sábado, 13 de junho de 2009

:: Once ::


:: ONCE - Trilha Sonora Original ::
por Francine Micheli

Fácil mesmo é contar histórias apaixonadas. Bota ali uma conversa ao pé do ouvido e dois pares de mãos inquietas que tá pronto, só faltando o narrador sussurrando os sentimentos ardentes do casal que se come enlouquecidamente há mais de dois dias.

Todo mundo, aliás, já teve coisa dessa na vida real e achou que era amor, engano fácil e muito mais corriqueiro do que se imagina.

Por ser algo muito menos ordinário e infinitamente menos compreendido, o amor vive às nossas margens e é realmente difícil encontrar quem saiba transcrevê-lo de forma genuína em forma de música, filme, poesia, gestos, atitudes.

Viver e falar e de amor é tarefa árdua. E, pegando rabeira no dia dos namorados, é ainda mais fácil ver a a diferença entre o cavalo e a égua através de um filme nem tão assim novo, mas atual em qualquer época.

Lançado em 2007, o irlandês Once é do tipo pequeno gigante e muito provavelmente você já deve tê-lo assistido ou ouvido comentários sobre, já que ganhou o Oscar de melhor canção original. A música vencedora foi “Falling Slowly”, composta por Glen Hansard, que também fez uma ponta como protagonista do filme.

Assim como a canção, toda a trilha é como a alma da produção e casou-se tão perfeitamente com a história que é impossível desvincular uma coisa da outra. Daí o reconhecimento veio a jato dos queixos caídos dos bambambans do cinema e do público comum, obviamente.

Hansard compôs todas as músicas e em muitas delas contou com Marketa Iglova, a segunda protagonista do filme não menos talentosa. Da parceria nasceu uma obra-prima. Contando desde a dor de amores abortados à perda do que ainda não se teve, toda a trilha de Once tem o peso do vazio e a insatisfação com sentimentos médios.

Além de uma voz bastante característica, Glen Hansard é bom no violão, nunca deixando a peteca cair no comum. Adicionando ai a voz doce e emociontante de Marketa Iglova, o dueto impressiona e, pessoalmente, me lembra bastante a melancolia e o bombardeio melancólico de Damien Rice e Lisa Hannigan nos áureos tempos em que eram uma boa dupla.

A trilha toda é irretocável, sendo que os destaques ficam também para a desopiladora-de-fígado “Say it to me now”, a filosofante “When your mind's made up” e a cortadora-de-pulsos “All the way down”. E, assistindo ao filme primeiro é ainda mais fácil entender o porquê de a produção barata ter ganhado espaço na prateleira das coisas bacanudas do fim da década.

Falar muito de Once é chover no molhado, entretanto. Curto, grosso, intenso e uma pedra no sapato dos romeus e julietas. O filme é todo sobre possibilidades, inclusive do amor tido com não-possível, assunto já trabalhada com sucesso em filmes como Lost in Translation e a adaptação do livro A Insustentável Leveza do Ser. Sobre a consequência de estar ali e não lá, de fazer isso assim e não assado, de escolher o amarelo e não o roxo. E de tudo isso, a gente tira boas lições de vida, inclusive de como essas possibildades lidam com as diferentes formas de amor, todas cantadas em canções dilaceradoras de corações quentes, mornos ou gelados.

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3 comentários:

vanessa disse...

Essa trilha é ótema! E o filme é bem bacana tbém, muito singelo...

=)

Maíra Leal disse...

Eu francamente adorei o filme, porque acho que as músicas fazem muito sentido com ele. Legal colocá-lo de post.

Ana Alice disse...

nossaaaaa, Flan, eu vi esse filme esse findes, hahahahaha!!! tudoooooooooooooooo