sexta-feira, 30 de maio de 2008

:: Devo ::



DEVO - “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo” (1978)

APOCALIPSE SONORO EM VERSÃO IDEAL PARA NERDS
- O Devo juntou ficção científica com humor negro e Kraftwerk com Giorgio Moroder para fazer de sua estréia um manifesto contra a burrice -

por ANDRÉ BARCINSKI
(Showbizz, novembro de 2000, Discoteca Básica)

Corria o ano de 1974. Mark Mothersbaugh e Jerry Casale cursavam arte na Universidade Kent State, em Ohio (EUA), quando um evento macabro mudou a vida dos dois: naquele ano, a polícia invadiu o campus para reprimir uma manifestação estudantil. Os tiras distribuíram bordoadas e tiros. Quatro estudantes morreram. O fato ganhou manchetes em todo o mundo e inspirou Neil Young a escrever seu clássico “Ohio”, gravado pelo Crosby, Stills, Nash & Young.

A morte dos alunos mexeu muito com Mothersbaugh e Casale e convenceu-os da veracidade de uma teoria maluca que há muito vinha remoendo seu cérebro: a tese da “de-evolução”. “Começamos a perceber que o homem estava andando para trás”, disse Casale certa vez. “Atingimos o ápice do avanço tecnológico e, em vez de evoluir, passamos a retroceder, a voltar à época das cavernas.”Fanáticos por Kraftwerk, música eletrônica e artes plásticas, os dois juntaram tudo isso à teoria da de-evolução e formaram o grupo que, sozinho, fundou a new wave.

O Devo era mais um conceito do que uma banda. Antes de lançar qualquer disco, já tinham pensado num visual, uma mistura engraçada de roupas à Jornada nas Estrelas com ridículos capacetes de peão de obra. Em 1974, isso era o futuro. O grupo nasceu com o puro espírito punk do “faça você mesmo”. Casale e Mothersbaugh começaram a gravar demos num porão. A música era minimalista ao extremo: órgãozinho vagabundo, bateria eletrônica de quinta, uma ou outra guitarra, vocais quase falados. Apesar da precariedade, essas demos (editadas anos depois nos dois Cds da série Hardware Devo) são obras-primas absolutas.

O primeiro disco do Devo, “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo” (1978), juntava todas as influências da banda: futurismo kitsch, George Orwell, Planeta dos Macacos, 2001, ficção científica barata, o humor negro do Monty Python, Kraftwerk, Giorgio Moroder, cinema experimental. Era uma experiência audiovisual, uma trilha sonora do Apocalipse, versão nerd. E a música era sublime: batidas eletrônicas capazes de sacudir até o mais enferrujados dos mortais, refrões pop pegajosos e letras espertas.

O trabalho causou comoção: o festejado Brian Eno produziu o álbum; David Bowie fez questão de apresentar a banda num show de Nova York. Grupos como Pere Ubu, B-52's e até o Talking Heads se inspiraram no pop cibernético de Mothersbaugh, Casale e cia. Como a maioria dos grandes discos da história, a estréia do Devo não vendeu bem. Sucesso comercial, o quinteto só obteria em 1980, quando a faixa “Whip It” estourou nas rádios. Mas a teoria da de-evolução se espalhou, influenciando muita gente: Kurt Cobain era um dos maiores fãs; Trent Reznor e Billy Corgan também; grupos como Man or Astro Man? e Atari Teenage Riot nem existiriam sem o Devo. E até os Simpsons usaram a banda como prova da teoria da de-evolução em Springfield. Homenagem maior, impossível.



DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 47MB):
http://www.mediafire.com/?ibgm2bbzpmt

Um comentário:

joe009 disse...

Hola, te escribo desde Barquisimeto, Venezuela.

Muchas gracias por subir el disco, tenia tiempo buscandolo.

Saludos!