segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"Happiness is only true when shared" (Into The Wild)


“So many people live within unhappy circumstances and yet will not take the initiative to change their situation because they are conditioned to a life of security, conformity, and conservatism, all of which may appear to give one peace of mind, but in reality nothing is more damaging to the adventurous spirit within a man than a secure future. The very basic core of a man’s living spirit is his passion for adventure. The joy of life comes from our encounters with new experiences and hence there is no greater joy than to have an endlessly changing horizon, for each day to have a new and different sun.” ― Chris McCandless (a.k.a. Alexander Supertramp)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

17º Goiânia Noise - 02 e 03 de Dezembro - Programação


Do site da Monstro Discos: "17 anos. Música independente de verdade. O mais profundo raio-x da cultura alternativa brasileira. Novas experiências. O tesão de sempre.

Em sua 17ª edição seguida, o Goiânia Noise sai da zona de conforto e inova mais uma vez. Uma programação condensada em duas noitadas de rock sem parar! Trinta e três bandas de todo o País e ainda três atrações internacionais de peso! Nomes como The BellRays, Gerson King Combo, Raimundos, Siba, Cidadão Instigado, DeFalla, Delinquent Habits e muito mais.

Diferentes estilos, linguagens e sotaques. Menos nhém-nhém-nhém e mais rock! Um apavorante e inusitado Museu dos Monstros. A participação mais do que especial de Gil Brother, o Away de Petrópolis. HQs, livros, design, cinema, moda, tecnologia... artes integradas. Tudo reunido num dos lugares mais tradicionais de shows de Goiânia: o Sol Music Hall, no Jaó.

Goiânia Noise Festival, a maior festa do rock independente brasileiro!

Cai dentro!!!"


Dia 2/12 – Sexta-feira:18h – Chacina (GO)
18h30 – Black Queen (GO)
9h – Atomic Winter (GO) 
19h30 – Lady Lanne (GO)  
20h – The Neves (DF) 
20h30 – FireFriend (SP)
21h – Peixoto e Maxado (SP)
21h30 – Space Truck (GO) 
22h – Oitão (SP)
22h30 – BigBang (Noruega) 
23h – Hellbenders (GO)
23h30 – Bang Bang Babies (GO)
00h – Delinquent Habits (EUA)
00h30 – Os Haxixins (SP)
01h – Raimundos (DF)
01h50 – Cidadão Instigado (SP)
02h40 – The BellRays (EUA)

Dia 3/12 – Sábado:
17h – Doentes do Amor (GO)
17h30 – Darshan (DF)
18h – Kamura (GO)
18h30 – Dry (GO)
19h – The Galo Power (GO)
19h30 – The Pro (DF)
20h – Vida Seca (GO)
20h30 – Diablo Motor (PE)
21h – Bambinos Selvagens (RS)
21h30 – Beach Combers (RJ)
22h – Kães Vadius (SP)
22h30 – Cassim & Barbária (SC)
23h – Mechanics (GO)
23h30 – Brollies and Apples (SP)
00h00 – Claustrofobia (SP)
00h30 – Violins (GO)
01h00 – DeFalla (RS)
01h50 – Siba (PE)
02h40 – Gerson King Combo (RJ)



Local: Sol Music Hall, Clube Jaó, Avenida Quintandia, St. Jaó
Data: 2 e 3 de dezembro de 2011
Vendas: Ambiente Skate Shop, Monstro Discos e Hocus Pocus Livraria
Ingressos: 20 reais antecipados e 30 reais na porta (por noite)






quarta-feira, 23 de novembro de 2011

The Bellrays - Discografia


Do site oficial do Goiânia Noise: "Blues é o professor. Punk é o pregador. Bellrays é emoção e energia, experiência e talento cru, espírito e intelecto. Bob e Lisa Kekaula criaram a banda em 1991, na Califórnia. Eles só queriam tocar e se sentir bem. Então eles levaram para o palco tudo o que sabiam sobre os Beatles, Stevie Wonder, The Who, Ramones, Billie Holiday, Lou Rawls, Hank Williams, Jimmy Reed, Led Zeppelin... Esse é o Bellrays, uma espécie de AC/DC com Aretha Franklin nos vocais. Ou uma Janis Joplin berrando em uma banda que misturasse MC5 e Stooges."

Bellrays é o headliner do Goiânia Noise 2011 e toca na sexta, 02 de Dezembro. Imperdível!


The Bellrays - Grand Fury - 2000 [download]

The Bellrays - Let It Blast - 1998 [download]

The Bellrays - Hard Sweet and Sticky - 2008  [download]

Black Lightning - 2011 [download]

to be continued...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

SWU: Provocações, Dúvidas, Inquietações, Impressões...


Não é nova a idéia de pôr um festival de música a serviço de uma causa política, seja o auxílio a refugiados e famintos, seja vítimas de guerras ou catástrofes naturais: do Concert For Bangladesh (organizado por George Harrison no começo dos anos 1970) ao Tibetan Freedom Concert, do Live Aid (de Bod Geldof, que falou na SWU-2011) ao Porão do Rock brasiliense (que já arrecadou 174 toneladas de alimentos em suas 14 edições), para ficar em poucos exemplos. 

Em sua segunda edição, o festival SWU, realizado com verba de 6 milhões e 200 mil reais liberados pelo Ministério da Cultura Brasileiro, reuniu quase 180 mil pagantes em Paulínia (SP) em três dias de shows, conferências, mesas-redondas e muita CHUVA e LAMA. O que é um tanto inquietante, além desta quantidade de verba pública do MinC aí investida, é que a SWU não é exatamente um evento "benificiente" cujos lucros seriam revertidos em prol da Sustentabilidade Ambiental, tão propalada pela organização como uma espécie de eixo temático do festival. 

Um evento tão faraônico, que recebe um público que bate nos 200.000 pagantes (e que ainda por cima consomem em quantidades colossais dentro do festival), deixa no ar o mistério: quanta grana se ganha com isso? E ela vai para o bolso de quem? Não há muitos lucros privados envolvidos neste evento realizado com verba pública? Tenho muita curiosidade de saber qual o faturamento da SWU e qual o destino que será dado a esta dinheirama. Acho até que o festival deveria ser obrigado, em nome da transparência, a divulgar estes números diante da sociedade para que possamos ter uma idéia mais clara do que está rolando nos bastidores deste mega-evento que promete acompanhar-nos década afora, ano a ano, sempre com atrações internacionais de alto calibre. E caso esteja servindo para o enriquecimento de poucos, ou seja, para a piora da condição já terrível de concentração de capital e má distribuição de renda, teremos que olhar o festival e suas pretensões benévolas com ceticismo e confrontação!

Suspeitar é necessário. Quem não pergunta não pensa. Quem não põe em questão acaba engambelado, manipulado, feito de trouxa. Cabem as questões: a tal da "sustentabilidade" é uma genuína preocupação do SWU ou seria mais uma espécie de fachada filantrópica que esconde outros interesses inconfessáveis? Claro que é de bom-tom, muito politicamente correto, dizer que o objetivo por trás de tudo é ajudar a salvar o planeta Terra. Mas será que isso é dito meio que da boca-pra-fora, com o talento maquiavélico dos sofistas contemporâneos, mestres na arte do lobby, como uma justificativa aceitável perante o Estado, ou existe de fato algo equivalente a um movimento cultural/social de relevância sendo colocado em movimento? Sei não, sei não... é conveniente demais este bom-mocismo todo, gerador de tamanhos dividendos e lucros, ornado de tamanha espetaculosidade e campanhas midiáticas, para que uma pulga atrás da orelha não fique a me cochichar nos ouvidos: aí tem coisa, aí tem mutreta!

No intervalo entre os shows, os telões lá em Paulínia foram dominados pelas "vinhetas" oficiais da SWU. Mensagens edificantes sobre a necessidade de cuidarmos com carinho de nosso planetinha ameaçado mesclavam-se a tuitagens escolhidas por uma única razão: a auto-glorificação do festival. Não me lembro de nenhum tweet minimamente contestador, questionador, minimamente politizado. Só um amontoado de "valeu SWU, você é demais, que coisa foda, parabéns, concretizei meu sonho" - e por aí vai. Já as liçõezinhas de edificação, destinadas aparentemente a despertar no público a "consciência ecológica", vinham num estilo altamente publicitário, não sendo muito diferentes do que se veria nos reclames do plim-plim da rede Globo...

E sempre batia-se na mesma tecla: "começa com você". Um slogan que não ficaria mal se escolhido pela Nike ou pelo McDonalds. Me incomoda a dimensão marketeira da bagaça toda. A SWU nos cutuca as orelhas com um matraquear cansativo sobre o "starts with you!", mas... não faz muita coisa além disso: sugerir que a mudança começa no indivíduo. E que "pequenas atitudes geram grandes mudanças". Que simplismo! O que pode um indivíduo solitário, por exemplo, para que as Guerras do Petróleo cessem no Oriente Médio? E isso tem tudo a ver com sustentabilidade: caso o Império Norte-Americano, maior consumidor mundial de petróleo e maior poluidor atmosférico do mundo, recuse-se a diminuir a marcha de seu desenfreado "progresso" e continue a cagar em cima de Protocolos de Kyoto e resoluções da ONU, a bioesfera vai tornar-se cada vez menos capaz de sustentar a Vida em toda a sua diversidade... E não ouço a SWU falar nada sobre o tema.

Só estive lá no 3o dia de festival e não acompanhei o Fórum de Sustentabilidade, que teve cerca de 3.000 presentes (segundo a Super Interessante), um índice mísero que representa MENOS DE 2% do público total do festival. As "iniciativas que podem mudar o mundo" que a matéria da Super relata que saíram do debate me parecem mais como paliativos ou soluções parciais do que como idéias realmente revolucionárias. Parece que em momento algum se põe em questão o principal: que este sistema econômico capitalista-neoliberal, cujo combustível é um petróleo que tende a uma escassez progressiva, baseado no consumismo desenfreado que transforma nossas metrópoles em lixões poluídos e selvas-de-pedra desarvorizadas, é o X da questão. Eis aí uma "verdade inconveniente" (bem mais que aquela do Al Gore!) e que um festival como SWU, que está inserido neste sistema, não tem a coragem (ou o interesse) de questionar. O Occupy Wall Street e o Movimento Zeitgeist, por exemplo, estão dizendo que a solução passa necessariamente pela derrubada da Tirania das Finanças e do Capital Especulativo: não há como falar em Sustentabilidade sem falar numa radical transformação do próprio capitalismo. Sobre isso a SWU se cala. E é um silêncio inquietante.

 Mas convenhamos: uns 90% do público presente estava lá pelas bandas, pela festa, pela bebedeira, pela azaração, não ligando a mínima para debate ideológico, discussão política, fórum ambiental... É, no mínimo, um enorme desperdício de potencial quando um festival que se diz preocupado com Sustentabilidade não faz mais esforços no sentido da conscientização da multidão que ali estava.

Na Praça de Alimentação, é verdade, havia a opção de rango vegetariano, ainda que com preço salgado (tudo acima de 10 conto e tudo refeições em doses míseras...). Havia também uns cartazetes, bem pequenos, que perguntavam: "Se você ama alguns animais, por que come outros?" Acho uma bela iniciativa oferecer esta alternativa à alimentação carnívora e despertar este tipo de questionamento naqueles que amam seus cãezinhos e gatinhos e não vêm nenhuma contradição em devorar pedaços de cadáver de boizinhos e franguinhos...

Tudo bem. Mas por que uns cartazinhos miúdos ao invés de outdoors gigantescos? E por que não fazer uma campanha mais bem-bolada para explicar aos presentes qual a relação entre vegetarianismo e sustentabilidade? Pois grande parte da galera não tem a mínima noção de que existe uma relação entre o consumo de carne, o aquecimento global e o desmatamento da Amazônia. Se a SWU se diz tão dedicada à ampliação da consciência social a respeito de problemas ambientais, deveria utilizar meios mais eloquentes e poderosos para fazer-nos compreender que a devoração maciça de hot-dogs, hambúrgueres e almôndegas é bem menos "inocente" do que muitos carnívoros com consciência-tranquila pensam. Para responder à demanda dos consumidores por carne, as empresas precisam, por exemplo, derrubar florestas para colocar no lugar suas "fábricas de carne". O Pulmão do Mundo, a Amazônia, sendo retalhada, substituída por uma pecuária-de-linha-de-montagem, onde os animais vivem nas condições mais grotescas e degradantes, e isso porque milhões, inconscientemente, não querem trocar seu strogonoffe por soja-e-legumes... Cadê a SWU chamando a atenção para a questão do consumo consciente?


Outra questão que não vejo colocada: a SWU aconteceu por duas vezes no interior de São Paulo, em Itu (em 2010) e em Paulínia (em 2011), sendo que uns 95% do público presente teve que chegar ao local do evento... utilizando algum tipo de transporte emissor de CO2. A organização do festival não foi ridícula a ponto de dizer "venha de bicleta pra SWU!" pois ninguém encararia a odisséia de pedalar umas 30 horas e chegar já moído no festival. O que a SWU fez foi bombar o preço do estacionamento para a estratosfera – 100 REAIS a diária para os carros com 1 ou 2 passageiros! E com um bônus: carros atolados na LAMA! Convenhamos que é um tremendo incentivo para que não se vá de caranga até lá. Mas e daí? Vai-se de busa, de van, de moto... E as emissões de poluentes desses quase 200 MIL migrantes, em um fim-de-semana, são algo considerável. E aí, como é que fica o papinho de Festival Sustentável diante deste quadro?

E o quadro se complica ainda mais quando pensamos no seguinte: a SWU não quer nos deixar entrar no recinto com comida e bebida que trazemos de casa. Na entrada, uma revista rigorosa nos priva dos "excessos" de comes-e-bebes: cada pessoa só pode entrar com um mísero copinho de 200ml de água mineral e 2 pacotinhos míseros de salgadinho/bolacha/etc. A intenção por trás disto, como me parece óbvio, é nos prender dentro dos muros e NOS FORÇAR A CONSUMIR. Se eu quiser levar para a SWU um sanduíche natural feito em casa, uma garrafa de 2 litros de suco de laranja caseiro, uma salada de frutas, não me deixarão entrar com o rango e me forçarão a gastar uma FORTUNA para comer e beber lá dentro. E comendo lá dentro encherei o bolso de alguma empresa de grana. E bebendo por lá encherei o bolso da Heineken de grana. E assim gira o mundo "sustentável"...

Ora, é como se a SWU fingisse não perceber nenhum tipo de vínculo entre CONSUMISMO e DESTRUIÇÃO AMBIENTAL. A SWU se faz de boba nesse ponto. Quer-nos consumindo loucamente (o que não faltavam naquele lugar eram CAIXAS!) e jamais faz o mínimo esforço no sentido de conscientizar o público de que o estilo-de-vida consumista é um dos fatores que está esmerdeando nossa biosfera.

O preço do ingresso, aliás, já é evidência suficiente de que a SWU – tal qual outros grandes festivais como o TIM, o Planeta Terra, o Rock In Rio... - interessa-se pelos bolsos da classe média para cima. Pagar 200 paus para um dia de balada não é mole. Pagar mais de 500 mangos para 3 dias... é um tremendo luxo. E enquanto nós nos divertimos com nossos shows prediletos, alguns penam com um isopor de bebidas sobre a cabeça ou pesando nas costas, como burros-de-carga que circulam por entre o público em horário de penosa labuta... 

Não querem politizar ou conscientizar o público mais do que é conveniente para garantir um desenrolar impecável do mecanismo lucrativo. Não nos deixemos enganar: SWU não é o nome de uma ONG. Não é filantropia, humanitarismo, beneficência... A SWU me parece ser uma das manifestações de uma Sociedade do Espetáculo sobre a qual Débord nos alertou já fazem algumas décadas. E ainda nem começamos a nos questionar de verdade se nosso Entretenimento e nosso Consumo são tão "inocentes" quanto gostamos de acreditar - ou se realizamos, em plena inconsciência, aqueles atos que, repetidos por centenas de milhões, pesam sobre o lombo do Planeta a ponto dele entrar em pane...

E outra: cadê a força do SWU para as bandas independentes? Aquele palco menor, toda hora que eu passava por lá, estava bem meia-boca, tomado por bandinhas bem paia. Seria muito mais interessante que houvesse um palco dedicado ao Cenário Independente brasileiro, que poderiam ser escolhidas em várias seletivas estaduais durante o ano, ganhando a chance para se apresentar para o maior público de suas vidas... O fato do Black Drawing Chalks ter sido escalado no ano passado me pareceu um ótimo sinal, mas a SWU 2011 deu um passo atrás. Por mais polêmicas e hostilidades que o Circuito Fora do Eixo esteja despertando, acho que seria imensamente mais bacana se este palco menor da SWU fosse "gerido" pelo FDE, que com certeza traria um conteúdo e uma diversidade muito maiores àquele espaço. A SWU quer realmente auxiliar a música independente brasileira a ampliar sua repercussão e sua ressonância, quer apostar nos novos talentos que estão surgindo às pencas no excitantíssimo cenário dos Festivais FDE/Abrafin, ou vai abraçar de vez o mainstream, trazer só figurões gringos e botar mais lenha na fogueira da americanização da cultura brasileira? 

Ficam as questões. Seguimos aguardando as respostas.

SWU - 14/11 - Diário de Bordo


Só animei de ir ao 3º dia da SWU. As pópices comercialóides de Black Eyed Peas, Duran Duran e Peter Gabriel aniquilaram qualquer ânimo de ir aos dois primeiros dias (fora a falta de grana...). Dentre as atrações dos dois primeiros dias, tava afinzaço de ver a grande Susan Tedeschi junto de Derek Trucks e os dinossauros do Lynyrd Skynyrd - mas fiquei só passando vontade. Outra das apetitosas aparições que valeria a pena conferir, o Modest Mouse, cabou por cancelar seu show (equipamento não chegou), de modo que acompanhei de leve, pela net, os acontecimentos dos 2 primeiros dias sem sofrer muito por não estar lá in loco:

a "treta" entre os roadies do Ultraje a Rigor e do Peter Gabriel, que saíram no soco e na cabeçada em cima do palco, em irrupções de selvageria bélica e patriotismo xenófobo que foram, no mínimo, o maior mico; o espetáculo circense da Courtney Love, que como de praxe faz qualquer coisa pra aparecer - mostra o peitinho, xinga quem mostra a foto de Kurt Cobain, manda Dave Grohl tomar no cu, pede para a platéia chamar o Foo Fighters de banda de viadinhos, e depois ainda se acha super punk ao fazer cover de... Michael Jackson. (Courtney não têm som que segure a responsa, então apela pro freak-show! A Brody Dalle no auge dos Distillers dá de 10 nela!) E o Chris Cornell, meu.... que idéia de jirico foi essa de tocar Unplugged, só voz e violão, num festival ao ar-livre e com público de mais de 50 mil?!? Acústico é coisa de pub, de teatro, de ambiente intimista, meu nêgo! A negada queria era uma bandaça grungy tocando pesado feito o Sabbath e com aqueles lindos esgoelamentos de "Outshined", "Spoonman", "My Wave"... Enfim: não tenho a sensação de ter perdido muito coisa nos 2 primeiros dias de festival. Já no 3º...

* * * * *



SPREAD YOUR LOVE LIKE A FEVER!

A impressão que o Black Rebel Motorcycle Club me deixou foi similar àquela que tive depois que assisti o Jesus & Mary Chain (aquele do revival): um show preciso, mas sem verve; nenhuma nota fora-do-lugar, mas com pouco improviso e piração; tudo muito bem-ensaiadinho e executado com máxima perícia, mas... empolgação muito baixa para incendiar a platéia.

É verdade que não deve ser fácil encarar um público gigantesco, em país estrangeiro, num palcão daquele tamanho, ainda mais para aqueles que têm uma certa tendência à timidez... O Black Rebel me pareceu uma banda que sofreu, ao menos na SWU, com um certo stage fright. Pareciam um tanto paralisados pelo medo. E o medo deixou a banda mais grave, soturna e sem humor do que eu imaginava que seria. Enganou-se quem – como eu – esperava que o B.R.M.C. ao vivo fosse um esporro punk altamente divertido. 

O show foi sério e contido demais. O que não impediu os ouvidos da gente de curtirem toda uma série de canções certeiras, executadas como se fossem o próprios Cds sendo tocados naqueles mega-auto-falantes: "Spread Your Love", "Ain't No Easy Way", "Love Burns", "Whatever Happened to My Rock'n'Roll"... só sonzeira. Mas em matéria do que se conhece por "presença de palco" e "carisma"... o B.R.M.C. foi brochante.

Um dos caras – aquele que parece um Jack White mais gordinho e bochechudo... - permaneceu quase o tempo todo de olhos fechados. Por mais que isso seja bom para a concentração, não pude deixar de pensar comigo mesmo: porra, se fosse eu, diante dum oceano de gente desses, num dos acontecimentos mais impressionantes da minha vida, eu gostaria de manter os olhos bem abertos! O outro cara, de óclinhos escuros, até se soltou mais no finzinho do show, desceu para perto da galera, foi minimamente performático, mas, no geral, o Black Rebel fez uma apresentação digna de banda shoegazer. Só faltou rubor roseado nas faces feito as mocinhas pudicas daqueles romances do século 18...



TAKES A TEENAGE RIOT TO GET ME OUTTA BED RIGHT NOW


A lenda viva do rock independente norte-americano Sonic Youth voltou a terra brasilis poucos dias depois de anunciarem publicamente o fim dos 27 anos de casamento entre Thurston Moore e Kim Gordon. Suspeitei que seria o fim-da-linha e a última oportunidade para ver os caras ao vivo. O show na SWU não fez jus a um legítimo show de despedida – e é bem provável que os caras ainda sigam jornada e se despeçam em New York City, terra natal, em meio às lágrimas de luto dos fãs deserdados...

Fizeram o que sabem fazer de melhor, e com competência. Muita microfonia, muitas afinações estranhas de guitarra, muito instrumento sendo esfregado em lugares um tanto incomuns... Todas aqueles doideras que um dia foram muito surpreendentes e acachapantes mas hoje se tornaram altamente previsíveis. Achei que Kim Gordon cantou músicas demais – e eu, que sou bem mais o vocal de Lee Ranaldo e Thurston, fiquei um tanto contrariado pela escolha do repertório. Não adianta: Kim Gordon não têm uma voz lá muito bonita e não é uma cantora lá muito expressiva (é só comparar com uma PJ Harvey e ver a tremenda diferença!) e as letras que canta são bem mais-ou-menos em comparação àquelas duma Lydia Lunch, por exemplo.

De qualquer modo, deu pra viajar... É admirável ver ao vivo os caras que transgrediram tantas regras e deram ao mundo do rock'n'roll algumas das melhores provas do que é chamado, no âmbito da música clássica do século 20, de "emancipação da dissonância". Em outras palavras: o Sonic Youth sabe soltar as rédeas do caos e deixar este capeta vagar por aí, peralta, trovejante, despejando sobre nossos tímpanos tempestades de eletricidade descontrolada...


O Megamorte eu só vi e ouvi de longe, com a certeza absoluta de que meus tempos de metaleiro adolescente foram algum tipo de psicopatologia gravíssima que me fez enxergar algo incrível nesse treco que hoje me parece tão risível. É como se o Pato Donald tivesse sido condenado ao Inferno e retornasse à terra para cantar uns thrash metals do Capeta com a voz de quem está com sentado na privada com prisão-de-ventre. E a foto acima diz tudo sobre o Mustaine: tá bom pra ser garoto-propaganda da L'Oréal...





I'M NOT DEAD AND I'M NOT FOR SALE

O primeiro show da noite que realmente empolgou foi o do Stone Temple Pilots: só música foda, numa sequência matadora, com o público ganho do começo ao fim e altos "coros" de fazer grunge molhar de lágrima a camiseta de flanela. 

Lembro que o STP era zoado de "sub-Pearl-Jam" na época de Core, como se fossem tornar-se mais uma one-hit-band que embarcou no hype de Seattle. Que nada. Uma das bandas mais versáteis e bem-humoradas que emergiram daquele cenário, com flertes com o glam e o power-pop, o Stone Temple Pilots é uma puta duma banda noventista que conseguiu sobreviver à junkidade de Weiland com classe.

Tendemos a idolatrar os suicidas, os que morreram de overdose, os Cobains, Stanleys e Woods, mas os sobreviventes também merecem palmas. Scott Weiland, todo jeitoso em seu terno-e-gravata, cantou pra cacete, mostrou estar a todo gás, aparentemente mantendo suas veias longe da junk e injetando só música nas veias. A multidão cantando junto com "Plush" foi um momento extasiante. Melhor ainda a linda sujeira de sons como "Wicked Garden" ou "Silvergun Superman", sons que na adolescência eu adorava pôr no som, no talo, para me esgoelar junto.

Foi tão bom que deu a impressão de acabar rápido demais. Showzaço de hard-rock de arena!



DOWN IN A HOLE AND I DON'T KNOW IF I CAN BE SAVED

O Alice in Chains tenta sobreviver à O.D. letal de Layne Stanley e não faz feio nesta sua nova encarnação. O novo vocalista têm um timbre de voz muito semelhante ao do falecido e aguenta bem a responsa de encarar uma galera monstro. Só que há uma imensa diferença entre os dois: Layne Stanley era um cara profundamente melancólico, auto-destrutivo, pálido feito um cadáver, mestre em interpretar algumas das obras-primas mais sombrias e fundo-do-poço do rock noventista. 

O cara cantava com uma angústia, uma raiva e um nojo existencial que pareciam subir direto de vísceras apodrecidas. Parecia contaminado por uma NÁUSEA sartriana por existir neste mundinho infame. Entoava lamentos como se estivesse enterrado vivo num buraco, sem salvação, como na linda e épica "Down in the Hole", talvez a obra-prima do fodástico Dirt, um dos clássicos-mor na história do Grunge. A morbidez de Stanley era tamanha que me lembro de pensar, ao assistir o incrível Unplugged MTV dos caras, que o Alice in Chains foi a única banda que deixou o Acústico MTV parecendo um filme-B de zumbi.

O novo vocalista, ao contrário, parece ser sujeito mais de-bem-com-a-vida. Negão sanguebom, cabelão black power, camiseta do Led, parecendo saído do Mars Volta/At-The-Drive-In, é bem mais vivaz e serelepe do que Layne Stanley. Se dá melhor nas músicas mais punk - "We Die Young", "Them Bones" - do que naquelas mais arrastadonas e pé-na-cova. No geral, acho que o Alice in Chains encontrou um excelente substituto para o posto do quase insubstituível Layne, ainda que acabe soando como uma Banda Cover de Luxo. 

Debaixo de uma chuvinha teimosa e gelada, que serviu como ótimo contraponto atmosférico a sons como "Rain When I Die", o AIC fez o show mais deprê da noite, com alguns dos momentos artisticamente mais belos de toda a SWU: Jerry Cantrell, o sujeito mais nórdico do rock ocidental (o loirão nem parece norte-americano com esse puta jeitão de dinamarquês!), tocou lindamente e nos brindou com alguns dos mais magníficos solos de guitarra da noite. Que guitarrista fudido. Cheio de feeling, faz aquelas seis-cordas chorarem e berrarem como poucos. Todos os clássicos tavam lá: "Man in a Box", "Rooster", "Angry Chair", "No Excuses", final apoteótico com "Would?"...

No ano em que o grunge completa 20 anos de ESTOURO - em Setembro de 2011 a nitroglicerina Nevermind tinha seu pavio aceso para mudar para sempre o cenário musical, levando o punk para as massas (the year that punk broke...) e chamando todas as atenções do mundo para o noroeste dos EUA e o epicentro Seattle... - o público brasileiro teve um banquete grunge primoroso. Na mesma semana, tocaram por aqui Pearl Jam, Alice in Chains, Stone Temple Pilots, o ex-Soundgarden (e Audioslave) Chris Cornell... Se o rock americano prosseguir tão caidinho e meia-boca como anda, não resta muito a fazer senão reverenciarmos, cheios de nostalgia, esta magnífica cena que marcou os anos 90 com um rastro de suicídios, overdoses, shows-hecatombe, catarses fudidas e algumas das melhores canções com guitarra distorcida e vocal esganiçado que a humanidade já pôde produzir.


YOUR MENSTRUATING HEART AIN'T BLEEDIN' ENOUGH FOR TWO

O Faith No More, que encerrou a SWU, me pegou já extenuado pela maratona e mal conseguindo me sustentar de pé. Mesmo assim, depois de horas de chuva na cabeça, lama no tênis e demandas excessivas para minhas pernas sedentárias, a trupe de Mike Patton conseguiu impressionar com sua roleta-russa esquizofrênica malucona. A potência vocal de Patton é um bagulho tão absurdo quanto suas variadas loucuras escancaradas: esse cara é prova viva de que alguns não são enfiados pelas autoridades em hospícios justamente pois conseguem canalizar suas neuroses na direção da criação artística. 

Vestidos de pais-de-santo, rodeados de flores, invocando Exu no terreiro enlameado de Paulínia, os doidões do Chega-de-Fé atacaram pra tudo quanto é lado: musiquinha de elevador, hardcore gritadaço, popzinho romântico fácil, thrash metal gutural, coralzinho das meninas de Heliópolis, hard-rock de arena, sarau de poesia nordestina... Uma bagaça totalmente desconexa e fragmentária, altamente pós-mô, original até dizer chega. 

Mike Patton surpreendeu como stand-up comedian e rendeu algumas das melhores risadas de toda a SWU. O sujeito tem umas 50 diferentes vozes e poderia ser imitador profissional em algum programa de TV. Falou em português macarrônico com o público, mas seu curso intensivo do idioma lusitano parece ter sido dedicado apenas a palavrões e gírias de baixo calão. Sem economizar no "porra, caralho, merda" e suas corruptelas, Patton se esgoelou lindamente, desceu pro meio da galera e não economizou um mililitro do combustível vasto que tinha em seu tanque. 

Senti falta das fodaças "A Small Victory" e "Falling to Pieces", mas tá valendo. É entusiasmante presenciar uma banda tão ousada, eclética e selvagem utilizando uma espécie de metralhadora giratória estética que não deixa ninguém sair do recinto sem ser baleado.

Tanta criatividade unida a tamanho destemor em relação aos clichês e regrinhas sobre o que é são/saudável/bonito não se vê toda hora. Ao Faith No More cai como uma luva o inesquecível verso do poeta Guilherme Mandaro: "‎Que não seja o medo da loucura que nos obrigue a baixar a bandeira da imaginação!"

sábado, 12 de novembro de 2011

Depredando a Mixtape - Vol. X - Novembro '11



Mixtape novinha saindo do forno! A danada reúne clássicos dos primórdios da roqueiráge (Little Richards, Carl Perkins, Eddie Cochran...), pepitas psicodélicas sessentistas da caixinha Nuggets (Standells, Knickerboxers, Chocolate Watchband...), garageiras e punkices mais mûdernas (Hives, Rancid, King Khan, Bellrays...), sem falar numa das grandes revelações de Goiânia Rock City nos últimos tempos: o power-trio brasa Ultravespa, uma das mais bandas mais legais aqui da cena. São 22 cancionetas que reúnem 1 horinha e pouco do bom e velho rock'n'roll - que, como diz o AC/DC, não tem nada de poluição sonora! É pura energia flamejante fazendo o sangue correr mais veloz dentro das veias. Grande parte desses sons foram "rolados" na minha discotecagem no Metrópolis Retrô, durante a festa rockabilly da Sexta-Feira 11/11/11, quando os Dinamites (DF) fizeram mais um showzaço na capital goiana.

Só pegar e disseminar!!!


MIXTAPE VOLUME X - ROCK'N'ROLL AIN'T NOISE POLLUTION

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22 tracks in playlist, average track length: 2:48
Playlist length: 1 hour 1 minute 40 seconds

01 - Little Richard - Long Tall Sally (2:09)
02 - Carl Perkins - Blue Suede Shoes (2:17)
03 - Jerry Lee Lewis - Whole Lot Of Shakin' Going On (2:53)
04 - Eddie Cochran - Summertime Blues (1:59)
05 - The Remains - Don't Look Back (2:43)
06 - The Chocolate Watchband - Sweet Young Thing (2:59)
07 - Johnny Kid - Shakin' All Over (2:23)
08 - The Standells - Dirty Water (2:48)
09 - The Knickerbockers - Lies (2:44)
10 - Captain Beefheart & the Magic - Diddy Wah Diddy (2:29)
11 - Full Blown Cherry - Rockaway Beach (1:54)
12 - Fuzztones - 1-2-5 (2:37)
13 - Ultravespa - Motel Barato (4:23)
14 - Devin Davis - Moon Over Shark City (2:19)
15 - The Hives - Main Offender (2:35)
16 - The Sonics - Strychnine (2:12)
17 - Rancid - Lock, Step, & Gone (2:25)
18 - The Black Crowes - Thick N' Thin (2:44)
19 - The BellRays - Infection (3:50)
20 - T. Rex - Rock On (3:26)
21 - King Khan & His Shrines - Mr. Supernatural (4:10)
22 - The Brian Setzer Orchestra - Let's Live It Up (3:41)