Ela é linda e loira como uma pinup dos anos 50. Poderia ser aeromoça com o porte que tem, ou secretária executiva, ou modelo fotográfica, ou apresentadora de tevê. Mas não.
Laura Taylor passou 15 anos de sua vida na Nova Zelândia e, como filha de bom pai brasileiro, decidiu voltar à convivência da mandioca frita e do tereco-teco de domingo. Em 2008, por não ter nada melhor para fazer - e morrendo de tédio e calor nas terras brasileiras - a garota soube que estavam procurando uma nova vocalista para uma banda estranha, chamada Bonde do Rolê, que na época estourava nas baladas e rádios modernosas com "James Bonde", "Solta o Frango" e "Dança da Ventoinha". Não pensou duas vezes e se candidatou, já que não tinha absolutamente nada a perder.
Naquelas alturas, os músicos da banda - Rodrigo Gorky e Pedro D'eryot, de Curitiba - estavam procurando alguém interessante para substituir com categoria a primeira vocalista, Marina Ribatsky, que deixou a banda após um quebra pau.
O sucesso do concurso - em parceria com a MTV - foi grande e o Bonde escolheu não só uma vocalista, como duas: Laura Taylor e Ana Bernardino.
O fato é que Laura parece ter nascido pra cantar esse tipo de música, uma mistura de ironia indie, com vamo-tocar-terror, com DJ Marlboro e jargões populares, o que resultou em uma espécie de eletro-funk-alternativo. Mistura melhor não podia ser.
Vale lembrar que, pra quem ouve o som do Bonde pela primeira vez e já prepara discurso-pronto de repúdio às letras e à qualidade vocal, é interessante que se aprofunde mais no caso atípico do grupo: eles estão zoando com a sua cara. São pagos muito bem pra isso e são adorados fora do Brasil, principalmente na Austrália, Inglaterra, EUA, Irlanda e Japão, por onde têm excursionado nos últimos anos junto com o Cansei de Ser Sexy.
Na sua apresentação com o Killershoes - trio de garotas DJS de Belo Horizonte, Laura apareceu de macaquinho jeans. E a bota de cowboy, o batom vermelho o jeito de prender o cabelo não deixaram dúvidas sobre o estilo neozelandês de se produzir: um coque bem em cima da cabeça que deixa todo o cabelo parecendo um ninho de passarinho bagunçado. Mas ela estava radiante e logo de cara tacou no toca-disco "Don't Want No Short Dick Man". Ela mostrou a quê veio ao mundo e a galera pirou.
Nós do Depredando puxamos então uma prosa com Laura e ela, gentil que só, ainda se desculpou pelo "português meia boca".
Que nada, a moça é brasileira mesmo.
Depredando - Como você resolveu se candidatar no concurso para a escolha da nova
vocalista do Bonde? Você já conhecia a banda e já cantava profissionalmente antes?
Laura Taylor - Eu estava numa (SIC) crusadilha, queria mudar de vida e cidade e o concurso apareceu na mesma época, senti que tinha nada a perder e me candidatei. Eu nunca tinha pegado num microfone na vida. Primeira vez que cantei foi em um show do Bonde.
D: Já conhecia a banda?
LT: Eu ja conhecia o bonde sim, ja tinha eles no meu setlist e abri um show pra eles em São Paulo discotecando com meu projeto The Killershoes.
D: Como foi o processo de adaptação ao novo trabalho e à nova vida? Teve que mudar muito a sua rotina?
Engordei 10 kilos, acredita? E eu nem sei mais o que é rotina. Essa é a parte mais dificil, não saber aonde você vai estar daqui há 2 meses, se é em casa ou em turnê. Eu odeio voar também, então acostumar com isso foi bem dificil. É muito vôo, muito chá de aeroporto, muita comida de avião!
D: Que tipo de som vc ouve em casa ou no iPod?
LT: Depende de época. Agora estou resgatando cds que já ouvi muito e faz muito tempo que não escuto. Tipo Wyclef Jean's Ecleftic e TLC's Crazysexycool.
D: Você acha que o Bonde ainda tem uma pegada de brincadeira ou a coisa vem ficando mais séria?
LT: Somos quatro retardados, nem tem com perder a pegada da brincadeira.
D: Como tem sido a agenda da banda?
Estamos gravando. O foco agora é terminar e lançar o álbum novo para entrar em turnê para divulgar, mas nos últimos meses fizemos bastante show pelo Brasil que foi incrivel. Tive a oportunidade de conhcer lugares e pessoas incríveis.
D: Onde você mora atualmente?
LT: Estou morando em SP.
D: Você morou bastante tempo na Nova Zelândia. O que foi fazer lá e quanto tempo ficou?
LT: Eu mudei para NZ com 6 anos, minha mãe é de lá. Eu (SIC) ficar lá até meus 18 anos, depois voltei pra cá, depois voltei pra lá de novo e depois pra ca. (risos)
Estou quase vendendo a minha alma pra poder voltar pra lá agora em janeiro para passar umas semanas com os amigos queridos. Quero muito!
D: Trabalhou nas plantações de kiwi?
LT: Haha. Nunca trabalhei nas plantaçõess de kiwi mas já catei maçã.
D: O que você acha da cena musical de lá?
LT: Existe um gosto musical típico neozelandes, que é super chill, quase um reggae. Chega verão lá, está o país inteiro ouvindo Fat Freddys Drop e Fly My Pretties. Acho incrível.
D: Conhece Flight of the Conchords, Gin Wigmore e Lady Hawke?
LT: AMO Flight of the Conchords e tenho as 2 temporadas aqui. Conheçoo Lady Hawke também, mas Gin Wigmore?? Whats dat?
D: Por que voltou pro Brasil?
LT: Vim conhecer as minhas raizes.
D: Você acha que disponibilização de mp3 na internet é crime ou difusão de
cultura?
LT: Baixar o álbum novo de uma banda que você adora é um dos maiores prazeres da vida. Crime pra mim é outra coisa.
3 comentários:
Tá certo ela é uma Gata... mas o som :/
bela entrevista, Flan!!! Deprendando cheio de coisas bacanas e diferentes, foda!!!!
Depredando tá decepcionando com essas matérias sobre bandinhas bizarras. Japão e o caralhoaquatro gostam? Isso significa nada.
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