:: THE DEAD WEATHER::
- Horehound -
Retroceder, jamais?
Por Ana Alice Gallo
Há pouca (ou nenhuma) dúvida de que “Seven Nation Army” seja o hino dos anos 00. Ao som dessa música, sacolejam pessoas sem a mínima ligação com o rock and roll e que talvez nem saibam da existência de uma banda chamada The White Stripes. Patricinhas brasileiras se jogam na pista, donas de casa australianas assobiam e a torcida da Itália vai ao delírio. A mente por trás dessa obra-prima transmoderna é Jack White, criador de uma banda indie que tomou o planeta com um som minimalista constituído basicamente pelo timbre de sua guitarra e pela genialidade de seus riffs. O mesmo White que trouxe frescor às sonoridades vigentes parece querer voltar no tempo com sua mais nova banda, The Dead Weather. O grupo faz em seu álbum de estréia, “Horehound”, o caminho oposto ao que vimos o líder do White Stripes traçar com tanto brilhantismo.
Antes que os indies comecem a atirar seus All Stars customizados em mim, explico. A estrada comumente percorrida por qualquer banda ordinária do planeta é começar chupinhando, sem dó nem piedade, o som de seus ídolos – as famosas “influências”. Parte-se do que se admira para então trilhar um caminho próprio, até que, então, algumas (poucas) bandas conseguem se libertar dessa herança musical e encontram um espaço fresco e criativo no panteão dos clássicos. Jack White pulou todas essas etapas com sua primeira grande banda, The White Stripes. Confesso admirador de bandas dinossáuricas como Led Zepelin, White atualizou toda a mitologia musical dos anos 70 ao basear o som de seu grupo em riffs econômicos e brilhantes, uma estética vintage envernizada e uma constituição minimalista do grupo, contrariando as grandes formações de bandas setentistas que também davam a cada integrante a oportunidade de realizar solos intermináveis em uma única canção.
Mas White pareceu precisar, cada vez mais, de uma aproximação maior das suas origens setentistas. E eis que chegamos ao The Dead Weather, grupo que não deve nada aos dinossauros do rock – mas também não acrescenta. Como qualquer banda em início de carreira, a TDW chupinha sem vergonha na cara as estruturas musicais roqueiras já consagradas, com direito a teclados solando e um vocal com timbre agudo o suficiente para duelar com guitarras e teclas. Se colocar um vocal feminino, a princípio, parecia uma inovação na carreira de White, acostumado a comandar Meg no grupo anterior e que agora teria à frente da banda justamente uma mulher, na segunda audição do disco apenas confirma uma tentativa frustrada de achar um timbre parecido ao de Robert Plant.
“
A virtuose dos músicos e a qualidade do trabalho, no entanto, satisfazem e bem o ouvido de um depredador à procura de bons sons. Há destaques como “So Far From Your Weapon”, que derrete nos ouvidos, e “Bone House”, demonstração de como ainda há terrenos de timbres nervosos a serem explorados por Jack White. Além disso, há boas canções rock como “Hang You up from the Heavens” e “No Hassle Night”. Podemos dizer que há boa música, mas não há muito de nova música aí. Dependendo da sede do ouvinte, pode ser água o suficiente. Ou não.
http://www.mediafire.com/?mlmdzzmnn4j
4 comentários:
aaaahh!! Esses textos da Ana viu!
parabens pelo blog e pela resenha!
texto muito claro e bem escrito, parabens ana!
sinto não concordar!
ouço todas as influências setentistas
visitadas com muita vitalidde, e com escrita própria.
não música nova. não há em nenhuma banda de hoje. houve em raríssima exceção ao longo do tempo.
chegamos ao ruído, só fazemos isto.
os futuristas já o faziam no início do sec.XX.
não rompemos a fronteira da tonalidade.
mas porque ainda estamos falando de musica ? nova ?!
vamos falar de reapropriações sonoras: é só o que há. bem ou mal feita.
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