quarta-feira, 31 de agosto de 2011

<<< Esteticoscopio: um blog de cinéfilosofagens >>>


O irmão cinéfilo do Depredando foi rebatizado: agora chama-se Esteticoscopio (uma brincadeira com as palavras "estética" e "estetoscopio"), e ali prossigo na tentativa de mesclar crítica de cinema e filosofia, cinephilia e viajada reflexão estética... 

Mudei o blog de nome um pouco pela canseira, o que já é razão suficiente, mas também porque me sentia fazendo apologia do vandalismo (hehe!): "Depredando o Cinema" só seria nome adequado a um blog que se dedicasse a tacar tomates sobre filmes ruins, cobrir de sarcasmo as porcariadas que envergonham a 7ª arte. Já eu, que escrevo mais sobre aquilo que gosto, preferindo analisar meus filmes prediletos a ficar descendo a lenha nas dúzias de enlatados escrotos que arrasam nossos quarteirões mentais, preferi este novo nome. A idéia é que seja um blog, enfim, que "ausculta" obras-de-arte cinematográficas com um estetoscópio estético e depois tenta relatar o que sentiu ouvindo as batidas do coração da obra, as entranhas exteriorizadas dos artistas.

Além dos meus próprios textos, há uma seleta de material bacana que encontro por aí de outros pensadores-cinéfilos: gente como Vladimir Safatle (Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos, de David Lynch), Maria Rita Kehl (Menina de Ouro, de C. Eastwood, Mar Adentro, de Alejandro Amenábar, Invasões Bárbaras, de D. Arcand), Paulo Emílio (Encouraçado Potemkin e Outubro, de Eiseinstein), Julio Cabrera (A Lista de Schindler, de S. Spielberg), Amir Labaki (Reds, de Warren Beatty). E por aí vai.

Ultimamente, rabisquei por lá idéias sobre os seguintes filmes: Melancholia (Lars Von Trier), A Árvore da Vida (Terrence Malick) e Nosthalgia For The Light (Patricio Guzmán). No baú de velharias, tem muito mais coisa: Zelig (W. Allen), Into the Wild (Sean Penn), Inception (C. Nolan), O Iluminado (Kubrick), Cosmos (Carl Sagan), dentre outros.

Fica o convite aos cinéfilos!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

<<< Mixtapes Vaca Amarela: conheça quem toca no festival! >>>

Capa do álbum do Gloom, umas das atrações goianas da primeira noite do Vaca Amarela

Nestes dias que antecedem o Vaca Amarela 2011, preparamos uma série de aperitivos para despertar o apetite de todos para o grande banquete cultural que virá. Para te ajudar a conhecer os artistas e bandas que vão se apresentar nos 2 palcos do Martim Cererê entre 9 e 11 de Setembro, compilamos canções das atrações do Vaca em 3 mixtapes, uma para cada dia do festival. Você pode ouvi-las on-line através do player do Soundcloud, baixar as faixas que te interessar ou, se preferir, fazer o download do zip que contêm a coletânea completa. Aí vão as duas primeiras mixtapes, dedicadas às bandas que sobem ao palco na Sexta-Feira e no Sábado (09 e 10 de Setembro). Divirta-se e dissemine!


SEXTA (09 de SETEMBRO)

DOWNLOAD da COLETÂNEA COMPLETA
[ Mediafire - 76 MB ]

A banda paranaense Copacabana Club, uma das atrações do sábado




<<< Doc Crucial pra Sacar Qualé a do Brasil de hoje >>>

"Lutas.doc é uma série de documentários, com reflexões profundas sobre a violência, seus contextos e formas de representação na história do Brasil. A série combina densidade de reflexão com uma linguagem dinâmica e acessível. Grandes pensadores brasileiros, doutores em filosofia, psicologia, economia, história e sociologia, como Eduardo Gianneti, Olgária Mattos, Laura de Mello e Souza e Contardo Calligaris, ao lado de grandes protagonistas políticos, como Lula, Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva e Soninha, e livres-pensadores egressos dos movimentos sociais, como Ferrez, Júnior do AfroReggae, João Pedro Stédile e Esmeralda Ortiz, analisam a realidade brasileira em pé de igualdade. A história do país é revista, com um olhar crítico e ousado. Com um ritmo dinâmico e trechos de animação, os episódios procuram levar audiências intelectualizadas e jovens sem grande formação intelectual, do mesmo modo, à reflexão. A série tem codireção de Luiz Bolognesi e Daniel Sampaio."











Download da Série Completa, em alta definição:

<<< Bananada 2011 >>>

(mais um cartaz dos caras desenfreadamente criativos do Bicicleta sem Freio)

E neste Domingão, 28 de Agosto, rola Bananada no Cererê. Chegando na bilheteria, você escolhe sua banda predileta, tira da carteira a bufunfa que acha que ela merece e decide Quanto Vale o Show. Esta é a segunda noite do festival neste ano: em Junho, o hermano barbudo Marcelo Camelo fez belíssimo show no Oscar Niemeyer, com abertura de Gloom e Violins. Agora é a vez do cenário independente goiano mostrar sua força em VINTE de suas facetas. Segue a programação:

01h30 GRUPO SINCROSONE; 01h00 MUGO; 00h30 BANDA UÓ; 00h00 BLACK DRAWING CHALKS; 23h30 GLOOM; 23h00 HELLBENDERS; 22h30 DIEGO E O SINDICATO; 22h00 JOHNNY SUXXX; 21h30 BARFLY; 21h00 SPACE MONKEYS; 20h30 FOLK HEART; 20h00 BANG BANG BABIES; 19h30 SOLICITUDE; 19h00 DOM CASAMATA; 18h30 RIVER BREEZE; 18h00 KAMURA; 17h30 TRIVOLTZ; 17h00 ULTRA VESPA; 16h30 BLACK QUEEN; 16h00 GIRLIE HELL.

domingo, 21 de agosto de 2011

<<< Vem aí o 10º Vaca Amarela! >>>



                  Eduardo Carli

De 09 a 11 de Setembro, acontecerá em Goiânia o fabuloso Festival Vaca Amarela, que completa 10 anos de vida em 2011. Serão 3 dias de festório, com nada menos que 48 shows, além de painéis, oficinas e ações relacionadas com artes integradas e conscientização eco-ambiental (conheça os projetos Maquinação e Fósforo Consciente). A décima edição anual consecutiva do Vaca ocorre no antológico Centro Cultural Martim Cererê, espaço que costuma abrigar grande parte dos festivais de música - como Goiânia Noise (17 anos sem parar!), Bananada e Grito Rock - que tornaram Goiânia, para citar o Lobão (atração do Vaca em 2010), uma "Meca da música indie" e "um dos epicentros de rock and roll no Brasil".


Organizado pela Fósforo Cultural, o 10º Vaca Amarela fará mais uma vez da capital goiana o palco de um evento multi-cultural e que prima pela diversidade: o rapper Emicida, um dos nomes mais fortes do movimento hip hop brasileiro atual, divide o palco com uma das melhores bandas de hardcore do país, o Mukeka de Rato; os curitibanos do Copacabana Club, banda que faz um indie-pop classudo e perfeito para exportação, terá como companhia bandas mais "extremas" e subversivas do rock independente brazuca - caso do grindcore violetíssimo do Leptospirose (SP) e do "Apocalypse Now do primeiro ao último acorde" do INI (de Sorocaba).

Outros destaques, dentre os visitantes de fora-do-Estado, são o Dizzy Queen, hard-rock apunkalhado com um dos melhores vocais femininos do rock brasileiro (não deixe de conferir a entrevista que a Priscila concedeu ao Depredando poucos dias depois do showzaço que fizeram no Goiânia Noise); e o Dance Of Days, banda paulistana veterana na cena punk e que encerra o festival no Domingo prometendo doses cavalares de energia e muita ocasião para pogo e mosh.


A música brasileira também recebe ampla representação: Umbando e Radiocarbono, dois dos melhores coletivos musicais da "Nova MPB do Cerrado", dividem espaço com talentos ascendentes - caso da banda Tereza, do Rio de Janeiro. E para não dizermos que o P de MPB foi deixado de lado, atrações legitimamente populares recheiam o festival: caso do sempre "figuraça" Falcão, um colosso da breguice desavergonhada nacional.

O efervescente cenário de rock independente local também recebe amplo espaço com shows de alguns dos principais representantes da celebrada "Goiânia Rock City": Black Drawing Chalks, Violins, Gloom, Johnny Suxx, Space Monkeys, Ultravespa, Space Truck, Hellbenders, Mugo, Baba de Sheeva, Aurora Rules - e muito mais!

* * * * *

Passo a palavra para o Pablo Kossa, jornalista, produtor cultural e idealizador do Festival Vaca Amarela, que narra abaixo um pouco desta gloriosa estória de uma década:

Pablo Kossa


Nada na minha vida é mais longevo que o Vaca Amarela. Nunca fiquei no mesmo emprego por 10 anos. Nunca namorei a mesma pessoa por 10 anos. Nenhuma banda que montei durou 10 anos. E o Vaca Amarela chega agora em sua décima edição. Juro que parei para pensar nas razões que deixaram o festival tão longevo, coisa que nunca sequer sonhei quando fiz aquela modesta primeira edição no lendário MaQna Rock, só com bandas locais.

A razão da longevidade do Vaca Amarela é simples: pelo meio do caminho, achei um monte de gente que compartilhava do mesmo ideal com o qual comecei essa história. Gente não satisfeita com o que via na grande mídia, gente que expele criatividade pelos poros, gente disposta a construir um outro mundo por meio da cultura, gente na pilha de se divertir como se não existisse amanhã. Ou seja, tudo gente que pensa na mesma perspectiva que eu.  Estava tudo em casa! O surgimento da Fósforo Cultural foi o fator crucial para a consolidação efetiva do Vaca Amarela e sua perenidade. Essa confraria de pessoas imbuídas do mesmo sonho foi a sustentação para o crescimento do festival e sua consolidação como um dos mais relevantes e legais do Brasil.

O Vaca Amarela é pioneiro no pluralismo e na perspectiva multicultural em Goiânia. Acreditamos que quanto mais diverso, mais rico é. E apostamos todas nossas fichas nisso. Não tenho dúvidas que acertamos. Grandes nomes de relevância inquestionável para a história da música brasileira e que precisavam ser revalorados passaram pelo festival. Bandas que depois se tornaram gigantes já mostraram seu talento no Vaca. Tudo isso só aumenta o orgulho que sentimos pelo Vaca, tal qual um filho que ganha o mundo e tem seu valor reconhecido.

Muito obrigado a todos que já trabalharam no Vaca Amarela. Muito obrigado a todos que já tocaram no Vaca Amarela. Muito obrigado a todos que já apoiaram o Vaca Amarela. Todos vocês são parte indelével dessa história.

Mas o MUITÍSSIMO obrigado vai para você, público, que já tirou alguns reais do seu bolso e comprou ingresso para o Vaca Amarela. Você é o responsável por a gente continuar nessa labuta. É para você que a gente trabalha há dez anos.

O AC/DC dizia que “it’s a long way to the top if you wanna rock n’ roll”. Nós sabemos disso, mas sentimos um baita prazer em estar trilhando esse caminho juntos com você.

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Confira a PROGRAMAÇÃO completa!

<<< Promoção Vaca Amarela: 6 CDs + camiseta >>>



O Vaca Amarela completa 10 anos de vida e o presente de aniversário quem fatura é você! Montamos um PACOTÃO com 6 CDs + uma CAMISETA oficial do Vaca 2011 – e tudo isto pode ser seu! Para concorrer ao prêmio, basta pôr a criatividade e senso-de-humor para trabalhar: siga-nos no Twitter e depois tuíte uma FRASE / SLOGAN / PIADA / HAI-KAI / JINGLE (etc.) que faça referência ao 10º Vaca Amarela. Não se esqueça de adicionar em seu tweet uma menção ao “@10VacaAmarela” para que possamos registrar seu participação. O tweet mais criativo leva pra casa estes suculentos prêmios. Não há limite de tentativas por pessoa. O resultado será divulgado no dia 08 de Setembro e o vencedor poderá retirar seus “troféus” na Fábrica Cultura Coletiva, Rua 03, (próx. à Av. Araguaia), na sede da Fósforo Cultural.


PRÊMIOS:

1 CD do Diego de Moraes e o Sindicato (GO), Parte de Nós;
1 CD do Radiocarbono (GO), Enteado do Samba;
1 CD do Johnny Suxxx & The Fucking Boys (GO), Zebra;
1 CD dos Dinamites (DF), Legal;
1 CD do Boddah Diciro (TO), Strange (edição de luxo);
1 CD do Chapéu, Cerveja e Frustrações (GO), Sucesso no Brasil;
1 Camiseta oficial do Vaca Amarela 2011 (amarela ou preta).

COMO PARTICIPAR:

- Siga o Vaca no twitter e invente um tweet contendo “@10VacaAmarela”!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

<<< ARETHA! >>>



ARETHA!

A fabulosa Lady Soul, gogó dos mais abençoados que já habitaram uma garganta humana, é uma figura de currículo musical muitíssimo respeitável. Não ligo muito para Grammys, mas ela já papou 17 estatuetas do “Oscar da Música”, o que ao menos indica seu lugar de muitíssima honra no “panteão” do pop americano. Além disso, Aretha foi eleita pela Rolling Stone, a matriz (EUA), nada menos que o melhor ser-cantante de todos os tempos. Numa lista unisex (em que podiam ser eleitos tanto homens quanto mulheres), ela ficou no topo do pódio, deixando comendo poeira todos os pimpões: Ray Charles, Roy Orbison, Frank Sinatra, Marvin Gaye, James Brown, Stevie Wonder, John Lennon...

Não é honra pouca. E, por polêmica que seja a premiação, é prova das intensas reações afetivas despertadas nos ouvintes pela voz de Aretha Franklin, um ser humano incomparavelmente dotado da capacidade de infundir afeto ao canto, de inundar de paixão um bando de fonemas pétreos... Aretha Franklin é o modelo à que aspiram grande parte das cantoras que a sucederam, de Whitney Houston a Amy Winouse, de e Joss Stone... O talento das inspiradas, como se vê, é imensamente inferior ao talento da inspiradora. Tanto que ouvir Aretha Franklin é como ser banhado por um talento transbordante que deixa quase todo o resto parecendo farsa midiática, truques do ProTools, “photoshapadas” dadas na voz... Aretha é a fonte autêntica que deixa o resto parecendo pastiche. O resto... é resto.

Se quisermos encontrar cantoras realmente tão empolgantes quanto Aretha, na música de hoje em dia, teríamos que ir procurar ouro nas profundezas, como em todo garimpo promissor de tesouro: e lá, no dito “underground”, me parece que a voz de Aretha tem sido mantida viva por gente como Lisa Kekaula (cuja voz transforma os Bellrays numa bandaça garage-rock'n'soul que chega “tinindo e trincando”...) e Brody Dalle (a punkificação do soul, a hardcorização do Arethismo, faz do Distillers esta bandaça que é...).

Chega de papo: a música de Aretha Franklin não se presta muito a descrições verbais. Resta-nos abrir os ouvidos e às consciência a este de jorro de energia bruta, de potência feminil transbordantes, para nos re-plenificarmos nesta fonte!




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

<<< O canto de cisne das árvores que gritam >>>

O Screaming Trees, uma das bandas mais magníficas da era do Grunge, fez alguns dos álbuns mais impactantes e belos do rock noventista: caso dos clássicos Sweet Oblivion (1992) e Dust (1996), ambos fodásticos! O vozeirão rouco de Mark Lanegan, regado a uísque e nicotina, derramava lirismo por cima de uma avalanche elétrica digna do Crazy Horse. A psicodelia sessentista se mesclava com a garageira punky, e tudo com uma pitada, aqui e ali, de um hard rock de arena. "Nearly Lost You" foi um semi-hit, mas os Screaming Trees jamais conseguiram o merecido reconhecimento massivo conquistado por Nirvana e Pearl Jam, por exemplo. Uma bandaça! E ainda subestimada.

Após o silenciar das árvores que gritam, Lanegan enfurnou-se num bosque mais sombrio e tornou-se uma árvore que geme, uiva e ruge  em meio ao esvoaçar dos morcegos e  silêncio das corujas. Sua carreira-solo é mais aparentada ao folk e ao blues, mas possui uma intensidade sempre impressionante. Lanegan  teve tempo ainda de cantar alguns stoners chapados com os camaradas do Queens of The Stone Age e gravar duetos com a Isobel Campbell, do Belle & Sebastian, que soam como um beijo entre o gélido e o cálido, o viril e o delicado. Conseguiu ser um sobrevivente de uma geração com pendores trágicos e não quis "morrer jovem e ser um belo cadáver", como preferiram Cobain, Layne Stanley ou Andrew Wood

Agora, neste 2011, sai do forno este Last Words: The Final Recordings, canto de cisne da banda que contêm gravações feitas no fim da década grunge (entre 1998 e 1999) e foi mixado por Jack Endino. Um retorno dos Screaming Trees com formação original não é impossível, mas por hora não é confirmado nem prometido. Fiquemos, pois, com estas belas Últimas Palavras desta exuberante banda de weeping willows berrantes.

Claude Monet, "Weeping Willow"



SCREAMING TREES Last Words: The Final Recordins (52 MB)
DUST (1996)
SWEET OBLIVION (1992)
UNCLE ANESTHESIA (1991)
BUZZ FACTORY (1989)

<<< O Veneno Está na Mesa (doc de Silvio Tendler) >>>


"Filme de um dos maiores documentaristas do Brasil, o premiadíssimo Silvio Tendler, que mostra o cenário assustador que se encontra o país em relação ao uso indiscriminado de agrotóxicos.

Você sabia que o Brasil é o país que mais pulveriza agrotóxicos nos alimentos? Que é o recordista em consumo desses químicos? Que um brasileiro consome em média 5,2 litros de agrotóxicos anuais? Que os agrotóxicos provocam uma série de problemas de saúde, desde lapso de memória em crianças até má formação dos fetos? Que apesar do Governo tentar proibir uso de muitos químicos, a justiça concede liminares a favor das grandes corporações químicas? Que para conseguir crédito junto aos bancos o pequeno trabalhador é obrigado a usar transgênicos e pesticidas? Que as doenças provocadas por esses químicos nos trabalhadores do campo consomem 1,8% do PIB em tratamentos médicos?

Se não sabia, talvez seja a hora de saber disso e muitas outras coisas mais."

terça-feira, 9 de agosto de 2011

<<< Van Morrison: discografia da fase áurea, 1968-74 >>>

"Equal parts blue-eyed soul shouter and wild-eyed poet-sorcerer, Van Morrison is among popular music's true innovators, a restless seeker whose incantatory vocals and alchemical fusion of R&B, jazz, blues, and Celtic folk produced perhaps the most spiritually transcendent body of work in the rock & roll canon. Subject only to the whims of his own muse, his recordings cover extraordinary stylistic ground yet retain a consistency and purity virtually unmatched among his contemporaries, connected by the mythic power of his singular musical vision and his incendiary vocal delivery: spiraling repetitions of wails and whispers that bypass the confines of language to articulate emotional truths far beyond the scope of literal meaning.

George Ivan Morrison was born in Belfast, Northern Ireland, on August 31, 1945; his mother was a singer, while his father ardently collected classic American jazz and blues recordings. At 15, he quit school to join the local R&B band the Monarchs, touring military bases throughout Europe before returning home to form his own group, Them. Boasting a fiery, gritty sound heavily influenced by Morrison heroes like Howlin' Wolf, Brownie McGhee, Sonny Boy Williamson, and Little Walter, Them quickly earned a devout local following...

His first album for new label Warner Bros., 1968's Astral Weeks, remains not only Morrison's masterpiece, but one of the greatest records ever made. A haunting, deeply personal collection of impressionistic folk-styled epics recorded by an all-star jazz backing unit including bassist Richard Davis and drummer Connie Kay, its poetic complexity earned critical raves but made only a minimal commercial impact. The follow-up, 1970's Moondance, was every bit as brilliant; buoyant and optimistic where Astral Weeks had been dark and anguished, it cracked the Top 40, generating the perennials "Caravan" and "Into the Mystic."

The first half of the 1970s was the most fertile creative period of Morrison's career. From Moondance onward, his records reflected an increasingly celebratory and profoundly mystical outlook spurred on in large part by his marriage to wife Janet Planet and the couple's relocation to California. After His Band and the Street Choir yielded his biggest chart hit, "Domino," Morrison released 1971's Tupelo Honey, a lovely, pastoral meditation on wedded bliss highlighted by the single "Wild Night." In the wake of the following year's stirring Saint Dominic's Preview, he formed the Caledonia Soul Orchestra, featured both on the studio effort Hard Nose the Highway and on the excellent live set It's Too Late to Stop Now. However, in 1973 he not only dissolved the group but also divorced Planet and moved back to Belfast. The stunning 1974 LP Veedon Fleece chronicled Morrison's emotional turmoil; he then remained silent for three years..." - AMG All Music Guide.
ASTRAL WEEKS (1968)
http://www.mediafire.com/?zj4rxvlw3vn4682

MOONDANCE (1970)
http://www.mediafire.com/?vodqgzxk1z6d21a

...AND THE STREET CHOIR (1970)
http://www.mediafire.com/?l6zx9ovv11acb10

TUPELO HONEY (1971)
http://www.mediafire.com/?kh1ktndhazpzf2e

SAINT DOMINIC'S PREVIEW (1972)
http://www.mediafire.com/?qxvrxzwhstqzzc8

HARD NOSE THE HIGHWAY (1973)
http://www.mediafire.com/?ray4dz4988kazen

VEEDON FLEECE (1974)
http://www.mediafire.com/?z8s6mao28voq0a9

IT'S TOO LATE TO STOP NOW (LIVE) (1974)
http://www.mediafire.com/?qmwqoflgwhghg11

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

<<< Cole Porter & Ella Fitzgerald, "Só Chapo Por Você" >>>


"My story is much to sad to be told / But practically everything leaves me totally cold. / The only exception I know is the case / When I'm out on a quiet spree, fighting vainly the old ennui /  And I suddenly turn and see / Your fabulous face...
I get no kick from champagne / Mere alcohol doesn't thrill me at all / So tell me why should it be true / That I get a kick out of you... / Some get a kick from cocaine / I'm sure that if I took even one sniff / That would bore me terrifically too. But I get a kick out of you.

I get a kick every time I see you standing there before me / I get a kick though it's clear to me, you obviously don't adore me / I get no kick in a plane / Flying too high with some guy in the sky / Is my idea of nothing to do...

Yet I get a kick out of you."
COLE PORTER

CD 01 - CD 02
(checado e funfando! puta discaço.)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

<<< Tropicalia ou Panis et Circenses >>>


(Manda brasa, mestre Tatit!) >>> "Sou de uma geração em que a canção brasileira lançou olhares para todos os cantos do mundo, todas as épocas, todas as idades, todas as faixas de consumo, de maneira que, volta e meia, tenho desejo de reviver essa espécie de rito de passagem para uma outra esfera cancional, muito além da sonoridade "brasileira" constituída até a bossa-nova. Tropicália é - e sempre será, ôi-iá-iá - a liturgia dessa passagem deste "Miserere Nóbis" (Gilberto Gil e Capinan) até o "Hino do Senhor do Bonfim" (João Antonio Wanderley). Acho que Rogério Duprat estava especialmente iluminado quando pôs toda a sua perícia de maestro arranjador e compositor erudito a serviço de uma intervenção decisiva na história de nossa música. Basta verificar o cuidado com que o músico trata cada faixa tendo em vista o rito global que o disco celebra.

Os tiros de canhão que demarcam a tênue zona de fronteira entre "Miserere Nóbis" e "Coração Materno" (Vicente Celestino) estão na verdade anunciando o extraordinário esforço de interpretação que Caetano Veloso investe numa canção totalmente estigmatizada pela rigorosa triagem bossa-novista. É como se o modo de cantar equilibrado compensasse os sinais melodramáticos e recuperasse um estilo que ajudou a definir os contornos de nossa sonoridade. Ou seja, nada é apenas supérfluo.

E o rito tem continuidade com as frases melódicas ascendentes de "Panis et Circenses" (G. Gil e C. Veloso) e com a imagem da ceia na sala de jantar. O canto dos Mutantes, com The Mamas & The Papas nas veias, dizendo versos desconexos mas ecoando sentidos para todos os lados, é a encarnação do viço tropicalista que se propagaria pelas décadas de 70, 80, 90... até hoje.


No bolero "Lindonéia" (G. Gil e C. Veloso), o isolamento da personagem se concretiza plenamente na voz de Nara Leão, e as imagens são mais pictóricas do que literárias. As linguagens falando no ambiente tropicalista. A faixa seguinte, "Parque Industrial" (Tom Zé), sempre me pareceu conter uma verdadeira simbiose entre o arranjador e o compositor. O lado happening dessa canção, que pela primera vez no disco reúne os 4 principais nomes do movimento (Gil, Gal, Caetano e Tom Zé), evoca o convívio anterior de Rogério Duprat com o experimentalismo erudito; o maestro, por sua vez, sempre entusiasta das referências à sociedade industrial, deve ter visto na canção de Tom Zé o campo ideal para plantar suas figuras sonoras. Há entre esses dois um misto de taleno, afinidade e até compleição física que me faz pensar nessas simbioses fecundas que só duram uma criação.

"Geléia Geral" (G. Gil e Torquato Neto) é o manifesto ideológico do movimento com um jogo alucinante de passado e futuro. "Baby" (C. Veloso) é o próprio futuro da canção brasileira, pós-Beatles, pós-Paul Anka e pós-Celly Campello. "Três Caravelas" (Algueró e Moreu) é o passado que se espraia por toda a América hispânica. "Enquanto Seu Lobo Não Vem" (C. Veloso) é o presente imediato em que o desejo se manifesta independentemente dos limtes. "Mamãe Coragem" (C. Veloso e T. Neto) é o próprio rito de passagem com suas dores e alegrias. Depois disso, só o jogo intersemiótico de "Bat Macumba" (G. Gil e C. Veloso), que se converteu em canção única, irrepetível como composição.

Fico pensando: como pode um disco-manifesto não ser um disco datado? Mas logo me lembro de Sgt. Pepper's, da mesma época, e não penso mais nisso.
 





 Este texto aqui reproduzido,
de autoria de Luiz Tatit,
saiu na coleção "Ilha Deserta",
da Editora Publifolha, pgs. 115-117.













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(192 kps, 52 mb)