"Ao contrário do que gosta de pensar a maioria dos nossos deslumbrados visitantes casuais, acostumada a desembarcar em Goiânia somente na época dos principais festivais, o rock da cidade não é exclusividade das bandas interessadas em distorção, cerveja e... “atitude”. É claro que a popularidade local do garage-rock legitima a fama de que gozamos em outras praças, mas um olhar atento revela muito mais abaixo dessa superfície caótica e barulhenta..." --- HÍGOR COUTINHO, Gyn Rock News
O visitante casual que despenca em Goiânia desavisado, munido só do preconceito babaca de que está "na Terra do Sertanojo", onde "todo mundo" só ouve Zezé di Camargo e Bruno & Marrone, é capaz de se chocar com esta "caótica" e "barulhenta" explosão de "garage-rock" de que fala Higor Coutinho. E garage-rock daquele tipo que é tocado pra tentar explodir a garagem de tanto fazer barulho, fodendo com os tímpanos dos vizinhos e da polícia junto. Daquele tipo que gera no público, em um "mísero" show, uma perda auditiva equivalente à de meter a orelha ao lado de uma britadeira por cerca de uma semana, no stop.
Desde os anos 90, quando nasceram os seminais MQN, Hang The Supertars e os já citados Mechanics [entrevista], em paralelo com a Monstro Discos, o rock goiano já mostrava uma predileção especial pela distorção e pela sujeira. Levada a tamanho extremo que o muitas vezes parecia ficar a um pulo do metal, ainda que mantivesse um pé no punk e outro no grunge.E decerto que de aqui e acolá acabam sempre pipocando alguns bons exemplos deste rockão garageiro puído (ou bad ass rock'n'roll, como diria o Fabrício Nobre), tal como o Amp, lá de Recife, mas somente em Goiânia esta tendência, me parece, se organizou em "cena". Além dos grupos já tão sólidos e consolidados liderados por Nobre e Márcio "Mechanics" Jr, que prosseguem firmes com bandas já em sua segunda década de vida, a cidade hoje pulsa ainda com Bang Bang Babies, Hellbenders, Rockefellers [myspace], Johnny Suxxx & The Fucking Boys, Motherfish, Vícios da Era, Mugo, Diego de Moraes & o Sindicato, Demosonic, Gloom, Black Queen, Space Monkeys, Ultra Vespa, dentre outros...
E os Chalks não fizeram feio em mais um showzaço, com uma performance previsivelmente regada a riffões de hard-rock, cabelos ao vento molhados de cerveja e headbanging por todo lado. Mais pra Hellacopters que pra Guns'n'Roses (cujo show abriram na última passagem de Axl Rose e sua trupe pelo Brasil, agora em 2010), o som dos caras é inegavelmente poderoso, intenso e tocado com uma empolgação contagiante, infecciosa. São músicos do caralho, com uma química coletiva incomum de ver em qualquer banda por aí, nacional ou gringa.
Agindo ao modo galopante, just-for-fun, dum AC/DC, dum Kiss, do velho Aerosmith, ou mesmo dum Spinal Tap, a banda ao mesmo tempo traz elementos proto-punk, bem Radio Birdman e Stooges [2] circa-Funhouse, e demonstra ainda um certo tropismo pelo stoner (que se escancara também no design visual classudo de todo o material da banda, que parece homenagem à estética do Queens Of The Stone Age circa-Songs For The Deaf). Que as letras recheadas dum hedonismo beberrão batido não tragam nada de novo não impede em nada --- talvez só apimente --- a diversão geral.
:: DOWLOAD DOS ÁLBUNS COMPLETOS ::
"Life Is a Big Holiday For Us" (2009)
http://www.mediafire.com/?gnnznwcnmyh
"Big Deal" (2007)
http://www.mediafire.com/?tuvzo4zt3o4
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