terça-feira, 16 de dezembro de 2008

:: natal em marte ::



"The film essentially encompasses everything Wayne Coyne has ever sung about-- the future, outer space, stressed-out scientists, heroism, insanity, the inevitability of death, hope in the face of disaster, the perseverance of the human spirit, mankind's miniscule standing in the universe at large, and, yes, Christmas. And as ridiculous as the idea of Coyne making a sci-fi film in his backyard may be, it was a logical step for a band that's historically found its stage-show inspiration in the local hardware store. But compared to the orgiastic circus of balloons, confetti, and dancing mascots that has come to define the the Flaming Lips' live set-up, Christmas on Mars is a starkly rendered, sometimes ponderous, rather bleak affair. The film plays like a 2001 that looks like it cost $2,001 to make."

PITCHFORK


THE FEARLESS FREAKS STRIKE AGAIN!
- por Eduardo Carli de Moraes -

Eu sempre soube que o Wayne Coyne não era terráqueo. Agora que o enrustido tirou sua máscara e saiu do armário, desvelando sua verdadeira face (que é esverdeada e contêm um bigode azul e um par de antenas), eu posso afirmar orgulhoso, como o Chapolim Colorado: "Suspeitei desde o princípio!" O próprio capitão da nave-mãe diz a Wayne quando o encontra pela primeira vez: "You're a peculiar son of a bitch! You're a green silent piece of shit!"

O negócio é que o filme dos Flaming Lips acaba de sair. Sim, o FILME dos Flaming Lips! Em gestação faz um bocado de anos (uns 7), Christmas On Mars é um sensacional FREAKOUT que mostra uma das bandas de rock mais sensacionais dos últimos 20 anos invadindo a telona com muito estilo e provando que são mesmo um bando de desequilibrados. Loucura pouca é bobagem.

É meio que uma versão cyberpunk tosca de 2001 - Uma Odisséia no Espaço, com uma obsessão com bebês espaciais que remete frequentemente ao clássico do Kubrick e uma tosqueira proposital que fez a Pitchfork zoar: "parece um 2001 que custou 2001 dólares pra fazer". Espírito DYI total. É também uma espécie de Monty Phyton Viaja Pelas Galáxias, um David Lynch Filma Em Marte em Avançado Estado de Esquizofrenia ou um Tim Burton brincando de Ed Wood num filme B de sci-fi. Douglas Adams adoraria assistir essa pérola (ainda mais bizarra que a versão pro cinema do Guia dos Mochileiros) e Ray Bradbury poderia ter escrito este roteiro pensando especialmente nos Lips.

É também o conto de Natal mais insano da história da humanidade. E certamente não vai estrear num cinema perto de você.


Todos os quatro membros da banda atuam neste clássico instantâneo do cinema cult. Wayne ainda assume a direção e o papel de marciano que se fantasia de Papai Noel e viaja pelas galáxias dentro de uma bolha incandescente que ele guarda, miniaturizada, dentro de sua própria boca (!). Verdade. O guitarrista da banda, Steven Drozd, mostra-se um excelente ator no papel principal de um nêgo pirando e alucinando com o espetáculo espacial. Steven, que já protagonizou uma das cenas mais incríveis da história dos rockumentaries usando heroína na frente das câmeras em Fearless Freaks, prova aqui ser de um talento descomunal, além de possuidor de um rosto altamente plástico. É a alma do filme, deixando o Papai Noel esverdeado de Coyne soando como um mero coadjuvante.

A trilha sonora, que os Lips compuseram em parceria com o produtor Dave Friedmann, é só loucuras instrumentais um tanto intragáveis, que nos lembram do tempo em que a banda estava mais interessada em nos chocar e endoidecer do que em nos agradar. Back to Zaireeka!

Christmas On Mars é um filme sobre a loucura. Todo mundo nesta nave pousada em Marte está ficando doidão. Como se estar no espaço fosse como ter uma bad trip de LSD constante. É um contágio desenfreado. "Freaks around me freak me out!", diz um personagem. E todos ali estão virando freaks. O Papai Noel original sai correndo da espaçonave e se mata na atmosfera gélida, e aí olham pro Wayne Coyne e dizem, claro: "he can be our Santa!". Esse mais ou menos o enredo. Já as alucinações, impagáveis, são outra bela atração. Mas são de conteúdo altamente obsceno: tipo bandas militares nazistas, onde cada soldado tem na cabeça uma imensa vagina, marchando e pisando na cabeça de bebês que explodem como melancias.

Mais que um mero freakout, esse é um filme de idéias, que às vezes beira o cabecismo de um Tarkovsky em Solaris. No comecinho do filme, um astronauta olha bestificado para uma parede, como se fosse uma estátua, paralisado da cabeça aos pés, really freakin' out. Um personagem explica seu estado: "The doctor says it's caused by a confrontation with the cosmic reality. Cosmic reality: it's a real motherfucker! It's the realization that our lifes, altough very important to us, are really meaningless, nothing, just spects of dust floating through a black sea of infinity..."

Ele chega à conclusão de que os seres humanos não foram feitos para viver no espaço - que é frio, insensível e sem sentido. Christmas on Mars é, pois, uma sombria meditação sobre o nosso status de minúsculas criaturas insignificantes em meio a um imenso cosmos completamente gélido e morto, procurando pelas vias mais absurdas (como as bestas alegrias proporcionadas por um Papai Noel inventado) e mais sensatas (a perpetuação da espécie ou a invenção da Criança Estelar) encontrar um pequena dose de aconchego e de alegre delírio enquanto dure essa nossa estranhíssima, miraculosa e incompreensível passagem pelo Universo.

A impressão que dá? Que se você abrir os olhos para olhar direto para o Cosmos - COSMIC REALITY, IT'S A REAL MOTHERFUCKER! - não, não tem jeito de não endoidecer...

DOWNLOADS:

FILME EM DIVX (1.5 GB, torrent, excelente qualidade d som e img)http://thepiratebay.org/torrent/4524814/Christmas_on_Mars_(2008)_AC3_(5_1)-ZARCK

TRILHA SONORA (mp3):
http://www.mediafire.com/?mmh3zmmy1yn

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