Três do trio
– Por Marco Souza –
A trilogia da evolução celular está completa e o resultado é essa pequena e bela monstruosidade musical compilada em 3 CDs, a qual alguns felizardos (eu logo, logo, assim espero) podem contemplar na sua forma completa: um magnífico box contendo 5 CDs, 2 LPs e 1 DVD, intutilado Radiolarians: The Evolutionary Set.
Todo o processo de composição desses álbuns já foi explicado tempos atrás, junto com um elogio desmedido a Radiolarians I. Então irei me ater apenas em fazer um breve comentário das partes II e III.
Dessa vez fui capturado pela música do trio da maneira que eles haviam planejado. Fui aos dois shows (totalmente diferentes) que eles realizaram no Sesc Vila Mariana (SP) em 2008 e a maioria das canções apresentadas eram totalmente inéditas para mim, mesmo eu sendo fã deles das antigas. Experimentações que faziam parte da série Radiolarians.
Ao escutar Radiolarians II tive uma sensação diferente em reconhecer grande parte dessas músicas, pois havia as escutado ao vivo. De certa forma a surpresa incial de conhecer o disco perdeu um pouco o vigor, mas ouvindo hoje percebo que a segunda parte é tão viceral quanto a primeira.
Pode se dizer que chega a ser mais experimental do que seu antecessor. Começa de maneira incomum com Chris Wood desgastando agressivamente as cordas de seu baixo elétrico, na rasgada Flat Tires, tem música que lembra uma época boa do DJ Shadow, Chasen Vs Suribachi, improvisos sobre a repetição minimalista em Dollar Pants e ápice da estranhesa em Ijiji. Isso sem esquecer a palavra que não canso em repetir ao falar de MMW, groove.
Para mim o ponto alto foi relembrar umas das mais bonitas melodias de John Medeski em Riffin' Ed, música que me emocionou no show. Esperava que essa canção se extinguisse gradualmente da minha mente, na incerteza de que ela seria gravada, mas pude ouvi-la novamente, tal qual voltasse a encontrar uma paquerinha de infância, que já estava fadada ao esquecimento.
Como se a ordem das músicas estivesse invertida o final é composto por um jazz mais standard, uma versão de Baby, Let Me Follow You Down, que ficou famosa na voz inconstante de Bob Dylan.
Assim passamos para o terceiro ato, que tão logo se tornou meu preferido. Dos três é o que mais remete ao começo da trio, com sua sonoridade clássica e característica, evidenciada pelos teclados Hammond de cara em Wonton. Lindo. Então Satan Your Kingdom Must Come Down, música gospel tradicional norte-americana que é transformada num épico vibrante de 4 minutos e meio através de um piano alucinado e baixo distorcido soando como guitarra.
Sempre que escuto Undone, acho que é a minha música perfeita a qual eu nunca fiz. Potência rock marcada pela bateria e uma linha de baixo simples e intrigante que explode num "refrão" inspirador. Música preferida do disco.
A série se encerra com elegância — Broken Mirror — e referência às sonoridades que fazem parte do repertório dos músicos desde a cítara indiana até funk agressivo dos anos 70 em Gwyra Mi. São trabalhos assim que fazem valer a pena nosso sistema auditivo.
Radiolarians I (10 músicas - 88 MB)
Radiolarians II (10 músicas - 113 MB)
Um comentário:
Thanks for sharing. :)
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