Center" (1999) http://www.mediafire.com/?mwmtnmzttrn
"Heavy Psyched" (2009) http://www.mediafire.com/?t3csvebyb6cm5uuSPIRITUAL BEGGARS, Ad Astra. Tal qual o Orange Goblin, o Spiritual Beggars chegou ao SR via death metal. Iniciou suas atividades em 92, como um projeto de Michael Amott, que tocara no carniceiro Carcass, e apenas queria levar um som com seus amigos. Junto com o som contemporâneo aos anos 90, grupos como Captain Beyond, Deep Purple e Mountain eram frequentemente citados nesses ensaios. O primeiro álbum saiu em 94, com grandes citações ao trio canadense Rush, mas com o peso de um certo Black Sabbath. Another Way To Shine (96), o segundo álbum, demonstra uma certa maturidade ao passo que o som praticado pelo quarteto adquire características próprias. Mas é Mantra III, de 98, que conquistou o merecido reconhecimento e elevou o Beggars a um papel relevante na cena stoner em todo o mundo. Ad Astra, seu sucessor, é um petardo fodástico que mantêm a estética hippie/flower power, e aproxima-os mais ainda do velho Sabbath. (por Marcos Bragato).
DOWNLOAD (80 MB): http://www.mediafire.com/?jjmzymgtjkj
(Quem curtiu o stoner-post, dá um grito! Se ouvir gritaria o suficiente, logo mais vem aí a parte 2 com Fu Manchu, Monster Magnet, Orange Goblin, Cathedral e Gov't Mule. Nóóóise!)
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7 comentários:
Parabéns pelos textos sobre essas preciosidades do Stoner Rock, espero que na segunda parte voce fale muito sobre o Cathedral e Monster Magnet , duas bandas que gosto muito!!!
Opa, falou bonito! Um site legal para quem quiser se aprofundar no assunto (atitude recomendadíssima, por sinal) é o http://www.stonerrock.com/. Lá dá de baixar mp3 de uma infinidade de bandas, conhecer discografias, ler resenhas, etc. É o melhor site-referência na internet. Há ainda um label e uma loja associados, cujos produtos incluem Atomic Bitchwax, Mushroom River Band, Los Natas, Solace, Unida, Dozer, Misdemeanor, Eternal Elysium, entre outros (e com essa listinha, já dei minha contribuição de outras boas bandas!)
... que não venha só a parte 2, mas tambem a parte 3, 4... e não se esqueça tambem de uma super banda chamada Acid King, com 3 super discos fodassos com uma mulher cantando ecoando no fundo de uma ceverna obscura repleta de morcegos malignos...
Que timing perfeito você colocar esse post sobre stoned aqui! Estou descobrindo agora essa vertente do rock porque viciei no Monster Magnet e estava mesmo querendo ouvir mais bandas parecidas! Obrigada!! Tornou minha vida mais fácil! Estou ansiosa para a próxima parte!
O cd do moveis coloniais de Acaju tem uma música, a 10, corrompida. Tem como consertar ?
Fu Manchu!!!!
E já agora, o Brant Bjork já não faz parte, tem uma careira com uns 6 discos abs fabulosos; vi um concerto o ano passado aqui no Porto, Portugal e foi ds melhores que vi até hoje (e já vi mesmo muito coisa). Procurem por Brant Bjork and The Bros. Ele teve também uma outra banda chamada Che, só com um álbum gravado e muito, muito bom.
Mais bandas de Stoner do carai:
sHeavy
Atomic Bitchwax
Karma To Burn
Dozer
Acid King
Los Natas (argentinos!!!)
Orange Goblin
Solarized
Hermano (banda do John Garcia)
Sixty Watt Shaman
Masters Of Reality
etc.
Há um projecto colectivo, "liderado" pelo Josh Homme, as "Desert Sessions"
Pôxa !!! Você falou do Kyuss mas não falou das bandas descendentes deles que são tão fodas quanto. O Queens of The Stone Age capitaneada pelo ruivo Josh Homme e até o 3º disco essa capitania era dividida com o agora careca Nick Olivieri. Não da pra escolher apenas um disco dos caras, todos são fora de série, mas se tiver que postar pro povo conhecer, posta o Songs for the Deaf, o Rated R e o Era Vulgaris. Com a saída do maluco de carteirinha Nick Olivieri da banda (o cara tocou pelado no Rock In Rio :|), o mesmo resolveu tirar do baú seu projeto paralelo da época do QOTSA o Mondo Generator, que tinha como principais características a distorção no talo, o volume na zona vermelha. É rocknroll pra quem gosta do som da época de quando ser rockeiro era ser taxado de perigoso e polêmico. Ambas as bandas são recomendadíssimas. E deveriam ser inclusas nesse segundo pack. Abraço e valeu pelo post.
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