:: VISITANTES (SP) - "Tempos Difíceis" (2007)
VISITANTES: UM GRITO AO QUARTETO, FEITO DE LIMO DOS PRÉDIOS E SALIVA DE MOTOBIKERS ASSASSINOS. COM UM TWIST DE COPACABANA.
“O ano era 2004 e o orkut bomba. Wasted Nation se me surge na comunidade de bandas independentes do Brasil, colocando Nirvana, Pixies e Mutantes pela primeira vez numa mesma linha. O cabeludo Fábio Cardelli e eu começamos a scrapear. No ano seguinte, Morte Cerebral já habita a minha lista de mais tocadas e a ouço finalmente ao vivo no Fradique 37, juntamente com outros blues arrítmicos de vocais delayantes. Corte seco para o fim de 2006: o elemento químico Wn (Wanádio) passa pelo clichesístico teste do segundo disco. E este que vos escreve, se oferece, conspícua e desonestamente, para fazer um faixa-a-faixa do lançamento. Vindo de tempos difíceis, em meio a tempos difíceis, recebo em mãos o álbum branco "Tempos Difíceis". Em busca de um milagre instantâneo, simbiotizo-me com o disco e nos transformamos em uma trilha sonora de nós mesmos. Pouco mais de meia hora de música se desenha em loops de horas, e o disco forma uma imagem nítida em minha retina cerebral após uma dúzia de audições. A magistral "Comensal" inicia os trabalhos em grande estilo, entre sutis pianos e guitarras em meio a desmoronamentos de compassos. "Como Sempre" resgata o carnaval das pornochanchadas e do período militar em perfeito tropicalismo da década zero zero. "Acalanto" funde o barroco ao frevo, retomando o legado narrativo do sul da linha imaginária do Equador. "Caminho do Nenhum" reconstitui a alvorada de um grunge morfínico em uma tarde de sábado onde o horizonte é a bandeira do japão. "Amnésia" desopila as mentes no branco da metade do encarte. "Tempos Difíceis", a canção, é um whiskey blues trovadorístico com nuances trôpegas soladas em valsas e sopros uivantes e contos medievais de ninar. E então, a épica "Visitantes", a ode ao belo minimalismo e à reflexão infinita iconofágica. Música para ouvir seu organismo funcionar e seu coração parar de bater por frações de segundos. Justa e poderosa é a força da música que assume o nome da banda, como a criatura que fagocita o criador. E agora, em 2007, Visitantes continuam cunhando sua própria música, tangenciando todo e qualquer movimento calculado de tendências e modas em nome da geração espontânea de sua cultura homemade. Parco é aquele que tateia palavras pré-selecionadas para classificar estes sons ainda não inventados; sensato é aquele que ouve Visitantes em prisma lindamente difuso e aproveita a maçã.” Ricardo Lacerad
01-Comensal (4:22)
VISITANTES: UM GRITO AO QUARTETO, FEITO DE LIMO DOS PRÉDIOS E SALIVA DE MOTOBIKERS ASSASSINOS. COM UM TWIST DE COPACABANA.
“O ano era 2004 e o orkut bomba. Wasted Nation se me surge na comunidade de bandas independentes do Brasil, colocando Nirvana, Pixies e Mutantes pela primeira vez numa mesma linha. O cabeludo Fábio Cardelli e eu começamos a scrapear. No ano seguinte, Morte Cerebral já habita a minha lista de mais tocadas e a ouço finalmente ao vivo no Fradique 37, juntamente com outros blues arrítmicos de vocais delayantes. Corte seco para o fim de 2006: o elemento químico Wn (Wanádio) passa pelo clichesístico teste do segundo disco. E este que vos escreve, se oferece, conspícua e desonestamente, para fazer um faixa-a-faixa do lançamento. Vindo de tempos difíceis, em meio a tempos difíceis, recebo em mãos o álbum branco "Tempos Difíceis". Em busca de um milagre instantâneo, simbiotizo-me com o disco e nos transformamos em uma trilha sonora de nós mesmos. Pouco mais de meia hora de música se desenha em loops de horas, e o disco forma uma imagem nítida em minha retina cerebral após uma dúzia de audições. A magistral "Comensal" inicia os trabalhos em grande estilo, entre sutis pianos e guitarras em meio a desmoronamentos de compassos. "Como Sempre" resgata o carnaval das pornochanchadas e do período militar em perfeito tropicalismo da década zero zero. "Acalanto" funde o barroco ao frevo, retomando o legado narrativo do sul da linha imaginária do Equador. "Caminho do Nenhum" reconstitui a alvorada de um grunge morfínico em uma tarde de sábado onde o horizonte é a bandeira do japão. "Amnésia" desopila as mentes no branco da metade do encarte. "Tempos Difíceis", a canção, é um whiskey blues trovadorístico com nuances trôpegas soladas em valsas e sopros uivantes e contos medievais de ninar. E então, a épica "Visitantes", a ode ao belo minimalismo e à reflexão infinita iconofágica. Música para ouvir seu organismo funcionar e seu coração parar de bater por frações de segundos. Justa e poderosa é a força da música que assume o nome da banda, como a criatura que fagocita o criador. E agora, em 2007, Visitantes continuam cunhando sua própria música, tangenciando todo e qualquer movimento calculado de tendências e modas em nome da geração espontânea de sua cultura homemade. Parco é aquele que tateia palavras pré-selecionadas para classificar estes sons ainda não inventados; sensato é aquele que ouve Visitantes em prisma lindamente difuso e aproveita a maçã.” Ricardo Lacerad
01-Comensal (4:22)
02-Como Sempre (2:49)
03-Acalanto (1:13)
04-Caminho do Nenhum (5:54)
05-Amnésia (0:31)
06-Tempos Difíceis (5:03)
07- Visitantes (mono) (18:22)
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