terça-feira, 27 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
:: Kyuss ::
Lançado em 1992, Blues For The Red Sun foi o segundo — e melhor — disco da curtíssima e ensurdecedora carreira do Kyuss (pronucia-se "cáius", a propósito). Talvez você tenha ouvido falar dos caras como sendo “a primeira banda do cara do Queens of the Stone Age” ou “aqueles doidões que tocavam no deserto”, ou quem sabe como “os precursores do Stoner Rock”, ou algo que o valha… mas o Kyuss merece, com certeza, muito mais que isso na história do tiozão barrigudo que é o rock and roll.
Na época com dezenove aninhos, Josh Homme já mostrava em Blues todo o peso malemolente de sua guitarra. Aliás, na minha humilde opinião subjetiva, nunca mais (e eu disse NUNCA MAIS) desde então o cara soou tão certeiro em seus riffs. O peso bíblico de Writhe, Apothecaries' Weight e Molten Universe que o digam. Mas o grande mérito do Kyuss daquela época — e do disco aqui pirateado, por conseguinte — sobre o Queens, por exemplo, foi contar com muito mais do que a habilidade do molecote Homme para fazer seu barulho.Diferente das rainhas chapadas de hoje em dia, a banda que gravou Blues contava com um vocalista de verdade, um batera até hoje apontado como influência em som pesado (e baita compositor também) e um baixista que sabia inserir groove verdadeiro no meio da pancadaria. Todas as músicas do disco têm um esmero instrumental impressionante, mas sem a frescura tão peculiar e contraditória do metal atual. Muito mais que seguir o esquema intro-verso-refrão, o Kyuss subvertia as estruturas da música popular, cagando montes pra necessidade de achar refrões ganchudos e congêneres. Aliás, as cinco músicas instrumentais espalhadas por seu segundo disco conseguem a façanha de serem alguns dos pontos altos da bolacha. Ouça Catterpillar March e tire a prova. Todo o trabalho perfeito dos instrumentos, no entanto, não tira o mérito de John Garcia, vocalista esganiçado-agressivo que, nas ocasiões em que aparece cuspindo seus impropérios, faz você entender por que o Kyuss não decidiu ser “só” uma banda instrumental.
É só pra encerrar a seção de comparações covardes; durante toda a audição do disco percebe-se que aqueles barulhinhos gravados lá no fundo nas músicas do QOTSA também não são tão novidade assim. Aliás, aqui eles ajudam a fornecer o forte tom psicodélico-do-deserto, que ficou bem mais acentuado nos álbuns seguintes do Kyuss, e são essenciais para completar o clima de Black Sabbath em jam psicodélica do disco.
Não que mude alguma coisa, mas o fato de que a banda alcançou tudo isso quando seus principais compositores ainda nem tinham chegado na casa dos vinte é de fazer muito músico por aí entrar em desespero. E nem pense em contar pra eles que Blues For The Red Sun foi considerado um dos 50 álbuns mais pesados da história pela revista inglesa Q. Se você é músico, foi mal. Se não é, baixe a bolachinha agora, ignore o que é “afinação baixa” e divirta-se enquanto tenta descobrir como bater cabeça e rebolar ao mesmo tempo…
[Nota pós-cagada: avisado por nosso excelso administrador, o sr. Lux Lúcio, tomei conhecimento de que este disco já havia sido postado no Depredando. Duas vezes. Sendo assim, vai também o resto da discografia dos minino pra não ficar muito feio.]
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Welcome To The Sky Valley [1994]
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...And The Circus Leaves Town [1995]
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terça-feira, 13 de outubro de 2009
:: The Eames Era ::
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segunda-feira, 12 de outubro de 2009
:: Casey Dienel ::
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[ ENTREVISTA EXCLUSIVA ]
Casey Dienel foi a primeira artista por quem senti uma admiração e identificação suficientes para vencer minha timidez e desejar entrar em contato, conhecê-la melhor, trocar idéias e impressões, dar um feedback repleto de gratidão... Depois de vários e-mails trocados, em que meus mimos e elogios foram recebidos com muita alegria e cortesia pela pequena, Casey topou me dar uma entrevista mais minuciosa - publicada, anos atrás, na capa da Revista Rabisco. Isso se deu um par de anos atrás, antes dela mudar seu nome para White Hinterland e lançar o segundo álbum; mas nada nas declarações dela soa datado. Pelo contrário: eis aí uma excelente key-hole por onde espiar um pouco da instigante e talentosa mente que criou dois álbuns tão lindos.
Poucos sabem disso, mas Casey Dienel, um dos segredos mais bem guardados da música americana, é uma das mais brilhantes e talentosas das cantoras/compositoras que surgiram nos últimos anos. A moça, que cresceu numa cidadezinha do Massachussets e depois se mudou para Boston para estudar música, foi uma criança de talentos precoces: tocava piano aos 4 anos de idade e beirando os já 10 compunha suas primeiras canções, trancada a sete chaves dentro do quarto, onde também se deleitava afundando o nariz nos livros. Não surpreende que uma garota que cresceu nutrindo um amor simultâneo pela poesia, pela literatura e pela música tenha se transformado numa artista de talento que transborda por todos os poros.
Wind-Up Canary (2006), seu álbum de estréia, lançado pela pequena HUSH Records, teve repercussão mínima dentro do circuito indie – o que é uma pena, já que o disco, absolutamente sublime e encantador, merecia ser recebido com uma salva de palmas mais intensa de público e crítica. Na linha de Regina Spektor, Aimee Mann, Fiona Apple e Nellie McKay, mas incluindo também influências mais ancestrais de Joni Mitchell e Chet Baker, a mocinha cometeu um álbum de doçura e poesia capazes de comover até os corações mais empedernidos.
Ainda com 20 e poucos anos de idade (ela é de 1985), Casey permanece ainda bastante obscura fora do circuito independente e vai lentamente galgando degraus rumo ao devido reconhecimento. Nesta entrevista exclusiva concedida por e-mail, a cantora narra um pouco seu passado como "criança prodígio", destaca sua paixão pela literatura e pela poesia, comenta a respeito do processo de composição das letras, pondera a respeito de seus planos para o futuro e sua relação com o sucesso comercial e a indústria da música, entre outras coisas. Voilá:
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CASEY: Se eu fui uma “criança” especial, eu nunca fiquei sabendo! Mas eu de fato penso que eu fui uma espécie de “sabe-tudo”, apesar de meus pais terem criado a mim e à minha irmã para sermos bastante auto-depreciativas e humildes em relação a assuntos como arte. Mas eu definitivamente não era uma criança-prodígio, e, pior, sempre fui bastante tímida... Então eu não costumava falar muito sobre os meus interesses – eu achava que escrever canções era como qualquer outro tipo de ofício que a pessoa cultiva privativamente... Eu sempre fui um tanto reservada, misteriosa. Fui às aulas por minha própria vontade quando eu tinha 4 anos – e eu me sentia realmente atraída pelo piano e pelo violão, mas o violão era grande demais para uma menina de 4 anos! E desde então eu acho que eu sempre fui bastante auto-motivada sobre música, em parte porque eu estou fazendo música para mim mesma, e não tanto para o público... A parte do público é uma das últimas coisas que eu penso quando me ponho a fazer música.
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E: Li sua confissão de que você cresceu com “o nariz enterrado nos livros” – e adivinho que foi daí que você retirou seu grande talento com as palavras... Acho que uma das grandes qualidades da sua música é o fato de ela possuir um “sabor literário” - eu posso considerá-la quase como “declamação de poesia”... Você diria que sente mais carinho pela literatura do que pela música? E quais dos grandes letristas você diria que admira mais? Você lê bastante poesia e tem alguns poetas favoritos que descreveria como inspiradores?
CASEY: Estas são questões bastante extensas! Eu acho que a literatura é a mais elevada das formas das belas artes, e, na minha opinião, a mais desafiadora de ganhar domínio sobre. Eu desde muito nutro uma profunda admiração pelo modo como as palavras são encadeadas. Na escrita, você não pode apelar para os sentidos para criar imagens ou personagens ou histórias - você tem apenas a sua esperteza para evocar emoções e visuais. É como alquimia, o verdadeiro sentido de "criar alguma coisa do nada". Eu não diria que minhas canções são particularmente "literárias", mas eu realmente dedico um bom bocado do meu tempo para as letras, tentando criar imagens que são imediatamente visuais para o ouvinte, ainda que seja algo ou alguém que eles não estejam familiarizados com. Outros letristas que conseguem me transportar para outro tempo e espaço são provavelmente Leonard Cohen e Bob Dylan, mas eu também penso, em termos mais simples, nos Beatles.
Cohen e Dylan usam detalhes sem serem arbitrários, para aprofundar a pintura do retrato - ao mesmo tempo que criam incríveis melodias e estruturas de canção. Lennon & McCartney podiam pegar linguagem simples e revivê-la com uma idéia de sentido completamente nova. Eu acho que as canções dos Beatles são tão clássicas porque as letras são tão honestas e permitem que as melodias carreguem as músicas. Algumas vezes músicas só precisam ser músicas! E é importante ser cauteloso quanto ao que a música significa pra você, ao invés de tentar empanturrá-la com frases ou versos exóticos.
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CASEY: Putz! Eu dediquei praticamente o ano todo para fazer outras coisas que adoro – pintar, cozinhar, fazer bolos e melhorar na bicicleta e na yôga. A música eu acho algo tão intrínseco ao modo como eu me viro na vida do dia a dia, que neste momento eu não vejo qualquer razão que me impeça de estar fazendo canções até a terceira idade. Mas o tempo algumas vezes tem outros planos em mente, e eu não tenho a menor vontade de arranjar briga com o tempo. Minha esperança é que eu possa continuar fazendo isso e que possa continuar a me perguntar as Questões Duras e Assustadoras. Eu realmente não tenho expectativas concretas – ideais de sucesso e coisas assim. Eu só me certifico de perguntar a mim mesma enquanto vivo: “você está feliz?” Se eu acabar sendo uma velhinha trabalhando numa livraria no Maine com um pequeno jardim de vegetais, não me sentirei decepcionada!
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E: Agora uma pergunta mais filosófica, talvez um tanto difícil de responder! Em algumas das suas letras, eu posso sentir uma espécie de “angústia”, talvez, em relação à passagem do tempo e ao fato de que a alegria sempre parece ser efêmera – a alegria e tudo o mais que existe, na verdade. Como quando você canta: “assim que nos acostumamos com uma estação ela se vai, e é somente com isso que podemos contar...” (em “Cabin Fever”), ou no lindo verso de “Better in Manhattan” que diz que “o paraíso é um lugar que se visita, mas não um lugar pra se morar”, ou mesmo no triste finalzinho de “Fat Old Man” em que você diz: “nada muda quando você se vai, tudo prossegue...”). Você realmente percebe o mundo como um “oceano de impermanência”, por assim dizer?
CASEY: Hmmmm... Bom, eu não diria que eu sinto qualquer sensação de “angústia” em relação à mortalidade. A mortalidade é a nossa verdade como humanos, e acho que a verdade nos libera de sermos só ‘alegres’ ou só ‘tristes’. Nós somos máquinas complexas, e frequentemente sentimos ambas essas emoções, tudo ao mesmo tempo, às vezes uma mais que a outra, mas eu considero quase impossível realmente separá-las. Não gosto de dissecar e esclarecer os sentidos das canções para os ouvintes – em parte porque eu fico realmente super curiosa para ver como os outros as interpretam! Eu coloco elas pra fora com esperanças de que elas se tornem mais do que somente canções minhas. Mas eu acho que apesar do tempo nos lembrar freqüentemente de que é ele quem está no comando, há uma boa razão que explica porque nós o marcamos com aniversários, feriados, festivais, estações etc. A transformação do mundo é bonita, mesmo que ele não seja permanente.
E: Apesar de não dar pra dizer que você escreve “canções autobiográficas” (do jeito que a Fiona Apple escreve, por exemplo), eu realmente sinto como se eu pudesse te conhecer muito bem depois de ouvir seu disco muitas vezes. Será isso uma ilusão ou será que essas músicas realmente podem servir como uma espécie de “portal para a sua alma”, um pequeno buraco na fechadura através do qual nós podemos desvendar ao menos um pouco de quem você realmente é?
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E: Estou curioso para saber um pouco sobre a repercussão da sua música fora dos Estados Unidos. Em quais países você diria que a resposta do público foi mais intensa e gratificante? E você já chegou a tocar ao vivo no exterior?
CASEY: Eu estou bastante alheia e ignorante a toda a resposta internacional. Ainda não toquei no exterior ainda, exceto no Canadá, embora eu esteja ansiosa para fazer isso no futuro. Eu realmente ainda não procurei como fazer tudo isso ainda, mas acho que a partir do próximo álbum eu gostaria de começar a viajar através dos oceanos. Eu recebo e-mails muito simpáticos da Escandinávia, e, é óbvio, do Brasil! Isso me faz divagar sobre como as pessoas descobrem sobre todos esses diferentes artistas! Eu sinto como se minha coleção de discos estacionou em 1979, e eu nunca sei quem é ninguém desses artistas novos, embora eu provavelmente deveria. Eu sequer ouço CDs! Tudo é em vinil pra mim. Eu vivo na Idade Média!
CASEY: Eu não tenho a mínima idéia sobre como me sinto sobre o futuro – mas enquanto as coisas acontecerem de modo orgânico, vou estar contente. Não estou com pressa para chegar ao “próximo estágio” ou qualquer coisa que seja... Nem sei o que é isso. Eu nunca realmente me senti muito “romantizada” pela indústria da música. Eu respeito a necessidade que ela tem de transformar minha arte numa carreira – mas além disso eu acho que a indústria é um pouco superestimada, e isso é parte do porquê eu me rodeio com pessoas que estão fora dela. Talvez eu poderia ser mais ambiciosa, mas eu acho que estou muito mais preocupada com as músicas em si mesmas e em ser uma pessoa serena e feliz. Eu não me oponho a ter um público mais vasto ou poder me sustentar através da música, ao invés de trampar em [barista jobs] etc. Eu acho que eu tento não me concentrar muito nessas coisas – se acontecer, aconteceu. É que eu realmente não quero gastar meus 20 anos correndo por aí a ponto de não poder curtir meus amigos, família e vida cotidiana. Não vejo o sentido. A celebridade não chega nem perto de ser tão preciosa pra mim quanto estes três itens que citei. Pode soar sentimentalóide, mas é verdade!
DISCOS:
1. Beatles—Revolver
2. Bob Dylan—Live at Albert Hall ’65
3. Joni Mitchell—Blue
4. Debussy String Quartet
5. Thelonious Monk- Monk’s Time
FILMES
1. Five Easy Pieces (Vi pela primeira vez outro dia, e acho que nunca vou conseguir me cansar dele! Parece simples no começo, mas é repleto de complexidade na essência!)
2. Harold and Maude, de Hal Ashby
3. qualquer dos curtas-metragens mudos do Buster Keaton (para serem assistidos ouvindo o disco do Thelonious Monk!)
4. Annie Hall – Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de Woody Allen
5. My Fair Lady, de George Cukor
LIVROS
1. Beneath the Wheel do Herman Hesse
2. A Insustentável Leveza do Ser do Milan Kundera
3. I Capture the Castle do Dodie Smith
4. O Tambor do Gunther Grass
5. Chez Panisse Cooking da Alice Walters (Eu sei que parece doidice, mas eu adoro ler sobre comida quase tanto quanto curto comê-la! Esse livro de receitas é clássico.)
E: Algumas vezes eu suspeito que vocês artistas possam ficar bravos com os entrevistadores quando eles não perguntam aquilo que vocês gostariam de responder... Então vou propor um pequeno jogo bobo: faça uma questão a si mesma e a responda!
questão: Quando você se sente mais inspirada e feliz por estar viva?
resposta: Nos primeiros momentos da manhã ao nascer do Sol – a luz me faz desejar estar de pé e cantando. É luminosidade inadulterada – nova e um tanto insegura de si mesma, mas que se espalha sobre tudo até você sinta como se estivesse vendo o mundo pela primeira vez. Isso me faz cair apaixonada mais uma vez [It makes me fall in love all over again].
: D
DOWNLOADS:
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terça-feira, 6 de outubro de 2009
:: PET SOUNDS VOL VI ::
1. I Am the Walrus – The Beatles: “uma canção que reúne os elementos do rock and roll... Pelo menos pra mim: liberdade, beleza e uma pitada de agressividade e loucura”
2. Black Hole Sun – Soundgarden: “toda lista tem que ter uma balada, hehehe. Essa é a minha”
3. The Weapon And The Wound – Days Of The New: “lindo som...pesado, embora executado sem guitarras”
4. Sometimes – Pearl Jam: “Gilberto Gil escreveu uma música chamada ‘Se eu quiser falar com Deus’. Quando eu quero, escuto ‘Sometimes’”
8. Present Tense – Pearl Jam: “uma música quase que sem forma. Excepicional”
10. Happy Pills – Candlebox: “se conseguir ficar parado ao ouvir esse som…”
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
:: da série PÃO QUENTINHO ::
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