:: A LÍNGUA MATERNA AINDA AMAMENTA ::
Na psicodelia, no brit-rock ou no power-pop, as letras em português ainda sobrevivem
Se não faltam bandas desencanando dos vocais e embarcando na onda montante do róque instrumental, uma tendência paralela também se mostra forte: a tentativa de fazer rock'n'roll nos moldes americano ou britânico com letras em português, muitas vezes ambiciosas e poéticas. São bandas que recusam a tese da obsolescência da voz (e da palavra) para a comunicação na música ao mesmo tempo que procuram não se submeter ao imperialismo cultural reinante, negando-se a fazer algo que é mero xerox do que bandas gringas já fizeram.
Se não faltam bandas desencanando dos vocais e embarcando na onda montante do róque instrumental, uma tendência paralela também se mostra forte: a tentativa de fazer rock'n'roll nos moldes americano ou britânico com letras em português, muitas vezes ambiciosas e poéticas. São bandas que recusam a tese da obsolescência da voz (e da palavra) para a comunicação na música ao mesmo tempo que procuram não se submeter ao imperialismo cultural reinante, fazendo algo que é xerox do que bandas gringas já fizeram.
Três bandas novas-em-folha que conheci através do Bananada 2010 me causaram uma boa impressão, cada uma à sua maneira, dentre esta turma do "róque em português" que nada tem de "regionalista", mas que já nasce com cara de "globalizado".
O Nublado, lá de João Pessoa (PB), tem uma sensibilidade melódica brit-pop que remete ao primeiro Radiohead ou ao Muse, unida a sonoridade guitarrenta que não fica longe dum Ride ou My Bloody Valentine. O vocal de Fábio Vianna, pelo menos ao vivo, me pareceu uma tentativa de atingir algo à la Rodrigo Amarante, como se o Nublado fosse um projeto paralelo do hermano que tentasse recriar The Bends numa roupagem mais brazuca.
Se não faltam bandas desencanando dos vocais e embarcando na onda montante do róque instrumental, uma tendência paralela também se mostra forte: a tentativa de fazer rock'n'roll nos moldes americano ou britânico com letras em português, muitas vezes ambiciosas e poéticas. São bandas que recusam a tese da obsolescência da voz (e da palavra) para a comunicação na música ao mesmo tempo que procuram não se submeter ao imperialismo cultural reinante, fazendo algo que é xerox do que bandas gringas já fizeram.
Três bandas novas-em-folha que conheci através do Bananada 2010 me causaram uma boa impressão, cada uma à sua maneira, dentre esta turma do "róque em português" que nada tem de "regionalista", mas que já nasce com cara de "globalizado".
O Nublado, lá de João Pessoa (PB), tem uma sensibilidade melódica brit-pop que remete ao primeiro Radiohead ou ao Muse, unida a sonoridade guitarrenta que não fica longe dum Ride ou My Bloody Valentine. O vocal de Fábio Vianna, pelo menos ao vivo, me pareceu uma tentativa de atingir algo à la Rodrigo Amarante, como se o Nublado fosse um projeto paralelo do hermano que tentasse recriar The Bends numa roupagem mais brazuca.
Vale frisar o heroísmo fudido das duas bandas da Paraíba que foram à Goiânia para o Bananada, o Nublado e o Sex on The Beach, que pegaram estrada juntas numa van, saindo na segunda-feira e chegando na quinta-feira de madrugada! É preciso muita paixão pela música e muito respeito pela cena independente pra encarar uma epopéia dessas, o que, por si só, já merece muitos parabéns. E é também um grande tributo prestado à relevância do festival que bandas de locais tão distantes aceitem passar por todo um road movie para tocarem por meia-hora frente ao público desconhecido. E isto não é tão raro quanto se pensa: poucas semanas atrás, quando os gaúchos do Superguidis passaram por Goiânia pela 3a ou 4a vez, lembraram de como tinham sofrido na primeira viagem de busão para a cidade, em que gastaram cerca de 36 horas (!!!) de estrada. Um bagulho nada menos que HERÓICO!
Quem também veio de muito longe foi o Plástico Lunar [entrevista]. Esta bandaça de Aracaju (SE) consegue manter vivo no róque brazuca o espírito psicodélico e lúdico dos Mutantes sem soar retrô ou reaça em nenhum acorde. Pelo contrário: me parecem uma banda altamente "futurista", exploradora dos limites sônicos como um astronauta chapado de ácido. Apesar de idolatrarem só a aquela Geração de Ouro das antigas --- Beatles, Stones, Cream, Kinks, Dylan, Hendrix, Floyd, Barrett, Arnaldo... --- o Plástico Lunar parece ter seus olhos voltados para o futuro, numa tentativa de renovar e recriar estas sublimes influências numa sonzeira que alguns chamam de "prog-psicodelia" brasileira. O Cidadão Instigado que se cuide... porque tem gente muito boa querendo arrancar da banda de Catatau o cetro de "pivô" da atual cena psicodélica-guitarrenta nacional!
Lá do Paraná veio o também sensacional Nevilton [site oficial], que fez o show que eu particularmente achei o mais fóda do Bananada 2010. Esbanjando carisma, simpatia e energia, o paranaense "com nome de remédio" nos presenteou com 30 minutos de música dos mais memoráveis de que me lembro. Fiquei um pouco com a impressão de que o cara é uma espécie de herdeiro de Marcelo Camelo ou de Wado, dois dos maiores talentos da música brasileira atual, mas que possui no palco um entusiasmo rocker cabuloso que contrasta com a "sussidão" dos supracitados. A carreira solo do ex-Glaforréia Xilarmônica Frank Jorge também é uma referência que veio à mente. Mas seu som, uma espécie de power-pop classudo, com letrinhas bonitas e "de bom coração", sem falar nuns riffs de guitarra muito marcantes, também me trouxe à mente ótimas bandas gringas dos últimos tempos, como o The Shins e o New Pornographers.
O show foi tão empolgante, e os PULOS de Nevilton e do baixista foram tão sensacionais, que deu ao público ganas de gritar, ao modo de Paulo Bonfá narrando os feitos de "Clééééston!", um similar esgoelamento retardado... "Nevííííílton!!!!"
(Tem mais logo mais.)
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