"Initially pegged as something as a voice of a generation when “Loser” turned into a smash crossover success, Beck did wind up crystallizing much of the post-modern ruckus of the ‘90s alternative explosion, but in unexpected ways. Based in the underground anti-folk and noise-rock worlds, Beck encompassed all manners of modern music, drawing in hip-hop, blues, trash-rock, pop, soul, lounge music…pretty much any found sound or vinyl dug up from a dusty crate, blurring boundaries and encapsulating how ‘90s hipsters looked toward the future by foraging through the past." - STEPHEN THOMAS ERLEWINE (AMG)
Vocês sabem o que dizem sobre David Bowie: que ele é um camaleão humano, capaz de assumir as mais diversas colorações da escala cromática, experimentando com mais estilos que a mais eclética das orquestras, encarnando mais personas que o Johnny Depp... Suas metamorfoses incluem pit-stops no folk lisérgico regado à androginia de Hunky Dory, o glam-rock sci-fi grandiloquente de Ziggy Stardust, passando pela garageira proto-punk dum Alladin Sane, pelo experimentalismo sombrio e ambient da Trilogia de Berlim, sem citar mais uma dúzia de transmutações...
O caso de Beck Hansen me parece similar: este camaleãozinho consegue se camuflar detrás das mais diversas máscaras, e não somente em fases sucessivas de sua carreira, mas frequentemente no transcurso de um mesmo álbum. Beck é um emblema da música pop nos 90 por apostar numa Estética do Liquidificador que dá primazia à diversidade em relação à unidade - sintoma das transformações trazidas pela Cultura Digital (interconexão cada vez mais intensa de elementos díspares) para a composição musical. Talvez seja sintoma de "pós-modernismo", esquizofrenia, perene crise de identidade. Talvez seja um ímpeto aventureiro de quem deseja sempre explorar novos horizontes. Talvez tudo isso junto.
Beck fez de tudo e mais um pouco. Fez rap de branquelo que, como o dos Beastie Boys, trabalha com a técnica metralhadora-giratória-de-referências - como se a composição fosse composta não por versos mas por links. Fez umas funkeiras que beiram o James Brown e o Sly & the Family Stone, como as bomba-pista "Sexxx Laws" e "Mixed Bizness", do altamente festeiro Midnight Vultures. Fez também uns folks introspectivos e melancólicos que remetem a Nick Drake, especialmente no Sea Change, álbum do coração partido e das lágrimas solitárias. Ainda teve a manha de flertar com a música brasileira da Tropicália, de tentar tornar-se o novo Bob Dylan com as letras hieroglifo de Mutations, tudo enquanto sonhava com aquele corte-de-cabelo do-capeta.
A obra de Beck é vasta, irregular, cheia de seus altos-e-baixos. Mas é algo a se explorar com paciência, sem medo dos labirintos e dos versos non-sense, ainda que beire o impossível compreender por inteiro a salada-de-frutas com cogumelos alucinógenos que ele prepara para nosso delirante paladar.
Aí vão, pois, os 5 álbuns de Beck prediletos de nós aqui do Depredando.
Aprecie sem moderação!
Aprecie sem moderação!
1998 - Mutations |
1996 - Odelay |
2002 - Sea Change |
1999 - Midnite Vultures |
1994 - Mellow Gold |
2 comentários:
Que engraçado, estava justamente procurando quais discos do Beck ouvir. Valeu!!!
Massa, Fred! 5 becks bem boladinhos pra acender e curtir... Abraço!
Postar um comentário