sábado, 30 de maio de 2009

:: Atittude Screaming Girls ::

ATTITUDE SCREAMING GIRL
- por Joh, do Excambau -

Um apanhado musical temático: vocais femininos que estão no meu itunes neste momento. Sem credibilidade ou fundamentação teórica, apenas gosto pessoal. Sempre me chamou atenção vocais femininos, principalmente quando fugiam da esperada vozinha angelical pasteurizada. E com o tempo percebi que essa especificidade de gosto não era uma coisa muito comum. Bateu a nóia. FETICHE? Caraca! Não... as minas se destacam, pô!

01) "The House That Jack Built" - Aretha Franklin (1968)

Pra abrir a exclusiva seleção histórica ATITUDE SCREAMING GIRLS, trago essa pedrada da diva, mestra e rainha do soul/gospel/R&B/ e quase todos os outros ritmos negros americanos: Aretha é foda, sempre foi! Segura o cetro e senta na cadeira mais alta da minha categoria A.S.G.

Nessa música ela chega mandando o título da música, sem instrumental, puxando como quem manda na parada - e manda mesmo! A batida segue groovada, acompanhada pelos tradiças backing vocals (u-uuu) trocando frases com os naipes de metais - sensacional! Não é a toa que está no TOP LIST deste que vos escreve!

Conheci Aretha através do antológico filme do mago John Landis: The Blues Brothers, tb aconhecido no Brasilzão (a terra da dublagem) como "Irmãos Cara-de-Pau" (?) - huahuahua! A gente às vezes não percebe como é tosco traduzir nomes de filmes, mas relaxa, porque em terras lusas o filme é apelidado de "O Dueto da Corda" (!!!!!!!!!) Afff. Naquela época não tinha internet, muito menos mp3, mas eu tinha um videocassete e um gravador de fitas, assim gravei o filme quando RE-passou na sessão da tarde e depois captei o áudio para uma fitinha k-7 que tocou até gastar (literalmente)!

02) "Open the Gate"- No Doubt (1995) - Não somente a MINHA faixa preferida do meu disco preferido do No Doubt, mas essa música contém o primeiro refrão que minhas filhas conseguiram decorar mesmo antes de conseguir/saber falar a língua pátria! Confirmando a teoria de que "uma boa intro é 50%" (ou como dizem os truqueiros: a primeira é caminhão de pinga), "Open the Gate" inicia com as cordas todas juntas: guita e baixo martelando o martelão. Seguidos pelo teclado agudo no "CRESCENDO" até chegar à voz de Gwen Stefani.

Hoje, a banda "deu um tempo" e Gwen trilha seu caminho em um projeto solo do qual eu nunca quis saber muito, mas fui atrás do The Beacon Street lá pra 98, por dois motivos: 1º - vi um cover de NO DOUBT num show da faculdade no qual pensei: "porra! Será que o original tem essa pegada?". 2º - custava 12,90 no bacião de uma lojinha num shopping da zona sul e arrisquei - me dei bem! :D

03) "Debbie" - The B-52's (1998)

Sons que lembram a juventude não tem explicações e nem porquês. Mas camarada, uma voz dessas não se acha por aí e, quando se trata de B'52, são 2 VOZES FODÁSTICAS!!! Eu já estava na minha fase Pantera-Rage Against the Machine, mas era impossível ignorar B'52 tocando nas rádios. Fui no último show deles no Credicard Hall num esquema muito pró (fui como FOTÓGRAFO!!! huhuhu). Vi tudo bem de perto, e pude conferir que hoje em dia as pernocas de Kate Pierson e Cindy Wilson já não são as mesmas, mas as vozes, PQP! O show é aquilo: um misto de roupas estranhas em pessoas estranhas, nostalgia e empolgação-comedida-de-uma-platéia-que-realmente-não-sabe-se-comportar-em-um-show: tempos de lei seca... sem álcool, sem festa, mas pra quem gosta do som, basta fechar os olhos e lembrar "ah! como era bom".


04) "Little Birdie" - Wynton Marsalis (de Joe Cool's Blues, 1995)

Quem lembra de "A Turma do Charlie Brown" viaja com esse disco! Imagina um mestre do jazz chamando os brothers (literalmente) para fazer uma homenagem a um dos desenhos da sua infância! Mesmo sendo quase todo instrumental, esse disco é uma éspecie de Jazz-sem-chatisse (pra quem acha jazz chato), e eu escolhi a única faixa com voz do disco que se destaca não somente por isso: Ela, a voz desconhecida, mesmo não mencionada na ficha técnica do disco no site oficial, além de encontrar seu "espaço" no meio de músicos geniais e improvisações, ainda consegue dar os seus pulinhos e fazer dessa faixa a minha preferida do disco. Impossível não imaginar Woodstock (o clássico passarinho amarelo) voando em volta do Snoopy pra acordá-lo em uma manhã com o chão repleto de neve.

05) "Hey Little Rich Girl" - Amy Winehouse

Eu não conheço A FUNDO o lado musical dessa tal de Amy Winehouse (pq do lado pessoal, as fofocas estão estampadas por todos lados), mas esse The Other Side dela me agradou muito em algumas faixas. O disco tem vários "FEAT." de seus clássicos (?) com rappers (?rs): aquelas versões "YO! YO! YO!" que pegam uma música que já não pára de tocar, e põe um versinho de rapper no meio pra tocar mais e mais ... sei lá... rsss

A verdade é que eu escutei esse disco de lados B primeiro que o álbum sucesso-de-vendas e entendi que realmente ela gosta de soar "old school" flertando com o ska por diversas vezes. ISSO É BEM LEGAL! NÃO ACHAM!?!? Essa faixa foi escolhida entre tantos "sucessos" por ter uma cara de versão de algo dos anos 50, algo como Toots and the Maytals (ISSO É LEGAL! SIM!!!).
Podem falar o que quiserem da vinhodacasa: que ela bebe e não pára em pé no palco, que ela se droga e gosta de ser sodomizada - WHATEVER! A garota realmente tem uma voz sensacional.


06) "A cidade ideal" - Saltimbancos (Chico Buarque, Nara Leão, MPB-4, Bebel Gilberto, Miúcha, outros).

Disco infantil para adultos? Caraca! como explicar essa música aqui? Tem um jogo de vozes femininas animais! (rsss). Esse disco talvez tenha sido minha primeira referência de vocal feminino (depois veio a Simony no Balão Mágico, mas essa não tive coragem de inserir na lista! huahuahua). A história clássica dos Saltimbancos ORIGINS é alemã, e secular, muito antiga mesmo. Foi sendo trazida através dos tempos em forma oral, depois transcrita e reescrita (pelos irmãos Grimm), até chegar nas mãos do Chico Buarque, que aí sim fez uma obra-prima. Além de toda mensagem revolucionária popular e individual que o disco traz (numa época de Ditadura), esse disco é muito rico musicalmente, por isso escolhi a faixa-exemplo que mais pudesse quebrar o preconceito sobre música "infantil".

Bebel Gilberto, que nessa época era uma pirralha (já cantava bem viu? adoro a voz dela quando criança), acompanhada de sua mãe Miúcha, Nara Leão, orquestradas por Chico Buarque em 1977?!?! Esse disco é catalogado no itunes como "infantil" mas vê-lo assim é ser raso e triste. Quem escutar e não achar ROCK, PSICODELIA, e REVOLUÇÃO merece ouvir Roberto Carlos 100 anos sem parar!

07) "Hot Kiss" - Juliette and the Licks (de Four on the Floor, 2002)

OMFG!!!! O que eu poderia falar da THE MOST ATTITUDE SCREAMING GIRL da face de todo este miserável planeta?! Confesso que o dia que eu escutei Juliette (pés descalços e sujos) and the Licks a primeira vez, meu cérebro literalmente EXPLODIU! Se um dia o diabo inventou o rock para "rolar" e a intenção era misturar paixão e selvageria e sair por ai destruindo tudo sem pensar um minuto nas consequências, com certeza a trilha sonora seria essa.

Exclua da mente o ícone que Juliette Lewis se tornou pelos papéis que escolheu no cinema, mas também esqueça tudo que você prometeu ao padre na confissão da primeira comunhão porque se você procura a música do pecado, você encontrou. huahuahuahuahua! Exemplo clássico da "intro é 50%", "Hot Kiss" já começa com o refrão (pra mostrar como é que é bão) e segue pela velha pergunta-resposta entre voz e guitarras que não tem como não conquistar. A mudança de tom depois do segundo canto precede um crescendo perfeito que culmina no "pra-que-o-rock-foi-feito" e a partir dai, "jesus me abane".

08) "See Saw" - Aretha Franklin

Fechei com Aretha pra fechar com chave de ouro e pra deixar bem claro o que quero dizer quando digo ATTITUDE SCREAMING GIRLS: Elas não passam despercebidas e com elas não tem "nhé-nhé-nhé".

Elas tem que gritar!

Elas tem atitude!

Elas são ATTITUDE SCREAMING GIRLS muthafuckers!

Pei!


DOWNLOAD: http://www.mediafire.com/?nmtg3qmvujv

quarta-feira, 27 de maio de 2009

:: Still Crazy ::

O roque do tiozinho doido
- Bernardo Santana –


“History teaches us that men behave wisely
once they have exhausted all other alternatives…”

Ainda Muito LoucosStill Crazy, no original — é um filme inglês lançado em 1998, que conta a história fictícia de uma velha banda de rock tentando armar uma volta por aqueles bons e velhos trocados. Apesar de (bizarramente) desconhecido por aqui, o filme foi bem recebido internacionalmente na época de seu lançamento. As duas indicações ao Globo de Ouro (Melhor Filme Comédia/Musical e Melhor Canção Original), a atuação impagável do britânico Bill Nighy e o roteiro ishperto já deveriam valer uma conferida.

Mas, é claro, é na trilha sonora mesmo que fica o creme de Still Crazy.

Sobre a própria, vale dizer que o ouvinte não deve se deixar enganar pelo começo baladento com The Flame Still Burns e What Might Have Been (a menos que já tenha visto o filme, porque ai o caso é só tentar não lacrimejar demais pra não pega mal com os camaradas). Dali em diante, é só hard rock do bom, com aquela bica de psicodelia, glam e decadência anunciada que só os anos 70 mesmo pra trazer pra você.

Além das músicas F%$¨#@ do Strange Fruit — o nome da tal banda de tiozinhos —, o disco ainda guarda uma pérola psicodélica deslocada no tempo: Live For Today. Tente ouvir as guitarras serpenteantes e as cordas beatlenescas da música emoldurando o vocal viajandão de Hans Matheson e não pensar seriamente que você nasceu na década errada.

O certo seria postar aqui o próprio longa-metragem, porque ver o filme (como sempre) dá uma dimensão emocional impressionante às músicas. No entanto, como o Depredando ainda não evoluiu (?!) para esse tipo de piratagem malandra, fica aqui a trilha pra pelo menos provocar curiosidade em relação a um dos filmes sobre rock mais subestimados dos anos 90.

STILL CRAZY - Soundtrack (94,4 MB)
http://www.mediafire.com/download.php?4jmlziw5uyo


[Ah, sim! E o link para o show inteiro do Medeski, Martin & Wood em São Paulo tá aqui! Ops!]

:: da série PÃO QUENTINHO ::

MANIC STREET PREACHERS - Journal For Plague Lovers
http://www.mediafire.com/?mmtddgyij1m


ISIS - Wavering Radiant
http://www.mediafire.com/?mmjnumyzjzy



JIMI TENOR & KABU KABU - "4th Dimension"
http://www.mediafire.com/?nn55jdzykzj



THE MACCABEES - Wall Of Arms
http://www.mediafire.com/?4zdozzelykq



MELODY GARDOT - My One and Only Thrill
http://www.mediafire.com/?dnnygu2jnmj


COLDPLAY - Left Right Left Right Left [live]
http://www.mediafire.com/?zjz2diqnjmk


E mais: links do Sonic Youth, Wilco e Móveis já consertados!

p.s.: Quem quiser dar uma força pro blog, depositando em nosso porquinho-de-economias uns trocados, é só clicar nos reclames do plim-plim no menu ao lado!

:: da série VIDEODROME ::

:: VIDEODROME ou DEPREDANDO A TELEVISÃO ::
volume I

TV de cu é rola! Assista é o Videodrome Depredando, novo projeto do blog que pretende peneirar o VocêTubo em busca de material firmeza! Toda semana, postaremos aqui alguns vídeos bacanas que lá pescamos e aqui compartilhamos, seguidos de rápidos comentários. Tune in and drop out!




:: MOGWAI + IGGY POP, "PunkRock" --- Iggy Pop, provavelmente chapadaço, dá aulinhas sobre punk rock em algum Jô-Soares-de-meia-tijela da TV americana. No background, ruídos, dedilhadinhos e atonalismos do Mogwai, os luminares do post-rock escocês. Falando sempre em frases de efeito, Iggy vocifera contra o rótulo "punk", explica a importância visceral da música para uma fração da juventude, compara Johnny Rotten a Sigmund Freud e ainda faz um descarado elogio próprio de narcisismo extremoso: "what sounds to you like a big load of trashy old noise is in fact the brilliant music of a genius: myself". Impagável! É a música que abre Come On Die Young, disco de 99 do Mog.




:: TERENCE MCKENNA, "Culture Is Your Operating System" --- O guru da psicodelia Terence McKenna, uma das maiores sumidades mundiais em matéria de chapação, estados expandidos de consciência, viagens místicas quimacamente induzidas e cogumelos mágicos da Amazônia, conta um pouco de suas idéias sobre cultura, capitalismo, tecnologia, xamanismo e condicionamentos sociais. Ele é uma mistura de Timothy Leary, Marshall McLuhan, Pierre Lévy, Carlos Castañeda e Ken Kesey e escreveu pelo menos um livro que Depredando recomenda entusiasticamente a todos que procuram uma interessantérrima leitura: The Food Of The Gods. O cara é genial! Pago mó pau...



:: AL GREEN, "Let's Stay Together" --- O endiabrado capetinha do soul se esgoela e se despiroca cantando um dos maiores crássicos da música romântica universal. Vendo isso, além de umas gargalhadas (ele num parece um pastorzão da Universal?!), também me ocorreu a sensação de que é isso o que significa ser um Showman do Caralho, que leva um auditório ao delírio, embriagado com o poder de sua própria canção (e suspeito que embriagado de alguma outra coisinha mais... que eu queria muito descobrir qualé!). Sei que é meio queima-filme admitir que gosto de um pop romântico melado, mas não resisto: o Al Green é mór barato!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

:: Stoner Rock - pt 1 ::

:: STONER ROCK ::
A Estética Americana Contra-Ataca

Junte riffs do Black Sabbath, psicodelia da década de 70 e longas jams de guitarra, em músicas que podem ultrapassar 10 minutos. Adicione a estética flower power dos 60, com carrões e motos envenenados atravessando grandes desertos, e você terá a mais nova facção do rock made in America: o stoner rock. A formação das bandas adeptas do stoner rock costuma ser um trio, ou no máximo um quarteto, em que eventuais teclados podem aparecer, e o vocalista também é opcional. O que importa é baixo, guitarra e batera, tudo no talo.

Já identificado há cerca de 10 ou 15 anos, o estilo tem como precursor o tripé formado por Kyuss, Soundgarden e Cathedral, grupos de origens distintas, mas que convergiram para o mesmo tipo de som. Mas não fica só nisso. Outras bandas ajudam na construção do stoner rock, estilo mutante e ainda em formação, considerando-se que possui grupos originários de várias tendências da música contemporânea, do blues ao heavy metal, do grunge ao hardcore, passando até pela hot rod music.

Embora já tenha se espalhado pelo mundo afora, com ecos na Europa e até no Brasil, o stoner é tipicamente americano, onde existem várias gravadoras que praticamente só têm em seu cast bandas afins, como a Tee Pee e a Mia Records, de Nova York. Algumas delas já lançaram coletâneas reunindo os principais nomes, e revelando ainda outros mais obscuros. Depredando e Rock Press não mediram esforços para identificar raízes, influências, tendências e desdobramentos da vertente que está sacudindo o mercado do rock em todo o mundo. Enjoy it! (Marcos Bragatto, na Rock Press #30)


::: CLÁSSICOS STONER :::


KYUSS, Blues For The Red Sun. Rock pesado e viajandão, guiado por uma guitarra malandramente ligada num amplificador de contrabaixo: ainda não inventaram nada parecido com Blues For The Red Sun, álbum definitivo do Kyuss. Formada na cidade californiana Palm Desert, a banda durou cerca de 6 anos (1990-95) e lançou 4 álbuns. A época é relativa à adolescência do guitarrista Josh Homme, que fundou a banda na tenra idade de 16 anos, ao lado do baixista Nick Oliveri (que tinha 17), do vocalista John Garcia e do baterista Brant Bjork (hoje no Fu Manchu). Josh afinava sua guitarra o mais grave possível, pisava no fuzz e saía compondo riffs turbinados com a urgência de um garoto que acabara de tirar a habilitação para dirigir. É por isso que a sequência inicial de Blues For The Red Sun, com “Thumb", “Green Machine”, “Molten Universe” e “50 Million Year Trip (Downside Up)”, cheira à estrada empoeirada. O grupo, que no início de carreira promovia grandes festas no meio do deserto californiano usando geradores, onde tocava por horas a fio, transporta o ouvinte para esse ermo. Quente, seco, duro. Mas com um suingue atmosférico quase sensual, culpa do baixo do então cabeludo e desbarbado Nick Oliveri. Dave Grohl, Billy Corgan, Mellisa Auf Der Maur e muita gente boa da cúpula do rock bota Blues For The Red Sun entre os dez discos da vida (há os que preferem o abusado Welcome to the Sky Valley, com suas três suítes musicais, cada uma dividida em várias partes). E um pouco da magnitude do Kyuss pode ser medida pela qualidade das bandas que excursionaram junto: Faith No More, Smashing Pumpkins, Ween... Ver Josh tirando aquele som lindo era (e sempre será) uma experiência mais do que incandescente. (por José Flávio Jr.).


SOUNDGARDEN, Badmotorfinger. De toda a geração grunge, o Soundgarden foi o que mais se aproximou do heavy metal / heavy rock. Embora tenha começado como uma autêntica banda de garagem, e lançado álbuns em que o esporro e a gritaria tiveram predominância sobre qualquer outra característica, o Soundgarden lançou álbuns altamente palatáveis para o mercado, como Superunkonwn (94) e Down On The Upside (96). Mas foi Badmotorfinger (91), identificado com o metal e abusando das referências ao Sabbath, que acabou sendo a maior influência para o Stoner Rock, além, é claro, dos ecos setentistas encontrados também nos dois (já citados) últimos álbuns. Os solos longos e cheios de riffs, o peso lento e arrastado, os vocais firmes e a estética psicodélica, sobretudo nos vídeos, são as principais influências que germinaram no SR. Depois do fim, o batera Matt Cameron foi tocar com o Pearl Jam; Kym Thail, guitarra, participou do WTO Combo, banda de Jello Biafra; e o vocalista Chris Cornell gravou 3 álbuns à frente do Audioslave e agora defende uma modesta carreira solo (por Marcos Bragato).




NEBULA, To The Center. O grupo, que é de Los Angeles, começou a se formar como um projeto paralelo do Fu Manchu, com Mark Abshire (baixo) e Ruben Romano (batera), como integrantes comuns, lá pelos idos de 96. A formação se consolidou com a entrada do guitarrista Eddie Glass, vidrado em distorções e amplificadores. As viagens propostas pelo Nebula lembram muito a psicodelia do Cream, no final dos 60, mas com o peso de um Ted Nugent, considerando o mercado contemporâneo. Mas, diferente de outros grupos stoner, o Nebula não faz músicas tão longas, e é considerado por muitos como "punk" em meio à galera S.R. Tocando am algumas espeluncas na Califórnia, o grupo atingiu notório reconhecimento pelas suas eletrizantes performances ao vivo, nas quais os ruídos produzidos o associam a Sonic Youth & Cia. Já tiveram disco (To The Center) lançado pela "grunge" Sub Pop, e produzido por Jack Endino, que trazia como curiosidade a cover para "I Need Somebody", dos Stooges, uma de suas influências (por Marcos Bragato).
DOWNLOADS:



SPIRITUAL BEGGARS, Ad Astra. Tal qual o Orange Goblin, o Spiritual Beggars chegou ao SR via death metal. Iniciou suas atividades em 92, como um projeto de Michael Amott, que tocara no carniceiro Carcass, e apenas queria levar um som com seus amigos. Junto com o som contemporâneo aos anos 90, grupos como Captain Beyond, Deep Purple e Mountain eram frequentemente citados nesses ensaios. O primeiro álbum saiu em 94, com grandes citações ao trio canadense Rush, mas com o peso de um certo Black Sabbath. Another Way To Shine (96), o segundo álbum, demonstra uma certa maturidade ao passo que o som praticado pelo quarteto adquire características próprias. Mas é Mantra III, de 98, que conquistou o merecido reconhecimento e elevou o Beggars a um papel relevante na cena stoner em todo o mundo. Ad Astra, seu sucessor, é um petardo fodástico que mantêm a estética hippie/flower power, e aproxima-os mais ainda do velho Sabbath. (por Marcos Bragato).
DOWNLOAD (80 MB): http://www.mediafire.com/?jjmzymgtjkj

(Quem curtiu o stoner-post, dá um grito! Se ouvir gritaria o suficiente, logo mais vem aí a parte 2 com Fu Manchu, Monster Magnet, Orange Goblin, Cathedral e Gov't Mule. Nóóóise!)

terça-feira, 19 de maio de 2009

:: David Bowie ::

:: DAVID BOWIE ::
Hunky Dory

por Eduardo Carli de Moraes e Pedro Só

“If Bowie had a virtue at the end of the Sixties, it was that he reacted to the identity crisis affecting rock as a culture and as a generation of musicians, after the Woodstock jag and the loss of a series of guiding lights who were mowed down by heroin abuse, as the Sixties slid into the Seventies. (...) Bowie was undecided between Velvet Underground and Stones-style heroin-soaked decadence (the post-Brian Jones Stones), or Pink Floyd’s psychedelic trips towards an electronic-mystic future, enhanced by the colors of LSD. So in the end he sort of found a middle ground, got rid of his Mod gear, and with increasing authority turned into a musician who knew he was between a disappearing world and the dawn of a new world. The Sixties were on their way out (they didn’t go away completely until 73 or 74) but at that time the Seventies seemed like some awful imitation, vulgar and impoverished. Bowie became the symbol of this indecision, this ambiguity, this loss of direction.” - - - (Assante)



Antes de mergulhar fundo em Hunky Dory, o álbum bowiano que ouvi com mais voracidade e fascinação dentre todos do Mestre, o maluco era para mim mais uma fascinante incógnita do que um ídolo pra quem eu babava ovo. David Bowie me parecia um incoerente e caótico artista mutante, que talvez nem terráqueo ou humano fosse, capaz de assumir tantas facetas e personas que era dureza decidir: "mas quem é esse cara? E como julgar, numa discografia tão vasta e heterogênea, o que presta e o que não?" Com Hunky Dory, pela primeira vez, tive certeza de estar frente a um artista de primeiríssima grandeza, mistura de poeta, profeta e maluco-beleza, que fazia uma gororoba com as melhores lições do folk, do glam e do rock and roll num liquidificador absolutamente próprio. Bowie, a partir de então, me apareceu como o parteiro de uma obra musical sem par, que semeou originalidade e insanidade nos campos da música pop como poucos antes (ou depois) dele haviam logrado fazer.

Hunky Dory permanece sendo o disco artisticamente mais completo e admirável do músico mais influente da década de 70. E, se me perguntarem, é simplesmente um dos grandes álbuns da história do rock. Um crítico disse uma vez que, neste álbum, Bowie adotou uma atitude de “posso ser Dylan, Lou Reed e Syd Barrett de uma vez só!” – e foi bem isso mesmo. Assumindo cada vez mais uma persona andrógina e brincando cada vez mais com a ambiguidade sexual, Bowie aparecia na capa parecendo uma moçoila loira frígida de uma fotografia antiga. Conta-se que ele chegou à sessão de fotografias louco para parecer com Marlene Dietrich – e a foto vintage que estampa a capa de Hunky Dory “tem um carisma próximo ao de uma rainha do cinema em decadência” (BM).

Hunky Dory contêm uma filosofia difícil de descrever, mas que soa como uma mescla de Nieztsche, Crowley, Darwin, Warhol, Dylan e anfetaminas. Bowie, feito um Zaratustra do Pop, faz referência à chegada de uma certa era em que a humanidade ficaria obsoleta e fora-de-moda, uma raça tornada quase inútil (“homo sapiens have outgrown their use”, canta ele), tendo que ser substituída por uma outra leva de super-homens que a juventude teria como missão inventar.

“The children that you spit on as they try to change their worlds / Are immune to your consultations / They’re quite aware of what they’re going through”,
cantava ele, com mais veneno ainda do que Dylan tinha feito em seu ataque às gerações mofadas e jurássicas em "The Times They Are A-Chagin'". Desnecessário dizer que, para o doidão iluminado que era Bowie então, esta nova Humanidade seria sexualmente desreprimida, poeticamente lúdica, musicalmente aventureira, comportalmente provocativa, explorando mil diferentes personas com completa desenvoltura e implodindo todos os clichês de comportamento ditados pela sociedade careta. Enfim: uma humanidade feita à imagem e semelhança de... David Bowie!

Hunky é uma espécie de auge artístico de uma década prolífica e geniosa para Bowie. Nela, o velho camaleão do rock passou por várias metamorfoses, soltando uma meia-dúzia de álbuns clássicos em suas diferentes encarnações. Gravou um dos discos mais seminais do glam rock com Ziggy Stardust, em 1972, quando assumiu o personagem um tanto andrógino e esquisitão de um extraterrestre que descia à Terra trazendo o rock de outras galáxias. E nós, pasmos terráqueos, ficamos para sempre contagidos com o som que fazia aquela criatura sexualmente ambígua que vinha acompanhada por uma banda de aranhas marcianas soltando chispas de eletricidade da boa. Assumindo o papel do messiânico e amaldiçoado rock star Ziggy Poeira Estelar, Bowie caiu fundo na brincadeira de ser uma estrela pop, vestindo roupas futuristas, maquiagem pesada e cabelos laranja resplandencentes.

Seu sucessor, o também brilhante Alladin Sane, “continuava na mesma plataforma genial de Ziggy e oferecia um relato brutal de um artista em ascensão.” Na sequência veio o álbum conceitual Diamond Dogs, baseado na distopia política seminal de George Orwell, 1984. Numa fase posterior, depois do fim de seu casamento com Angie e problemas de dependência à cocaína e álcool, Bowie, conta-se, estava “cada vez mais paranóico e obcecado com ovnis, ocultismo e Adolf Hitler” (CSh). Influenciado pelo novo rock vanguardista alemão de Can, Neu! e Kraftwerk, Bowie se meteu a fazer um disco que é sua versão do soul (Station to Station, de 1976) e depois compõs a famosa Trilogia de Berlim – cujo ponto alto é Low (de 1977), com a contribuição de Brian Eno.

Bowie nos 70's também faria importantes trabalhos como produtor de discos que se tornariam clássicos, como o Transformer de Lou Reed e o Raw Power de Iggy Pop com os Stooges. Sem falar que ajudou a parir o hino do glitter que o Mott the Hoople imortalizou, “All The Young Dudes”. Iniciou também uma carreira cinematográfica paralela, atuando no The Man Who Fell To Earth de Nicolas Roeg, contracenando com Kim Novak em Just a Gigolo e vivendo Pôncio Pilatos no A Última Tentação de Cristo de Martin Scorcese, entre outros papéis menos notáveis.

* * * * *

Para explicar em mais detalhes o charme e o impacto de Hunky Dory, passo a palavra para Pedro Só (extraído do Discografia Básica da Bizz, Abril de 2001):

O LADO MALUCO-BELEZA DA REVOLUÇÃO GLAM

Enquanto exaltava a nova raça andrógina e mutante, Hunky Dory também trazia recados de David Bowie para a garotada viciada em TV e sexualmente confusa diante das portas abertas pelos anos 60

- por Pedro Só -


Não era exatamente como divindade pop que aquele suburbano magrelo, ex-mímico, ex-mod, com três álbuns incoerentes no currículo, era tratado em Londres. Aos 24 anos, David Bowie já ensaiara passos como cantor-compositor hippie e tentara ser o que os ingleses chamam de "music hall entertainer" (uma coisa meio Ivon Curi). No começo daquele 1971, havia lançado um disco de rock pesado, The Man Who Sold The World, aparecendo na capa metido num vestidinho. De escassa repercussão, o trabalho despertou a atenção de um empresário canalha americano, Tony DeFries. Embarcado para os EUA, Bowie trocou figurinhas com Lou Reed e Andy Warhol. Começava o plano marqueteiro que o estouraria em 1972, impulsionado pelo rock'n'roll energético de Ziggy Stardust. A incipiente revolução glam já estava em curso, mas o futuro astro demorou um disco para cair dentro musicalmente.

Esse disco foi Hunky Dory. A partir dele, Bowie deixou de ser uma nebulosa promessa. Logo na abertura, "Changes" ("Mudanças"), inspirada pela gravidez da então esposa Angie, assumia sua natureza mutante e avisava: "Essas crianças em quem você cospe / Enquanto tentam mudar seus mundos / São imunes aos seus consolos / Eles sabem muito bem o processo pelo qual estão passando". O arranjo, porém, era típico de café-teatro, baseado no piano de Rick Wakeman (do Yes) e com mudanças de direção na estrutura harmônica a perseguir aquele truque Cole Porter de traduzir a letra em música.

Em seguida, mais uma adorável frescura pianística, "Oh! You Pretty Things!", saudava a chegada do filho Zowie misturando conceitos maluco-beleza nietzschianos ("abram alas para o Homo Superior"). Terminava com mais um alerta: "Todos os estranhos chegaram hoje / E parece que estão aqui para ficar".

Muito além da simples exaltação da nova raça andrógina e extravagante - mencionada em "Kooks", outro vaudeville coruja em homenagem ao pequeno Zowie -, as mensagens pegavam em cheio a garotada que crescia viciada em TV e sexualmente confusa diante de tantas portas abertas pelos anos 60. Meninos e meninas capazes de entender o zapping da balada "Life on Mars?". Nessa obra-prima bastarda ("inspirada por Frankie", informa a contracapa - no caso, "Frankie" Sinatra e sua versão de "My Way"), papai, mamãe, Mickey Mouse, Lennon "à venda de novo", a "Amerika", a decadente Inglaterra, sonhos de celulóide... tudo é triturado no coração de uma adolescente. E transformado em beleza pelas cordas arranjadas por Mick Ronson (1946-1993), guitarrista que passsaria à eternidade como o adorável presepeiro a escudar Ziggy.

Na categoria "grandes imitações", Bowie incluiu três recados para lá de ambíguos. "Andy Warhol", um pseudoflamenco, mais sacaneia do que homenageia ("Andy tira uma soneca", "Andy pensa em tinta e cola, mas que coisa legal mais chata!"). "Song For Bob Dylan" dirige-se ao bardo como se ele fosse um super-herói ("Dê-nos de volta nossa unidade / Não nos deixe com a sanidade deles"), não sem certa ironia. "Queen Bitch", talvez o único rock'n'roll do álbum, é paródia assumida do Velvet Underground, com vocais falados à Lou Reed e letra sobre uma bicha má que rouba o "amigo" do narrador.

Para fechar, uma pitada de originalidade, "The Bewlay Brothers". Por trás da letra críptica, impenetrável, repleta de referências à convivência com Terry (o irmão esquizofrênico de Bowie que se matou), o pathos da grande arte. Como algumas das melhores coisas da vida, você não entende, mas sente. Em Hunky Dory, se fez farejar pelo mundo o genial diluidor que há três décadas dá as cartas na música pop. A partir de idéias alheias, sim, mas e daí?


DOWNLOAD (192kps, 80 mb):
http://www.mediafire.com/?ynznkktw2qr

quarta-feira, 13 de maio de 2009

:: rolê de metrô - volume III ::


walverdes

ROLÊ DE METRÔ - VOL. III
Mais um rolê pelo rock independente brazuca em 12 sons firmeza. Curtam aê!

01 - walverdes - refrões ao lado, classe média baixa records
02 - prot(o) - o amor em gestos calados
03 - banzé - um homem sem qualidades
04 - flicts - amigos
05 - luxúria - frankenstein do subúrbio
06 - rock rocket - por um r'n'r mais alcóolatra e inconsequente
07 - amp - ataque dos aliens
08 - macaco bong - shift
09 - los porongas - lego de palavras
10 - violins - grupo de exterminio de aberrações
11 - valentina - tribuna dos ladrões
12 - monno - o silêncio

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segunda-feira, 11 de maio de 2009

:: Lynyrd Skynyrd ::


LYNYRD SKYNYRD,
Pronounced Leh-nerd Skin-nerd (1973)


Em 1973, o Lynyrd Skynyrd emergiu dos pântanos da Florida como se fossem filhos adotivos do novo Sul norte-americano, uma cultura que simultaneamente se envergonha e se orgulha da sua hereditariedade. Quando gravaram o seu primeiro disco, os Skynyrd já tinham uma sonoridade própria bem aceita nos bares com música ao vivo de Dixieland e em outros locais de pouco relevo. E forjaram-se com três guitarras complementadas por uma seção rítmica e a voz de Ronnie Van Zant. Mas o mais importante deste disco, e aquilo que serviria de inspiração aos grupos incontáveis que estavam para surgir, é a ambiguidade que a banda destilava. Pareciam um bando de confederados, mas a sua música inspirava-se nos imigrantes negros. Pronounced... desafiava os estereótipos do homem sulista e tornou-se a primeira e autêntica banda a demonstrar uma atitude e um conceito social dentro do rock do sul daquele país. Inspirado no blues, no country e no The Who, o disco apresenta os melhores riffs que o rock tem para oferecer, especialmente na primeira canção incendiária, "I Ain't the One", e na destrutiva "Poison Whiskey". Enquanto seus rivais, os Allman Brothers, exploravam um som hippie embebido em jazz, os Skynyrd decantavam-se pelo virtuosismo mais profundo do blues. A acústica "Mississipi Kid" é um boogie puro do Delta e "Things Goin' On" bem poderia pertencer à banda de qualquer saloon do Sul. E por fim chega "Free Bird", um final épico que converteu o grupo numa celebridade e fez com que o disco entrasse para os TOPS das listas de vendas. Reflexiva, narcótica e acolhedora, esta canção é uma lição de nove minutos sobre rock e apresenta as maiores cargas elétricas que se tinham ouvido até o momento, e talvez até o presente. --- 1.001 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE MORRER

DOWNLOAD (192kps, 8 faixas, 43min, 58MB):
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sexta-feira, 8 de maio de 2009

O queridinho do Pacífico

*Francine Micheli




Há alguns anos atrás eu preferiria comer buchada de bode com fanta uva quente a ouvir hip-hop e companheiros do gênero. Digo, chegar perto de música do tipo. Tá, era birra mesmo.

Daí, como essa vida é bem irônica, fui aprendendo algumas lições que me fizeram enxergar claramente o que minha avó já dizia: não cospe pra cima, menina. Um belo e grande catarro verde caiu na minha testa.

Primeiro foi o esforço hercúleo de parar de maldizer um tal produtorzinho aí e reconhecer o poder bombástico da assinatura "Timbaland" no pop atual. Depois, foi admitir a inteligência do Kayne West. Depois foi cair de quatro pelo cd da Estelle e seu American Boy e perceber que hip-hop, misturado com outras coisas, fica lindo e faz a gente querer dançar a noite inteira. É que nem bacon. Dá um sabor especial a qualquer coisa, mas é foda de se comer puro.

Há alguns meses conheci P-Money - o melhor DJ da Nova Zelândia e quiçá um dos grandes fazedores de tunts-tunts do mundo. Vamos dizer que ele é um Timbaland kiwi, já que é também o produtor mais requisitado do Pacífico e domina o trabalho dos grandes nomes do R&B, rap e hip-hop dessas bandas aqui.

Quando "Everything" - o hit-bomba, começou a tocar pela primeira vez no rádio do meu carro eu logo já pensei: "Nossa senhora, música nova do Jamiroquai!". Não. Era P-Money começando a mostrar pra quê veio ao mundo.

A música - que na verdade é cantada pelo rapper também kiwi Vince Harder - é cativante, não só pelo beat "ui que diliça", mas pela qualidade da produção. Ahá, esse P-Money é mesmo de altíssima catiguria!

Pronto. A música bomba na balada e já ganhou militrezentas versões, inclusive na UK e Europa afora.

Não demorou muito, conheci as bandas e os artistas produzidos pelo rapaz. Scribe, David Dallas, PNC, o próprio Vince Harder e uma caralhada de gente boa da NZ. Claro que não dá pra dizer que é tudo uma maravilha e sair por aí com um cifrão de ouro pendurado no pescoço, mas olha, me surpreendi com o potencial do garoto.

Pelo visto o DJ tem tudo pra ser a próxima novidade e me dá agonia lembrar que perdi a discotecagem dele em Hamilton semana passada por causa de uma chuva ridícula.

O que mais chama atenção no trampo do cara é a cabeça aberta e um puta talento pra pegar a veia comercial da coisa, o que pode parecer coisa ruim, mas não é. Ele sabe misturar diferentes estilos em uma batida só, pegar melodias simples e colocar um grande arranjo no fundo.

Consegue botar todo mundo pra dançar sem machucar os ouvidos dos mais sensíveis.

Engraçado é que o moço não tem site, somente um blog, onde ele também disponibiliza alguns samplers pra outros DJ's se esbaldarem. Mas é só isso. Não tem mp3 grátis na internet, não tem assessoria de imprensa, não tem frescura. P-Money é uma humildade só. Tentei achar os cds dele "Big Things" e "Magic City" pra disponibilizar aqui, mas advinhem? Só comprando mesmo, o que, no fim das contas, é muito válido e justo.

"Everything" é uma das músicas mais deliciosas e grudentas que já ouvi nos últimos anos e eu aposto que logo logo já vai ter show dele agendado no Brasil.

Alguém duvida?


Everything (P-Money and Vince Harder)


Say it Again (Scribe and Tyra Hammond produced by P-Money)


http://pmoneymusic.blogspot.com
http://www.myspace.com/pmoneymusic

quarta-feira, 6 de maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

:: Riot Grlll - parte 01 - KATHLEEN HANNA ::


REBEL GIRRRRL

- Kathleen Hanna mistura punk rock, new wave e tecno tosco para espalhar seus protestos políticos e disseminar o feminismo -

por Eduardo Carli de Moraes


"You learn that the only way to get rock-star power as a girl is to be a groupie and bare your breasts and get chosen for the night. We learn that the only way to get anywhere is through men. And it's a lie." --- Kathleen Hanna

Cantora, compositora, zineira, fotógrafa, punk-rocker, ativista política, feminista militante e garota-problema, Kathleen Hanna foi uma das garotas mais notáveis do rock independente americano dos anos 90 pra frente. Ela hoje é considerada um dos maiores nomes no Levante das Calcinhas ocorrido no punk dos anos 90, o maremoto riot que trouxe feminismo e engajamento para o centro do foco - junto com 3 ou 4 power chords socados com fúria e versos berrados por verdadeiras pimentinhas com fogo no rabo e veneno na língua.

Kurt Cobain, que tanto fez para propagar as bandas pequenas que achava merecedoras de maior atenção (como os Pixies, os Vaselines ou os Meat Puppets), prestou homenagenam indireta à Kathleen Hanna ao escolher o título do maior hino da década. Conta a lenda que Hanna um dia pichou com spray vermelho na parece de Cobain uma gracinha que ele jamais esqueceu ("Kurt Smells Like Teen Spirit"). Ela se referia, na verdade, a um desodorante - o tal do "Espírito Adolescente" - mas acabou gerando uma expressão que Kurt deve ter adorado: feder à espírito adolescente. Quem diria que daí nasceria o grande hit nirvanesco, retrato de uma geração, muito bem batizado por esta pastora da seita punk que tanto fez pela "cena"!

Hanna, antes de transformar-se num dos lumiares do riot grlll e militante feminista, foi antes de mais nada uma fodida na vida: sempre mandada pro diretor no ginásio, por fazer zona ou por ser pega usando drogas, foi obrigada a pagar um aborto, na adolescência, com grana arrancada de um trampo no McDonalds. Ela mesma confessa que, quando adolescente, só queria saber de três coisas: ir a shows (de punk e reggae), fumar maconha e ficar bêbada. Poderia também dizer: "brincar de mudar o mundo - e o maligno american-way-of-life - empunhando um microfone e berrando punk-rock". E vejam só o simbolismo: ela faz aniversário no mesmo dia - 12 de Novembro - que Gandhi e Charles Manson! O que (ela brinca...) talvez explique como ela pode ser, ao mesmo tempo, uma militante política pacifista e uma completa psicopata berrante ("Maybe this explains my freakishly dualistic, hot-headed, Scorpio personality", explicou ela na sua mini auto-bio digital).

Kathleen Hanna é nada mais, nada menos, que uma heroína do rock contemporâneo. É inimaginável o tamanho da influência dessa menina dentro deste movimento musical, político e comportamental - o riot grrrl - que procurou realizar uma mescla entre punk rock cru e incendiário com ativismo político e discurso feminista. Liderando o Bikini Kill, Hanna ajudou a acender a chama do riot como um gênero importante da contracultura musical na década passada, juntando uma atitude confrontacional e anti-capitalista com a obstinação em permanecer de pés cravados no underground. Foi a primeira vez que toda uma cena, baseada nos preceitos clássicos do punk - do-it-yourself e live-fast-die-youg - foi bolada por dúzias de garotas através da América, e capitaneada por Hanna em Olympia, W.A. (cidade imortalizada pelo Rancid numa das mais fodásticas canções do And Out Come The Wolves).

O riot grrrl sempre procurou confrontar os estereótipos do que uma garota poderia ou não fazer, questionando toda uma série de temáticas relacionadas com o feminismo ("estupro, abuso doméstico, sexualidade [inclusive lesbianismo], dominância masculina na hierarquia social e formas de libertação e potencialização da mulher", segundo a síntese da AMG). Dentre as principais bandas que simpatizavam com o "movimento" e que acabaram por ganhar o rótulo riot (querendo ou não) estão o Sleater-Kinney, o Bratmobile, o Seven Year Bitch, o L7, o Babes in Toyland e as bandas e projetos paralelos de Kathleen Hanna (o Bikini Kill, o Julie Ruin e o Le Tigre).

O Bikini Kill lançou apenas dois álbuns de estúdio ('Pussywhipped' [94] e 'Reject All American' [96]) e duas coletâneas ('The CD Version of the First Two Records' [92] e 'The Singles' [98]) antes de encerrar suas atividades em 1997. Como introdução ao universo barulhento e estridente da banda, o álbum 'The Singles' talvez seja a melhor pedida, reunindo as músicas mais clássicas (incluindo "Rebel Girl", "Anti-Pleasure Dissertation" e "I Like Fucking") em um disquinho rápido de 9 faixas, algumas delas produzidas por Joan Jett.

Após o fim do Bikini Kill, Kathleen assumiu seu alter-ego Julie Ruin e gravou o tosquérrimo álbum homônimo em 1998, onde tocava quase todos os instrumentos (mesmo sem ter muita noção de como fazer isso) e começava a experimentar com eletrônica caseira. Na hora de sair em turnê, precisava arranjar uma banda de apoio para acompanhá-la e foram chamados Johanna Fateman e Sadie Benning. Ao invés de prosseguir com seu alter-ego, Hanna resolveu parir uma nova banda. Estava formado o Le Tigre.

O primeiro disco, lançado em 1999 pela gravadora comandada por Hanna (a Mr. Lady), é uma belezura de disco new wave conjugado com experimentos toscos com eletrônica. Fazendo uso de samplers, sintetizadores e bateria eletrônica, e misturando isso com a simplicidade tradicional dos power chords e riffões básicos do punk, a banda criou um mini-clássico do lo-fi moderno. É o tipo de disco que parece ter sido gravado num dormitório de garota equipado com alguns equipamentos baratos. É a velha idéia punk: você num precisa ter milhares de dólares na mão pra ir prum puta estúdio bem equipado, pagando um produtor renomado no mercado, comprando Fenders, Gibsons e amplificadores do tamanho de caminhões pra fazer sua música. Uma idéia na cabeça, uma vontade irreprimível de se expressar, e um pouco (bem pouco mesmo) de apetrechos técnicos (que nem é necessário saber operar direito) já é o bastante.

Certamente o Le Tigre não é pra todos os gostos: há quem irá falar mal só porque é simples, caseirão e não tem "virtuosidade" musical. É verdade que essas garotas não manjam nada de teoria musical e de escalas e arpejos e modos gregos e modulações e o caralho. E Kathleen também não está nem um pouco interessada naquilo que costuma se chamar de "cantar bem" (no sentido Elton John da coisa). Mas e daí? Precisa? "Nós favorecemos a expressão simples do pensamento complexo", ouve-se em "Slideshow At Free University", e é esse o caminho de Hanna. Pra que complicar as coisas? A "música em si" não é o que importa. E um berro desafinado dado com emoção vale mais do que uma performance vocal perfeita e afinada que é pura ostentação exibicionista.

A banda possui uma grande diversidade temática e muitos "links" - é a música-punk da Era Digital, enfim. Em "Hot Topic", música que dispara referências pra todos os lados, a banda vai enumerando toda uma série de heroínas do feminismo e do "rock feminino" (incluindo Yoko Ono, The Slits, Sleater-Kinney, Cibo Matto, The Butchies e mais uma pá de gente que nunca ouvi falar). Em "What's Yr Take on Cassavettes?" colocam em questão a genialidade ou não de um dos heróis do cinema independente americano (John Cassavettes). "The Empty" traz uma certa insatisfação com a lógica mainstream da música pop atual, com "as estrelas entrando e saindo dos automóveis e nós continuando a nos perguntar quando vamos sentir algo real":

The stars are getting in and out of automobiles
And we keep wondering when we're gonna feel something real
Keep waiting for a Santa that'll never come
A real party not just for people who're faking fun.
But everything gets erased before it's even said
And all that glitters isn't gold when inside it's dead.


"Deceptacon" é a mais bikini-killesca do disco, com o seu maravilhoso refrão nonsense ("Who took the bomp from the bompalompalomp? / Who took the ram from the ramalamadingdong?") e uma série de provocações a um certo personagem roqueiro vazio ("Your lyrics are as dumb as the linoleum floor") e que não enxerga a política nas letras hannianas ("Let me hear you depoliticize my rhyme"). Em "Let's Run", deliciosa tosqueira new-wave, Hanna declara-se a fim de espalhar sua demência ("I wanna spread my dementia / I wanna knock it off the line / Give me attention / Every day and every night...") com seu tradicional vocal nervoso e estridente.

Dançante e punky ao mesmo tempo, divertido e militante em iguais doses, transpirando vitalidade e espírito independente, esse disco é uma das inúmeras provas de que a mulherada rocker está muito viva. É provável que Hanna nunca venha a atingir de novo o grau de visceralidade punk do Bikini Kill, mas o Le Tigre continua expandindo seu legado com respeitabilidade. Não só musicamente falando, já que Hanna transcende o próprio domínio da música: é ativista política, zineira, dona de gravadora, pacifista, anti-Bushista, nova-yorkina moradora das proximidades do antigo WTC, sempre colocando a música a serviço de suas espertíssimas críticas sócio-político-culturais.

Atualmente, com todo o legado do riot grrrrl espalhado pelos anos 90 e 00, só mentalidades superficiais e restritas ao que é imposto pela mídia mainstream podem acreditar que as mulheres na música se restringem a ninfetas siliconadas e fabricadas ao estilo de Britney Spears - e suas dúzias de clones. Kathleen Hanna é um dentre muitos exemplos de garotas que pegaram em armas - ou empunharam microfones e guitarras - para criar alternativas e protestar contra a "bosta do jeito capitalista-cristão de fazer as coisas", como diz o próprio Manifesto de Hanna (cujos trechos notáveis compartilhamos na sequência).


RIOT GIRLL MANIFESTO, por Kathleen Hanna [excertos]

we recognize fantasies of Instant Macho Gun Revolution as impractical lies meant to keep us simply dreaming instead of becoming our dreams AND THUS seek to create revolution in our own lives every single day by envisioning and creating alternatives to the bullshit christian capitalist way of doing things.

we know that life is much more than physical survival and are patently aware that the punk rock "you can do anything" idea is crucial to the coming angry grrrl rock revolution which seeks to save the psychic and cultural lives of girls and women everywhere, according to their own terms, not ours.

we are interested in creating non-heirarchical ways of being AND making music, friends, and scenes based on communication + understanding, instead of competition + good/bad categorizations.

we are unwilling to let our real and valid anger be diffused and/or turned against us via the internalization of sexism as witnessed in girl/girl jealousism and self defeating girltype behaviors.

we hate capitalism in all its forms and see our main goal as sharing information and staying alive, instead of making profits of being cool according to traditional standards.

DOWNLOADS:

The Singles
http://www.mediafire.com/?ndmmfmg0iom



The CD Version Of The First 2 Records
http://www.mediafire.com/?au3ncxg0nyy


Reject All American
http://www.mediafire.com/?m1wwniqdzuy


Pussy Whipped
http://www.mediafire.com/?jbmrfcetyyx


Le Tigre - 1999
http://www.mediafire.com/?gzqzwrdtuzv


Feminist Sweapstakes - 2001
http://www.mediafire.com/?mtgnihmtmmz


This Island - 2004
http://www.mediafire.com/?yfzzjgzvzmw

LEIA MAIS: Kathleen Hannah por ela mesma - Wikipedia - Hanna fala sobre seu aborto em matéria para o SALON - Entrevista na INDEX Magazine - Bio - Treta com Courtney Love - Ms Magazine - Fan Page.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

:: SONS DE ESTIMAÇÃO VOL V ::


Por Christian Camilo,
Guitarrista do Instiga

A guitarra do Instiga chora. Sejam lágrimas de distorção, psicodelia ou enxurradas de riffs, ela segue vertendo novos sons do rock brasileiro. A banda de Campinas está na estrada há oito anos e já tem três álbuns muito bem feitos: Máquina Milenar (2005), Menino Canta Menina (2007) e Tenho Uma Banda (2008), todos fresquinhos e disponíveis para download no site do grupo.

Christian Camilo, o homem que comanda a guitarra em prantos bem timbrados, concedeu uma ilustre visita ao Depredando e deixou seus sons queridos, que você confere (e baixa) logo aí. E quem quiser seguir Christian e os sons que instigam o músico também pode conferir as preferências do moço na BlipFM.

1 - Nick Drake – “Cello Song”: coloco nick drake porque vi uma versão desta mesma música e gostei muito

2 - We Are Scientists – “After Hours” : esta música representa meu estilo favorito de composição.

3 - Broken Social Scene –
“Stars And Sons”: pra mim, é a melhor banda da atualidade em atividade.

4 - Kaiser Chiefs – “Never Miss A Beat” : esta música me cativou pelo clipe e pela letra.

5 e 6 - Animal Collective – “Summertime Clothes” e “My Girls” : Esta banda tem se revelado aos poucos... Eu não sou o tipo de cara que vai atrás das bandas por causa de uma ou de duas músicas (já fui). Se o Animal Collective entrar chutando a porta pela terceira vez, eu infelizmente vou ter que ir atrás dos discos. Inclusive, se vocês acharem o mp3 dessas duas músicas, eu vou pegar de vocês (observação do Depredando: entre e fique à vontade! Noise!). O videoclipe de “My Girls” é muito bacana...

7 - The National – “So Far Around The Bend”: esta banda tem uns lapsos de genialidade. Esta música e “Fake Empire” são alguns desses lapsos...talvez tenha mais...não dá pra julgar mais nenhuma banda com um certeza cemitéria.

8 - Arcade Fire – “My Body Is A Cage”: bom, apesar da banda ser ótima, a música só consta aqui nessa seleção por causa de um fã dessa banda que fez o melhor videoclipe que um fã poderia fazer.

9 - Fujiya & Miyagi – “Ankle injuries”: gosto muito desta música... Não sei porque...Acho que é uma das poucas músicas boas em que a letra faz propaganda da banda.

10 – Rafael Castro – “E agora Wilson Breda”: bom, esse garoto sagaz merece estar em todas as minhas listas. E talvez daqui pra frente, na de vocês.

11 - The Phantom Band
– “Throwing Bonés”: Esta música fica como a cereja do bolo desta lista...

12 - The Hold Steady – “Stuck Between Stations”: Talvez o rock mais exótico desta lista - teclado de 10 reais de camelô. Uma voz de pinguço e uma guitarra com som muito estridente. Poderia dar um terrível acidente, mas culmina numa das bandas mais legais de se ouvir.

DOWNLOAD:
http://www.mediafire.com/?wmjuem3ejmi