quinta-feira, 12 de abril de 2012

Dizzy Queen: entrevista exclusiva



D I Z Z Y   Q U E E N


Ó SÓ: No próximo sábado (09/03/13), a Dizzy Queen estará de volta à Goiânia, onde já se consagrou no cenário de festivais da cidade depois de dois shows excelentes no Goiânia Noise '2010 e no Vaca Amarela '2011. Ela presta tributo à Joan Jett acompanhada pela banda Overfuzz. Confira!


"You make me dizzy, Miss Lizzy! The way you rock and roll!". Nos anos 60, a anfetaminada canção que encerra Help! (e que quase trouxe abaixo o Shea Stadium no auge da beatlemania) era um baita dum "rock pauleira". Perto da "Atordoada Miss Lizzy", Elvis e Fats Domino ficavam parecendo baladeiros sem colhões. Não sei se é aí que nasce o que hoje se conhece como hard-rock (talvez com "Helter Skelter"?), mas eis aí uma prova que desde os Beatles há malucos que tentam en-hardecer e injetar pilhas novas no som de seus predecessores. Sorte nossa!

Os hard-rockers capixabas do Dizzy Queen são assim: têm a imediatez e a urgência de um rockão das antigas, conjugados com o peso setentista de um Thin Lizzy ou AC/DC, uma atitude punky herdeira de Iggy Pop e um vocal feminino agressivo e classudo que remete a Joan Jett (ou mesmo Brody Dalle, dos Distillers/Spinnerette). Tudo sem firulas nem ambições excessivas. Se você acredita que não existe hard-rock que preste na América Latina, pense melhor: Black Drawing Chalks, Brown-Há, Johnny Suxxx & The Fucking' Boys, Hellbenders, Eden Bordel, Rinoceronte, para ficar só nos primeiros nomes que vieram à memória, provam que o estilo vive um de seus melhores momentos aqui por estas latitudes.

Conheci o Dizzy Queen live, antes de ter ouvido qualquer gravação, e isso decerto fez uma tremenda diferença para torná-los de imediato uma das bandas que mais curti em 2010. A banda de Vitória (ES) fez um dos meus shows prediletos no Goiânia Noise XVI, merecedor do troféu de Grande Revelação do festival. Não foi preciso mais que alguns acordes e versos para eu ter certeza de estar diante de uma banda com visceralidade e garra de sobra. E uma paixão deslavada pelo rock'n'roll. O Dizzy Queen, novo Capitão Gancho do rock brazuca, não guarda nada para amanhã. É um jorro vulcânico de rock'n'rolling, comandado pela twisted sista Priscilla, que é tudo aquilo que é preciso para gerar um estupendo festório de róque paulêra.

Priscilla não só se esgoelou lindamente, mas brindou o público com um teatro-punk que lembrou os anos de ouro de Cherie Currie ou Iggy Pop: desabou no solo, usou-se de pano de chão, descabelou-se em terapias do grito... E até pôs o microfone na boca do público, mesmo sabendo que quase ninguém ali no Martim Cerêrê tinha ouvido uma canção sequer da banda. Voilà um souvenir:



Na entrevista que segue, Priscilla conta mais sobre a história da banda, sobre a cena musical capixaba, sobre a Läja Rex de Fábio Mozine, dentre outros assuntos. 

DEPREDANDO: Resuma pra gente um pouco da história do Dizzy Queen: como a banda surgiu, o que cada um dos membros faz da vida, como está sendo a repercussão do disco e dos shows de vocês, em que lugares do Brasil já puderam tocar etc.

DIZZY QUEEN: Em fevereiro de 2007, consegui fechar a primeira formação da banda - na época chamamos de Vitoria Hard Rockers. Daí mostrei pros meninos a música "Too Tired", acertamos ela, lançamos uma demo no Myspace, e em seguida saiu "Let Rock Seduce You" lá também. Enquanto só tínhamos essas duas músicas próprias fazíamos covers de rock’n’roll clássico, punk, hard rock e, mais raramente, de bandas de rock atual. Estavam presentes no setlist: AC/DC, Motorhead, Beatles, Jimi Hendrix, Van Halen, Motley Crue, White Snake, Jet, White Stripes, Ramones, Sex Pistols, Kiss, etc. E foi assim que a banda surgiu. A formação mudou algumas vezes. Hoje o integrante que está mais tempo comigo é o guitarrista Ricardo Mendes.

Cada integrande da banda hoje desempenha projetos paralelos. O Ricardo tem um Studio de gravação, Vinicius estuda música na UFES, Bidim se formou em publicidade este ano e eu me formo ano que vem.

O lançamento do CD tem sido muito positivo mesmo! Os comentários que costumamos receber são equivalentes ao que nós sentíamos ao ouvir o disco, o que é sensacional. Ainda estamos trabalhando na divulgação e tentando fechar shows em outros estados. Até agora tocamos no Goiânia no Noise Festival e no CB Bar em São Paulo.


DEPREDANDO: Vitória é a terra do Dead Fish e do Mukeka di Rato, como você mesma fez questão de lembrar no show do Goiânia Noise. Fale um pouco sobre a cena aí da capital capixaba: que bandas vocês curtem? (atuais ou “dazantiga”!) Tem bastante lugar para tocar? Rola algum festival anual?

DIZZY QUEEN:  Em 1998 quando comecei a freqüentar eventos de punk/rock/hc a cena era bem maior não só na Grande Vitória, mas nacionalmente. Creio que a enorme variação de estilos, a chegada da banda larga, ipods, e outros inúmeros fatores acabaram diluindo esse grupo. A maioria da galera entre 18 e 26 anos aqui ouve mais Indie Rock ou as bandas de rock que estouraram pós-Strokes. O que hoje domina o “underground” capixaba é mais música eletrônica. Vejo cada vez menos pessoas nos eventos de Rock - a não ser que a banda seja clássica, ou tenha algum destaque na mídia, ou seja uma festa com DJ‘s. Mukeka Di Rato, Os Pedrero e Merda são as bandas que agregam maior público aos eventos (não citei o Dead Fish porque os caras moram em São Paulo). Até ano passado havia um festival chamado Omelete Marginal que dava espaço pra todos os estilos, mas não sei se vai ter este ano. Fora esse tem o Smoke Island Festival (música eletrônica) e alguns festivais no interior do Estado, que geralmente são mais voltados pro metal. Mas quem mais investe no rock’n’roll aqui é a produtora Antimofo. Sempre organizam os melhores eventos.



DEPREDANDO: 
Um dos diferenciais da banda, me parece, é que o som de vocês que fica no limite entre o punk e o hard-rock: é meio Distillers e meio Runaways, meio Bikini Kill e meio AC/DC... Foi intencional isto de mesclar punkeira com “rock farofa”?

DIZZY QUEEN: Hehehehe. Cara.. Tirando o Distillers (que até curto algumas músicas) tudo que você citou aí faz parte de minhas referências e acredito que em algum momento seriam externadas em minhas composições. Na verdade quando começamos a tocar a intenção era fazer músicas com base Hard Rock, mas que tivessem referências do punk, grunge, rock clássico, blues, R&b, referências contemporâneas e até eletrônicas também.
           
DEPREDANDO: Li em algum lugar na net que o nome da banda surgiu de uma homenagem a “Dizzy Miss Lizzy”, dos Beatles (a última música do Help!), e à banda de Freddie Mercury; é isso mesmo? Lembro de ter pensado, quando ouvi o nome pela primeira vez, numa abelha rainha chapada...

DIZZY QUEEN:  Hahahaha. Pois é.. Uma amiga mandou um depoimento no Orkut pra mim com a música Dizzy Miss Lizzy. Nessa época já estava procurando um nome pra banda e tentava encontrar um termo pra se juntar ao Queen, porque sou muito fã da banda. Foi na hora certa que me chamaram de Dizzy. rs

DEPREDANDO: O debut do Dizzy saiu via Läjä Records, certo? Segundo a divertida F.A.Q. do site, eles torceram pro Chorão na briga com o Camelo, mandam camisinhas usadas junto com as encomendas, elogiam a promiscuidade e a chapação, dentre outras insanidades... (rs) Bem, você conhece pessoalmente estes malucos? Apresente-os para quem não os conhece!

DIZZY QUEEN: Conheço Mozine há 11 anos, mas somente há 6 é que ficamos mais amigos mesmo. Sempre fui fã dele como pessoa e artista. Moz é o anti-herói capixaba. Sorte de quem puder conversar com essa figura. Graças a Laja Records e a ele ainda temos uma cena rocker no Espírito Santo com um bom potencial, na minha opinião. Além de ser o cabeça das três bandas mais apreciadas pela galera aqui, a Laja é o maior selo underground do ES, e atua no cenário mundial: Estados Unidos, Europa, Japão, América Latina, etc.  As estampas de bonés e camisetas são, na maioria das vezes, desenhadas por ele.. E sua arte é intrigante. Você fica chapado ao ver como ele é desprendido de preconceitos pra criar, tanto em suas letras quanto em sua arte em geral.

Joan Jett

DEPREDANDO: “I Love Rock and Roll”, da Joan Jett, foi um clássico para o hard-rock com vocal feminino. O quanto esta música, que vocês já coverizaram ao vivo com muita fidelidade, e esta “figura icônica” que é a Joan Jett, representam para o Dizzy Queen?

DIZZY QUEEN: O que mais admiro na Joan Jett são os vocais e a atitude dela no palco. Enquanto ela apresenta uma atitude rock’n’roll muito forte e canta grave com “drive“, a maioria das vocalistas são mais delicadas e tem um timbre mais agudo. E acho que é isso que representa pra Dizzy Queen, essa semelhança, visto que a banda também dispõem dessas características.

DEPREDANDO: Vocês estão participando do concurso da Rádio Levi's, que vai levar uma banda para representar o Brasil nos EUA. Uma das ambições da banda é conquistar espaço na gringa? A escolha pelo inglês tem a ver com isto?

 DIZZY QUEEN: Acho que toda banda gostaria de conseguir um espaço na gringa, né, independente do idioma. A gente canta em inglês porque sou a compositora e ouço música em inglês desde pirralha. Obviamente conheço parte do rock nacional, MPB, samba, jovem guarda, etc. Mas minha grande paixão sempre vai ser o rock internacional. Não tem jeito. No fim das contas, ir pra gringa é o melhor caminho pra quem canta em inglês. Tomara que a gente vença a promo da Levi’s!



DEPREDANDO: Comente um pouco sobre a experiência no Goiânia Noise 2010. Foi a primeira vez de vocês em Goiânia? Que outras bandas você viu tocarem lá? Vocês foram fazer um som no estande da Petrobrás depois, né? Acho até que vocês foram a banda que bateu o recorde de público lá fora...

  DIZZY QUEEN: Primeira vez em Goiânia e uma lembrança incrível pro resto da vida. Goiânia é tipo a Seattle brasileira, né? A cena rocker lá é muito forte e as pessoas demonstraram muito interesse em todas as bandas que estavam se apresentando, ouviram, cantaram junto. Foi demais. A gente viu show do Vespas Mandarinas, Black Drawing Chalks, Fígado Killer, Trivoltz, El Mató um Policia Motorizado, Bang Bang Babies, The Mummies, etc. Acompanhamos muitos shows mesmo. Meus preferidos foram Black Drawing e Vespas. O evento estava super bem organizado, as pessoas foram muito queridas, foi sensacional. Espero que possamos tocar lá de novo. Quanto ao Studio Petrobrás, meu, que ideia foda, viu! A banda podia gravar duas músicas ao vivo ali, uma outra forma de mostrar o trabalho dentro do festival e o público respondeu de uma maneira inesperada mesmo. Só tenho a agradecer aos goianos.

DEPREDANDO: A música brasileira atual tem um monte de cantoras com vocais suaves e vozes adocicadas (Marisa Monte, Fernanda Takai, Adriana Calcanhoto, Paula Toller, Mallu Magalhães, Tiê, Nina Becker...), mas também conta com  “minas” com um vocal mais agressivo e rock'n'roll (Luxúria, Dominatrix...). Você considera que tem ocorrido uma aceitação mais ampla do vocal feminino em certos sub-gêneros do rock que antes eram quase monopolizados pelos homens?

 DIZZY QUEEN: Não sei se está sendo “mais aceito” ou se algumas pessoas simplesmente estão descobrindo gostar desse estilo mesmo. No meu caso sempre procurei ouvir cantoras com vocal mais rocker. Talvez esses “sub-gêneros” fossem “monopolizados” pelos homens exatamente pela falta de agressividade. Bem, o que posso dizer é que pra Dizzy Queen ta funcionando muito bem. Fico muito feliz com isso. Patti Smith, Joan Jett, Kathleen Hannah são grandes cantoras que utilizaram muito bem sua atitude rock’n’roll no palco, na música, no estilo, etc. Elas simplesmente mostraram quem são. Este é o papel delas... Mostrar que o melhor é ser quem se é e que girls are ready to rock!!!

DEPREDANDO: Cite 5 discos que você levaria para a Ilha Deserta.
DIZZY QUEEN: Hehe! Nunca levaria apenas 5 discos pra uma ilha deserta, mas um Ipod de trocentos mil gigas com a discografia de todas as bandas que amo: AC/DC, Beatles, Queen, Jimi Hendrix, Kiss, Stooges, Nirvana, Metallica, Pantera, David Bowie, Koko Taylor, Nina Simone, Grandfunk Railroad, Ram Jam, Thin Lizzy, Creedance, Chuck Berry, Little Richard, Muddy Waters, Robert Johnson, James Brown, Big Mama Thornton, Van Halen, Black Drawing Chalks, QOTSA, Ramones, Beethoven, Mozart, Chopin.. haha, jézuz.. Muita coisa mesmo, viu!


DIZZY QUEEN - Álbum de Estréia Auto-Entitulado
2010 - 10 faixas - 77 MB - download [autorizado pela banda]

4 comentários:

Dizzy Queen disse...

ficou demais a matéria, Eduardo!
Parabéns, cara.. e muito obrigada por todos os elogios. Fico muito feliz em saber com todos esses detalhes a repercussão do nosso show no Goiania Noise.

Um abraço a você e a todos os leitores desse belíssimo blog de rock n roll!

Priscilla

Unknown disse...

Porra! curti a banda! rock n roll! puta presença de palco! com certeza vai estar na minha proxima compra no idealshop

sorte ae

Unknown disse...

Valeu ae Priscilla e... keep on rockin'! Te esperamos com ansiedade prum novo show em Goiânia qualquer dia desses.

Jairo disse...

matéria legal, entrevista bem feita, o blog é ótimo, mas a banda é uma senhora merda mesmo assim.