segunda-feira, 27 de junho de 2011

<<< Yuck! >>>




por Rafael de Paula Costa
@ Youth Against Fascism

Quando o Eduardo me convidou para escrever para o “Depredando”, fiquei na dúvida se eu aceitaria ou não, afinal faz uns três anos que eu abandonei meu blog e que não escrevo nada mais ousado do que 140 caracteres: estou meio enferrujado na escrita. Por fim aceitei o desafio, assim exercito o meu cérebro, ponho em prática o meu vocabulário e publico coisas que me interessam, no caso música, literatura e artes em geral. Com esta questão resolvida, era hora de pensar no artigo, qual seria minha primeira publicação neste blog. Para facilitar as coisas, resolvi falar de alguma banda que eu esteja ouvindo ou então de novas descobertas, e uma me veio à cabeça: o Yuck, que ouço todo dia no meu mp4 e no winamp.

O Yuck é uma daquelas bandas que gostei logo de cara, consegui assimilar muito bem o som deles. A  banda é de Londres e lançou recentemente o seu debut, homônimo, por uma das gravadoras independentes mais importantes da América, a Fat Possum Records. Eles estão conquistando espaço considerável na imprensa especializada, tocando em tudo quanto é festival (se apresentaram recentemente no famoso Glastonbury), se tornando hype quase que da noite pro dia. E dá pra compreender porque eles estão dando o que falar.


Enquanto na cena musical americana e européia (principalmente a inglesa) há um resgate da música pop oitentista, com um vasto uso de sintetizadores, o Yuck vai na direção contrária, apostando na funcionalidade prática e crua da equação vocal, guitarras, baixo e bateria. Assim como os nova-iorquinos do Pains of Being Pure at Heart, eles trazem de volta a cena independente inglesa e americana do final dos anos 80 e década de 90, de bandas como Ride, My Bloody Valentine, Yo La Tengo, Superchunk e todo o cenário musical efervescente daquela época.

A abertura do disco fica por conta de “Get Away”, uma canção caracterizada pela massa sonora da guitarra distorcida e por sua linha de baixo simples e bem pontuado, um pop assoviável com pitadas de sujeira. Passeando pelo disco, você descobre que o Yuck não é um mero arremedo; tampouco saudosista. Há uma clara referência de bandas de outrora, como na faixa “Georgia”, por exemplo, que nos remete ao shoegazer do Ride e My Bloody Valentine, mas com o doce vocal de Ilana Bloomberg a música se eleva a outro patamar, imprimindo o toque autoral do grupo. A vibrante “Holing Out” nos lembra de Superchunk, o som americano sempre presente. O ponto alto do disco é a ótima “Operation”, com as guitarras de Daniel Blumberg e Max Bloom em perfeita sintonia com seus riffs grudentos, é quase impossível não sair pulando por aí ao som dessa música. Pra fechar bem o disco, os sete minutos da etérea “Rubber”, uma catarse à la Mercury Rev.

O Yuck é uma banda promissora, que pode ir além mais do hype criado em torno deles. Talvez seja muito cedo pra dizer que este trabalho é um dos melhores discos do ano, mas certamente é a banda revelação de 2011 pois trouxe uma lufada de ar renovável no clima rarefeito e estagnado da cena musical indie.

Rafael de Paula Costa – Apaixonado por música



YUCK Yuck - 2011 - 320 kps - 104 mb - 12 cancionetas
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