terça-feira, 16 de junho de 2009

:: Dave Matthews Band ::


DAVE MATTHEWS BAND,
Big Whiskey and the Groogrux King (2009)

Uma banda que mistura free jazz, vocais sincopadamente africanos, jams country-roqueiras e um naipe de metais só poderia ser coisa de americano, certo? Mais ou menos. Formada por Dave Matthews, um sul-africano criado na Carolina do Sul com sotaque de garçon de drive-in, a Dave Matthews Band pode surpreender os caçadores de clichês. Com uma cozinha matadora comandada pelo baterista-mestre Carter Beauford, violino elétrico, sax, metais e eventuais guitarras, a banda é muito conhecida (não só na terra do Tio Sam) por seus inúmeros álbuns ao vivo, todos constituídos basicamente das mesmas músicas. Daí é possível tirar que o forte da banda é o improviso – e que improviso.

Pergunte a qualquer fã da DMB por onde começar a exploração musical e ele certamente indicará o álbum “Before These Crowded Streets” (1998), aclamado por público e crítica e considerado o melhor trabalho da banda até então. Pois bem, atento leitor: se quiser conhecer a Dave Matthews Band, comece mesmo pelo final, o fresquíssimo “Big Whiskey and the GrooGrux King”. Produzido por Rob Cavallo (sim, aquele do Green Day e do, pasmem, MybChemical Romance), o novo trabalho traz basicamente tudo o que fez da banda uma explosão de sabores: bateria furiosa, naipes que sobem e gritam junto com o gutural Dave, pitadas country e uma ótima pop music.

A mesma seqüência inicial de “Before” - intro instrumental seguida de duas porradas deliciosas - mostra que o disco não veio à toa. “Shake me Like a Monkey” traz o vocalista brincando em mil vozes com a arma mais forte da banda: versos metricamente falados e refrão pegajoso, com arranjos mastodônticos de metais. Sem fôlego, o ouvinte segue para “Funny The Way it is”, escolhida como primeiro single e liberada para download free no site da banda. A música mostra o violino melódico de Boyd Tinsley e avisa também que o violão ainda está presente, mas consegue conviver com a guitarra de Tim Reynolds, parceiro de Dave Matthews em inúmeros projetos, cuja última aparição em um álbum do grupo havia sido – sem coincidências - no mesmo “Before These Crowded Streets”.

Reynolds aplica inusitadas guitarras e sola, como em “Why I Am”, em todo o álbum – o “inusitada” explica-se: o instrumento não é muito a cara da banda, que vive do som mais orgânico do violão-de-mil-notas do vocalista. A última tentativa de colocar guitarras nas músicas da banda resultou no fraco “Everyday” (2001), que ganhou até vaias dos fãs e cartazes nos shows exigindo que Steve Lillywhite, antigo produtor do grupo, retomasse os trabalhos com a DMB.

Os slides do guitarrista chegam em “Lying in the Hands of God”, balada que começa ingênua como o medo de amar que a letra revela. “Dive In” e “Spaceman” seguem a toada de rotação mais baixa, que esquenta aos poucos e, ao chegar em “Squirm”, traz outra característica marcante da banda: a dinâmica perfeita que cresce e explode, muitas vezes, de forma épica.

E, se alguém duvidava que riffs e bandolins poderiam conviver bem, basta ir até “Alligator Pie”. Relaxe: a música é só pra aquecer os ouvidos dos fãs mais ortodoxos, que vão estranhar também a grave “Seven” a princípio, com seu riff em escala menor. Para os mais fanáticos, basta correr até “Baby Blue”, a balada violônica do álbum, que se despede com a também básica “You & Me”.

Pode-se dizer que o diferencial de “Big Whiskey” dos álbuns anteriores está em uma presença e uma ausência. A presença é da guitarra e da virtuose de Tim Reynolds; e a ausência, do saxofonista LeRoi Moore, morto em outubro de 2008 e substituído aqui por Jeff Coffin. Moore havia deixado algumas linhas de saxofone gravadas que deram origem a sete músicas do novo álbum – batizado com esse nome em homenagem ao saxofonista, apelidado de Groogrux em conjunto com outros membros. O nome, explicou o batera Carter à MTV, traduz um pouco da energia selvagem que eles colocam na pegada das músicas.

Ouça e comprove.

2 comentários:

Marco Souza disse...

e o mais foda é q esse DMfdp fez todos os desenhos do encarte q é absurdo de bão...

Tat disse...

To ouvindo agora!!! Puta merda!!!
E amei a resenha! Ah, mas discordo sobre o free jazz, eles passam longe.

Beijos!!!