
RICHARD HELL
"Blank Generation"

Richard Hell foi um dos maiores poetas dentre os maiores artistas do Punk. Suas letras se equiparavam às de Patti Smith, Lou Reed e Tom Verlaine, tríade reconhecida pela maestria literária com quê semearam os campos dos primórdios do punk. Mas o som que fazia com os Doidoids remetia muito mais à urgência, à fúria e ao debochado humor dos Ramones, dos Undertones e dos Heartbreakers. Essa mistura de sofisticação lírica e ataque sônico furioso, demonstrando que a poesia podia ser cool e que o punk podia ser literatura, fez da obra de Richard Hell, dentro da Cena Punk, algo ímpar. Só lançou, de fato, um disco clássico: este Blank Generation, de 1977. O segundo, Destiny Street, surgiu 5 anos depois, mas é tão chocho que sepultou para sempre os Voidoids e fez com que Hell abandonasse a música e abraçasse de vez a literatura. O brilhantismo e a excitação daquele primeiro álbum, porém, permanecem intactos, tornando-o um dos mais fodásticos álbuns punk de sua década - o que não é dizer pouco, já que tivemos ainda, naqueles anos dourados do barulho enfezado, London Calling, Rocket To Russia, Never Mind The Bollocks, Raw Power, Undertones, Singles Going Steady, Inflammable Matterial, Entertainment!, My Aim Is True, I'm Stranded, L.A.M.F., Marquee Moon, Damned Damned Damned, Horses, The Modern Lovers, Lust For Life, New York Dolls, Funhouse e tantos e tantos outros clássicos...

Admirador de Patti Smith, que depois se tornaria a namorada de Tom Verlaine, Richard Hell foi um dos nomes daquela cena proto-punk que depois mais fundo mergulhou na carreira literária. "Fui ver Patti ler, e ela costumava se apresentar naqueles clubes gays, como Le Jardin, e iam à loucura por causa dela", conta ele em Mate-me Por Favor. "Isto me surpreendeu. 'Essa multidão está aqui por causa dessa garota fazendo poesia?' Patti ficava apenas desfiando coisas, e aquilo era o maior barato, e ela era muito intensa, mas ao mesmo tempo muito doce e muito vulnerável. Ela era o máximo, sem dúvida." (pg. 131)
Hell foi daqueles jovens apaixonados por poesia, desde moleque, mas que descobriu paralelamente a sedução fatal e a energia primal do punk rock: "Era muito mais excitante fazer rock & roll do que ficar sentado em casa escrevendo poesia", relata Hell. "Quer dizer, eu podia lidar com os mesmos temas com os quais eu ficaria penando sozinho no meu quarto pra publicar em revistinhas mimeografadas que só umas cinco pessoas iriam ver. E definitivamente a gente se achava tão cool quanto os outros, então por que não...?" (181) Depois da música, acabou virandoator de cinema (encarnou, por ex., o namorado de Madonna em Desperately Seeking Susan) e se tornou um autor de romances que se inserem na linhagem de William Burroughs, Norman Mailer e Irvine Welsh: literatura contra-cultural e de colhões.

Em suma: Richard Hell estava lá, como um dos mais importantes pivôs da cena, quando o fogo começou a se alastrar. O que emergia ali era o punk como o conhecemos hoje, em sua versão '77, liberto do experimentalismo elitista e um tanto inacessível do Velvet, do excesso de verborragia literária de Patti e das viadagens espalhafatosas dos Dolls e do glam, adquirindoem sua forma mais clássica: catarse concentrada, crua e trovejante. "A cena definitivamente começou a crescer como uma bola de neve", rememora. "O CBGB's era sem dúvida o lugar onde as coisas estavam acontecendo, desde a primeira vez que a gente tocou lá. Na real éramos os únicos. Não havia no mundo nenhuma outra banda de rock & roll com cabelo curto. Não havia nenhuma outra banda de rock & roll com roupas rasgadas. Todo mundo ainda estava usando purpurina e roupa de mulher. Éramos uns chinelões, arruaceiros sem teto, tocando uma música poderosa pra caramba, apaixonada, agressiva e também lírica." (191)
Blank Generation é o petardo sônico de uma juventude que de "vazia" não tinha nada.

DOWNLOAD (54 MB - 192 kps - 12 faixas):
http://www.mediafire.com/?3cum5nw9qcjsw2l
SITE OFICIAL --- TROUSER PRESS ---MOFO --- ALLMUSIC
Tweet
http://www.mediafire.com/?3cum5nw9qcjsw2l
SITE OFICIAL --- TROUSER PRESS ---MOFO --- ALLMUSIC
Nenhum comentário:
Postar um comentário