domingo, 2 de novembro de 2008

:: Echo and the Bunnymen ::

ECHO & THE BUNNYMEN,
“Porcupine” (1983)


ALTURAS INATINGÍVEIS

- Em momento de crise, o Echo & The Bunnymen
gravou um marco dos anos 80
-

por PEDRO SÓ (Showbizz, Discoteca Básica, Julho de 1999)

“O Echo me alucinou completamente. Fui morar em Liverpool para conhecer os caras que fizeram Porcupine” - COURTNEY LOVE

O Echo & The Bunnymen desenvolveu um trabalho tão bom que, apesar de amado por todos os que se iniciaram no rock durante a década passada, tem poucos discípulos. Discos como este, terceiro de sua carreira, realmente intimidam possíveis seguidores. Porcupine, porém, é uma escolha polêmica entre os fãs do grupo, que apreciam bastante o primeiro álbum, Crocodiles, de 1980, e mais ainda o quarto, Ocean Rain, de 1984. Para tirar a teima, ninguém melhor do que a própria voz de Ian McCulloch (vocalista e líder da banda), em recente entrevista: “Este é provavelmente o melhor disco do Echo. Foi horrível de fazer, mas é o melhor.”

Estamos diante de um daqueles álbuns que merecem ser escutados a fundo dezenas de vezes, em épocas diferentes da vida. Em 1982, Ian, Will Sergeant (guitarrista), Les Pattinson (baixista) e Pete De Freitas (bateria) jamais poderiam ter se permitido passear pelo mundo da fantasia de canções ultra-românticas como “Killing Moon” e “Crystal Days”, do belíssimo Ocean Rain. Depois de lançar dois discos cultuados, eles ainda perseguiam a sobrevivência: tiveram 25 libras (cerca de 100 reais) por semana. O sucesso não vinha e o clima na banda era de desconfiança. “Estamos perdendo o sentido da nossa missão”, verso da faixa-título, “Porcupine”, não era endereçado a nenhuma musa.


“Era Apocalypse Now na hora em que Marlon Brando sai retalhando porcos e faz sua pintura de guerra. Foi a fase mais claustrofóbica da minha vida”, lembra hoje o cantor. Os arranjos do disco, porém, jogam sempre para cima, para o épico. Somados às letras, eles denotam uma adorável arrogância de Napoleão de hospício.

Poucas vezes uma cozinha (Pattinson e De Freitas) tão limitada tecnicamente rendeu tanto, segura nas variações de dinâmica aprendidas ouvindo Velvet Underground. Raros são encontros como o do guitarrista Will Sergeant (versátil e sempre inventivo – talvez a grande estrela do álbum) com o do violinista indiano L. Shankar, convidado especial.

Em “The Cutter”, com introdução chupada de “Matthew and Son”, de Cat Stevens, até os trompetes sintetizados incluídos por “sugestão” da gravadora funcionam. Essa canção e “The Back Of Love”, encorpada com celos, deram ao Echo os hits que lhe faltavam. Mas o disco tem muitos outros momentos inspirados.

Na dramática “Clay” (“quando eu me fiz em pedaços, não era feito de areia / quando você me arrasou, o barro se esfacelou em minhas mãos”) e na lindíssima “Porcupine”, Ian McCulloch tira o rock do beco-sem-saída pós-punk, recuperando ambições jim-morrisonianas em canções sempre concisas (grande vantagem em relação ao Doors). Seu lirismo atinge o auge na última faixa, a ciranda psicodélica “In Bluer Skies”: “Estou contando com seu coração pesado / Será que ele me impedirá de me dilacerar?”


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http://www.mediafire.com/?m2kmjmzydyk

Um comentário:

Venus Doll disse...

A Courtney era louca por qualquer cara que tivesse uma banda