quarta-feira, 29 de junho de 2011

<<< Rip! A Remix Manifesto (um doc de Brett Gaylor) >>>


"RIP!: a Remix Manifesto (RIP, um manifesto do Remix) é um documentário dirigido pelo ciberativista Brett Gaylor, e tem como foco principal a discussão acerca dos direitos autorais, propriedade intelectual, compartilhamento de informacão e a cultura do remix nos dias de hoje.

O documentário conta com presenças ilustres como a do produtor Gregg Willis, conhecido no mundo da música como "Girl Talk", Lawrence Lessig, criador da Creative Commons, Gilberto Gil, então Ministro da Cultura no Brasil, o crítico cultural Cory Doctorow, dentre outros.

Aos poucos, Brett Gaylor, que narra o filme em primeira pessoa, vai nos apresentando questões polêmicas (...) como a guerra que vem sendo travada entre dois grandes exércitos: os "Copyright", que representam as corporações privadas que consideram que idéias são propriedade intelectual e devem ser protegidas e trancafiadas para lucro próprio; e os "Copyleft", que visam compartilhar conteúdo e defendem o domínio público como sendo um espaço para a livre troca de idéias e a garantia do futuro da arte e da cultura.

Diante dessa batalha, e estando no time dos Copyleft, Gaylor e outros defensores da causa criaram o seguinte manifesto:  1) A cultura sempre se constrói baseada no passado; 2) O passado sempre tenta controlar o futuro; 3) O futuro está se tornando menos livre;  4) Para construir sociedades livres é preciso limitar o controle sobre o passado.

Baseando-se nessas premissas, a história do filme se desenvolve, passando por várias entrevistas com representantes dos 2 lados da guerra. O documentário se auto-denomina uma representação desse manifesto, convocando a participação das pessoas não só na guerra contra as grandes corporações defensoras dos copyrights quanto na produção de novos conteúdos baseada na remixagem, garantindo assim o futuro da cultura e a arte." - Wikipedia



segunda-feira, 27 de junho de 2011

<<< Yuck! >>>




por Rafael de Paula Costa
@ Youth Against Fascism

Quando o Eduardo me convidou para escrever para o “Depredando”, fiquei na dúvida se eu aceitaria ou não, afinal faz uns três anos que eu abandonei meu blog e que não escrevo nada mais ousado do que 140 caracteres: estou meio enferrujado na escrita. Por fim aceitei o desafio, assim exercito o meu cérebro, ponho em prática o meu vocabulário e publico coisas que me interessam, no caso música, literatura e artes em geral. Com esta questão resolvida, era hora de pensar no artigo, qual seria minha primeira publicação neste blog. Para facilitar as coisas, resolvi falar de alguma banda que eu esteja ouvindo ou então de novas descobertas, e uma me veio à cabeça: o Yuck, que ouço todo dia no meu mp4 e no winamp.

O Yuck é uma daquelas bandas que gostei logo de cara, consegui assimilar muito bem o som deles. A  banda é de Londres e lançou recentemente o seu debut, homônimo, por uma das gravadoras independentes mais importantes da América, a Fat Possum Records. Eles estão conquistando espaço considerável na imprensa especializada, tocando em tudo quanto é festival (se apresentaram recentemente no famoso Glastonbury), se tornando hype quase que da noite pro dia. E dá pra compreender porque eles estão dando o que falar.


Enquanto na cena musical americana e européia (principalmente a inglesa) há um resgate da música pop oitentista, com um vasto uso de sintetizadores, o Yuck vai na direção contrária, apostando na funcionalidade prática e crua da equação vocal, guitarras, baixo e bateria. Assim como os nova-iorquinos do Pains of Being Pure at Heart, eles trazem de volta a cena independente inglesa e americana do final dos anos 80 e década de 90, de bandas como Ride, My Bloody Valentine, Yo La Tengo, Superchunk e todo o cenário musical efervescente daquela época.

A abertura do disco fica por conta de “Get Away”, uma canção caracterizada pela massa sonora da guitarra distorcida e por sua linha de baixo simples e bem pontuado, um pop assoviável com pitadas de sujeira. Passeando pelo disco, você descobre que o Yuck não é um mero arremedo; tampouco saudosista. Há uma clara referência de bandas de outrora, como na faixa “Georgia”, por exemplo, que nos remete ao shoegazer do Ride e My Bloody Valentine, mas com o doce vocal de Ilana Bloomberg a música se eleva a outro patamar, imprimindo o toque autoral do grupo. A vibrante “Holing Out” nos lembra de Superchunk, o som americano sempre presente. O ponto alto do disco é a ótima “Operation”, com as guitarras de Daniel Blumberg e Max Bloom em perfeita sintonia com seus riffs grudentos, é quase impossível não sair pulando por aí ao som dessa música. Pra fechar bem o disco, os sete minutos da etérea “Rubber”, uma catarse à la Mercury Rev.

O Yuck é uma banda promissora, que pode ir além mais do hype criado em torno deles. Talvez seja muito cedo pra dizer que este trabalho é um dos melhores discos do ano, mas certamente é a banda revelação de 2011 pois trouxe uma lufada de ar renovável no clima rarefeito e estagnado da cena musical indie.

Rafael de Paula Costa – Apaixonado por música



YUCK Yuck - 2011 - 320 kps - 104 mb - 12 cancionetas
<<< d >>>

<<< videodrome: clipaiada brazuca >>>

Blubell (foto de Diana Basei)

Galera: largo ae um punhado de clipes estilosos (só produças clásse!) de novos artistas brazucas que valem demais uma conferida: Bluebell, Nevilton, Alarde, Apanhador Só e Banda Gentileza. Não sei se eles andam frequentando a telinha da MTV (a anteninha de déi-real lá na TV da sala não me permite assistir nada a não ser chuvisco...), mas bem que mereciam estar em alta frequência no dial da emissora. Aliás, sou desses quase-tiozões que curtiu horrores a MTV na era do Grunge, do Beavis & Butthead, do Gás Total e do Labo B, nostálgico da época-maravilha quando Gastão Moreira, Fábio Massari e Soninha Francine eram presenças marcantes num canal que conseguia soar alternativo e transgressor; depois peguei um asco danado do aburguesamento e showbussinezação da MTV e deixei de prestar às minhas retinas o desserviço de fazê-las assistir aquele amontoado de besteirol americanizado... cansei também daquelas carradas de linguagem publicitária frenética, daquelas coloridices enjoativas e daquelas "musas" plastificadas e siliconadas fabricadas para delírio da classe média consumista. A Era do Youtube nos salvou disso: não é mais preciso esperar passar o que queremos ver: é só correr direto ao pote. E sem intervalos comerciais! Aliás, o fenômeno dos curitibanos A Banda Mais Bonita da Cidade, com seus mais de 6 MILHÕES de views em pouco mais de 1 MÊS desde o lançamento do clipe de "Oração", é indicativo suficiente de que a cibercultura está reconfigurando intensamente a lógica mercadológica do video-clipe e que daqui pra frente o cyber-espaço possui um potencial fantástico em relação os meios tradicionais de obtenção da glória (ainda que infame). E o melhor de tudo: a produção de conteúdo está nas mãos da massa, ao invés de centrada nas mãos da grande mídia. Devaneios sociológico-mcluhanianos à parte, assistam ae a seleta de clipes e... qualquer dia voltamos com mais uma edição do Videodrome!









terça-feira, 21 de junho de 2011

<<< Dona Zica, Manda a Urucubaca Pra Lá! >>>


por ARTHUR NESTROVSKI,
no livro "OUTRAS NOTAS MUSICAIS"
(Publifolha Editora, pg. 411 e 412)

Eles são bonitos, arrojados, exasperados e desabusados, e seu segundo disco cai no chão da nossa música como um meteoro. Já era de se esperar algo do gênero, passados dois anos do primeiro disco do DonaZica, Composição. Mas ninguém poderia prever esse Filme Brasileiro, que saiu em 2005 na série CD 7 (CDs mais baratos, com sete músicas).


Só quem viu DonaZica ao vivo pode avaliar do que o noneto é capaz. Musicalmente a mistura já é explosiva, combinando vertentes que vão da música eletrônica à bandinha de coreto, de Jorge Ben Jor a Arrigo Barnabé, de Itamar Assumpção a Tom Zé, rap, rock e Mário de Andrade. Em cena, a combinação ganha acentos estrambóticos, que atualizam as invenções performáticas da canção tropicalista, uma geração depois das reinvenções da vanguarda paulista.

Em disco, a questão se traduz em outro campo - precisamente para este meio, o disco, afligido por crises mais ou menos apocalípticas segundo a ótica do profeta. Filme Brasileiro é mesmo um exemplo do que pode representar um disco, confrontado com as pulverizações da música pela internet. O disco, no caso, é uma obra, composta por sete canções, ou sete cenas, ou como que se queira chamar as partes do todo. E o disco tem uma ideia, que faz de cada canção um reflexo enriquecido das outras.


"Relaxe", começa a letra da primeira música, parceria de Iara Rennó com Alzira Espíndola. "Bicho-papão não dá medo a ninguém" - e a gente bem pode imaginar o que não virá pela frente, sob os augúrios de uma figura repetida no baixo (alternando compassos quaternários e ternários, à maneira de Itamar), junto com a bateria curta e funda e as econômicas figuras do contraponto na flauta (dobrada), aos quais se somam intervenções de um triângulo de baião e suspiros de moça. Isso tudo nos primeiros 50 segundos de música, o que dá a medida do engenho em evidência do começo ao fim do disco.

Ressalte-se o engenho da gravação, outra arte do disco como disco. Quando as três musas cantam "segure-se", as vozes vêm e vão de vários pontos, sibilinamente sedutoras nos seus "ss". Cada detalhe é pertinente, até para confirmar, onde preciso, a sua justa impertinência; e cada canção se resolve segundo leis que cria para si.


Para usar uma terminologia de Tom Zé: não são, de modo geral, canções 'contemplativas', canções de beleza, mas muito mais canções 'cognitivas', que provocam e fazem pensar. "Quem cozinhou o Brasil?", pergunta serenamente Andreia Dias. "500 anos de ilusão e feijão", continua ela, a caminho dos desabusos: "Passou de mão em mão", "comeu com goiabada e marmelada", "descobriu a cura que cura nada", até a uzynozônica "Quem descobriu o Brasil? / Pegou no teu pau-/ Brasil", onde a separação dos versos crava toda uma arte da ambiguidade.

Esse é um disco dos filhos do Brasil, não só porque Iara é filha de Alzira Espíndola, e Anelis Assumpção de Itamar, mas porque a questão da gênese se deixa adivinhar por trás de tudo. Neste Filme Brasileiro, cabem vanguardas e atavismos de várias extrações, que o DonaZica combina como ninguém, na esperança de um final desconhecido.

(10.12.05)



Composição (2003)
http://www.mediafire.com/?uhbmbbssqoern27

Filme Brasileiro (2005)
http://www.mediafire.com/?co1doj2pk96nq87

segunda-feira, 20 de junho de 2011

<<< Festival FDE-Goiânia: Sabadão no Cererê! >>>


O Circuito Fora do Eixo completou em 2011 cinco anos de idade. E muito bem vividos. Hoje, como aponta com justiça a minuciosa matéria da Revista Trip, o FDE é uma "poderosa organização capaz de realizar mais de 5 mil shows ao ano, em mais de 100 cidades". Mais uma prova da frutífera jornada de todos os ativistas culturais reunidos sob o guarda-chuva do Fora-do-Eixo é a realização, em 4 metrópoles brasileiras, do Festival Fora do Eixo, que terá edições no Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO).

Neste sabadão, 25/06, o Centro Cultural Martim Cererê será o point: 18 bandas sobem ao palco na edição goianiense do Festival FDE, incluindo atrações de fora-do-Estado como o rapper paulista Kamau, os brasilienses Brown-Há e Besouro do Rabo Branco, os sul-mato-grossenses Os Corleones (de Campo Grande). O cardápio também está recheado de bandas goianas do primeiro escalão, como o Mugo (que está finalizando a gravação de seu 2º álbum), o Gloom (que recentemente teve a honra de abrir o show de Manu Chao no FICA, numa noite em que o público foi de cerca de 32 mil pessoas!) e os redivivos Rollin' Chamas - entre muitos outros.

O ingresso sai pela pechincha de 10 pilas reais para quem chegar até às 17h (R$15 a partir daí), e os 100 primeiros a chegarem, desde que sejam maiores de idade, faturam de brinde uma cerva Devassa bem gelada. Hey Ho?

Aurora Rules, um dos destaque do Festival FDE-Gyn

FESTIVAL FORA DO EIXO - EDIÇÃO... GOIÂNIA
25/06
/2011
16 hrs
Centro Cultural Martim Cererê

Programação:
03:00 - Kamau(SP)
02:20 - Rollin Chamas
01:40 - Hellbenders
01:00 - Mugo
00:20 - Evening
23:40 - Banda Uó
23:00 - Gloom
22:20 - Brown-há (DF)
21:40 - Riverbreeze
21:00 - Os Corleones (MS)
20:20 - Passarinhos do Cerrado
19:40 - Ivo Mamona X MC Dyskreto
19:00 - Besouro do rabo branco (DF)
18:20 - Antes do Fim
17:50 - The Bohemians
17:20 - Aurora Rules
16:50 - Overfuzz
16:20 - All Sharks Massacre
16:00 - Abertura dos Portões


R$ 10,00 nos postos de vendas e até as 17 hrs no local.
R$ 15,00 após as 17 hrs.

Posto de venda: Fábrica Cultura Coletiva, Hocus Pocus e Ambiente Skate Shop
Realização: CAFE GO; A Construtora Música e Cultura; Circuito Fora do Eixo
Apoio: Fósforo Cultural e Coletivo Pequi

sexta-feira, 17 de junho de 2011

<<< Breve Seleta de Reflexões Calligáricas Bacanas >>>


“Será que há ainda uma comunidade dos fiéis de um mesmo Deus? Meu deus permite o aborto em alguns casos, aceita o Ogino-Knauss, o diafragma e a pílula; o teu não quer nada com preservativos, mas aceita as mulheres ordenadas padres; aquele do papa não quer mesmo nada de tudo isso. O teu é de esquerda, o meu é de direita... deus mudou. Não é mais o fiador simbólico da tradição que fundava uma comunidade, mas o nome comum dos interlocutores imaginários de cada um. É meu deus privado. A cada um, o seu... O deus dos indivíduos da modernidade, em suma, é um telefone celular narcísico. Dele, sempre disponível, espero o conselho que de fato quero dar a mim mesmo. Ele é cortado sob medida: em caso de luto, se a ressureição não bastar, oferece a reencarnação ou a comunicação espírita; em caso de pobreza, o discurso da montanha; em caso de doença, por que não algo hindu ou budista?”
* * * *

“...os meios de comunicação de massa tentam oferecer a seus espectadores, em primeiro lugar, as imagens nas quais estes mais querem se espelhar. Talvez por isso mesmo, aliás, nossa relação com a mídia seja facilmente paranóica. De fato, as imagens que eles nos apresentam, para que possamos refleti-las como tantos espelhos, acabam nos perseguindo. É em relação a elas que medimos nossa inadequação; elas constituem um assíduo e frustrante dever. Na ausência de princípios reguladores, são a versão moderna do que a psicanálise chamava de superego.

...o desconforto de uma sociedade reunida ao redor de estereótipos imaginários comuns é que esses sempre se tornam persecutórios. Nunca conseguimos ser, seja qual for nossa sorte, tão ideais quanto os clichês de sucesso, felicidade e aventura que a cultura nos propõe... os ideais que são propostos vêm juntos com a obrigação de imitá-los, de realizá-los. Portanto, eles nos perseguem como modelos impossíveis de serem alcançados...

Claro que sabemos que os heróis da tela nunca morrem, que seus automáticos estraçalham e param os carros, assim como sabemos que, na realidade, quebrar um vidro a socos dói, como doem as balas dos outros. Mas até onde queremos ser lembrados? (...)

Vivemos em um mundo onde talvez a subjetividade só encontre consistência pelas imagens que o repertório midiático nos propõe como amáveis (não tanto por nós, mas pelos outros). A cada esquina nos deparamos com espelhos invertidos que não nos refletem: são imagens pintadas que nos delegam paradoxalmente a tarefa de refleti-las."

CONTARDO CALLIGARIS,
Crônicas do Individualismo Cotidiano
(Ática, 1996)


[+] entrevista p/ TRIP ::: no provocações do abujamra ::: no programa roda viva (tv cultura) ::: explicando a adolescência.

Amanhã (18/06), lá no XIII Festival Internacional de Cinema Ambiental (enfim vou conhecer a antiga capital do estado de Goiás!), vai rolar muita coisa bacana: o Contardo palestrando e lançando seu novo livro (a partir das 17h30, no Cine Teatro São Joaquim); antes, às 15h, na Mostra de filmes do Arnaldo Jabor, o crássico do cinema brazuca "Eu Sei Que Vou Te Amar" (com interpretação magnífica da Fernandinha Torres!); às 20h tem "O Casamento" e às 22h o "Toda Nudez Será Castigada" (ambos do Jabor, o último uma adaptação de Nelson Rodrigues); e de noitinha, pra fechar o dia, showzito do Manu Chao (com abertura do Gloom). Banquete!!!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

<<< Manu Chao (e Mano Negra) >>>


"O mais urgente é frear a loucura do Sistema"
, brada um irrequieto Manu Chao às câmeras de Vozes Contra a Globalização, um dos melhores documentários televisivos dos últimos anos. Ali, na companhia de pensadores do quilate de José Saramago e Eduardo Galeano, Chao escancara sua oposição ao capitalismo neo-liberal pseudo-democrático. "Não vivemos numa democracia, mas sim numa Ditadura do Dinheiro" e "Quem 'votou' pela Guerra do Iraque foram os acionistas das petrolíferas texanas" são algumas de suas (plausibilíssimas) teses. Profetizando que o Sistema há de cedo ou tarde entrar em colapso, por ser inviável a longo prazo e por exacerbar tensões e desigualdades sociais, bate o martelo: "este neo-liberalismo selvagem não é uma proposta de futuro".


É este o "espírito" que anima a arte de Chao: uma tendência anti-corporativa e anti-imperialista, inspirada por ícones como Che Guevara e o Subcomandante Marcos (do movimento Zapatista mexicano). Há um esforço consciente de se contrapor ao império G8-FMI-Banco Mundial e os subservientes politiqueiros que são seus paus-mandados. De modo que a música de Chao (tal qual a do Mundo Livre S.A., nas bandas de cá...) acaba por unir inseparavelmente a contra-cultura e o ativismo político. O horizonte de que "um outro mundo é possível", mote alardeado aos sete  ventos pelos movimentos sociais a partir do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em 2001, é o fio condutor que une as "miríades de fronts de resistência" (nas palavras de Jean Ziegler) que combatem a "face atual do capitalismo": o neoliberalismo.

"Um outro mundo não é somente possível, é necessário", afirma Galeano.  E "necessário" não no sentido fatalista de que "virá de qualquer maneira, não importa o que façamos ou deixemos de fazer". "Necessário" no sentido de vital e indispensável: ou construimos este outro mundo, ou, para falar sem pudores, como faz Manu Chao, "tudo irá para o caralho".


Afinal de contas, hoje há neste nosso planetinha cerca de um 1 bilhão e 200 milhões de pessoas que sobrevivem (ou não...) com renda de menos de 1 dólar por dia. Cerca de 35 mil crianças morrem todos os dias por causa da desnutrição ou de doenças relacionadas à penúria extrema. Enquanto isso, prosseguem os lucros estratosféricos das grandes multinacionais, com destaque para as petrolíferas (em 2008, a Exxon Mobil lucrou mais U$45 BILHÕES e a Shell mais de U$26 BILHÕES!). Sim: todos os povos do mundo estão convidados para a "Festa da Globalização", mas a maioria deles vai ter que entrar pela porta de serviço.

* * * * *

Pode parecer bizarro que um homem tão "multi-cultural" quanto Chao - nascido na França, de pais espanhóis, altamente viajado (inclusive por toda a América Latina), poliglota capaz de cantar em 7 línguas... - seja um bastião de resistência contra a Globalização. Ora, mas este legítimo cidadão global e cosmopolita que é Chao protesta não contra o multicuturalismo (o intercâmbio artístico, intelectual e criativo entre os povos do mundo), mas contra a imposição global de um modelo econômico que invade e devasta culturas milenares com seus outdoors, sua junk-food e suas multinacionais.

A biografia da AMG destaca o forte ingrediente world music do Mano Negra, banda outrora capitaneada por Chao: "Multilingual and decidedly multicultural, but with an edge heavily influenced by the punk rock of the Clash, Mano Negra seemed comfortably at home anywhere, be it North Africa or North America...". Ao mesmo tempo inspirada no The Clash e precursora do Planet Hemp, a Mano Negra (nome inspirado numa organização anarquista espanhola) juntava música tradicional francesa, espanhola e latina (com certas pitadas de hip hop) fazendo uma eclética gororoba típica da fase mais makulelê (de London Calling a Sandinista) dos clash-city-rockers.

Gibizim Francês

Em sua carreira solo, Chao prosseguiu na abordagem multi-cultural e anti-neo-liberal: seu grande hit, o folk vira-lata e despojado "Clandestino", relata a dura sina dos imigrantes ilegais que são obrigados a abandonar seus lares em busca de trabalho a centenas (ou milhares) de quilômetros de distância. É uma canção que encontra profunda ressonância na alma das multidões que atravessam, dia a dia, La Migra (a fronteira entre o México e os EUA), ou que velejam pelo Mediterrâneo, saídos da África ou do Oriente Médio, buscando melhores dias na Europa. "A fome vem, o homem se vai", canta Chao.

Em Vozes Contra a Globalização, Chao mostrou ter profundo conhecimento prático sobre essas realidades, destacando que para as mega-empresas, sedentas por reduzir os custos de produção e turbinar ainda mais seus ganhos, é excelente negócio empregar com salários de miséria alguns gringos desperados, ainda que à custa do aumento do desemprego dos nativos e da exacerbação de conflitos e xenofobias (como ocorre, por exemplo, na França de hoje em dia, com um fantasma chamado Le Pen assombrando o cenário político....). 

Em suma: considero que a música de Manu Chao ganha muito se for ouvida tendo todo este contexto em mente. (E ganha bastante, também, se o ouvinte for adepto de uma consciência cannabicamente esfumaçada, o que auxilia demais a... hmmm... deleitação intuitiva da obra).

No próximo dia 18 de Junho, estarei lá no show do cara na Cidade de Goiás, durante o XIII FICA (Festival Internacional de Cinema Ambiental) - que recebe ainda Maria Rita, Rita Lee e vários artistas goianos bacanas - e volto logo mais com relatos e impressões direto do front. Enquanto isso, a quem interessar possa, disponibilizamos abaixo vasto material para quem quer contestar a pseudo-Ordem neo-liberal ao mergulhar nos Chaos!

E aí: nos vemos lá no FICA?


CLANDESTINO
http://www.mediafire.com/?z0sdh5b9kn0c7rz
LA RADIOLINA
http://www.mediafire.com/?2bf8fch2dh2afr3
PRÓXIMA ESTACION... ESPERANZA
http://www.mediafire.com/?csbbqj4njqqx4nv
CASA BABYLON
http://www.mediafire.com/?8avf6y6hceb86ov
THE BEST OF MANO NEGRA
http://www.mediafire.com/?639jlkko5no895l

terça-feira, 14 de junho de 2011

<<< A Usina de Belo Monte e o Ameaçado Pulmão do Mundo >>>



Eliane Brum, na Revista Época:

"Se você perguntar para qualquer pessoa na rua ou numa festa de família, ela vai enfaticamente dizer que a Amazônia é nossa, é o pulmão do mundo, é importantíssima. Mas, na prática, vai testemunhando a devastação da floresta pelo noticiário enquanto toma um pingado ou uma cerveja. Porque a Amazônia, para a maioria, não passa de uma abstração.

Uma floresta meio mitológica e longe, muito longe – não digo distante como Marte, mas muito mais distante do que Miami, Cancun ou mesmo o deserto do Atacama ou a Patagônia, destino dos que se consideram um pouco mais aventureiros. Até porque a Amazônia real exige força de espírito, uma entrega ao incontrolável da vida. A relação me lembra da inauguração do Animal Kingdom (Reino Animal), parque temático da Disney, nos anos 90, em que as crianças presentes ficaram profundamente entediadas porque os leões de verdade não falavam com elas nem faziam show aeróbicos, mais preocupados eles mesmos em dormir de tédio naquela selva de mentira.

Fico me perguntando: por que a discussão do novo Código Florestal não mobiliza multidões em vez dos mesmos de sempre? Ou por que o povo não protesta pela aprovação açodada da usina de Belo Monte, concedida pelo Ibama neste início de junho mesmo sem que o consórcio tenha cumprido todas as exigências, num processo claramente atropelado desde o início? Tão atropelado que já gerou no passado o pedido de demissão do responsável pelo licenciamento no Ibama, que saiu denunciando que não suportava mais a pressão.

Está em curso a aprovação de um Código Florestal que contraria o bom senso ao anistiar desmatadores, entre outras liberalidades, e que representa um retrocesso na política ambiental do país em um momento crucial para o Brasil. Isso dito não por mim – mas por gente que dedicou a vida a estudar o tema. E ninguém faz passeata nas capitais.

A bacia do Xingu, onde o governo quer construir a usina de Belo Monte, é a moradia de 28 etnias indígenas, 440 espécies de aves, 259 de mamíferos e 387 de peixes. A obra vai deslocar pelo menos 20 mil pessoas de suas casas e outras 100 mil poderão migrar para uma região conhecida pelos conflitos de terra. O lago ocupará uma área equivalente a um terço da cidade de São Paulo. Como afirma Marina Silva em artigo, a previsão é de que algo em torno de 210 milhões de metros cúbicos, só um pouco menos que o volume subtraído para a construção do Canal do Panamá, seja retirado para a escavação dos canais. Sem contar a duvidosa viabilidade econômica do megaprojeto tocado pelo consórcio Norte Energia, que já sofreu várias desistências. Nem se sabe direito quanto a obra vai custar, já que os cálculos mudam a todo momento. Seja você contra ou a favor ou mesmo sem opinião formada, há de concordar que uma obra desta proporção, que vai alterar todo o ecossistema de uma região vital para o país e para o planeta, não pode ser construída sem cuidados rigorosos e respostas claras."

sexta-feira, 10 de junho de 2011

<<< He not busy being born is busy dying >>>


"And if my thought-dreams could be seen
They’d probably put my head in a guillotine
But it’s alright, Ma, it’s life, and life only"

Bob Dylan e Allen Ginsberg diante do túmulo de Jack Kerouac: que bela imagem! São três dos centro-avantes mais artilheiros que já marcaram gols-de-placa nos campos verdejantes da literatura norte-americana, balançando as redes com seus certeiros pontapés de poesia beatnik. Mestres de uivos místicos, protestos líricos, rupturas contra-culturais, sugestões de novas vias. Três poetas audazes que viveram a dar dribles desconcertantes pra cima dos cintura-dura repletos de autoridade.

Metáforas futebolísticas infames à parte, queria hoje "viajar" um pouco sobre um mistério que me intriga: Bob Dylan e seu impacto cultural tão tremendo. Ainda não li nem um terço dos livros que estão sendo publicados sobre ele (com destaque para a biografia do Howard Sounes e a do Greil Marcus), mas me parece já assentado que, dentre os compositores da música popular, Dylan talvez seja o único cujo domínio sobre o Verbo e dom poético é realmente descomunal em relação ao "resto". (Heterodoxa definição do gênio: aquele que transforma outros artistas em resto.) Eu mesmo, que me encanto há anos com o poder do verbo dylanesco - especialmente da fase que vai de Freewheelin' a Desire (1963 a 1976), com destaque supremo para aquela magnífica Trilogia Bringin' It All Back Home - Highway 61 - Blonde on Blonde - não acharia nada absurdo que ele fosse laureado com um Nobel de Literatura (ao qual, aliás, já foi indicado algumas vezes).



Seu poder, me parece, emana sobretudo de sua poesia. A voz anasalada (e hoje já embargada e quase estragada) do velho Zimmermann, com seus 70 anos de idade completados neste 2011, não é lá grande coisa quando comparada à de um Sinatra ou uma Ella Fitzgerald. Suas melodias tampouco eram tão imediatamente memoráveis quanto as de Lennon & McCartney. Muitos tinham mais presença de palco que ele, eram ou mais performáticos, ou mais coloridos, ou mais brilhantes de glitter, ou mais esfarrapados e vira-latas. Bowie era bem mais excêntrico, Iggy era bem mais selvagem, Springsteen bem mais enérgico... E ele? O que é que Dylan tinha demais? O que o distinguia de todos os seus contemporâneos? Por que foi entronado como um ícone cultural desse tamanhão? Como pôde ser transformado em mito sem nem precisar da morte, a grande mitificadora? 

Não conheço resposta melhor que esta: foi a poesia. Difícil acreditar que a poesia possa tudo isso? Mas quem foi o miserável que inventou a mentira abominável de que a poesia é algo... impotente? Que ideia pouquíssimo poética, digna de burocratas! Os maiores poetas são aqueles que, justamente, acreditam na potência da poesia. Sabem que palavra não é uma coisa à toa, uma bestice sem relevância, um punhado de fonemas que se dissolve ao vento. Sabem que palavras mudam consciências, animam sentimentos, despertam entusiasmos, apontam estrelas. Sabem que falar é agir, e que a palavra cantada (melodizada, rimada e ritmada) talvez haja com ainda maior eficácia e impacto do que aquela aprisionada no papel. O grande poeta sabe que discursos movem e comovem. Que são instrumentos de transformação (inclusive social, política, cultural). Que não há revolução silenciosa.


Lembremos as palavras de Leminski, talvez o poeta brazuca mais próximo dos beatniks, que diz muito melhor do que eu saberia aquilo que estou tentando expressar: "não sei se todos os povos amam seus cientistas, mas todos os povos amam seu poetas", diz o lírico curitibano. Pensem no amor dos gregos por Homero, ou dos romanos por Virgílio, dos italianos por Dante, dos ingleses por Shakespeare, ou dos franceses por Hugo... (o funeral de Victor Hugo em Paris,1885, com 2 milhões de parisienses nas ruas: que prova mais comovente do amor dos povos por seus poetas!). "No Brasil, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento e seus parceiros: os poetas são amados por milhões. Por que os povos amam seus poetas? É porque os povos precisam disso: os poetas dizem coisas que as pessoas precisam que sejam ditas. O poeta não é um ser de luxo, não é uma excrescência ornamental da sociedade... Ele é uma necessidade orgânica de uma sociedade! Ela precisa da loucura deles para respirar: é através da loucura dos poetas, da ruptura que eles representam, que a sociedade respira!" Muito bem dito, Leminski!

O funeral de Victor Hugo, Paris, 1885. 2 milhões de franceses nas ruas.

Impossível explicar o fenômeno Dylan sem isto: o amor dos povos pelos poetas. Dylan não foi somente um leal aprendiz de Hank Williams, Woody Guthrie, Leadbelly, Robert Johnson... ele bebeu, e em doses aparentemente dignas de “porre”, em John Steinbeck, F. Scott Fitzgerald, Herman Melville, Ezra Pound, Walt Whitman, T.S. Eliot, Arthur Rimbaud... Foi um experimentador lingüístico de marca maior, quase o equivalente de James Joyce ou o William Faulkner na música (vejam "It's Allright Ma", o Finnegan's Wake do pop!). Sabia entregar-se ao fluxo-de-consciência e lançar cacos de imagens poéticas desconexas ao papel; flertava com o surrealismo e o Dadá (“Ballad for a Thin Man”); sabia escrever biblicamente como um Milton (“Gates of Eden”), mas também sabia ser pé-no-chão e indignado, feito um Brecht norte-americano (“Blowin' in The End”, “A Pawn In Their Game”, “The Times They Are A-Changin'"...). Dylan é o tipo de escritor que não tinha medo de tarântulas, não ia com a cara dos senhores da guerra e não era profeta de nenhuma verdade eterna, mas somente da inelutável mudança.

O grande poeta não é aquele cujo livro está repleto de bonitezas, versinhos agradáveis, flores de plástico; o grande poeta é aquele cujas palavras estão na boca do povo (ou na goela, engasgados; ou no coração, ainda vagas e disformes, carentes de ordem e ímpeto...). É aquele que expressa aquilo que multidões gostariam de dizer mas não conseguem (por não saberem como formular, por não terem voz para bradar...). Um grande verso poético é aquele cuja mensagem ou imagem é tão memorável que torna-se parte de nosso ser, incorporado ao nosso cérebro, inserido no nosso repertório de sentido, nosso cardápio de encantos... Pois a vida só é vivível se pudermos enxergar nela alguma beleza. O grande poeta faz com que sintamos a beleza da vida, que talvez ele mesmo tenha ali posto. Talvez a tenha simplesmente encontrado, como uma moedinha de ouro perdida entre as rachaduras da calçada. Vai ver uma grande poeta é simplesmente alguém que se dá conta de uma beleza invisível, que os outros passam ao largo sem ver, cegos ao seu feitiço. O poeta não está indo a lugar algum, mas nos ensinando a estarmos onde já estamos: professor da arte de estar presente à presença presente de tudo, ele não mais vê o aqui-e-agora como mero chão de passagem. O presente, para ele, torna-se campo de pouso e palco de tudo.

 * * * * * *

(Abaixo: a trilha sonora de I'm Not There, o filme de Todd Haynes, que traz canções de Dylan interpretadas por muita gente bacana. Ouçam no talo e atentos às palavras e seus encantos! Cheers!)

  1. Eddie Vedder & The Million Dollar Bashers – All Along The Watchtower
  2. Sonic Youth – I’m Not There
  3. Jim James & Calexico – Goin’ To Acapulco
  4. Richie Havens – Tombstone Blues
  5. Stephen Malkmus & The Million Dollar Bashers – Ballad Of A Thin Man
  6. Cat Power – Stuck Inside Of Mobile With The Memphis Blues Again
  7. John Doe – Pressing On
  8. Yo La Tengo – Fourth Time Around
  9. Iron & Wine & Calexico – Dark Eyes
  10. Karen O & The Million Dollar Bashers – Highway 61 Revisited
  11. Roger McGuinn & Calexico – One More Cup Of Coffee
  12. Mason Jennings – The Lonesome Death Of Hattie Carroll
  13. Los Lobos – Billy 1
  14. Jeff Tweedy – Simple Twist Of Fate
  15. Mark Lanegan – Man In The Long Black Coat
  16. Willie Nelson & Calexico – Señor (Tales Of Yankee Power)

    DOWNLOAD CD 1
    : http://www.mediafire.com/?mjkpc7665s01qxo


  17. Mira Billotte – As I Went Out One Morning
  18. Stephen Malkmus & Lee Ranaldo – Can’t Leave Her Behind
  19. Sufjan Stevens – Ring Them Bells
  20. Charlotte Gainsbourg & Calexico – Just Like A Woman
  21. Jack Johnson – Mama, You’ve Been On My Mind / A Fraction Of Last Thoughts On Woody Guthrie
  22. Yo La Tengo – I Wanna Be Your Lover
  23. Glen Hansard & Markéta Irglová – You Ain’t Goin’ Nowhere
  24. The Hold Steady – Can You Please Crawl Out Your Window?
  25. Ramblin’ Jack Elliott – Just Like Tom Thumb’s Blues
  26. The Black Keys – Wicked Messenger
  27. Tom Verlaine & The Million Dollar Bashers – Cold Irons Bound
  28. Mason Jennings – The Times They Are A-Changin’
  29. Stephen Malkmus & The Million Dollar Bashers – Maggie’s Farm
  30. Marcus Carl Franklin – When The Ship Comes In
  31. Bob Forrest – Moonshiner
  32. John Doe – I Dreamed I Saw St. Augustine
  33. Antony & The Johnsons – Knockin’ On Heaven’s Door
  34. Bob Dylan With The Band – I’m Not There

    DOWNLOAD CD 2
    : http://www.mediafire.com/?g8xwnkmtwf2ll2b


quinta-feira, 9 de junho de 2011

<<< Screamadelica (Primal Scream, 1991) Documentado! >>>



"Primal Scream’s seminal album Screamadelica was released in 1991, and synthesized the band’s rock ‘n’ roll roots with the dance culture of that time; for many, the album’s sound and imagery came to be regarded as quintessential symbols of the acid house era, perfectly catching the spirit and mood of the early 90s. Using rare archive footage and special performances, this film tells the story of Screamadelica and its hit singles and dance anthems "Loaded", "Movin’ On Up", "Come Together" and "Don’t Fight It, Feel It". From the formation of the band in Glasgow to winning the first-ever Mercury prize, the band members explain the record’s inception with insights from main producer Andrew Weatherall, Creation Records founder Alan McGee and many others involved with or inspired by this joyful record. Screamadelica both defines a generation and transcends its time, and is a true Classic Album."

Descolei lá no Documentary Heaven,
site supimpa que o M. Camelo recomendou
naquela entrevista pra R. Noize #42.
<<< sô pirata (sem pudor!) >>>

terça-feira, 7 de junho de 2011

<<< McKenna for Dummies >>>

A primeira definição que me ocorre para esta criatura indefinível que foi Terence McKenna (1946-2000) é esta: o cara é a mais arrojada encarnação no cenário intelectual da Contracultura Psicodélica Hippie que nasceu nos anos 60. Claro que Timothy Leary fez mais barulho, que Ken Kesey escreveu um livro mais clássico e que na música houveram muitos inovadores radicais (penso especialmente em Hendrix) que causaram muito mais impacto popular do que ele. Mas quando a "onda" é uma reflexão abissalmente profunda sobre a Experiência Psicodélica, os malefícios do Capitalismo Consumista e a necessidade premente de uma Revolução Percepcional que coloque nossas mentes sob nosso controle, descondicionando-a dos ditados de governos pastores e publicitários, poucos chegaram perto do que expressou McKenna.

Célebre comedor-de-cogumelos e explorador de selvas amazônicas e shaman ayahuasqueiro e cosmonauta da galáxia da mente, dentre outras viagens menos verbalizáveis, Terence McKenna conseguiu sintetizar um vasto conhecimento nas áreas de antropologia, botânica, evolucionismo, ufologia, física quântica, xamanismo, artes plásticas, misticismo oriental, literatura de vanguarda e o caralho a quatro - e punha tudo a serviço de uma das mais radicais críticas-criativas dos "tiranos" de nosso tempo (e de nossa mente).

O Alimento dos Deuses (The Food of The Gods), talvez o livro mais clássico que ele escreveu, está na  minha seleta lista de obras fundamentais para quem se interessa pela problemática das drogas numa perspectiva mais ampla: não somente em relação à guerra entre o proibicionismo-repressor Estatal e os usuários lutando por descriminalização e liberdades de uso, expressão e culto (temática tão em voga com o lançamento dos documentários Cortina de Fumaça e Quebrando o Tabu e as várias Marchas da Maconha acontecendo pela América Latina afora), mas também na perspectiva do papel que as substâncias alteradoras da consciência jogaram no decurso da evolução biológica e social humana e dos magníficos potenciais que possuem para nos fazer enxergar o Universo, a sociedade e as relações humanas com novos olhos.
<<< download do e-book (em inglês) >>>

Abaixo, alguns vídeos ótimos para começar a explorar o Universo McKenna, com a transcrição de alguns de nossos trechos prediletos. Confira e dissemine!


"You don't have to be a victim of your culture

What's wrong with the operating system that we have, Consumer Capitalism 5.8 or whatever? It's dumb, it's retro, it's very non-competitive, it's messy, it wastes the environment, it wastes human resources, its inneficient, it runs on stereotypes, it runs on slow-sampling rates, makes everyone think they're alike when the glory is in everyone's difference...

The current operating system is flawed. It actually has bugs in it that generates contradictions.  We're cutting the earth from beneath our own feet. We're poisoning the atmosfere that we breathe. This is not inteliggent behaviour. This is a culture with a bug in it's operating system that is causing erratic dysfuncional, mal-funciotioning behavior. Time to call the tech. And who is the tech? The shamans are the techs!"




"What's really important is the FELT PRESENCE OF DIRECT EXPERIENCE. We have to stop CONSUMING our culture. We have to CREATE culture. DON’T watch TV, DON’T read magazines, don’t even listen to NPR. Create your OWN roadshow. The nexus of space and time where you are — NOW — is the most immediate sector of your universe. And if you’re worrying about Michael Jackson or Bill Clinton or somebody else, then you are disempowered. You’re giving it all away to ICONS. Icons which are maintained by an electronic media so that, you want to dress like X or have lips like Y… This is shit-brained, this kind of thinking. That is all cultural diversion. What is real is you, and your friends, your associations, your highs, your orgasms, your hopes, your plans, your fears. And, we are told No, you’re unimportant, you’re peripheral — get a degree, get a job, get a this, get that, and then you’re a player. You don’t even want to play that game. You want to reclaim your mind and get it out of the hands of the cultural engineers who want to turn you into a half-baked moron consuming all this trash that’s being manufactured out of the bones of a dying world."


"Inform yourself. Transcend and distrust ideologies. Go for direct experience. "

quinta-feira, 2 de junho de 2011

:: Tatoo Rock Fest (01, 02 e 03 de Julho) ::

mais uma ilustra do Bicicleta sem Freio

Ratos de Porão
(SP), Dead Fish (ES), Mombojó (PE), Black Drawing Chalks (GO), Hangar (RS), Crazy Legs (SP) e mais uma cambada de baderneiros tocam no VII Tatto Rock Fest, que rola no Centro Oscar Niemeyer nos três primeiros dias de Julho. Além das atrações musicais, a Convenção Internacional de Tatuagem e Piercing de Goiás contará com a presença de mais de 100 artistas nacionais e internacionais, workshops, palestras, pistas de skate e intervenções artísticas variadas. Este é um evento da Hiccup, produtora do Pedro (batera de uma das bandas mais foda de Goiânia: o Space Monkeys). Este recheado Julho goianiense ainda tem uma noite de Festival Fora do Eixo, no Martim Cererê, e uma noite mais de Bananada, no CCON. Hey ho?