Ai, ai. Que coisinha mais linda. Completa perdição. Uma estrada para o pecado. Um ser humano para contemplação mística apaixonada. Alimento para amores platônicos de infinita intensidade. Quase uma prova da existência de Deus! Se uma linda mulher segurando uma guitarra já é um espetáculo que costuma ser sexy, imagina quando se trata do xuxuzinho da Feist, em Paris, ao vivo e a cores (e que cores!), cantando uma das minhas músicas prediletas: "Secret Heart". Ai, ai.
Secret heart, what are you made of?
What are you so afraid of?
Could it be three simple words?
Or the fear of being overheard?
(What's wrong?) Let em' in on your secret heart!
Secret Heart, why so mysterious?
Why so sacred, Why so serious?
Maybe you're just acting tough.
Maybe you're just not man enough
(What's wrong?) Let em' in on your secret heart!
This very secret that you're trying to conceal
Is the very same one that You're dying to reveal
Go tell him how you feel
Secret heart, come out and share it
This loneliness, few can bear it
Could it have something to do with
Admitting that you just can't go through it alone?
Let em' in on your secret heart
Go out and share it
This very secret heart.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
:: WARNING for MALES: assistam de babador! ::
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
:: Buddy Guy ::
Ele é o único sujeito no mundo que eu chamo de ídolo. O que não é pouco. Eu tinha um pôster do Elvis Presley no meu quarto quando era criança, e o primeiro disco da minha vida foi um compacto duplo de Elvis (com "Heartbreak Hotel", "Hound Dog", "Love Me Tender" e "Jailhouse Rock"), que veio encartado no primeiro número da revista Rock Espetacular, que me apresentou, aos 8 anos de idade, no Rio Grande do Sul, as caras e bocas de Bill Haley, Little Richard, The Beatles, Bob Dylan e que tais. A semente estava plantada. E por mais que, com o passar do tempo, eu tenha aprendido a admirar tanta gente boa e, neste caso, citar nomes seria odioso, Buddy Guy tornou-se para mim, a partir de Stone Crazy!, um fenômeno de proporções inquestionáveis. Não importa o que ele faça num disco, qualquer disco, eu estarei lá para aplaudi-lo.
Eu não sei se o Buddy Guy é casado, onde mora, quantos filhos tem, se vai ao dentista duas vezes por ano ou em que loja compra suas roupas. Nem quero saber. O que me interessa de verdade é que, aos 60 e tantos anos, ele gravou uma pancada na moleira magistral, chamada Sweet Tea. Mas eu quero falar de Stone Crazy!, que, se não salvou a minha vida a noite passada, me deu vontade de continuar vivo. Se o blues, comumente associado com a tristeza, tem o poder de me deixar feliz, é porque há mistérios na existência que não podem ser resumidos em fórmulas prontas (e gastas). Aprendam isso com o titio, crianças.
Eu nunca fui de achar o maior barato as guitarras distorcidas, acompanhadas por berros ensurdecedores e marteladas na bateria, ainda mais quando radicalizadas em feições trash, death, black e o diabo a quatro, mas entre as duas escolhas eu me posicionava entre os adeptos dos dedinhos em riste imitando chifrinhos, ai, ai. Que remédio? Não vou entrar na onda de comentar todo aquele período. Esse testo é movido mais pela paixão da lembrança do que pela razão da análise. Mas foi essa confluência básica, que colocava o rock numa encruzilhada (e a gente não imaginava o que viria pela frente), que me levou a procurar alternativas.
Foi quando encontrei, numa resenha do André Mauro, e aqui faço justiça ao meu guru na crítica de rock (um cara nunca citado, que alimentou a minha cabeça um bom par de anos e me fez pensar, definitivamente, em ser jornalista), uma fala atribuída ao Eric Clapton. Ele, Clapton, dizia que, no começo de carreira, ficava curioso para conhecer aqueles nomes que apareciam nos agradecimentos das contracapas dos discos de rock que chegavam dos Estados Unidos.
Aquilo foi numa tensão crescente. E eu no barco, boquiaberto. A 1 minuto e 34 s, ele arremata o acorde com uma tirada genial, simples, certeira, inacreditável em sua beleza. Pronto, bastou. Na hora, eu pensei: esse cara é um dos melhores guitarristas que eu conheço no mundo. Por conta de 30 segundos soberbos, espetaculares, que me tiraram do sério. Aos quais eu sempre volto, por Waters, por Dixon, por Buddy Guy, por mim.
Quando Buddy Guy lá esteve pela primeira vez, com o chapa inseparável Junior Wells, eu morava em Tucuruí, no Pará. Trabalhava numa estação climatológica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que ficava ao lado da estação repetidora de televisão da verdadeira cidade, construída no meio do nada, para abrigar os trabalhadores das diversas empresas envolvidas na construção do que chamávamos de a maior hidrelétrica do Brasil. Longe demais das capitais.
Não sei por quê, uma bela noite, eu me infiltrava clandestinamente na estação repetidora, com a cumplicidade do amigo de plantão, para ver, creio que na Bandeirantes, imagens do show do Buddy Guy no 150 Night Club. Não lembro por quê, no equipamento privilegiado da estação, nós tínhamos acesso a algo que seria vedado ao comum dos mortais. Mas lembro que, mandando bala numas cervejinhas, eu vi Buddy Guy em ação pela primeira vez. Cara, foi outro choque. O figura não se limitou em ficar no palco. Desceu, soltou a voz no meio da platéia de almofadinhas, biritou nos drinques das mesas, colocou a guitarra no colo de uma mulher e, de sacanagem, fez o intrumento gemer. Sempre sorrindo. Feito maior para meus olhos esbugalhados: começou a solar feito um louco, atravessou o ambiente e entrou no banheiro. As câmeras atrás dele, Buddy Guy foi tocar guitarra para algum maluco chapado. Então descobri que Buddy Guy era meu ídolo.
Cheguei no gerente geral e disse que iria a esse festival de qualquer maneira. Se ele não me desse licença, eu pediria demissão (era solteiro, morava com os pais, e ainda podia me dar ao luxo de ser irresponsável). Para minha imensa surpresa, ele não somente me liberou, como conseguiu ingressos para os cinco dias de shows, de graça, e um barraco para eu dormir, porque ele tinha um imrão, vereador, em Ribeirão Preto. Isso é que é sorte. Gente finíssima, o seu Marçal. Um abraço para ele e minha eterna gratidão (se ainda for vivo e chegar a ler isso).
Buddy Guy, para mim, é o autêntico responsável pela transição do blues tradicional para o blues moderno. Ele adotou tecnologias sem medo, potencializou o som de sua guitarra, que tem voz própria, identificável à distância, apurou o vocal de shouter e tem uma performance dinâmica e explosiva, sem perder um só segundo a linguagem primordial do blues. Como influência confessa de Jimi Hendrix, ele tem trânsito livre com o pessoal do rock. Depois de gravar com B. B. King e voltar a Robert Johnson, Clapton jura que vai gravar com ele. Passadas as mortes recentes de John Lee Hooker, Stevie Ray Vaughan e Junior Wells, Buddy Guy, com B. B. King, Otis Rush, John Mayall e uns poucos, apresenta-se como um dos últimos bastiões de uma época e de uma linhagem nobre. O blues não vai morrer, penso eu, embora muitos o vejam num beco sem saída. Mas certamente ficará mais pobre com a partida de Buddy Guy.
O que me leva a ressaltar a importância de Stone Crazy!, ainda hoje o meu disco preferido de Buddy Guy, lançado em 1981 pela célebre Alligator Records. "I Smell a Rat", de 9 minutos e meio, pega o ouvinte pelo pescoço. Começa com um urro de Buddy Guy e um imediato solo desenfreado de uma guitarra possessa e desequilibrada. Quando Buddy Guy começa a cantar, é a guitarra do irmão, Phil Guy, que segura o dedilhado e toda a base em todo o disco, para ele alçar vôo tranqüilo.
É bom lembrar que a banda enxuta se sustenta em J. W. Williams (baixo) e Ray Allison (bateria). A produção é de Didier Tricard. São 6 faixas, distribuídas ao longo de pouco mais de 40 minutos, como nos tempos originais do LP. Tudo fruto de uma urgência selvagem e de uma aspereza inqualificáveis. "Are You Losing Your Mind?", pergunta ele na 2a faixa. A resposta é sim, se você continuar espancando a guitarra desse jeito. Buddy Guy solta uivos enquanto sola, exatamente como no palco, onde a posição do microfone não é marca fundamental para mantê-lo parado. A voz atinge graus elevados de convicção absoluta. E pouco importa se você sabe inglês, porra. Eu falo de algo que transcende o bom senso, as boas maneiras e os belos padrões exigidos pelo mercado na hora de fazer sucesso e encantar as multidões (com playbacks, fogos de artifício, coreografias exaustivamente ensaiadas, jogo de luzes e troca de figurinos).
O que temos em Stone Crazy! é um músico extraordinário e um cantor arrebatado pelo blues, incapaz de conter o jorro da adrenalina. Se ele não consegue, por que eu deveria? Experimente você. A menor faixa do disco, "She's Out There Somewhere", dura 4 minutos e 26 segundos. parece que dou muita importância ao cronômetro. Não é verdade. Eu só quero dizer que esse tempo todo é gasto em descargas de alta voltagem, sem nenhuma excrescência. "Outskirts Of Town", que mais se aproxima da idéia pré-concebida que a maioria tem de um blues, por ser lenta e chorosa, transborda urbanidade cosmopolita e desesperada.
TRACKLIST:
2 - Are You Losing Your Mind? (6:37)
3 - You've Been Gone Too Long (5:41)
4 - She's Out There Somewhere (4:33)
5 - Outskirts of Town (8:09)
6 - When I Left Home (8:20)
DOWNLOAD (40 MB):
http://www.mediafire.com/?dwl1n2utkmm
(texto extraído do livro Noite Passada Um Disco Salvou Minha Vida, ed. Geração Editorial, organização de Alexandre Petillo, DIGITADO ARDOROSAMENTE pela Equipe Depredando de Benfeitorias Sônicas. Alguma datilógrafa gostosa quer vir trabalhar pra gente? Pagamos em breja!)
Tweetdomingo, 26 de outubro de 2008
:: Kathryn Williams ::
KATHRYN WILLIAMS
"Her songs possess a magical quality made from sly, artful yet soulful contrasts. Her still, pretty voice delivering words that draw blood. Pastoral pop melodies that look at people with a modernist eye while spinning imagery from the natural world. Songs about liars, dogs, betrayals, depression, confusion and a quiet, seething hatred that pin down the true nature of love. The kind of music that reveals more dimensions with each listen, that stills drunk crowds into reverent silence, that seduces people that thought they'd had enough of singer-songwriters, especially female ones with acoustic guitars and sweet voices." - CRUD MAGAZINE
"It takes a lot of nerve to sing quiet stuff that people have to listen to in a live setting. I've lost my nerve and run a few times but I think there is too much big music around. Everyone wants to be the next big thing - where are the little precious things? The quiet love, the stillness and breathing?" - KATHRYN WILLIAMS
"What's the day without the night to give it birth?", canta ela no primeiro álbum, Dog Leap Stairs (1999), disco de infinita tristeza, que inaugura uma carreira de uma artista que irá evoluindo em direção a um certo alívio da tensão e de uma serenidade em meio à dor, mas que vai permanecer sempre um tanto cabisbaixa e subnutrida de alegria. Chegando à Revelations, seu álbum de 2004, vê-se o quanto ela alçou vôo: aquela mocinha extremamente insegura, dolorida e carente do primeiro álbum já se mostra bem mais à vontade em sua própria pele, gravando inclusive uma das coisas mais sexies que já se ouviu ("A Guy Who Takes his Time"). Como se sua própria música tivesse sido uma excelente temporada de psicoterapia.
E, por falar em Kurt Cobain, apesar de não haver qualquer semelhança sonora entre Nirvana e Kathryn Williams, uma certa proximidade espiritual pode ser percebida, principalmente numa certa melancolia desconsolada à qual Kathryn parece ter se acomodado, como se encarnasse aquele "comfort in being sad" que Kurt dizia sentir saudades de sentir. Por isso definir a música de Kathryn como "triste" seja algo simplista e mutilador: a música dela é capaz, sim, de confortar, aliviar, ninar, espantar, acariciar - e até mesmo alegrar.
Na primeira faixa de sua obra prima Old Low Light, ela se pergunta: "if heaven and hell / were all in the same place / would fences appear?" A grande "sacada" de Kathryn Williams parece ter sido a de que céu e inferno coexistem em todo lugar, inclusive dentro de cada um de nós, e que o artista deve criar a menor quantidade possível de cercas dentro de si, sem condenar ao exílio tudo de sombrio, lacrimejante ou torto que nota em sua galáxia interior - coisas que, na verdade, merecem ser expressadas tanto quanto o que é direito e contente.
(Depredando destaca 4 discos essenciais da discografia da moça:)
http://www.mediafire.com/?mc35ew3xqvr
2000 - "Little Black Numbers"
http://www.mediafire.com/?jrnpxxwnj1f
FAIXA A FAIXA comentadas pela própria K.W. aqui.
2002 - "Old Low Light"
http://www.mediafire.com/?ozqreasvc0r
2004 - "Relations"
http://www.mediafire.com/?xmt001hmhod
:: entrevista ::
SAIBA MAIS: MYSPACE --- SITE OFICIAL --- ENTREVISTA NA NICKDRAKE.COM ---
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
:: cérebro eletrônico ::
CÉREBRO ELETRÔNICO, Pareço Virtual (EP)
"Somos rapazes de família – apenas parecemos modernos – e por essa razão não costumamos dar nada no primeiro encontro. Não se trata de moralismo religioso ou capitalista, apenas de um mecanismo de molas que se contrai para armazenar força e então expandir plenamente. Pois é somente depois de estabelecida certa intimidade que tem início o processo de concessão e abertura de certos limites. O resto é apelido carinhoso, planejamento familiar, contas a pagar e reformas da sala.
Estamos íntimos?
Então agora podemos dar sem receio. Não tudo. Porque não queremos que acabe cedo, antes do terceiro disco. São 8 músicas muito bem selecionadas na plantação recente. Começamos com “Pareço Moderno” e “Dê” (as mais pedidas), descemos o morro com “Mar Morro” e subimos aos céus com “Os Astronautas” em versão ao vivo gravada em Rodoxland (o antro florestal de criação cerebral). As 3 últimas são presentes que ganhamos, remixes feitos por amigos e comparsas. “Antes Eu Tivesse Convivido Só com a Minha Guitarra” feita por AnvilFX, “Dominó Tecnológico” por Macacorama e “Pareço Moderno” remixada por Guab.
Para lançar esse EP optamos por agregar os amigos reais e virtuais. Muitos deles mantém seus BLOGS e então nos perguntamos: “por que não oferecer o arquivo e deixar a galera fazer o que bem entender?”. E foi isso mesmo o que aconteceu. O EP está disponível em blogs camaradas para quem quiser usufruir.
Depois tem mais, ok?
* * * * *
Transcendendo os limites tradicionais de gêneros, a música da banda desafia as simples definições enquanto flutua entre a eletrônica, o rock, o pop e a MPB. Ao contrário de outros artistas que foram atraídos pela idéia de canibalismo musical proposto pelo tropicalismo, o balanceamento eclético de gêneros proposto pelo Cérebro Eletrônico não soa forçado ou autocentrado.
As simples e estranhas melodias, as letras inteligentes, o frescor do som e a elegante produção garantiram ao Cérebro elogios fervorosos da crítica e um público fiel e entusiasta que não pára de crescer. As melodias da banda são diretas, muitas vezes atraídas pela maneira familiar da cultura pop, mas ao mesmo tempo com arranjos não convencionais e surpreendentes. TatáAeroplano, compositor e vocalista da banda, disse em uma entrevista que grande parte da música moderna se parece com os filmes de Hollywood nos quais logo no início você geralmente já sabe o que acontecerá no meio e também prevê e antecipa o final. O Cérebro Eletrônico quer fazer exatamente o oposto com sua música: surpreender o ouvinte.
PHILIP JANDOVSKY
DOWNLOAD (disco + encarte - 37 MB):
http://www.4shared.com/file/67938131/aac1bfe9/Crebro_Eletrnico_-_Pareo_Virtual__EP_.html
MYSPACE: http://myspace.com/cerebroeletronico
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
:: Big Bad Voodoo Daddy ::
BIG BAD VOODOO DADDY, Self-Titled (1998)
Disquin' firmezura pra ficar contente: uma bandaça dos anos 90 tocando jazz de big-band e swing dos anos 40 e 50. Tudo redondinho, empolgante e c'umas metalzeiras tri-legais. Este disco de 98, estréia numa gravadora major, é inteirinho fodástico e deixa animadas até as manhãs de segunda-feira no trabalho. Inclui aquelas musiquinhas esplêndidas e lúgubres que apareciam nos desenhinhos da Betty Boop! Tipo esse crássico episódio banido, ao som de "Minnie The Moocher":
Biography by Stephen Thomas Erlewine (AMG)
Like Squirrel Nut Zippers, Big Bad Voodoo Daddy revived big band music for the '90s. BBVD concentrated on the swinging days of the '40s and '50s, borrowing some of the Rat Pack lingo in addition to the zoot suits. Formed in Los Angeles in 1992, the group quickly built up a following by playing regularly on the local lounge circuit, playing to Gen-Xers enamored with the kitschy charm of the cocktail nation. This burgeoning lounge scene was captured in the hit 1996 indie comedy film Swingers, which featured a song by Big Bad Voodoo Daddy on the soundtrack. By the end of 1997, the band had self-released two albums — Big Bad Voodoo Daddy and Whatchu' Want for Christmas — which were local hits and led to a major-label contract with Capitol Records. In February 1998, Capitol released the group's major-label debut, Big Bad Voodoo Daddy, which was not the same album the group had previously released on their own. This Beautiful Life followed a year later. By the time the band came together for a follow-up, Big Bad Voodoo Daddy had sold over three million albums, performed at Super Bowl XXXIII with Stevie Wonder and Gloria Estefan, and had their music used in over 60 film and TV trailers. Big Bad Voodoo Daddy were unstoppable. Their fifth album Save My Soul was slated for a July 2003 release, five years after their Interscope debut.
DOWNLOAD (70 MB, 192kps):
http://www.mediafire.com/?12ntnnz5nz2
MYSPACE:
http://www.myspace.com/itsthebigbadvoodoodaddy
domingo, 19 de outubro de 2008
:: da série PÃO QUENTINHO ::
DAVID BYRNE & BRIAN ENO, "Everyhting That Happens..."
http://www.mediafire.com/download.php?ftqj5gmyzol
(vai, Blogger Cuzão! apaga de novo! C-U-Z-Ã-O!)
(só testando a liberdade de expressão na blogosfera... :P)
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
:: os 10 dos anos 70 - #09 ::
"Television’s first album is a record most adamantly, not fashioned merely for the N.Y. avant-garde rock cognoscenti. It is a record for everyone who boasts a taste for a new exciting music expertly executed, finely in tune, sublimely arranged with a whole new slant on dynamics, chord structures centred around a totally invigorating passionate application to the vision of centre-pin mastermind Tom Verlaine." - NICK KENT
O Television surgiu na hora e no lugar onde o punk americano estava começando a decolar: na metade dos anos 70, na cena que rodeava o CBGB’s, o pub tosco e histórico em Nova York. Foi ali que o grupo liderado pelos guitarristas Tom Verlaine e Richard Lloyd fez sua primeira apresentação ao vivo, para uma dúzia de gatos pingados. Inclusive uma mocinha genial, Patti Smith, que sairia dali se dizendo absolutamente apaixonada pelo vocalista de voz fanha e pretensões poéticas, de rara ambição, que começava a despontar em Verlaine. Billy Ficca, batera de orientação jazzística, e o baixista Fred Smith, substituto do membro-original Richard Hell, completavam a trupe.
Apesar de estarem no epicentro na ceninha punk que começava a pegar fogo, a banda se vinculava pouco ou nada ao estilo que se notabilizou por três acordes toscos, bateria frenética e gritaria primal com os Ramones, os Pistols e o Clash. O Television sempre teve uma aura mais cult, um virtuosismo instrumental mais refinado e um clima de intelectualidade e experimentação que tornava a banda in-rotulável como punk. Tinham mais afinidade com a estética do Velvet Underground ou com o som de certas bandas do rock clássico como o Lynyrd Skynyrd e o Grateful Dead, sem falar em grupos de fusion e progressivo. “Verlaine citava os Rolling Stones, o compositor clássico Maurice Ravel e os mestres do jazz Miles Davis e Albert Ayler como influências”.
Com uma voz semi-anasalada e bastante incomum para um rockstar, Verlaine, que tinha nome e alma de poeta, construía painéis impressionistas e estranhos em suas letras – não é a toa que a jovem Patti Smith caiu de amores por ele e logo eles dividiram a autoria de um livreto de poesias. Outro paralelo entre ambos foi a escolha de fotos de Robert Mapplethorpe para a capa dos dois álbuns – Marquee Moon e Horses. Quando, logo na primeira música, Verlaine canta que “entendo todos os instintos destrutivos / eles parecem tão perfeitos / eu não vejo mal”, é como se estivesse defendendo o punk. Com quem ele tinha, talvez, uma ligação mais espiritual do que propriamente musical – e que estava presente numa certa despreocupação e numa falta de pudor de exibir aquela voz tão feia sem rubores.
Eterno queridinho da crítica musical, Marquee Moon compensa sua baixíssima vendagem e sucesso popular com uma pagação de pau por parte dos "entendidos" que é realmente digna de nota. Em 2003, foi considerado pelo semanário britânico NME o 3º melhor álbum de todos os tempos. Está entre os 25 melhores discos já lançados tanto no Rate Your Music quanto no Acclaimed Music. Nick Kent, um dos maiorais da crítica musical ao lado de Lester Bangs, carregou a mão quando escreveu suas loas em louvor ao álbum. Já a respeitadíssima Pitchfork o considerou o 3º melhor disco da década de 70.
http://www.mediafire.com/?mwtyk2mmlin
terça-feira, 14 de outubro de 2008
:: tá osso! ::
Tudo isso por postar um disco do Oasis?! Carai, hein... Esses Gallagher são msmo uns encrenqueiros... Daqui pra frente, pois, vamos ter que pegar leve nos lançamentos de gente-grande pra num dar zica nem com o Blogger nem com o Mediafire. Mas Depredando continua, firme e forte, msmo q seja na clandestinididade, metralhado e judiado, levantando a bandeira do copy-left e da música-livre. É dura a vida dos anarquistas cibernéticos, viu... ;)
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sábado, 4 de outubro de 2008
:: PET SOUNDS PROJECT - vol. 5 ::
por FRED DI GIACOMO
(vocalista e baixista do Milhouse,
o cara de óclinho azul e camiseta do Nietzche.)
Acho que foi daí que surgiu meu gosto pelo humor na música. O Adoniran era sambista e comediante e, entre outros clássicos ("Trem das Onze", "Saudosa Maloca"), ele compôs "Samba do Arnesto" que eu e meus irmãos adorávamos quando éramos crianças. O Little Quail regravou numa versão rock 'n' roll suja anos depois.
2) "Maracatu Atômico" - Chico Science e Nação Zumbi
Tem um monte de música do Chico Science e Nação Zumbi que eu adoro. Resolvi escolher pelo valor sentimental mesmo. Essa foi a primeira música que grudou no meu ouvido em 1996, ano que a banda lançou o "Afrociberdelia", disco que mudou minha vida. Meu pai deu de aniversário pra minha mãe e eu não consegui parar de ouvir. Foi daí que começou minha obsessão com a música e nesse disco estavam os limites que ela deveria ter: nenhum limite. Um ano depois meu primeiro fanzine chamou-se Afrociberdelia.
3) "Roots" - Sepultura
Foi outro disco que fez minha cabeçea em 1996, quando eu tinha 12 anos e me jogou pro som pesado. Meu pai comprou porque tinha "músicas com índios". Eu e meu irmão viramos fãs e a patir daí começamos a ouvir "Black Sabbath", "Ratos de Porão" e outras bandas de rock pesado
4) "O Dotadão Deve Morrer" - Ratos de Porão
Essa foi a segunda mudança na minha vida. Eu já gostava de música e começara a tocar violão. Mas quand ouvi o "Feijoada Acidente?" do RDP em 1998 resolvi virar punk, espetar o cabelo e tocar baixo. Essa música, uma versão da original dos gaúchos do Cascavelletes, tinha um solo de baixo do Pica-Pau que me fez querer tocar o instrumento, uma letra engraçada e uma pegada nervosa. A partir dai as calças se rasgaram, os zines brotaram e as bandas se formaram.
5) "Mantenha o Respeito" - Planet Hemp
Das bandas de rock nacional dos anos 90 o que eu mais gostava eram os mangueboys, o escracho do "Funk Fuckers" e o "Planet Hemp". Especialmente o primeiro disco "Usuário" que era mais rock 'n' roll. "Mantenha o respeito" era uma música que todas bandas de gararem em Penápolis tentaram tocar em algum momento. E o "Planet Hemp" era a banda que unia a maloquerada fossem maconheiros, skatistas, roqueiros ou rappers
6) "Periferia é Periferia" - Racionais Mc's
Ouvi Racionais Mc's a primeira vez no rádio. "Homem na Estrada" ou "Fim de Semana no Parque". Ganhei o "Sobrevivendo no Inferno" logo que saiu e escutei muito o disco. A primeira audição foi cuidadosa, prestando atenção a cada verso como se fosse um filme. Só fui sentir o mesmo impacto quando assisti "Cidade de Deus" anos depois. Gostava de ficar imaginando "Periferia é Periferia" na minha cabeça quando andava pelas ruas esburacadas da minha rua suburbana em Penápolis.
7) "Aneurysm" - Nirvana
Um dos primeiros shows de rock que assisti foi de uma banda do colégio chamada Dr Ratazana. A banda de abertura tocou Aneursym do Nirvana. Parecia uma música simplesmente perfeita. A raiva, a bateria animal, o vocal gritado, a guitarra suja. Na minha adolescência Nirvana tinha a mesma importância que Beatles.
8) "Around The World" - Red Hot Chili Peppers
Eu já era punk e tocava baixo quando minha prima me deu o Californication do Red Hot Chilli Peppers em 1999. Nunca tinha prestado atenção direito nos pimentinhas, mas esse disco me fez querer tocar que nem o Flea. Seus slaps e linhas grooveadas, sem perder a agressividade, foram meus professores nas 4 cordas. Lembro de ficar assistindo um VHS da banda ao vivo pra aprender a fazer slap.
9) "Papai-Noel" - Garotos Podres
Foi o primeiro hit que minha primeira banda, "Andarilhos" tocou. Ouvi essa música milhares de vezes na versão do RDP e do Garotos. Toquei ela por uns 3 ou 4 anos. Tinha um rebeldia misturada com humor que parecia a combinação ideal. Quando a tocávamos, arremsávamos uma cabeça de papai noel de papel e algodão pra galera destroir.
10) "My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)" - Ramones
Escolher uma música do Ramones é difícil. Eles foram uma das minhas bandas favoritas por muito tempo. Lembro que em Penápolis tinha um cara que se auto-intitulava "André Ramone" e fazia um monte de perguntas para qualquer um que usasse uma camisa do Ramones ou do RDP. Era como se você tivese que se esforçar para pertencer àquele seleto e empolgante clube de moleques com camisetas pretas ouvindo punk rock, discutindo qual era a melhor formação do Ramones e tentando entender a história do filme B que eles estrelaram (Rock n' Roll High School) com áudio em inglês e legendas em japonês (!!!). Depois dos Ramones, qualquer um podia montar uma banda e ser roqueiro, mesmo se você fosse um caipira esquecido numa cidade minúscula chamada Penápolis.
11) "Concrete Jungle" - Bob Marley and The Wailers
Minha mãe ouvia bastante Bob Marley, mas eu só prestei atenção no reggae quando entrei na faculdade e meu tio me deu o vinil do "Catch a Fire". Aquela primeira música, "Concrete Jungle", tinha um sentimento que eu só havia encontrado nas músicas dos Racionais. Um grito de dor e sobrevivência, embalado por um riff grudento, baixo balançante e vocais suaves.
12) "Search and Destroy" - Iggy And The Stooges
Depois que entrei na faculdade deixei de só ouvir punk rock puro e comecei a escutar MPB e bandas de garagem. Entre as bandas de garagem a que eu fiquei fã foi o proto-punk dos Stooges. "Search and Destroy" é o exemplo de canção de rock perfeita, que eu queria ter escrito. Riff selvagem, vocal gritado e a sensação de liberdade que entra pelo seu ouvido junto com a distorção de guitarra.
13) "Lugar do Caralho" - Júpiter Maçã
O rock gaúcho foi uma das principais inspirações para o meu lado "punk brega". Sempre me liguei nas letras e as do Júpiter Maçã eram muito boas em "A sétima efervescência"(um dos melhores discos do nosso BROck) Alguns anos depois descobri outra banda de Júpiter, Cascavelletes, e o impacto foi semelhante.
14) "Guiné Bissau, Moçambique e Angola" - Tim Maia
Muita gente pirou no Tim Maia Racional durante a universidade e eu fui um deles. Fui descobrindo música por música, desde "O Caminho do Bem" presente na trilha sonora de Cidade de Deus, até baixar os dois discos inteiros. A sonoridade presente nessas duas bolachas é simplesmente genial. E a percurssão e linha de baixo de "Guiné Bissau", são hipinotizantes. A partir desse disco passei a ser mais um atrás do groove perfeito.
15) "Rap é Compromisso" - Sabotage
Depois dos Racionais, o único rapper que realmente me enfeitiçou foi Sabotage. Além de ser uma figura cativante, Sabota era dono de uma musicalidade única que infelizmente não pode ser totalmente explorada devido a sua morte prematura. Ouvi muito esse disco durante anos.
16) "Take It Easy My Brother Charles" - Jorge Ben
Jorge Ben sempre teve pra mim o sabor de felicidade. Desde pequeno ouvindo seus vinis às festas dançando até o sol raiar suas músicas swingadas. Influenciou diretamente meu jeito de compor e minha tentativa de reproduzir seu swing na mão direita. Pra mim a mistura ideal era a agressividade do punk, o swing de Ben e as letras do Roberto.
17) "Detalhes" - Roberto Carlos
Roberto e Erasmo Carlos são dois compositores geniais, que conseguem pinçar cenas do cotiano e transformá-las em poesia, com a qual qualquer pessoa se identifica. De todos os compositores que podem ser chamados de "românticos" ou "bregas" Roberto é o que mais me influenciou. Para mim os grandes modelos de composições pop perfeitas são as músicas dos Beatles e do Roberto.
18) "Preciso me Encontrar" - Cartola
Toda vez que ouço essa música do Cartola sinto-me emocionado. Acho que esse tipo de música é mágico, te leva para algum lugar nostálgico, como um dia de chuva que desperta lembranças boas.
19) "Bachiana nº 5" - Villa-Lobos
Não sou muio fã de música clássica, mas essa peça em especial se tornou uma das minhas músicas preferidas. A primeira vez que ela me chamou a atenção foi numa versão do grupo mineiro "Uakti". E aquele tipo de música que quando toca te faz sentir bem.
20) "Canto de Ossanha" - Baden Powell & Vinícius de Moraes
Depois dos 22 anos, os acordes do punk rock para mim, foram dividindo seu espaço com algumas das canções de música brasileira, especialmente as músicas com raízes negras. "Canto de Ossanha" tem uma sequência de acordes que me chama a atenção desde que a ouvi no sampler de Marcelo D2 na música "1967". O documentário sobre Vinícius é para mim um grande exemplo de amor à música e à vida.
21) "O Tempo" - Cidadão Instigado
Compus uma música ("De que vale um real?") na primeira vez que assisti ao show do "Cidadão Instigado", em São Paulo. È uma das bandas recentes que mais me agradam. Sua mistura de rock setentista com música romântica é algo que inspira minhas composições no Milhouse. E a guitarra de Catatau é um show a parte.
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Bônus:
Balada do Corno - banda Milhouse 2.0
Como bônus uma música do Milhouse. Compus "Balada do Corno" com meu irmão Gabriel sentando na minha cama, numa tarde em São Paulo. Tínhamos nos reunido para escrever "Velho Veado", e a "Balada do Corno" acabou vindo de bônus. Não demos muita bola na época, mas acabou se tornado um dos "crássicos" do Cuecas Rosas, virou hit do "Milhouse" e ganhou uma versão até do humorista Marcelo Adnet. Gostaria de consguir escrever algo tão simples e eficiente como essa música de novo.