HERE, THERE AND EVERYWHERE
- Banda de Sorocaba prova que Londres cabe no Brasil, e que a vanguarda sonora brazuca está em qualquer canto além da capital de São Paulo -
por Ana Alice Gallo
Apenas 10 minutos de permanência no Milo e a fumaça do local já entupia minhas narinas. Pegar uma breja foi um pouco de consolo, mas nada tirava meu mau humor de uma sexta-feira esfolada. Olhei de relance para os caras que, segundo me mostravam, tocariam naquela noite. Nada de grandes produções de figurino, três sujeitos aparentemente normais confundiam-se com os espectadores e alguns gatos pingados que sacolejavam na (pseudo) pista do local. Suspirei e desejei minha cama.
O cuspe caiu na testa quando os rapazes da The Name empunharam instrumentos e notebook e eu fui obrigada a segurar o queixo. Mal podia acreditar que aquele som era brasileiro. Rapidamente fui transportada para algum pub londrino, daqueles em que você não sabe ao certo se é 1980 ou 2080. O ano, na real, era 2007, eles já haviam lançado um primeiro EP, “Gone”, e eu gravei o nome da banda na minha discoteca particular.
Meu queixo voltou a cair há poucas semanas, quando ouvi o segundo EP do grupo, “Assonance”. Produzido pelo grupo em parceria com Eduardo Ramos e Sergio Ugeda, o projeto traz guitarras mais encorpadas, porções generosas de experimentalismo não-orgânico e uma banda calejada da estrada que dá gosto. O álbum me levou ao mesmo sentimento estrangeiro – algo como um jogo de poker entre Robert Smith, Alex Kapranos e Alex Turner – mas, ao mesmo tempo, mostra a capacidade das bandas brazucas de todas as partes do país de produzirem um som com linguagem sem fronteiras.
O Depredando bateu um papo assonante com o grupo por e-mail a respeito do novo EP e traz o link fresquinho do álbum pra você conferir se a gente tá mentindo. Bom apetite.
Do primeiro EP Gone, de 2006, para o Assonance, é possível perceber de cara um timbre mais encorpado de guitarras e mais elementos eletrônicos. Isso foi fruto da estrada ou tem a ver com a inclusão de mais gente na produção além da banda?
Achamos que são as duas coisas, para dizer bem a verdade. Além da produção do Du e do Ugeda, tivemos a oportunidade de fazer bastante durante o processo de composição e gravação, contando com a turnê que fizemos junto com o Macaco Bong. Inclusive, das cinco músicas gravadas inicialmente, apenas "Come Out Tonite" ficou no EP final, as outras foram descartadas.
Do primeiro EP Gone, de 2006, para o Assonance, é possível perceber de cara um timbre mais encorpado de guitarras e mais elementos eletrônicos. Isso foi fruto da estrada ou tem a ver com a inclusão de mais gente na produção além da banda?
Achamos que são as duas coisas, para dizer bem a verdade. Além da produção do Du e do Ugeda, tivemos a oportunidade de fazer bastante durante o processo de composição e gravação, contando com a turnê que fizemos junto com o Macaco Bong. Inclusive, das cinco músicas gravadas inicialmente, apenas "Come Out Tonite" ficou no EP final, as outras foram descartadas.
Como foi o processo de compor e gravar? Rolou tudo de uma vez ou as músicas foram surgindo ao longo do tempo?
A gente começou a gravação com músicas que já estavam compostas. Depois do começo das gravações e a possibilidade de testar essas músicas na estrada, repensamos timbres, arranjos e compusemos músicas novas, que acabaram entrando no EP. A música "Assonance", por exemplo, foi gravada exatamente como foi composta, pela primeira vez, em uma jam de estúdio.
Algumas influências de vocês ficam um tanto nítidas (e por favor me digam se foi impressão, please), como grandes bandas da nova safra, tipo Arctic Monkeys e Franz Ferdinand, até todo o caldo sonoro dos anos 80, incluindo The Cure. Isso ainda vale? As influências mudaram, ficaram mais fortes ou menores nesse segundo álbum?
Legal! Inesperada a citação destas bandas! The Cure e Franz a gente curte, mas não foram influências diretas durante as gravações e durante o trabalho de arranjos e composições. Podemos citar Liquid Liquid, Chic e Pil, por exemplo, como bandas que tiveram relevância nas influências do EP. Além de serem bandas que ouvimos com bastante frequência hoje em dia!
Vocês são do interior de SP. Pela sonoridade urbana-contemporânea da banda, vocês enfrentam muito problema para conseguir um espaço longe da capital, ou até mesmo em outros estados?
É engraçado, mas, em quase 3 anos de existência, fizemos apenas quatro shows aqui. O intercâmbio entre produtores e bandas, além do incentivo da imprensa independente, ajuda muito na hora de ir pra outros estados e outras cidades. A gente acha que Sorocaba está caminhando para se tornar, como foi no final dos anos oitenta e durante os anos noventa, mais um pólo do circuito independente do estado. Ainda tem muito trabalho pela frente, mas logo esperamos que isso se torne real.
É possível seguir na cena independente sem um grande padrinho "celebrindie" por trás? Como vocês buscaram o espaço de vocês?
A gente começou sem conhecer ninguém. Achamos que a postura, o profissionalismo e a persistência contam muito antes de pensar em um padrinho ou algo do gênero. No início, gravamos e começamos a mandar material pra quem a gente pesquisava na internet, como blogs, revistas, outras bandas e aos poucos o pessoal começou a conhecer e abrir portas para shows, resenhas e matérias. A primeira aparição nossa em um veículo independente foi na TramaVirtual e isso nos deu muito acesso na época. Depois, com o passar do tempo você começa a conhecer algumas pessoas que podem te ajudar e a coisa caminha para que você tenha uma parceria com uma produtora (no nosso caso a Tronco Produções) e um produtor musical e artístico (trabalhamos com o Eduardo Ramos, também da Tronco), que ajuda muito na hora de colocar seu trabalho no meio, continuando sempre a ser independente.
Algumas influências de vocês ficam um tanto nítidas (e por favor me digam se foi impressão, please), como grandes bandas da nova safra, tipo Arctic Monkeys e Franz Ferdinand, até todo o caldo sonoro dos anos 80, incluindo The Cure. Isso ainda vale? As influências mudaram, ficaram mais fortes ou menores nesse segundo álbum?
Legal! Inesperada a citação destas bandas! The Cure e Franz a gente curte, mas não foram influências diretas durante as gravações e durante o trabalho de arranjos e composições. Podemos citar Liquid Liquid, Chic e Pil, por exemplo, como bandas que tiveram relevância nas influências do EP. Além de serem bandas que ouvimos com bastante frequência hoje em dia!
Vocês são do interior de SP. Pela sonoridade urbana-contemporânea da banda, vocês enfrentam muito problema para conseguir um espaço longe da capital, ou até mesmo em outros estados?
É engraçado, mas, em quase 3 anos de existência, fizemos apenas quatro shows aqui. O intercâmbio entre produtores e bandas, além do incentivo da imprensa independente, ajuda muito na hora de ir pra outros estados e outras cidades. A gente acha que Sorocaba está caminhando para se tornar, como foi no final dos anos oitenta e durante os anos noventa, mais um pólo do circuito independente do estado. Ainda tem muito trabalho pela frente, mas logo esperamos que isso se torne real.
É possível seguir na cena independente sem um grande padrinho "celebrindie" por trás? Como vocês buscaram o espaço de vocês?
A gente começou sem conhecer ninguém. Achamos que a postura, o profissionalismo e a persistência contam muito antes de pensar em um padrinho ou algo do gênero. No início, gravamos e começamos a mandar material pra quem a gente pesquisava na internet, como blogs, revistas, outras bandas e aos poucos o pessoal começou a conhecer e abrir portas para shows, resenhas e matérias. A primeira aparição nossa em um veículo independente foi na TramaVirtual e isso nos deu muito acesso na época. Depois, com o passar do tempo você começa a conhecer algumas pessoas que podem te ajudar e a coisa caminha para que você tenha uma parceria com uma produtora (no nosso caso a Tronco Produções) e um produtor musical e artístico (trabalhamos com o Eduardo Ramos, também da Tronco), que ajuda muito na hora de colocar seu trabalho no meio, continuando sempre a ser independente.
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