Tweet"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." - Cecília Meireles
terça-feira, 31 de maio de 2011
:: the streets are ours! ::
quarta-feira, 25 de maio de 2011
arte: Laura Morgado |
Marcelo Camelo, ex-Los Hermanos, é a grande atração da primeira noite do Bananada, festival que completa 13 anos de idade em 2011 e ocorre em novo formato: uma noite por mês, de Junho a Agosto, no Centro Cultural Oscar Niemeyer. Os ingressos custam 30 pilas reais e já estão à venda na Hocus Pocus, Ambiente Skate Shop, Tribo do Açaí e Ambientar.
Toque Dela (2011)
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domingo, 22 de maio de 2011
<<< I Have Not Sold Myself to God! >>>
Como Leonard Cohen antes dela, Patti Smith foi o tipo de artista que teve uma carreira literária respeitável antes de tentar a sorte na música. Mas, enquanto Cohen abraçou uma sonoridade folk misteriosa, soturna e mística, Patti aderiu ao rock and roll de garagem e se tornou uma explosão elétrica de poesia violenta nos primórdios do punk rock. “Patti Smith é uma bem educada mulher americana, ela conhece a Bíblia e os poetas franceses, mas ela essencialmente está enraizada no rock and roll: é ele sua verdadeira cultura. É uma cultura física centrada em fugir de casa e começar a exploração sexual, os shows de rock e as inúmeras noites-sem-dormir, drogas e poesia, ruas e porões, guitarras e sonhos...” (Assante)
A moça, que já tinha sido pintora e dramaturga antes de querer ser uma rock and roll star, narrou em 1973 o impacto que teve em sua vida o fato de ter visto, quando criança, os Rolling Stones no Ed Sullivan Show: “Aquilo não era música do garotinho da mamãe”, comentou ela. “Amor cego pelo meu pai foi a primeira coisa que sacrifiquei pelo Mick Jagger!" Antes dos Stones, ela já tinha amado Little Richards e as Ronettes; e tinha venerado também com paixão selvagem um adolescente francês do século 19 que ela injetaria nas veias da música: Arthur Rimbaud.
Depois de mudar para uma Nova York borbulhante em 1967, indo morar no célebre Chelsea Hotel (onde Sid Vicious daria a facada fatal em sua namorada groupie Nancy Spungen), virou amiga do pessoal do Television, viu o Velvet Underground nascer, se integrou nos experimentos de Andy Warhol e conheceu seu amigo Robert Mapplethorpe, que se tornou seu fotógrafo oficial.
Começou a declamar poesia com fundo musical já em 1971, meia dúzia de anos antes de se tornar uma das figuras cult mais peculiares da cena que rodeava o CBGBs. Estando no camarote de uma cultura rock cheia de acontecimentos, escreveu como crítica musical para revistas como Creem e Rolling Stone. Publicou Seventh Heaven, primeiro livrinho de poesias, e começou a fazer leituras em igrejas na Baixa Manhattan. Logo o amigo e crítico de rock Lenny Kaye (editor da coleta Nuggets) começou a acompanhá-la com uma guitarra – a junção de rock e poesia começava a dar forma ao que viria a ser o The Patti Smith Group. Em 1974 já lançava seu primeiro single independente, que continha uma versão de “Hey Joe” de Jimi Hendrix e a incrível revolta poética de “Piss Factory”.
Produzido por John Cale, Horses, o disco de estréia de Patti Smith, vinha recheado de frescor e originalidade – era uma das primeiras vezes na história que o mundo via surgir uma garota tão ousada, original e arrojada, que vinha para reescrever para sempre as regras sobre o que as mulheres podiam ou não fazer no rock. Debbie Harrie, Courney Love, PJ Harvey, AniDiFranco e Liz Phair, sem falar no movimento riot grrrl inteiro, são discípulas que devem honras às realizações dessa grande iconoclasta. “A vocalista combinou o poder da florescente cena punk de Nova York com as narrativas aventureiras dos poetas beat de São Francisco, criando um som verdadeiramente único e cuja influência viria a ser notada em grupos como os Talking Heads ou R.E.M.” (1000 Discos Para Ouvir Antes de Morrer)
E a moça não tinha medo da polêmica. O primeiro verso do disco fez história: sob um pianinho suave, ela canta: “Jesus morreu pelos pecados de alguém, mas não pelos meus” – como um pequeno Nietzsche que diz “não, obrigado!” à culpa cristã que os padres tentam nos inculcar. Assante chama isso de “a couldn’t-care-less and sibylline declaration of war, in the snake-like style The Stones used in “Sympathy for the Devil”. Depois “Gloria” explode para um épico rocker que presta tributo ao Them de Van Morrison. Duas músicas épicas de 10 minutos de duração – “Birdland” e “Land” – demonstram o radicalismo da abordagem lírica de Patti Smith, já que ela declama de modo entusiástico e um tanto surrealista seus versos frequemente nonsense ou contendo imagens de difícil interpretação, quase como se estivesse pintando um retrato semelhante às Iluminuras rimbaudianas enquanto uma banda de rock come solta lá atrás...
Apesar de ser uma artista de ultra-vanguarda, perita em artes plásticas e literatura, que realizava em suas palavras um mundo poético extremamente idiossincrático, Patti Smith tinha também dentro de si uma garotinha bêbada de sonhos em relação à glória no mundo pop. Dizem que Patti Smith tencionava “agarrar a coroa que lentamente ia deslizando da cabeça dos Stones, que nem Iggy Pop nem Lou Reed haviam conseguido agarrar com vigor suficiente. O único pretendente, como Patti Smith disse a William Burroughs em 1979, era o Bowie, mas ele não era americano” (ASSANTE).
Ela só explodiria nas paradas em 1978, com o hit “Because the Night” (composto em conjunto com Bruce Springsteen), do brilhante álbum Easter. Mas aí, depois de ter influenciado o movimento punk e ter se tornado uma grande rock star, “começou a perceber que o rock não era o paraíso mas o inferno – era corrupto, mercenário e impuro como o resto do mundo. O rock não ia aperfeiçoar o mundo – iria somente explorá-lo para faturar dólares.” Casou-se com o já falecido guitarrista do MC5, Fred “Sonic” Smith, com quem teve dois filhos, e pareceu ter substituído o sonho do rock and roll por um sonho mais modesto de recolhimento familiar e cautelosas ressurreições, sempre com álbuns muito relevantes.
“Desde então ela tem sido uma presença discreta e alerta na cultura rock, desprovida da antiga vociferação e excessos, mas igualmente fascinante e misteriosa – e ainda hoje misturando rock, poesia, espiritualidade e esperança.” (ASSANTE) Patti Smith, essa gênia borbulhante, autêntica heroína do rock and roll, parecia afim de ser um Rimbaud de saias cantando numa banda de punk rock, ou uma poetisa beat decadente dançando ao som selvagem da guitarra elétrica... Usando de maneirismos vocais tirados de Jim Morrison, Mick Jagger, Iggy Pop e Tom Verlaine, Patti entregava uma performance intensa e memorável. Como comenta Mark Paytress, "Patti Smith e seu grupo reescreveram o livro de regras do rock and roll através de uma abordagem artística de vanguarda do garage rock". Ainda hoje, falta o devido reconhecimento à genialidade do legado desta poetisa beat que, abraçando o rock and roll numa comunhão cheia de amor e fúria, acabou transformando-o para sempre com sua poesia e sua ampla visão.
1975 - "HORSES"
“A debut album instantly compared to all the great rock’n’roll debut LPs, it fused art and energy in a way that was virtually incomprehensible in rock’s otherwise bloated and increasingly superfluous mid-Seventies. Six months later, Smith’s self-styled “three-chord rock merged with the power of the word” rolled into London, where a thrill-starved minority was eager to catch at first-hand what had been happening in New York clubs such as CBGB’s and Max’s Kansas City. High on rebellion, higher still on rock’n’roll mythology, Patti Smith was the one who stopped the rot. Misleadingly described as ‘the new Bruce Springsteen’, this electrifying performer, who packet out The Roadhouse on two consecutive nights, was a far more incendiary figure. Spearheading what she called ‘the fight against fat and Roman satisfaction’, Patti was lean and mean, her pasty complexion, sunken cheeks and fabulously androgynous look signifying something different altogether. (...) Future members of all-women punk bands the Slits and The Raincoats first crossed paths at Patti’s Roundhouse gigs.” – I WAS THERE, de Mark Paytress.
"piss factory":
"horses" + "hey joe":
"horses" + "hey joe":
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<<< Construtora Arte e Música (Lançamento) >>>
O cenário de música independente em Goiânia passa por intensas reconfigurações, mas numa direção que me parece muito promissora. Nasce uma nova produtora cultural na capital goiana, a Construtora, capitaneada por Fabrício 'MQN' Nobre, que se desvinculou da Monstro Discos recentemente para começar este novo empreendimento. O tradicional festival Bananada, que ocorreria em Maio, acabou adiado pra mais-pra-frente e ocorrerá em novo formato, começando com o show do Marcelo Camelo + Violins + Gloom (CCON, no dia 10/06). Mas nesta terça-feira (24/05), "feriadão da santa" na cidade, o Centro Cultural Oscar Niemeyer recebe o festival de lançamento da Construtora - e o melhor, com 14 bandas do primeiríssimo escalão no cenário local, entrada franca e uma Eisenbahn de brinde para os 100 primeiros a colarem.
Neste dia rola ainda o lançamento de um projeto inédito na cena de Goiânia (quiçá nacional): o Quanto Vale o Show? No site oficial você pode conferir info pormenorizada, mas resumimos aqui a ópera: no fim do festival, o público vota em sua banda predileta e escolhe quantas pilas reais ela merece ganhar - de R$2 a R$100 reais. É um método semelhante ao do Radiohead quando soltou o In Rainbows aplicado em outra frente - e com alto potencial de dar um bom resultado. A grande questão que me está aqui, como uma pulga atrás da orelha, é esta: isto incentivaria uma competição selvagem entre as bandas ao invés de estimular o espírito colaborativo? Ou seria este somente um modo de fazer uma pesquisa de mercado, checando na prática quais as bandas mais rentáveis?
De qualquer modo, as esperanças são de que a colaboração possa dar o tom mais que a competição - como disse o Márcio 'Mechanics' Jr, co-fundador da Monstro em 1998, ao Goiânia Rock News: "a vibe primordial da Monstro é punk e é assim que deve continuar a ser. Quando eu e o Bigode começamos a história toda lá atrás, havia uma premissa que era muito cara ao underground da época: “cooperation, not competition!” Creio eu que a Construtora assina embaixo, já que o espírito de substituir o "do-it-yourself" pelo "do-it-together" dá o tom há tempos na postura do Fabrício. Nossos votos, pois, para que Monstro, Construtora e Fósforo Cultural (e quem mais entrar no barco) possam fortalecer cada vez mais uma das cenas mais ricas da música indie nacional!
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LANÇAMENTO - CONSTRUTORA ARTE E MÚSICA
Centro Cultural Oscar Niemeyer - 24/05 - a partir das 18h
Bandas: Black Drawing Chalks - Space Monkeys - Johnny Suxxx - Dieguito de Moraes - Violins - Folk Heart - Ultra Vespa - Umbando - Evening - Uó - Hellbenders - Gloom - Riverbreeze.
Entrada Franca.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
<<< Hard Bop with the Jazz Messengers >>>
Apesar de ser um grande curtidor de jazz, me enrosco ao tentar transpor para palavras seus encantos. "Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura", dizia Elvis Costello, e neste caso concordo plenamente: que pálidas são as palavras quando se trata de descrever um solo de Coltrane, ou uma piração de Miles Davis, ou uma catarse de Roland Kirk! Os maiores prodígios da música estão muito além dos poderes descritivos do Verbo...
Resta, então, deixar uma entusiasmada recomendação: ouçam Art Blakey (1919-1990) e os Jazz Messengers! Blakey é um dos meus jazz-men prediletos e um dos bateras mais sensacionais que já ouvi batucar. Por sua banda passaram músicos de primeiríssimo quilate: Horace Silver, Wayne Shorter, Wynton Marsalis, Donald Byrd, Keith Jarrett, Lee Morgan, dentre muitos outros; chegou a gravar com Theolonious Monk. Foi um dos pioneiros do estilo hard-bop, nos anos 1960, inovando em relação aos clássicos do be-bop (Gillespie, Parker e cia.).
Passo a palavra para a AMG AllMusic Guide:
"At the time of his death in 1990, the Messenger aesthetic dominated jazz, and Blakey himself had arguably become the most influential jazz musician of the past 20 years. (...) Blakey's influence as a bandleader could not have been nearly so great had he not been such a skilled instrumentalist. No drummer ever drove a band harder; none could generate more sheer momentum in the course of a tune; and probably no drummer had a lower boiling point -- Blakey started every performance full-bore and went from there.
His accompaniment style was relentless, and woe to the young saxophonist who couldn't keep up, for Blakey would run him over like a fullback. Blakey differed from other bop drummers in that his style was almost wholly about the music's physical attributes. Where his contemporary Max Roach dealt extensively with the drummer's relationship to melody and timbre, for example, Blakey showed little interest in such matters. To him, jazz percussion wasn't about tone color; it was about rhythm -- first, last, and in between. Blakey's drum set was the engine that propelled the music. To the extent that he exhibited little conceptual development over the course of his long career, either as a player or as a bandleader, Blakey was limited. He was no visionary by any means. But Blakey did one thing exceedingly well, and he did it with genius, spirit, and generosity until the very end of his life."
Some classics:
Moanin' (1958) |
A Night in Tunisia (1960) |
Indestructible (1964) |
The Freedom Rider (1961) |
Caravan (1962) |
Ugetsu (1963) |
With Thelonious Monk (1958) |
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sábado, 14 de maio de 2011
<<< Rockin' Bones: Box (4 CDs) de Rockabilly e "Punk" dos 50's >>>
Rockin' Bones ("Ossos Que Rockeiam") é uma coleta firmezura da Rhino que reúne em 4 CDs 101 pérolas dos primórdios do rock and roll, em especial em suas versões mais selvagens e toscas. Uma viagem retrô por uma era de grandes topetes e motocicletas, marcada pela pélvis de Elvis e pela "Juventude Transviada" que se espelhava em James Dean. É esta a música que os Beatles e o Bob Dylan cresceram ouvindo e que os Cramps passaram a carreira inteira a venerar e reviver. Rock your bones!
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"Listening to the 101 tracks on "Rockin' Bones" it's easy to see why
rockabilly continues to attract a lively cult following."
(Los Angeles Times)
A celebration of sex, rebels, and rock 'n' roll, Rockin' Bones gathers 101 rockabilly rave-ups released by record labels both big and small from 1954 to 1969 by long gone daddies and wild, wild women. For the uninitiated, the collection serves as the perfect rockabilly primer, with quintessential cuts from such artists as Presley, Eddie Cochran, Jerry Lee Lewis, Wanda Jackson, Buddy Holly, Carl Perkins and Gene Vincent. The box also highlights many lesser-known favorites (35 tracks make their U.S. CD debut here) with the likes of Charlie Feathers, Ronnie Dawson, Hazil Adkins, Janis Martin, Joe Clay, and Johnny Carroll tearing it up."
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quinta-feira, 12 de maio de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
Fósforo Cultural apresenta: Haxixins em Goiânia, Sexta-Feira 13!
Nesta sexta-feira 13, festa sinistra no Metrópolis com a garageira psicodélica lisérgica dos Haxixins. Como relata a matéria do Overmundo, "vindos da Zona LOST, apelido dado para a Zona Leste da cidade de São Paulo, e também de onde vieram as bandas mais garageiras da cena brasileira, Os Haxixins talvez sejam a mais obscura de todas. Influenciados pelo rock 60's, garage punk e psicodelia, os amigos Sir Uly (bateria) e Fábio (Guitarra) resolveram montar um repertório “Só com o pedal Fuzz e a coragem”, segundo o próprio Sir Uly, depois de terem feito parte da extinta banda “The Merry Pranksters”.
O nome “ Os Haxixins” surgiu depois do convite feito para o baixista Daniel e organista Alôpra, inspirados no livro “Clube dos Haxixins”, que relata as experiências de um grupo de fumantes de haxixe fundado em 1845, que reunia artistas como Charles Baudelaire, Téophile Gautier e Eugene Delacroix. As reuniões, realizadas no Hotel Pimodan, serviam para promover o uso de haxixe, levando seus membros a se deliciarem nas mais fantásticas alucinações e pesadelos, coisas com as quais os atuais Haxixins se identificam.
Além do visual retrô, os caras só tocam com equipamentos antigos, e fazem questão de carregar seus Gianini Tremendões e Phelpas por onde vão. Outro diferencial das apresentações ao vivo é o "light show", projetores de luzes psicodélicas sobre os músicos. Na estrada desde meados de 2003, depois de quase desistirem de gravar um disco devido a tentativas frustradas de soar como as bandas dos anos 60, em 2007 eles foram apadrinhados pelo Berlin Estúdio e produzidos por um dos donos, Jonas Serodio (The Sellouts, The Drugs, Butcher's Orchestra e The Blackneedles), e conseguiram chegar no resultado tão esperado com o uso de gravador de rolo, amplificadores valvulados e instrumentos de época.
Os Haxixins assinou com o selo independente português Groovie Records (www.groovierecords.com) e lançou um disco em vinil apresentando algumas das suas composições próprias banhadas em ácido lisérgico. Com letras em português, guitarras fuzz, baixos hipnóticos e órgãos derretidos, os Haxixins proporcionam uma viagem visual ou musical, com ou sem sua droga predileta".
A abertura fica à cargo do Ultravespa, o Kinks de Goiânia.
Ah, e os 50 primeiros a chegar ganham um drink!
Hey ho?
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FÓSFORO CULTURAL APRESENTA:
Haxixins (SP) e Ultravespa (GO)
Metrópolis Pub - Rua 03, próx. à Pça Cívica,
em frente ao Centro Cultural Cara Vídeo.
Goiânia Rock City - 13 de Maio de 2011 - Sexta-feira.
R$15 (R$10 pra quem estiver fantasiado)
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Haxixins (SP) e Ultravespa (GO)
Metrópolis Pub - Rua 03, próx. à Pça Cívica,
em frente ao Centro Cultural Cara Vídeo.
Goiânia Rock City - 13 de Maio de 2011 - Sexta-feira.
R$15 (R$10 pra quem estiver fantasiado)
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expression of passion (defesa da estética punk [e free-jazz])
"I'm discounting chops and the technical end because as far as I'm concerned that sort of thing has basically nothing to do with what's in a player's heart, and expression of passion was basically why music was invented in the first place. A lot of people don't see it in quite those terms, of course; their absolutism takes another form: they think you have to "know how to play" your instrument according to some preset and as far as I can see arbitrary standards before anyone can even begin to take you seriously. They further think that the more technically proficient a player you become, ipso facto the better music maker, or let's say maker of better music you become. Why do they nurse this curious notion? Probably because they have been brainwashed, but who picked up the first bar of soap? It seems to me that this kind of thinking is by definition quantitative rather qualitative: you can sling arpeggios all over the place, you can freeze the baby in the bathwater and mail the ice to Siberia, but the fact remains that if you take one note, any note, and let two different people play it, what comes out of one's ax just might be nothing more than the note, whereas through some magic the other's note might be just a little more expressive, probably because there was something, a kind of inner urgency and yearning, behind it. And all the conservatories and theory books and virtuoso chop-flashings in the world aren't gonna make one iota of difference in regard to that one humble note."
LESTER BANGS
"Free Jazz Punk Rock"
"Free Jazz Punk Rock"
(Cacetada pra cima do Jethro Tull, do Brian Ferry e do Emerson, Lake & Palmer: tiragosto das impiedosas marteladas banguianas pra cima do prog.)
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sexta-feira, 6 de maio de 2011
<<< panis et circenses: bolachas de 2011 >>>
The Kills |
(Hey macacada! Aí vai uma nova leva de lançamentos dignos duma zoreiáda.
Para degustar, click na capeta e baixe pelo Mediafire.)
Para degustar, click na capeta e baixe pelo Mediafire.)
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quarta-feira, 4 de maio de 2011
<<< Hendrix em Woodstock (Um Memorável Dia em 1969) >>>
HENDRIX @ WOODSTOCK (1969)
O ápice de um ícone cultural de proporções bíblicas
DICK CAVETT: So you agree there's some kind of mad beauty in unorthodoxy?
HENDRIX (Começa a grunhir e imitar um monstro): YEAAAAAH!
Quando a aurora despontou naquela manhã de segunda-feira, em 18 de abril de 1969, sobre a fazenda que sediava o Festival de Woodstock, no interior do estado de Nova Yorke, seus raios iluminaram algo de proporções bíblicas, apesar dos milhares de pequenos rituais pagãos e xamanísticos que ali tinham se desenrolado, turbinados por muito ácido lisérgico e cannabis: eram os estertores finais de um festival destinado a se tornar lendário, não só pelas mais de 600 mil pessoas que compareceram, mas também pela sacramentação de certos ícones culturais que prosseguem reverberando em nossos tempos.
Jimi Hendrix, escalado para encerrar os três dias da mega-celebração hippie, após a passagem de uma espantosa caravana de talentos pelo palco de Woodstock (já haviam se apresentado The Who, Janis Joplin, Creedence Clearwater Revival, Grateful Dead, Sly & the Family Stone, Joe Cocker, Crosby Stills Nash & Young, entre outros...), acabou sendo empurrado pelos seguidos e colossais atrasos para o período da manhã, horário em que os pais-de-família engravatados estão se preparando para o trabalho e já se instala o clima de quarta-feira-de-cinzas.
Era uma segunda-feira de manhã, tradicionalmente um horário besta ou odioso, quando nada de interessante está acontecendo, quando levantam-se da cama a contragosto os estudantes, os operários, as grandes massas trabalhadoras... uma "hora do dever" (e não do prazer), quando somos requisitados pela "sociedade" ao trabalho (e não à qualquer ritual, culto ou prazer proibido), e quando os severos ponteiros do relógio fecham a cara e, sem alegria, decretam o "Tu Deves!", dragão que tanto horroriza qualquer nietzchiano... Segunda pela manhã não parece ser, segundo a ortodoxia reinante, uma hora muito propícia nem pro rock'n'roll, nem para celebração do amor, da liberdade e dos poderes redentores da música. Mas quem disse que Hendrix dá a mínima para as ortodoxias? E não há muito mais beleza em, ao invés de seguir em linha indiana, criar o novo ao destoar das regras e rasgar as tradicionais cartilhas?
Jimi Hendrix, sem dar a mínima para o relógio, como quem diz "eu vivo é na eternidade do presente!", tomou conta daquele palco em Woodstock com a delicadeza de um furacão. Subiu depois de consumir no backstage o que a Wikipedia descreve com modéstia como uma "dose potente de LSD" e convocou um culto hippie que jamais seria esquecido. Para provar que toda hora é uma boa hora para celebrar dionisiacamente a vida e suas maravilhas.
As pessoas que estavam ali para ver Hendrix eram os heróicos remanescentes de uma maratona/epopéia. Estavam ali, sujos de lama e chapados, a maioria com os ossos moídos pelo cansaço e os ouvidos judiados por decibéis em excesso, numa segunda-feira de manhã, aguardando que Jimi chegasse junto com the first rays of the new rising sun. Quadro curioso! Pois para qualquer um que siga a cartilha do capitalismo industrial consumista, que nos quer autômatos bem-regrados sacrificando-nos ao deus "produtividade" e consumindo supérfluos nas horas-de-lazer, a segunda-feira de manhã jamais poderia ser ocupada com algo do tipo: um ritual hedonista, quase uma orgia dionisíaca, em que o xamã Jimi e seu pilhado chá de música enfeitiçavam a platéia, até que todos, capturados pela beleza irracional e esplendorosa daqueles momentos, entregassem seus escudos e consagrassem seus sentidos e suas consciências àquele espetáculo enigmático e inédito como se observassem a explosão de uma supernova....
O que ocorreu aquele dia foi um sacrilégio pagão de deixar assombrado qualquer cristão carola. A guitarra ganha nas mãos de Hendrix o status de um objeto de um ritual xamânico, instrumento do transe místico... Hendrix pira em público sem o mínimo pudor. "He didn't mind lookin' freaky, like I didn't mind.", comenta Little Richard (ele mesmo, de "Long Tall Sally" e "Tutti Frutti"), o pastor do rock and roll que prenunciou muito da performance incendiária de Jimi.
A beleza e intensidade da experiência que Hendrix criou ali, para o testemunho dos presentes e dos pósteros, é um eloquente tratado sobre os benefícios da desmesura, do descontrole, da catarse ego-sacrificante... Jorram pétalas elétricas da guitarra desse menino-mago, turbinado com psicotrópicos que o deixavam "pra lá de Bagdá", em enigmáticos contatos com forças cósmicas inacessíveis a nós, reles mortais. Até hoje suspeito que aquela dose de LSD mandou Hendrix mais ou menos... pra região do Haiti.
"I'm a voodoo child, Lord knows... I'm a voodoo child!" - berra ao microfone, e quem testemunha aquilo na hora suspeita que aquele negão, pra ter adquirido um talento tão descomunal, deve ter feito macumba, magia negra ou pacto com o tinhoso.
Diante daquela confissão do "filho do Vodu", alguns podem ter se assustado como se estivessem diante do anti-cristo, mas o feitiço se espalha... E não tarda e as pessoas já estão remexendo-se e dançando como se estivessem de fato num voodoo no Haiti, como que possuídas pelo "demônio" daquela música enfeitiçante.
"Love & Understanding & SOUND!" - diz Jimi Hendrix para a platéia, como se enunciasse, sintético e direto-ao-ponto, sua nova tábua de valores. E aquilo que hoje conhecemos por Movimento Hippie acolhia com pleno abraço este "credo", que nada tinha de fundamentalista e dogmático. Hendrix em Woodstock é uma aula magna sobre o movimento hippie e que nos conta que, entre outras coisas, que nenhum hippie gosta de carregar cruz: prefere dançar livre do peso destas bagagens impostas e malditas.
O hippie chuta o cristianismo pra escanteio enquanto baila. Expulsa a tirania do pecado e da penitência e instaura (ainda que numa "zona autônoma temporária", para usar o conceito de Hakim Bey), uma era de mais calor, colorido e alegria. Nenhum sinal de culto ao sofrimento na atitude de Hendrix e banda (Billy Cox, Mitch Mitchell e o resto da trupe): "happiness, happiness, happiness!", repete Jimi ao microfone, como um mantra evocador de good vibes. Hendrix faz ali o papel de construtor de tapetes voadores que nos levariam a visitar inimagináveis wonderlands.
Tanta excitação fez com que aquele alvorecer de dia mais se parecesse com o alvorecer de uma nova era. Quando um Lennon tomado pela amargura e pelo desencanto cantar, anos depois, "the dream is over", talvez tenha em mente o sonho que parecia tão tangível e palpável enquanto Hendrix esteve no palco de Woodstock. Pois ali não era difícil que muitos embarcassem nos tapetes voadores da utopia, surfando nas ondas levantadas por Hendrix: ali estava ainda intacto o "utopismo" hippie, mesclado com a indignação e a revolta contra a ilegítima e perversa sangreira do Vietnã (que, como bem sabiam muitos dos jovens americanos "antenados" com a contracultura, era muito mais um massacre imperialista injustificável do que qualquer tipo de conflito "legítimo").
Hendrix tocava com o combustível para o entusiasmo que eram o engajamento do movimento anti-guerra, a força do Black Panthers e das feministas, do Weather Underground e do legado beatnik, da mensagem de Bob Dylan e da força vulcânica do rock britânico (na época, Beatles, Rolling Stones, The Who ainda estavam na ativa, todas no auge)...
Resta destacar nesta matéria tateante e cheia de devaneios (que procura explicar o inefável e pôr em palavras o indivízel...) um dos detalhes daquele show que mais "mitológico" se tornou: a "releitura" hendrixiana do hino nacional americano. Aquela ruidosa e irreverente descontrução da “Star Spangled Banner”, tocada de maneira (para usar um adjetivo light) “pouco ortodoxa”, repleta de dissonâncias e microfonias, retrata um artista cheio de garra instintiva soltando ruídos de desdém iconoclasta diante da era do tonalismo, da harmonia obrigatória, do respeito às tradições venerandas dos pastores e políticos dos povos...
Se isso simboliza tão bem Jimi Hendrix e sua era, talvez seja porque aquele som é discordante e dissonante em relação ao discurso político oficial, mas ao mesmo tempo intimamente conectado com o sentimento de rebelião e ceticismo contra o governo federal americano daqueles tempos sangrentos, em que vietcongues e mariners morriam como moscas... Aquilo é Hendrix esfregando na cara do poder: "agora vamos fazer do nosso jeito, caros Senhores da Guerra, já que vocês têm feito um trabalho tão mau-feito". O espírito dylanesco do "the times they are a-changin'" pulsava ali, naquela linda insubmissão e redefinição dos "limites", naquele estupro esplêndido da fronteira que separa a veneração da re-criação... Quando Dick Cavett pergunta a Hendrix sobre a canção, Jimi responde, com auto-segurança, como que apaixonado pela própria criação e orgulhoso de seu rebento: “eu não considero que aquilo foi heterodoxo; achei que foi lindo”.
Símbolo de uma geração que encontrava beleza na discórdia, que opunha flores a rifles, que unia forças contra os massacres e injustiças cometidas pelos caretas e reaças na Casa Branca e no Exército, e que, melhor que tudo, tinha todo um estilo-de-vida alternativo para sugerir à civilização ocidental, que depois de duas Guerras Mundiais parecia continuar sua insana jornada rumo ao abismo e aos cogumelos atômicos. Hendrix foi a encarnação desta junção entre a dissonância crítica e o entusiasmo utópico e, por isso, símbolo supremo da Era Woodstock.
Símbolo de uma geração que encontrava beleza na discórdia, que opunha flores a rifles, que unia forças contra os massacres e injustiças cometidas pelos caretas e reaças na Casa Branca e no Exército, e que, melhor que tudo, tinha todo um estilo-de-vida alternativo para sugerir à civilização ocidental, que depois de duas Guerras Mundiais parecia continuar sua insana jornada rumo ao abismo e aos cogumelos atômicos. Hendrix foi a encarnação desta junção entre a dissonância crítica e o entusiasmo utópico e, por isso, símbolo supremo da Era Woodstock.
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