A psicodelia é uma faca de dois legumes. Pode descambar em uma vala rasa de arremedo saudoso, mas pode também gotejar lucidez furtacor no rock-misturado-a-tudo como é bem costumeiro no cenário brazuca pós-Mutantes. Pois foi com felicidade que farejei a simpática banda O Sonso, mezzo Ceará, mezzo paulistana já, com todo aquele caldo bem maturado no azeite de uma banda independente, e me rendi.
Não há nenhuma referência obscura, nenhuma reinvenção: de Jovem Guarda a Waldick Soriano, nada de radioheadeado ou sintetizado. Mas se as notas são sete pra todos nós, ocidentais, a sonoridade sonsa é múltipla. Confira com seus ouvidos que a terra há de levar, ainda na embrionária demo disponibilizada no MySpace do grupo.
Está tudo lá. “Desfila” traz um vocal a la Roberto Carlos com teclados Doorianos. “Sei lá”, típico samba-rock gafieira, dá vontade de batucar na caixinha de fósforo. “Nós Dois”, em forma de um verdadeiro expoente do rock setentista, lembra a irreverência de Secos & Molhados. A referência não vem de bobeira: Gerson Conrad, integrante do lendário grupo, já deu uma palhinha de Sonso no tangopop ”As Frases Mais dramáticas que Guardei pra Ti”.
E foi assim que eu tentei fugir ao tenebroso clichê Música Popular Psicodélica, mas não deu.
(*) visite também o outro blog da Ana, o Credencial Tosca!
Tweet
Um comentário:
Achei bem legal, bela descoberta! De sonsa essa banda num tem nada...
Postar um comentário