segunda-feira, 30 de junho de 2008

Wander Wildner - La Canción Inesperada


Ser punk não é exatamente uma escolha; na maioria das vezes, é uma condição. Daí é possível entender a alegria de Wander Wildner em seu mais novo álbum, La Canción Inesperada. Ele, que transcendeu a botinada dos Replicantes quando se lançou em carreira solo e produziu o que chamou de punk brega, dá nova roupagem latina e festiva ao subversivo.

É fácil explicar o sorriso de Mr. Wildner – um pouco de Wando, um pouco de wild, segundo o próprio – porque só ele é capaz de continuar fazendo músicas absolutamente simples do ponto de vista técnico, que não se afastam em nada de suas raízes de três acordes, e sem precisar reinventar sua condição, vomitar criatividade no público.

Sua nova roupagem cancioneira não se afasta muito do ícone punk brega, já bem fincado no inconsciente dos fãs ardorosos. O mais interessante, no entanto, é que mais que se reinventar, Wander se autoreferencia, se assume, se escancara em boas novas músicas. Algo que Sérgio Dias, por exemplo, poderia estar fazendo com muito mais recursos técnicos e materiais.

Acompanhado de seus “comancheros”, explica que não vai consertar os dentes; aconselha que não congelem sua imagem, e escracha a via boêmia da sarjeta ao pedir que a garota lhe dê um bom motivo para não cheirar cola nessa noite. Entre a escolha e a condição, Wander decidiu ser feliz, como um pierrô bem-aventurado.


DOWNLOAD (mp3 de 128kps - 40MB):
http://www.mediafire.com/?5t4wlzgywim

domingo, 29 de junho de 2008

Morphine - Early To Bed

:: Morphine ::


:: MORPHINE, Cure For Pain (1993)

Meu Rito de Iniciação no Jazz
(uma resenha gonzo)
- por Eduardo Carli de Moraes -


Julho de 1999. Uma pequena banda americana de status cult subia ao palco na Itália ainda desconhecendo a armadilha que o futuro próximo lhe reservava. A incomum formação (batera, sax e baixão-slide de duas cordas) despejava sobre o público seu costumeiro jorro de música madrugadeira quando um dos membros do grupo foi atingido por um relâmpago cósmico daqueles de previsão sempre impossível. Por uma daquelas tragédias repentinas que despencam sobre cabeças humanas sem aviso prévio, Mark Sandman, 47, vocalista, baixista e letrista do Morphine, foi nocauteado por um ataque cardíaco. Saiu do palco em Roma e foi direto pro necrotério. Coisas da vida.

Devido àquela mania humana incurável de esperar que um certo sujeito morra para só então descobrir que ele prestava, foi somente após a morte de Sandman que a heróica Trama resolveu realizar os esforços necessários para presentear o defunto com um tratamento digno de seu legado. Todos os álbuns do Morphine caíram juntos nas prateleiras brasileiras: além dos 4 álbuns de estúdio (Good, Cure For Pain, Yes e Like Swimming), foram lançados também o póstumo The Night e o ao vivo Bootleg Detroit, possibilitando ao público brasileiro um conhecimento aprofundado da obra do finado trio. A dupla restante - Dana Colley e Bill Conway - juntou-se com uma nova vocalista e fundou nova banda, o Twinemen, que lançou seu álbum de estréia em 2003.

Meu primeiro contato com o Morphine se deu com esse Cure For Pain (1993, o segundo), um daqueles espécimes comprados totalmente "no escuro". Na época dessa compra (mazomeno 2000) eu estava ainda contaminado por certos preconceitos contra o jazz, produto das inevitáveis ortodoxias de um adolescente que não conseguia aprovar ninguém a não ser Papai Rock como monarca único na nação dos gêneros musicais. Jazz, sacumé, era música de velho, trilha sonora para asilos, uma desgraceira aborrecida onde não havia nada senão aquelas malditas cornetas assopradas em musiquinhas sonolentas... Jazz era palavrão. Foi somente pelo bem do meu Conhecimento Musical e da Expansão de Horizontes que decidi: vou comprar um disco de jazz. E fui de Morphine.

Minha expectativa de encontrar um grupo tranquilão e sonolento, provável escolha preferencial para curar insônias, foi rapidamente desvanecida quando a galopante linha de baixo de "Buena", a primeira faixa, estremeceu o ar. O vocalzão grave de Sandman, à la Nick Cave, entrou declamando uma letra sobre um demônio feminino, e o sax, de início discreto e envergonhado, se encorpou depois num solo de arrepiar... Bateu aquela surpresa: ENTÃO ISSO AÍ É QUE É JAZZ!? Cure For Pain, mesmo não sendo exatamente um disco de jazz, adquiriu pra mim um significado gigantesco como um ampliador de horizontes: serviu como uma ponte conduzindo meus interesses para além do indie, do punk, do grunge, do metau - do Rock em geral, enfim - e creio que possa realizar muitas benfeitorias semelhantes para quem ainda não passou por seu rito de iniciação no mundo do jazz. Sem o Morphine, eu provavelmente teria continuado por muito tempo a achar que Miles Davis, John Coltrane, Ornette Coleman e Donald Byrd, atuais prediletos da casa ouvidos em alta rotação, eram uns chatões que não mereciam atenção - sem nunca ter ouvido deles uma nota sequer.


Claro que pouca coisa no Morphine fase Cure For Pain e Yes, além da presença marcante do saxofone como instrumento protagonista, tem a ver com jazz, na acepção clássica da palavra. Essa música é puro rock and roll torporizado pelo excesso de whisky, construída com os arroubos de um inspirado saxofone que não teme fazer barulho e amparada por uma vigorosa seção rítmica minimalista. Músicas como "Sheila", "Thursday" e "Buena" são dotadas de um andamento rock and roller bem distanciado do costumeiro lenga-lenga do jazz tradicional. Viagens mais experimentais podem ser ouvidas, por exemplo, em "In Spite Of Me", uma baladinha baixa-fidelidade cantada aos sussurros sobre um dedilhado ágil no violão e no mandolin, ou nas duas faixas instrumentais, silenciosas e atmosféricas. E onde mais dá pra encontrar uma banda com suficiente moral pra plugar um sax num pedal wah-wah (!) e fazê-lo soar tão deliciosamente como no solo de "All Wrong"?

Mas o mais legal mesmo na música do Morphine é que ela nos afunda num universo todo particular. Assombrado por entidades femininas sensuais e tentadoras (muito provavelmente imaginárias, meras musas poéticas), Cure For Pain nos transporta para um ambiente sombrio de filme noir e que cheira a adultério, nicotina e crimes carnais... Um mundo de refúgios alcóolicos para noites invernais, devassidões inundadas com complexos de culpa, jogos de bilhar em salões decadentes, desmaios de porre em noitadas solitárias, serenatas sombrias que se estendem em bares suburbanos até a closing time, ascensões drogadas a outras dimensões... "Tenho uma cabeça com asas. A única coisa que mantêm minha cabeça conectada ao chão é um pequeno fio esquelético", diz "Head With Wings". Muito na música do Morphine sugere uma efêmera alegria que explode na noite fechada da mente devido à atuação de substâncias químicas. "Um dia ainda vão inventar uma cura para a dor / Esse é o dia em que vou jogar todas as minhas drogas fora", canta Sandman na belíssima faixa-título.

Não é à toa que ele chamou sua banda de Morfina: essa música é extremamente recomendada às veias de todos, lícita e socialmente aprovada, como um entorpecente musical que abre espaço para altos vôos mentais aliviantes. Morphine. Injete e ascenda.


DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 46MB):
http://www.mediafire.com/?qwu3myx0ghq

quinta-feira, 26 de junho de 2008

:: Jurassic 5 ::


:: JURASSIC 5Quality Control (2000) ::
- Fina flor do hip-hop estréia em disco cheio -

(por ALEXANDRE MATIAS, numa velha Showbizz)


Qual foi o último álbum de rap que lhe deu boas-vindas? Pois Quality Control, novo trabalho do Jurassic 5 (seu primeiro LP completo), começa prometendo mostrar ao ouvinte “diferentes maneiras de se sentir bem”. Recepção recomendada – se você é um dos poucos felizardos que botaram os ouvidos no EP de estréia da banda, em 1998, deve ter uma noção do tipo de prazer auditivo que lhe espera. Vindo da cidade que deu ao mundo o câncer chamado gangsta rap (Los Angeles), o J5 usa “velhas táticas para fazer acontecer” (como cantam no funk manhoso de “W.O.E. Is Me”) e buscam nos princípios básicos do hip-hop motivos para existir. Como a segunda vinda de um tão esperado messias do gênero, os quatro Mcs do grupo – cheios de suingue e presença – catam os mandamentos da rua, citando os “quatro elementos” (o DJ, o MC, o breaker e o grafiteiro) com rimas sossegadas, o que acende instantaneamente o sensor De La Soul. Mas a dupla Nu Mark e Cut Chemist (este, o melhor DJ de hip-hop do mundo) busca possibilidades inesperadas, fundindo tudo o que faça som com lógica e groove e fazendo o Jurassic 5 subir os degraus que o colocam como o melhor grupo de rap do ano 2000. Há mais de uma década o gênero não produzia iguaria tão fina. - NOTA: 10.

DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 79mb):
http://www.mediafire.com/?cmy4nppgzmx

terça-feira, 24 de junho de 2008

:: Metric ::

Minhas preces foram atendidas (é isso ae Lúcio, Deus existe!), Metric fará uma apresentação dia 28 de junho no Parque do Ibirapuera, junto com as bandas Fujiya & Miyagi e The Go! Team, no Festival Motomix, e o melhor de tudo é que o show será gratuito. Para celebrar, e para a galerinha chegar inteirada das músicas, estou postando todos os LPs, dois EPs e o DVD ao vivo ripado em mp3. Haja paciência para downloads.

A princípio, àqueles que não conhecem, recomendo Old World Underground Where Are You Now (2003) e Live It Out (2005) por serem os dois primeiros álbuns oficiais da banda e por representar o estilo sonoro que eles optaram por seguir. Grow Up And Blow Away foi gravado em 2001, mas, como demorou para ser lançado, foi engavetado e o quarteto preferiu estrear um LP com outro tipo de som, músicas menos açucaradas e um pouquinho mais de distorção numa roupagem indie-rock. Grow Up chegou às prateleiras no ano passado, destoando da linha atual da banda, lembrando um Portishead menos melancólico e mais pop (no melhor sentido do termo).

Para aqueles que já conhecem a banda há também os EPs e Singles, mais difíceis de se encontrar, e a gravação ao vivo lançada em DVD este ano (um ótimo aperitivo para o show de sábado). Agradeço ao blog musiqueindieegeste.blogspot.com/, onde encontrei os singles para download.

Ai vai:

Old World Underground Where Are You Now
http://www.mediafire.com/?zgem4oyj0f0

Live It Out
http://www.mediafire.com/?xtheizoiom2

Grow Up And Blow Away
http://www.mediafire.com/?2tbeijjmvy1



Live At Metropolis - Parte 1
http://www.mediafire.com/?ndnmnnhnzih

Live At Metropolis - Parte 2
http://www.mediafire.com/?evxxjzc2tbm


Mainstream - EP
http://www.mediafire.com/?mo2ei3lc3mg


Static Anonymity - EP
http://www.mediafire.com/?nvmaezummyv


Combat Baby Single
http://rapidshare.com/files/85758983/Metric__2003__Combat_Baby__SG_.rar



Monster Hospital Single http://rapidshare.com/files/82218948/Metric__2006__Monster_Hospital__SG_.rar


Poster Of A Girl Single http://rapidshare.com/files/85761623/Metric__2006__Poster_Of_A_Girl__SG_.rar

segunda-feira, 23 de junho de 2008

:: Yael Naïm - "New Soul" ::

ô musiquinha biitinha! =)
(ui.)

:: Grooverider ::


:: GROOVERIDERMysteries Of Funk ::

- Drum'n'bass do DJ segue firme e inovador -
(por MARCELO FERLA, numa velha Showbizz)

É uma lástima que o espancamento sonoro proporcionado pelo drum'n'bass de Djs como Grooverider se mantenha restrito, com raras exceções, a desfiles de moda e vinhetas televisivas no país do arerê. Moldada, entre outros, pelo próprio Grooverider, desde o final de década de 80, a mais retumbante e radical manifestação multicultural da era eletrônica tem em Mysteries of Funk mais um eloqüente registro de ecumenismo estilístico e desconstrução rítmica – em nome do ritmo. O primeiro disco do mentor do hardstep e parceiro de Goldie no Metalheadz tem doses letais de bateria sincopada e baixo ribombando no fundo do estômago, mas vai muito além da cartilha básica do estilo. Obra de profundo caráter evolutivo, alterna climas (soturnos, em “Where's Jack The Ripper”, ou beirando o etéreo, em “Fly To Me”), incorpora maciçamente o ambient e o jazz (“Rainbows of Colour”, “Time & Space”, “C Funk”) e esbanja vitalidade em raggas cibernéticos, como “On The Double”. Drum'n'nbass é sinônimo de evolução musical pelas mãos do DJ Grooverider. Não é só o big beat que tem seu funk soul brother. - NOTA: 9.

DOWNLOAD - DISCO DUPLO:

sábado, 21 de junho de 2008

:: Days Of The New ::


:: Days Of The New - Days Of The New [1997] ::

A DIALÉTICA DA CÓPIA

Sendo um estilo definido exatamente por não ter estilo nenhum, é fácil de se aceitar que “grunge”, na verdade, nunca foi um termo pra definir música. Soundgarden, Nirvana, Pearl Jam e Alice In Chains (os originais e/ou grandes da turma) tinham em comum, em seus tempos áureos, muito mais a estética e a proximidade geográfica do que qualquer outra coisa… Assim como o punk rock, o grunge acabou sendo definido musicalmente mais por suas milhares de cópias dos originais do que pelos próprios.

É um processo até lógico: a cópia pega tudo o que mais “dá certo” (e grandes aspas extras aqui…) em todos os originais, apara toda e qualquer inconveniente aresta de transgressão e pronto – um bonito retrato desalmado da alma de um movimento. Triste, mas verdadeiro.

Agora, filosofias de boteco fora, não é raro um desses copiões aparecerem vez por outra com um disco – e às vezes até com carreiras inteiras, vide o Rancid – genial. É o caso deste primeiro trabalho do Days of the New

Aqui, a banda, antes de se tornar os Engenheiros do Hawaii do vocalista Travis Meeks, mostra o lúgubre, denso, tenso – e outros adjetivos terríveis – cerne do que foi o grunge. Munido só de dedilhados e riffs (?!) de violões, baixo e bateria, o Days of the News compôs uma polaróide quase perfeita da época das camisas xadrez. Ah, e uma pancada de músicas quase perfeitas também. Shelf in the Room; Touch, Peel and Stand; The Down Town; Now; What’s Left For Me?… Se não tiver tempo de ouvir o disco inteiro, essas já bastam pra entender do que se trata o lance: toda as agruras e angústias adolescentes de um pobre menino norte-americano, branco e galã transformadas em vários surpreendentes minutos de boa música.

Fede um pouco a espírito adolescente, mas não é sobre isso mesmo que deveria ser?!

DOWNLOAD (mp3 - 74 MB - 12 músicas - 72 min.)

http://www.mediafire.com/?lb3llu52txj

sexta-feira, 20 de junho de 2008

:: Monster Magnet ::

:: MONSTER MAGNET, “God Says No” (2000) ::

É COISA DE MALUCO
-por GASTÃO MOREIRA, na Showbizz -

Vou ser bem direto: Monster Magnet é som de doido. A quantidade de drogas ingeridas pelo guru Dave Windorf é diretamente proporcional à sua viagem sonora. No álbum Spine of God (1992) ele explicava sua música numa frase contida no encarte: “Uma coisa de drogas satânicas... Você não entenderia.” O diabólico, aí, revela-se na luxúria e no sucesso, e não na encarnação do mal como fazem as bandas de heavy metal. Dave tem uma inclinação para o glamour da autodestruição. Sua pose e seu carisma o tornaram cultuado. O Monster Magnet conseguiu dar um novo rumo ao rock, sendo considerado o criador do stoner rock, rótulo que provavelmente rejeitam. Riffs e refrãos repletos de efeitos, ecos vagando pelo espaço e peso de sobra. Não é à toa que Dave está usando uma camiseta da banda Hawkwind – esses, sim, criadores do space rock nos anos 70 – no encarte do disco novo. God Says No traz a veia espacial, acrescida de uma dose maior de pretensão. Dave capricha nos arranjos e no visual “satanic cool”. “Melt”, que abre o disco, já pode ser considerada uma das melhores músicas do século. “Head Explodes” tem um tecladinho safado e refrão pegajoso. “Doomsday” é o puro creme do peso. “Medicine”, que está em Spine of God, recebe uma versão tão boa quando a original. E “Gravity Well” se destaca pelo clima contry-blues inusitado. Recomendado para ouvidos calejados.

DOWNLOAD (mp3 de 192 - 75mb):

quinta-feira, 19 de junho de 2008

:: Stravinsky ::



:: STRAVINSKY -
"A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA" ::
por Nemo Nox - texto emprestado da revista Burburinho


Hoje é difícil negar que A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky (1882-1971), é uma das obras sinfônicas mais importantes do século vinte, se não a mais importante de todas. Mas quando apresentada pela primeira vez, num famoso 28 de maio de 1913, o resultado foi muito controverso, para não dizer desastroso.

Igor Fedorovich Stravinsky tinha um background impecável. Filho de um famoso cantor do Teatro Mariinsky de São Petersburgo, e aluno do respeitado compositor Nikolai Rimsky-Korsakov, estava no auge do sucesso na capital francesa depois de lançar os bailados O Pássaro de Fogo (1910) e Petrushka (1911), ambos coreografados por Michel Fokine e produzidos pelo mestre Sergei Diaghilev. Fechando a trilogia, veio A Sagração da Primavera, agora coreografado pelo famoso bailarino Nijinksy, apadrinhado pelo próprio Diaghilev.

Mas a música de A Sagração da Primavera era tão inovadora, e a coreografia de Nijinksy tão ruim, que o resultado da apresentação foi um verdadeiro motim. Ninguém melhor que o próprio Stravinsky para contar o que aconteceu: "A complexidade da minha partitura exigiu um grande número de ensaios, que Pierre Monteux [o maestro] conduziu com sua habitual habilidade e atenção. Quanto à apresentação final, não posso comentar pois saí do auditório aos primeiros compassos do prelúdio, que provocaram risos imediatos da platéia. Eu estava revoltado. Aquelas demonstrações, inicialmente isoladas, logo se espalharam, provocando contra-demonstrações, e logo havia uma grande algazarra. Durante todo o tempo, estive ao lado de Nijinsky nos bastidores. Ele estava em pé numa cadeira, gritando "16, 17, 18..." - era a marcação para os bailarinos. Naturalmente, os pobres dançarinos nada podiam ouvir por causa do barulho da platéia. Tive que segurar Nijinsky pelas roupas, pois ele estava furioso, pronto para subir ao palco a qualquer momento e criar um escândalo. Diaghilev mandava os eletricistas acenderem e apagarem as luzes sucessivamente, esperando com aquilo parar o barulho. Isto é tudo o que me lembro daquela primeira apresentação. Estranhamente, tínhamos feito um ensaio geral para o qual convidamos, como era costume, vários atores, pintores, músicos, escritores e outros representantes da sociedade culta, e tudo tinha transcorrido pacificamente, o que me deixou ainda mais surpreso com o tumulto da estréia."

Assim como muitos ouvintes casuais de hoje ainda se espantam ao primeiro contato com A Sagração da Primavera, mas depois de se habituarem com a música acabam se apaixonando por ela, o mesmo ocorreu com o público do início do século. Após a tumultuada estréia, o bailado de Stravinsky tornou-se peça fundamental do repertório musical, deixando mesmo para trás a dança e sendo apresentado como obra sinfônica pura. Com o tempo, chegou a ser suficientemente popular para tornar-se uma das partituras escolhidas para o desenho animado dos estúdios Disney Fantasia (para quem não lembra, é a trilha sonora do trecho com os dinossauros).

Mas o que havia de tão diferente em A Sagração da Primavera para causar tamanha estranheza em sua noite de estréia? Basicamente, a música era tão inovadora, em tantos aspectos, que o público ainda não estava preparado para a absorver, muito menos para a apreciar. Tudo começa com um solo agudo de fagote, que lembra vagamente o solo de flauta de Prélude à l'après-midi d'un Faune, de Debussy (que, não por acaso, assistiu à triste estréia de A Sagração de Primavera). Vão entrando outros instrumentos de sopro, com fragmentos superpostos e dissonantes, depois as cordas, em acordes batidos e ferozes. A sensação é de caos, mas um caos controlado, planejado. E a percussão agressiva e de ritmos variados vem dar ênfase a tudo isto, realçando a complexidade harmônica e a riqueza da orquestração. Há um vigor primitivo que transmite perfeitamente a idéia que deu origem ao bailado cujo subtítulo é "cenas da Rússia pagã".

O próprio Stravinsky conta como nasceu A Sagração da Primavera: "Um dia, quando eu terminava O Pássaro de Fogo em São Petersburgo, tive uma visão fugidia num momento em que minha mente, surpreendentemente, estava ocupada com várias outras coisas. Imaginei um solene rito pagão: sábios anciãos, sentados em círculo, assistindo uma garota que dança até morrer. Eles a estão sacrificando para apaziguar o deus da primavera. Este é o tema de A Sagração da Primavera."

DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 71 MB):
http://www.mediafire.com/?ektmgd9bv33

IMPORTANTE: A OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) toca a Sagração (e mais um concerto de Brahms) nesta semana em Sampa, em 4 ocasiões, na Sala SP. Imperdível! Membros da equipe Depredando estarão no recinto... :) Confira a programação:

18 JUNHO, QUARTA - 21h00
19 JUNHO, QUINTA - 21h00
20 JUNHO, SEXTA - 21h00
21 JUNHO, SÁBADO - 16h30

Eiji Oue - regente
Joaquín Achúcarro - piano

Johannes Brahms - Concerto nº 2 para Piano em Si b maior, Op.83
Igor Stravinsky - A Sagração da Primavera

terça-feira, 17 de junho de 2008

:: Woody Allen ::


:: WOODY ALLEN - Stand-Up Comic (1964-1968)

Antes do sucesso como roteirista, diretor e ator de cinema, o pequeno geek nova-yorkino, herói dos nerds e dos rabugentos, era um comediante que fazia shows falados ao estilo de Lenny Bruce e George Carlin. Essa persona pré-cinematográfica de Woody Allen está muito bem representada neste álbum, que reúne gravações dos anos 60 em que o garotinho judeu e franzino, que anos depois começaria a marcar a história do cinema cômico americano como poucos na História, já dá vastas demonstrações de seu talento cômico. Ele zoa com o mundo da propaganda (quando conta como foi convidado para fazer um anúncio de uma empresa de vodka...), da religião (um certo rabino lhe disse que era contra a lei judaica ganhar dinheiro fazendo marketing de bebidas alcóolicas, mas aí...), da família ("assim que fui sequestrado, meus pais agiram muito rápido: alugaram meu quarto!"), do sexo ("entre duas pessoas é uma coisa muito legal... entre cinco, é fantástico!"), das drogas ("da última vez que dei duas baforadas no cigarro errado tentei voar um elevador até Cuba!"), entre outras coisas. Pra ouvir e gargalhar com a finura das tiradinhas e dos sarcasmos que já prenunciam o Woody que nos encantará em Annie Hall, Manhattan, Zelig, Hannah e Suas Irmãs, Match Point e tantos outros filmes adoráveis...



DOWNLOAD (mp3 de 192kps):
http://www.mediafire.com/?d9dgkjj1m9l

domingo, 15 de junho de 2008

:: Art Of Field Recording - Vol. 1 ::

:: The Art Of Field Recording, Volume 1 ::
Fifty Years Of Traditional American Music
Documented By Art Rosenbaum


Essa preciosidade é nada mais nada menos que um BAÚ DE TESOUROS - repleto de jóias de valor histórico inestimável. O pintor Art Rosenbaum, junto com sua esposa Margo, coletaram durante cerca de meio-século de pesquisa e gravação verdadeiras pérolas da música popular americana, muitas delas nunca antes disponíveis ao público. Esta primeira caixinha de 4 CDs de The Art of Field Recording (o segundo volume está a caminho...) traz uma coleção formidável de velhas canções (registradas entre 1956 e 2007) de folk, blues, gospel, bluegrass, canções mexicanas, spirituals, entre outras expressões do verdadeiro pé-rapado americano. That's true folk music! O BOX original vem acompanhado por um livro ilustrado de 96 páginas que contêm informações e comentários sobre as faixas, além de pinturas e fotografias do casal Rosenbaum, fazendo da aquisição da caixinha concreta um must para qualquer um que se interessa pelos primórdios e raízes da música americana. O foda é a grana...

Alguns "folcloristas acadêmicos" como Harry Smith e Alan Lomax já tinham se notabilizado nesta arte do "field recording" (gravações informais de música que surge espontaneamente da alma do povão e é imortalizada bem longe dos estúdios: em igrejas, plantações, botecos, barracos, puteiros, wherever it shines...) - o que gerou, por exemplo, a célebre The Anthology Of American Folk Music, sem a qual Bob Dylan talvez nunca teria existido como Bob Dylan. Este procedimento do "field recording" foi essencial para a conservação de uma cultura que vivia sob ameaça de extinção. E que, graças aos esforços heróicos desses amantes da música que viajaram a América munidos de seus microfones e do desejo de imortalizar a música americana autenticamente popular, vive agora para sempre, em plena era digital, esses rústicos e toscos brilhantismos sônicos saídos direto da alma popular.

Esse é sem sombra de dúvida um dos DOCUMENTOS HISTÓRICOS mais relevantes que foram lançados nos últimos anos - não só pra quem curte música, mas pra qualquer um que tenha interesse em história americana, antropologia, sociologia, folclore e os dilemas da sobrevivência de culturas tradicionais e arcaicas no mundo pós-moderno... Download obrigatório! :)

LEIA MAIS : PÁGINA OFICIAL - ART ROUSEMBAUM - BLACK GROOVES - PITCHFORK - UNCUT - MERCURY ART WORKS.

OUÇA AQUI: entrevista de Art Roseumbaum a John Schaefer na WNYC, rádio de Nova York.





Cd 01: http://www.megaupload.com/?d=XPZ9D5OV
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Cd 04: http://www.megaupload.com/?d=FCMG05Q4

p.s.: agradecimentos efusivos à Alexandre Nakamura, nosso correspondente no Japão, que deu a dica sobre a existência desse BOX e apontou o dedo para onde baixá-lo. Valeu Alê!

Art of Field Recording - Video

quarta-feira, 11 de junho de 2008

:: The Flaming Lips ::


FEARLESS FREAKS!
- por Eduardo Carli de Moraes -


Vocês que temem pela sanidade de seus miolos, atenção: fiquem longe desse hospício itinerante que são os Lábios Flamejantes! Vai que a doidice deles é contagiosa... Mas quem tiver tais pudores de embirutecer e, por isso, fechar os ouvidos para essa banda literalmente lunática estará perdendo algo sensacional - e, porra, um pouco de loucura não faz mal a ninguém, especialmente quando entregue em cápsulas sônicas tão docinhas, e que descem pela garganta dum jeito tão suave, dando um barato tão bacana...

Eles têm músicas sobre caratecas japonesas lutando robôs cor-de-rosa, já foram passageiros de uma ambulância dirigida por um padre, conhecem o sabor metálico das nuvens e acabaram de finalizar um filme Ed-Wood-esco sobre um Papai Noel em Marte que acaba se tornando um suicida... E você quer realmente se arriscar a meter seu pobre cérebro na linha de fogo desses psicopatas e entrar no universo desses birutas? Quer! Pois esse teatro do absurdo e do nonsense que se chama Flaming Lips reiventou o rock americano a golpes de insanidade e criatividade maníaca dum modo maravilhoso - e poucas bandas da cena alternativa americana a partir dos anos 80 tem uma história tão excitante e uma relevância tamanha quanto este monumento psycho-freak de mais de 20 anos de idade e que continua flamejando.

Quem os conheceu faz pouco tempo deve ter sido atraído especialmente pelas extremas pirotecnias sônicas, visuais, teatrais e performáticas que fazem do show do Flaming Lips um dos espetáculos mais mind-blowing de que se tem notícia no pop contemporâneo. Não é só Wayne Coyne flutuando sobre a platéia dentro duma bolha gigante que faz o charme do treco: são as luzes estroboscópicas em abundância; as muitas bolas de sabão e flocos de neve e nuvens de fumaça; os coadjuvantes fantasiados de bichinhos de pelúcia tamanho família sobre o palco; as bexigas e os balões de cores berrantes; as projeções de imagens que lembram fractais, experimentos avant-garde ou maluquices de Andy Warhol; os figurinos da mais pura extravaganza embrulhando a banda e seu maestro; e, claro, a música, que às vezes supera o grau de doidice de tudo o que a envolve. Como um dia de zorra total no jardim de infância. Ou como um teste do ácido de Ken Kesey e seus Merry Pranksters reencenado num show de psicodelia extremada, conduzida por mão de mestre por um malucão hippie que surpreendentemente se tornou um dos maiores entertainers do rock mundial.

Mas quem vê imagens dos Lips hoje em dia, com o imenso aparato tecnológico que eles possuem ajudando-os a construir um espetacular mosaico de cores e sons sobre os palcos (o que o público brasileiro pôde conferir no primeiro Claro Que É Rock!), nem imagina a tosquice das antigas acrobacias pirotécnicas que eles arriscavam nos anos 80, quando pensavam que eram a nova encarnação do The Who no Sul caipira americano ou um cruzamento genético mau-sucedido entre o Yes e os Sex Pistols.

"Hell's got all the good bands, anyway!" - cantava Wayne numa velha canção ("Ode To C.C."), como se quisesse dizer que prefere descer ao reino de Satã a subir pro Céu, porque as bandas lá debaixo são bem mais legais do que as missas, ofertórios e troços com harpa e corais de anjinhos lá de cima... E era mais ou menos essa sedução pelo diabólico, pelo estranho, pelo nérdico e pelo incendiário que caracterizou os primeiros anos dos caras, onde ataques guitarrísticos quase Sonic Youth se revezavam com experimentos folk syd-barretianos e flertes com o kraut-rock do Can e a psicodelia anos 60.

O filmaço Fearless Freaks, um dos melhores rockumentaries da história do cinema, possui algumas cenas antológicas sobre o começo da caminhada dos Lips. Vê-se lá, por exemplo, que na época eles gostavam de colocar fogo em coisas em cima do palco, e dum modo não muito controlado, já que o cabelo de certas pessoas costumava às vezes ficar em chamas. E gostavam de tocar estupidamente alto, para que o público, mesmo se não gostasse das canções, pudesse se dizer no final, pelo menos: “those guys were fucking loud!”

Na primeira vez que a Warner Brothers ligou para os Flaming Lips querendo mostrar interesse em assinar com eles, o Flaming Lips, é óbvio, bateu o telefone na cara da mega multinacional porque pensou que era trote. Você pode até imaginar um dos caras mandando um: “seeeei, cuzão! até parece que eles iam querer uma banda louca e invendável como nós!” Porque aqueles caras de Oklahoma que pareciam afim de imitar os Butthole Surfers, o Frank Zappa ou o começo do Pink Floyd soavam completamente inadequados para o cast de uma grande gravadora.


* * * * *



Eles pareciam aquele tipo de doidões que nem precisavam de drogas para terem uma mente em permanente estado de estímulo ácido... Que gravadora botaria fé nos Flaming Lips? Mas olha que deu certo... Os Lips viraram, para a maior parte do ouvinte-médio, aquele que só conhece o que rola nas rádios FM bombadinhas e na MTV, uma daquelas one-hit-bands inesquecíveis dos anos 90 quando “She Don't Use Jelly” estourou, catapultando o álbum Transmissions From The Satellite Heart para o topo das paradas. A música falava sobre tangerinas, vaselinas e geléia – e ninguém entendeu porra nenhuma. Parecia ser sobre sexo, parecia ser sobre comida, e parecia ser sobre mastigar páginas de revistas - e parecia mais ainda uma música que alguma criança com talento precoce para a arte dadaísta teria composto se a mamãe lhe tivesse despejado uma gotinha de LSD no Nescau. E aí ninguém resistiu ao charme do hit.

Se, antes de "Jelly", os Flaming Lips eram uma tosca e insana banda psicodélica de Oklahoma que pouquíssimos nerds conheciam, com discos caóticos onde se misturavam momentos de brilhantismo puro com quedas num lixo tóxico extravagante, depois do hit começaram a ser levados mais a sério pela crítica musical como um projeto-de-arte a ser espreitado com atenção. Fizeram um discaço maravilhoso (Clouds Taste Metallic), mas que não engrenou nas paradas. Depois, abandonando qualquer esperança de sucesso comercial, embarcaram no extremamente tresloucado projeto Zaireeka, um disco que quase ninguém conseguiu ouvir – e não por não querer, mas por que este álbum quádruplo exigia que 4 sound-systems tocassem os 4 Cds ao mesmo tempo, o que poucos mortais se dispuseram a fazer. E, na sequência, chegaram ao cume da genialidade.



The Soft Bulletin, de 1998, é um daqueles álbuns com um poder que merece adjetivos grandiosos: místico, transcendental, espiritualmente edificante. Nele o barulho guitarrístico acalmou-se, as loucuras foram razoavelmente domadas, e então os Lips puderam dar esse lindo mergulho num universo mais sinfônico, poético e existencial que é uma das maiores obras-primas do rock nos anos 90. “Race for the Prize” e “Waitin' For Superman” são o tipo de músicas que mesmo o mais insensível dos mortais acaba reconhecendo como de uma lindeza de derreter corações.

Na sequência, fizeram mais dois álbuns de estúdio, Yoshimi Battles The Pink Robots e At War With The Mystics, que tornaram mais aguda a experimentação com uma psicodelia moderna sussa e colorida. Vimos também temáticas mais existencialistas tomarem mais espaço no universo de temas da banda, principalmente devido aos choques emocionais causados sobre alguns dos Lips pela morte, pelo envelhecimento e pelo vício a narcóticos. Wayne Coyne perdeu seu pai recentemente, o que ele comenta de modo confessional e tocante no finzinho de Fearless Freaks, mostrando que tipo de lições de vida pôde tirar desse doloroso processo de luto e renascimento ("there are things you have to face when you're not prepared to face'em", canta ele em "Fight Test").

Além disso, o multi-instrumentista Steven Drozd, a segunda maior força criativa dos Lips, também andou passando por maus bocados por excesso de junk - mas depois de mais de seis anos viciadíssimo em heroína, deu a improvável "volta por cima" (ele até permitiu que fosse filmado falando dum jeito extremamente aberto e sem firulas sobre seu vício, enquanto preparava a droga que injetaria nos braços tomados por abscessos e veias judiadas, numa das cenas mais impressionantes de Fearless Freaks - mais espantosa que qualquer coisa de Réquiem Para um Sonho ou Trainspotting).

"If God hears all my questions, how come there is never an answer?" - se perguntava Wayne no disco de 1995. Essa tendência de questionamento existencial se exacerba mais ainda nos discos posteriores, chegando ao cume na lindíssima balada "Do You Realize?", feita para ser um suave soco no estômago do ouvinte, com Wayne perguntando: "você tem noção de que todas as pessoas que você conhece um dia vão morrer?". A filosofia dos Lips, passando pelo reconhecimento da fragilidade humana e do poderio invencível da morte, que nos condena à transitoriedade e à angústia, deságua numa extrema valorização do presente da sensação ("all we have is now") e do amor como salvação ("love is the greatest thing our heart can know").

Com uma vasta discografia, digníssima de ser explorada, os Flaming Lips são hoje um verdadeiro monumento vivo do rock alternativo americano. Com fãs de alto quilate pagando um pau para Wayne Coyne e sua companhia de insanidade construtiva (como Beck, Jeff Tweedy, Juliette Lewis, Jack White...) e um respeito quase unânime da crítica e do público antenado, os Lips, além de mestres da pirotecnia ao vivo, são hoje um dos grandes pilares da inventividade pop-musical no mundo. Prosseguem esculpindo um som extremamente lúdico e “infantil” (no bom sentido...), mas que tem frequentes lampejos de sabedoria. O Flaming Lips é um simulacro de viagem de LSD por um País das Maravilhas Sônicas que Alice não conheceu (e que não exige ingestão química!), ao mesmo tempo que é um teatro multi-mídia esplêndido orquestrado por um malucão que é dos seres mais sábios do atual rock mundial. Turn it on!



DOWNLOADS - 4 DISCOS ESSENCIAIS DOS FLAMING LIPS:

"TRANSMISSIONS FROM THE SATELLITE HEART" (1993)
http://www.mediafire.com/download.php?pzlt3va4ylj
cotação depredando: 9.1



"CLOUDS TASTE METALLIC" (1995)
http://www.mediafire.com/download.php?g40lzjmelxb
cotação depredando: 9.5



"THE SOFT BULLETIN" (1998)
http://www.mediafire.com/?gmmmoz14vwx
cotação depredando: 10.0


"YOSHIMI BATTLES THE PINK ROBOTS" (2001)
http://www.mediafire.com/download.php?bmxm9byzmbj
cotação depredando: 8.5

segunda-feira, 9 de junho de 2008

:: Dave Brubeck ::



:: DAVE BRUBECK – Time Out (1959)

“Um êxito de vendas era a última coisa que o pianista Dave Brubeck esperava quando entrou no estúdio em 1959 com um molho de partituras de músicas (no mínimo) peculiares debaixo do braço. Brubeck já tinha um império invejável de fãs conseguido com os seus concertos pioneiros realizados em anfiteatros universitários. Um músico experimental cheio de fervência, que nunca deixou a popularidade disturbar as suas musas inspiradoras, Brubeck gravou um dos álbuns de jazz mais conhecidos de todos os tempos com material bastante invulgar.

No tema Take Five com uma estrutura 5/4, o pianista executa uma improvisação assertiva e impressionante, eqto o sax alto de Paul Desmond tece uma melodia sinuosa. Mas Brubeck não é o único responsável pelo sucesso deste trabalho. É muitas vezes esquecido que foi Desmond o escritor do tema que teve tanto êxito. Igualmente importante é o completo domínio da bateria por Joe Morello e o baixo assertivo de Eugene Wright, que tornaram um material tão peculiar como Blue Rondo À lA Turk e Three To Get Ready (que vacila entre o tempo da valsa e a estrutura clássica 4/4) em êxitos duradouros de jazz.

É preciso lembrar que estes eram os tempos em que John Coltrane, Cacil Taylor e Ornette Coleman alumiavam os caminhos alternativos do free jazz. Na lógica contraproducente dos críticos de jazz, o muitas vezes menosprezado Brubeck perdeu ainda mais valor depois do enorme sucesso de Time Out. Mas o álbum continua a vender cópias até os dias de hoje e, apesar do uso abusivo de algumas mdas músicas em anúncios publicitários, é uma conquista fascinante.” - 1.000 Discos Para Ouvir Antes De Morrer

domingo, 8 de junho de 2008

:: Prissteens ::



:: PRISTEENS, "Scandal, Controversy and Romance" (1998) ::

- Rock feminino com energia e delicioso apelo pop -
(por PEDRO SÓ, numa Showbizz antiga)


Se for armação, é armação do bem, feita por quem entende do assunto, o produtor Richard Gottehrer, o homem que lançou o Blondie. Se as Go-Go's tomassem anfetaminas, tocariam assim. Se Suzi Quatro, musa glam rock dos anos 70, só gravasse coisa boa, faria um disco assim. Se você está cansado de mulheres feias, sujas e malvadas tocando punk rock frouxo na maior gritaria, este disco de estréia é pra você. Enfim, uma banda "feminina" (descontando o baterista Joe Vincent) sem senões, com repertório intocável. É apenas rock'n'roll, mas com uma abordagem pop, ressaltada no acento "grupinhos de garotas" dos anos 60 de algumas faixas. Rolam até eventuais vocais a capela e a deliciosa marcação de dedinhos estalando. E a escolha de covers é excelente: inclui "Sorrow" (sucesso do grupo The Merseys, regravado por David Bowie no álbum Pin-Ups) e "(I'd Go The Whole) Wide World", de Wreckless Eric. - NOTA: 9.


DOWNLOAD (mp3 de 192kps, 13 músicas, 57MB, 40min):
http://www.mediafire.com/?fftleph2lcz

sábado, 7 de junho de 2008

:: da série PÃO QUENTINHO - discos de 2008 - pt. 4

COLDPLAY - Viva La Vida
http://www.mediafire.com/?oczy2ym1ycu


MUDHONEY - The Lucky Ones
http://www.mediafire.com/?mnm1wixc3mb



WEEZER - Red Album
http://www.mediafire.com/?3kmmjyxmzsl


DEATH CAB FOR CUTIE - Narrow Stairs
http://www.mediafire.com/?25mmxxj3ezm


e dois rárdicori velha-escola du bão!:

H2O - Nothing To Prove
http://www.shareonall.com/H2O-NTP_FOAM_mmwq_rar.htm



BAMBIX - Bleeding In a Box
http://www.mediafire.com/?4yt0ltczg1t

(alguns links foram emprestados do ótimo blog do Rozão!
visita recomendada! [pagamos o roubo com marketing... rs])

quarta-feira, 4 de junho de 2008

:: Death In Vegas ::


:: DEATH IN VEGASThe Contino Sessions (1999) ::

- Fusão de estilos em disco primoroso -
(por LUCIANO VIANNA, numa velha Showbizz)

Quando lançou o disco Dead Elvis, em 1997, o duo britânico Death In Vegas (americanos jamais pensariam em um nome tão engraçadinho) foi saudado pela mídia e comunidade eletrônica como um sopro de vitalidade na cena tecno da velha ilha, ao misturar as tradicionais influências roqueiras com música eletrônica de ótima qualidade. Essa mistura acaba de achar o ponto certo de ebulição no novo disco do grupo/projeto dos Djs e produtores Ruchard Fearless e Tim Holmes, The Contino Sessions. Juntando na medida certeira acordes de guitarras com samplers e batidas, a dupla transportou para o CD influências diversas de rock e punk e até mesmo de ambient music e tecno, extraindo o máixmo de convidados ultra-especiais, como o veterano Iggy Pop (“em “Aisha”, sua melhor música em anos), Bobby Gillespie (“Soul Auctioneer”, que lembra o estilo do Primal Scream), Jim Reid do Jesus & Mary Chain (“Broken Little Sister”, numa itnerpretação que evoca o melhor da finada banda) e Dot Allison (a angelical voz do duo One Dove, em “Dirge”). The Contino Sessions é uma daqueles discos que vão melhorando a cada audição, quando se pode descobrir diferentes nuances, como batidas, detalhes nos arranjos e timbres de arrepiar. Barbada para qualquer lista de melhores do ano de 1999, independentemente de estilo. - NOTA: 10.

DOWNLOAD (mp3 de 192kps, 9 músicas, 65MB):
http://www.mediafire.com/?tolfb0yznid

terça-feira, 3 de junho de 2008

:: Beulah ::



:: BEULAH - Yoko (2003)

Pra mim, este magnífico e injustamente subestimado Yoko é um dos melhores álbuns de "rock alternativo" nesta década - e olha que mil trecos ultra-diferentes se enquadram debaixo do teto desse hospitaleiro rótulo. Que diabos houve para que tão poucos tenham descoberto e caído de amores por essa pérola?!

Antes de ter ouvido esse álbum, eu não tinha o Beulah em grande conta. A banda parecia só mais uma dentre tantas que fez fama por ressuscitar a clássica música pop dos anos 60 através de canções adocicadas e semi-sinfônicas, mas sem conseguir trazer uma proposta nova para um futuro desenvolvimento do rock nos moldes sessentistas. O Beulah era só um coletivo retrô de reconstrução de um mundo sônico feito à imagem e semelhança dos Beach Boys, dos Beatles e dos Kinks. Tudo era bem ensolarado, bonitinho e cheio de melodias infantilmente contagiantes, mas eu sentia falta de uma certa dose de originalidade, de idiosincrasia, de ímpetos ousados de forçar o gênero a uma evolução. Era como se eles acreditassem que a perfeição já havia sido atingida pelo pop das antigas e a única atitude cabível era imitá-lo. O Beulah era mais como um grupelho de crianças brincando no parque de diversões da psicodelia-pop sessentista, com um certo sabor lo-fi herdeiro do Pavement misturado ao caldo, mas onde faltava algo de distintivo que separasse a banda da multidão de outros grupos de proposta semelhante.

Haviam, é claro, os títulos das músicas, onde sobrava a criatividade que faltava na música ("Um Bom Homem É Fácil De Matar", "Se o Homem Pode Pousar Na Lua, Eu Certamente Posso Ganhar Seu Coração", "Eu amo John, ela ama Paul" e "Mecânica Popular Para Amantes" entre elas). Mas no fim o veredicto era: o Beulah certamente era uma das bandas menores dentre a galera da “nova psicodelia” da Elephant 6, não tão boa quanto o Neutral Milk Hotel ou o Olivia Tremor Control, mas que ainda assim conseguia ser simpática e acariciadora dos ouvidos. Banda passável, mas que deixava lá no fundo da boca, após a degustação de The Coast Is Never Clear ou When Your Heartstrings Back, aquele gostinho de comida requentada...

“Yoko”, o quarto (e derradeiro) full-lenght da banda, foi um imenso passo à frente para o Beulah. Este disco é um épico indie-rock grandioso, apaixonadamente eclético, duma musicalidade deliciosa e fluida. Foi com esse discaço que o Beulah se ergueu aos céus, aos meus olhos, tendo criado uma adorável e variada viagem pop que lembra o Summerteeth do Wilco ou o Grand Prix do Teenage Fanclub - um álbum com merecido lugar de honra no panteão de ouro do rock alternativo americano dos últimos anos. Uma grata surpresa vinda de uma banda que nunca pareceu capaz de parir tremenda obra-prima.

“My love is a lot like yours: it’s been crippled by the wars we wage. We’re hopeless. We’re on the losing side”, canta o vocalista Miles Kurowsky na primeira faixa deste “Yoko”, deixando claro que o antigo climão ensolarado foi momentaneamente afastado do céu beuliano. Em contraste com o material anteriormente lançado pela banda, o disco é realmente mais sombrio e melancólico do que seria de se esperar de banda outrora tão alegrinha. Mas ainda assim o Beulah continua sendo uma banda jovial e adequadíssima para curar melancolias suaves e depressões leves: uma vitalidade contagiante sempre se sobressai contra as sombras e a banda nunca escorrega para a morbidez joy-divisioniana.

A Dusted, revista eletrônica muito apreciável, disse o essencial: “[não há] nenhum traço de auto-piedade ou lambimento de feridas em ‘Yoko’, apenas uma nova gravidade lírica e um aproach um tanto mais maduro sobre o que já era uma quase-perfeita abordagem da canção pop. Se Heartstrings e Coast pintaram a banda como crianças em brincandeira na estética do pop anos 60, então eles cresceram um tanto nos últimos dois anos, refinando seus gostos de extendidos-demais para simplesmente versáteis”.

Nos meses de composição deste álbum, conta-se que quatro dos seis membros da banda passaram por divórcios ou relacionamentos de longa data finalizados, o que ajudaria a explicar as nuvens negras que deixam o ambiente nublado em “Yoko”. O nome do disco, aliás, provavelmente vai trazer à mente de quase todos a imagem de uma certa artista de olhinhos puxados famosa por ter capturado as atenções amorosas de John Lennon e por ter sido acusada de acabar com uma certa bandeca dos anos 60, servindo como um símbolo para o fantasma da Separação que assombra o álbum. Mas o título também pode ser simplesmente um acrônimo para “You’re Only King Once”, a faixa 3, lamentosa balada wilconiana que nos implora por um sorriso.

“Yoko” viaja num amplo espectro pop: passa pelo punk-pop garageiro barulhento e quase bubblegum (“Landslide Baby”, “Your Mother Loves You Son”, “My Side Of The City”), pela balada folk introspectiva (“You’re Only King Once”), pela balada épica e grandiosa (“Fooled With The Wrong Guy”), sempre com letras muito acima da média. Excelentemente produzido, o álbum traz os interlúdios entre as faixas recheados com barulhinhos atmosféricos que parecem saídos do Yankee Hotel Foxtrot do Wilco e contêm refrões soterrados lindamente debaixo duma parede de som spectoriana (“A Man Like Me").

O destaque supremo do disco, segundo as opiniões dos meus ouvidos deliciados, é certamente “Me and Jesus Don’t Talk Anymore”, uma canção pop que beira a perfeição. Pianos distantes se misturam às barulheiras foxtrotianas na longa introdução de um minuto, após a qual tudo se silencia. Kurowsky começa a cantar quase sem acompanhamento, a bateria começa a marcar o ritmo sem fazer estardalhaço e se encorpa na estrofe seguinte. No lindo pré-refrão, as guitarras entram rasgando acordes distorcidos enquanto ouvimos: “Though we are falling stars, we feel just fine”. A música vai num crescendo que culmina com o melhor momento do vocal de Kurowsky em todo o disco. Ele canta seu “your body's cold and you're going nowhere” com uma agudeza e uma emotividade não de se esperar de verso tão deprê, e tudo explode em “uh uh rúúúú! ahhhhhh ahhhhhs!” deliciosos, que preparam o caminho para solos de guitarra de derreter manteiga e metais de dar calafrios de delícia. É uma obra prima que traz à mente os melhores momentos do Wilco fase Summerteeth e uma das canções que certamente entraria num best of do indie-rock na década 00.

Resumo da ópera: nenhum outro disco do Beulah é tão competente em visitar ambientes tão diversos mantendo a homogeneidade e a fluência quanto Yoko. É aqui que a banda deixa de ser apenas um grupo que reverencia de joelhos os anos 60 e se transforma numa banda original, vigorosa, apaixonante, que anda por seu próprio caminho. E não chegou a ser má idéia dos caras acabar o percurso por aqui (o Beulah se desfez logo depois deste álbum, legítimo canto de cisne) . Pois como diabos eles conseguiriam compor um sucessor à altura?



DOWNLOAD (mp3 VBR - 67 MB) :
http://www.mediafire.com/?xlyzernny8y
link novo! arquivos com qualidade firmeza agora,
já que a versão postada antes tava meio zoada...
desculpem a nossa falha.