sexta-feira, 30 de maio de 2008

:: Devo ::



DEVO - “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo” (1978)

APOCALIPSE SONORO EM VERSÃO IDEAL PARA NERDS
- O Devo juntou ficção científica com humor negro e Kraftwerk com Giorgio Moroder para fazer de sua estréia um manifesto contra a burrice -

por ANDRÉ BARCINSKI
(Showbizz, novembro de 2000, Discoteca Básica)

Corria o ano de 1974. Mark Mothersbaugh e Jerry Casale cursavam arte na Universidade Kent State, em Ohio (EUA), quando um evento macabro mudou a vida dos dois: naquele ano, a polícia invadiu o campus para reprimir uma manifestação estudantil. Os tiras distribuíram bordoadas e tiros. Quatro estudantes morreram. O fato ganhou manchetes em todo o mundo e inspirou Neil Young a escrever seu clássico “Ohio”, gravado pelo Crosby, Stills, Nash & Young.

A morte dos alunos mexeu muito com Mothersbaugh e Casale e convenceu-os da veracidade de uma teoria maluca que há muito vinha remoendo seu cérebro: a tese da “de-evolução”. “Começamos a perceber que o homem estava andando para trás”, disse Casale certa vez. “Atingimos o ápice do avanço tecnológico e, em vez de evoluir, passamos a retroceder, a voltar à época das cavernas.”Fanáticos por Kraftwerk, música eletrônica e artes plásticas, os dois juntaram tudo isso à teoria da de-evolução e formaram o grupo que, sozinho, fundou a new wave.

O Devo era mais um conceito do que uma banda. Antes de lançar qualquer disco, já tinham pensado num visual, uma mistura engraçada de roupas à Jornada nas Estrelas com ridículos capacetes de peão de obra. Em 1974, isso era o futuro. O grupo nasceu com o puro espírito punk do “faça você mesmo”. Casale e Mothersbaugh começaram a gravar demos num porão. A música era minimalista ao extremo: órgãozinho vagabundo, bateria eletrônica de quinta, uma ou outra guitarra, vocais quase falados. Apesar da precariedade, essas demos (editadas anos depois nos dois Cds da série Hardware Devo) são obras-primas absolutas.

O primeiro disco do Devo, “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo” (1978), juntava todas as influências da banda: futurismo kitsch, George Orwell, Planeta dos Macacos, 2001, ficção científica barata, o humor negro do Monty Python, Kraftwerk, Giorgio Moroder, cinema experimental. Era uma experiência audiovisual, uma trilha sonora do Apocalipse, versão nerd. E a música era sublime: batidas eletrônicas capazes de sacudir até o mais enferrujados dos mortais, refrões pop pegajosos e letras espertas.

O trabalho causou comoção: o festejado Brian Eno produziu o álbum; David Bowie fez questão de apresentar a banda num show de Nova York. Grupos como Pere Ubu, B-52's e até o Talking Heads se inspiraram no pop cibernético de Mothersbaugh, Casale e cia. Como a maioria dos grandes discos da história, a estréia do Devo não vendeu bem. Sucesso comercial, o quinteto só obteria em 1980, quando a faixa “Whip It” estourou nas rádios. Mas a teoria da de-evolução se espalhou, influenciando muita gente: Kurt Cobain era um dos maiores fãs; Trent Reznor e Billy Corgan também; grupos como Man or Astro Man? e Atari Teenage Riot nem existiriam sem o Devo. E até os Simpsons usaram a banda como prova da teoria da de-evolução em Springfield. Homenagem maior, impossível.



DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 47MB):
http://www.mediafire.com/?ibgm2bbzpmt

terça-feira, 27 de maio de 2008

:: Herbie Hancock ::


:: HERBIE HANCOCK, "Head Hunters" (1973)

Em homenagem ao tio Herbie, que vem fazer show de graça em São Paulo (neste domingão, no Parque Villa Lobos, junto com Macy Gray, pr'umas 10 mil pessoas pelo menos - trimmassa ou não!?), vai aí o classicão do cara, HeadHunters. Nos trombamos por lá?

Selecionei dois textinhos alheios para dar informações básicas sobre o treco:

[1º] - do Marco Antonio Gonçalves, do blog Sinister Salad

Discaço esse Head Hunters, de 73, projeto demolidor de Herbie Hancock, trazendo o pianista americano mais uma vez munido de parceiros calibrados e experientes: Bennie Maupin (sax, clarinete e flauta ), Paul Jackson ( baixo ), Harvey Mason ( bateria ) e Bill Summers ( percussão ). Lembra outro quinteto de jazz matador do qual Hancock fez parte nos anos 60 com Miles Davis, Ron Carter,Tony Williams e Wayne Shorter. Só que aqui a perspectiva musical é diferente…

Com um Hancock usando e abusando de teclados analógicos e experimentações eletrônicas, mostra um quinteto descolorindo o jazz e improvisando cores nos tons black, soul e funk. O resultado é um dos discos de jazz mais vendidos da história e a consagração de Hancock como mestre do jazz-fusion. O que impressiona é como apenas 4 músicas podem causar um estrago tão grande…

O disco abre com o hit “Chameleon”, trazendo uma batida instigante, ritmo pulsante, solos de teclado e de saxofone em 15 minutos de causar estrago na espinha… se segura malandro!! Segue o embalo com a clássica “Watermelon Man”, uma releitura de 1964 do próprio Hancock, aqui mais dançante e com o tempero groove em ação. “Sly” é clara referência à influência Family Stone nesse caldo, mostrando mudanças de andamentos por labirintos suingados. Pra encerrar,“Vein Melter” mostra um semblante jazz mais tradicional, trazendo à tona a atmosfera da improvisação, num trabalho de teclados perfeito.

Muito bom… é o jazz ( ou seria o eletro-funk? ) do criolo doido. Se usted não conhece, vale a pena por a cabeça a prêmio, antes de mastigar el groove terrible… experimente!

* * * * *

[2º] - do 1.000 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE MORRER

Depois do crítico de jazz eletrônico de Sextant, em Headhunters Herbie Hancock seguiu uma rota de funk mais linear. Tinha escutado James Brown e Stevie Wonder, e tinha gravado algumas sessões inéditas com Marvin Gaye, mas foi o funk poli-rítmico de Sly & The Family Stone que determinou o passo seguinte. “Tinha o desejo enorme de tocar nos discos de Sly”, afirma o músico, “então pensei tocar eu mesmo o tipo de música que ele fazia, com o meu próprio grupo”. Na vibrante e cromática linha de biaxo de “Chameleon” encontra-se o ADN da música de dança eletrônica. Misturados com as improvisações ao modo de Herbie com o Fender Rhodes aparecem os primeiros sons de smooth jazz, ao passo que nos ritmos irregulares, secos e afilados de Havey Mason encontra-se a origem do tecno, do disco e do drum'n'bass. O resto da banda gravaria dois álbuns sob o nome The Headhunters e a carreira posterior de Hancock contém rasgos de gênio, mas nenhum conseguiu superar esta obra genial do jazz-funk. (pg 297)

DOWNLOAD (mp3 de 180 kps - 53 MB - 4 músicas - 41min):
http://www.mediafire.com/?ydvxjlvc9yv

:: welcome aboard! ::

Depredando Inc. saúda e dá as boas-vindas à sua mais nova contribuidora, Ana Alice, que pode até ter uma credencial tosca, mas tem, pra contrabalaçar, um texto jurnalístico primoroso e um comprovadíssimo bom-gosto musical (inclusive pra escolher as bandas em que toca bateria... rs). Ela estréia logo abaixo com uma matéria sobre a ótima banda goiana Violins... confiram! Também já está presente entre nós faz um tempinho o célebre Vernardo Santana, ex-Reginaldo Hendrix no Cuecas Rosas (uma banda!) e ex piadista do Peladinho e Sem Malícia (um zine!), e que debutou por aqui resenhando o discaço do Reef. Estamos honrados de tê-los participando deste nosso Honrado Empreendimento Criminoso. Bem-vindos à gangue, Bernas e Ana! =)

domingo, 25 de maio de 2008

Violins


“E eu garanto que seus filhos agradecem por crescer
sem ter que conviver com bichas e michês
e pretos na TV, discípulos de Che
Putas com HIV”

Grupo de Extermínios de Aberrações, do álbum “Tribunal Surdo”

“E eu posso inventar a missa, louvar o acaso e absurdo
Em noites que te chamei sem ouvir respostas
Enquanto o mundo te cobra sempre um futuro
A lama e a glória são a mesma bosta”

Entre o Céu e o Inferno, do álbum “A Redenção dos Corpos”


A maioria das bandas brazucas entra ou já entrou um dia no terrível dilema entre cantar na língua-mãe ou partir para o inglês, berço do rock. Muitas argumentam que o roque soa melhor in English. Mas a real, real mesmo, é que escrever belas letras em português é uma arte a que poucos se mostram aptos. É preciso ter veia de poeta, veia de músico e, mais que tudo, veia de cronista. Uma boa letra não precisa ter muitas palavras; mas é imprescindível ter muita história pra contar. Tipo aquela lenda de que desafiaram Hemingway a escrever uma história com até seis palavras e ele a fez com maestria: “Doam-se sapatos de bebê nunca usados”.

E quem ouve as poesias de ácido clorídrico acima, pérolas da banda goiana Violins, descobre uma daquelas raras bandas prontas, lapidadas, com timbre de guitarras e ira na medida certa em suas letras. “A Redenção dos Corpos”, quinto álbum recém-lançado do quarteto, mostra isso com perfeição. O mundo dos Violins te levanta da cadeira com músicas surpreendentemente boas e letras que poderiam ser uma Divina Comédia contemporânea – mas sem o céu. Só pelo título das músicas já é possível ter uma idéia do universo em que transita essa banda sensacional: “Padre Pedófilo”, “Rei Pornô” (com referências a Fidel), “Terrorista Justo” e “Festa Universal da Queda”. Não é choque pelo choque, não é transgressão por diversão. No retrato anárquico do Violins, não existe coturno pra abrandar o chute. É pé descalço contra um mundo de pregos.

Todo esse mundo apocalíptico já havia chegado a um primor no trabalho anterior, "Tribunal Surdo" (2007), de onde saiu “Grupo de Extermínio de Aberrações”, consagrada como uma das melhores canções do roque brasileiro atual pela nossa gloriosa crítica especializada. Na verdade, é obrigatório para qualquer ser que queira mergulhar no universo de grandes novas sonoridades do Brasil ter o estômago devidamente puncheado por essa canção. Mas o crédito da banda vai além, pois ela nem sempre foi assim. Acompanhar a discografia do Violins é ver um grupo retirar aos poucos das entranhas tudo de que o rock mais precisa nesse momento: sinceridade polida com brocas de vida real.

A princípio intitulada Violins and Old Books, a banda lançou em 2001 o EP “Wake up and dream”, que dava o teor romântico (no mais sentido século 19 que isso possa ter) com letras em inglês e descarregos de piano e violinos para o niilismo do grupo. Beto Cupertino (voz, guitarra e violão), Léo Alcanfor (guitarra), Thiago Ricco (baixo), Pierre Alcanfôr (bateria) e Pedro Saddi (teclados) pareciam não ter ainda a exata noção do que fazer com o sentimento do mundo e todos os livros lidos.

Em 2003, já como apenas Violins, o grupo estréia em versão em português no primeiro álbum, “Aurora Prisma”. Ainda auto-centradas, as letras continham uma busca pela relação com o outro que ainda se limitava ao par romântico, como em “Feche Seu Corpo”. O grupo inicia a árdua tarefa de encaixar as idéias na língua-mãe com um roque carregado de influências progressivas e de hard rock, esbarrando em um Ivan Lins nos anos 70. O piano ainda se sobressai à ira. A religião desponta tímida em “Deus Você” (“Deus, você pode crer: eu nunca fui o filho que você quis”), mas nada que se comparasse a “Grandes Infiéis”, o trabalho seguinte.

Mais dois anos se passaram e o Violins enfim surge como um grupo de Príncipes do Fim do Mundo, que encara no laço os temas que rondam o unerground nosso de cada dia. Cupertino desiste do amor e liberta-se (“Então um viva à insensatez/ Que suja a sua tez/Num bar ou num sexo a três”, canta em “Il Maledito”) para embrenhar-se no lodo que habita os deuses, os diabos e as entranhas dos seres mais variados, como em “Vendedor de Rins”. Ainda apegado ao rock clássico, o grupo chega a esbarrar em riffs grunges para saudar a ira que brota enfim das canções, como em “Hans” e “Matusalém”.


“Tribunal Surdo”, de 2007, aprimora o viés mais ácido da banda (agora quarteto, sem Léo), que começa a descobrir no violão um grande companheiro da ironia. Isso é facilmente percebível até pela continuidade em que se pode ouvir Tribunal e o álbum seguinte, “A Redenção”. Ambos tecem um mundo sem vislumbres de esperança e cada canção parece um versículo de um livro do Apocalipse moderno.

Cada vez com mais controle dos momentos em que as guitarras gritam e as crônicas líricas enlanguescem podres, o Violins caminha para o amadurecimento, enquanto canta as desventuras de uma humanidade que cavalga para o auto-aniquilamento. Que restem pelo menos as palavras, então.

Você pode ouvir todos os álbuns do Violins em links no MySpace do grupo: http://www.myspace.com/violinsbr

sábado, 24 de maio de 2008

:: Saturday Morning Cartoon´s Greatest Hits ::


The Saturday Evening Post

Atendendo ao pedido de nosso glorioso amigo Bernardo, ávido estudioso da fabulosa técnica do guitarrista misterioso, vos apresento o álbum que resgata a alegria de nossa infância convertida em melodias indie-punk-e demais variações-rock, as quais explodiam nos anos 90. Claro que nem todas as músicas são conhecidas por todos, já que nossas maravilhosas emissoras cortavam ou editavam (ao extremo) a apresentação dos desenhos animados. Bem, isso é o que menos importa, já que uma das músicas mais legais, The Tra La La Song, que abre o disco com estilo, era inédita pra mim até então. Seguindo com ótimas versões de Josie & The Pussycats, Gigantor (Helmet!) e a clássica das clássicas Spider-Man pelos Ramones. The Reverend Horton Heat toca a música que a maioria das bandas já teve vontade de tocar, e os mineiros do Jota (J.) Quest tocavam para abrir o show, na época que eram mais disco, menos pop e não tinham tomado um processo. Frente! faz uma releitura de uma música dos Flintstones que soa como uma das melhores músicas da banda, Popeye toma um espinafre para pogar no hardcore do Face To Face e Toadies faz uma ótima versão de Goolie Get-Together. Fechando o CD temos a música do desenho mais insano já transmitido, Happy Happy Joy Joy do Ren & Stimpy (eita desenho foda), por WAX. E é com esse espírito que essas músicas merecem sua atenção, para a felicidade, alegria e nostalgia. Seja da infância, dos anos 80 ou 90. Joy!

DOWNLOAD (90MB - mp3 de 192kps):
http://www.mediafire.com/?dzzmgwziiox

:: Gang Of Four ::




:: GANG OF FOUR, "Entertainment" (1979)

por João Eduardo Veiga
da ROCK PRESS



A banda surgiu na cidade de Leeds, Inglaterra, em 1977 e, já no nome, exibia inspirações que iam muito além do usual e do ocidental. O termo “Gang of Four” havia sido tirado do título pejorativo (em português, “Camarilha dos Quatro” e, no original em chinês, alguma coisa que eu não consigo escrever e você não saberia ler) dado a um grupo comunista liderado pela viúva de Mao Tsé-Tung, que procurou, na China da década de 60, prosseguir com a revolução iniciada por seu marido. Sim, estamos falando de política. Mas uma política com bastante suíngue.

Enquanto o Sex Pistols só queria saber de pretensamente destruir qualquer coisa que cruzasse o seu caminho e o Clash ia às ruas lutar pelos seus direitos, Gang of Four, a banda, fazia de suas canções verdadeiros manifestos e, armada com teoria política e barulheira pós-punk, tentava - pois sonhar, ora bolas, não custa nada - derrubar os alicerces da cultura capitalista.

O grupo, formado por Jon King (vocal), Andy Gill (guitarra), Dave Allen (baixo) e Hugo Burnham (bateria) era contra tudo, anti-tudo, inclusive anti-música. O Gang of Four picotava a elaboração do funk e do soul, forçando que tudo coubesse perfeitamente na economia punk.

Os dois acordes, os vocais gélidos e as frases repetitivas eram uma maneira da banda transpor sua ideologia para o formato das ondas sonoras. Como resultado, a necessária contradição: a não-música resultava em algo muito musical, o instrumental frio se tornava extremamente dançante e o grupo anti-capitalista assinava com uma grande gravadora.

É, o primeiro álbum, Entertainment!, foi lançando pela EMI, em 1979. Mas o engajamento manteve-se ali, intacto (em “I Found That Essence Rare” o alvo ia dos políticos ao biquíni), mesmo que às vezes sob metáforas de relacionamentos amorosos. Era o caso de “Return the Gift” (“devolva-me as noites e os fins de semana”), da pop “Damaged Goods” (“às vezes acho que te amo, mas sei que é só luxúria”) e da, ahn, anti-épica “Anthrax”, na qual Jon King compara o amor a um caso de antraz - mais de duas décadas antes de a doença ter seus quinze minutos de fama por causa dos supostos ataques terroristas de 2001 - enquanto o guitarrista Andy Gill lê um verdadeiro ensaio sobre a temática do romance na música popular (“nós não achamos que o que acontece entre duas pessoas deva ser envolto em mistério”).

O grupo lançou ainda os discos Solid Gold, Songs of the Free e Hard, os dois últimos com a baixista Sara Lee no lugar de Dave Allen e com sintetizadores fazendo boa parte do papel das guitarras, encerrando as atividades em 1984. Gill e King não deixaram o fantasma do Gang of Four em paz e gravaram, no começo dos anos 90, dois álbuns que não acrescentaram muito à sua discografia.

Depois disso, a banda finalmente passou a existir apenas como uma importante referência. Pense em Red Hot Chili Peppers (Andy Gill produziu o álbum de estréia do grupo) e Rage Against the Machine. Pense no rock paulista dos anos 80 - os Titãs traduziram uma estrofe inteira de “Damaged Goods” na música “Corações e Mentes”. Pense, pense. Pense, dance.

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terça-feira, 20 de maio de 2008

:: os 10 melhores dos anos 60...- #03 ::

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(por Eduardo Carli de Moraes)


Ah, o louco verão de 1966! O sonho hippie começando a desabrochar, o LSD rolando solto e todo mundo descobrindo na chapação uma tremenda aliada para a criação... Já existiu época mais incrível para a música pop universal do que aquela? Num período de apenas 6 semanas daquele abençoado verão, foram lançados no Reino Unido 3 álbuns seminais na história do pop, que prosseguem entrando na lista de melhores álbuns de todos os tempos quase meio século depois de seus lançamentos – Blonde On Blonde, Revolver e Pet Sounds. Essa efervescência cultural inaudita indicava que “alguns rios culturais vitais desaguavam no mesmo mar lisérgico”, como diz Clinton Heylin, que pôde escrever um livro inteiro, de 250 páginas, só falando sobre este magnífico ano na vida dos Beatles e seus Amigos.

E é impossível desvincular a música da época do aumento exponencial do consumo de drogas psicodélicas por artistas do primeiro escalão. O primeiro fator sociológico de peso que um crítico musical precisa ressaltar sobre 1966 e seus arredores é: eram tempos chapados. O LSD tinha sido sintetizado por Albert Hoffman durante a Segunda Guerra, mas permaneceu um segredo bem guardado até sua rápida e extremada difusão nos anos 60 - graças a Timothy Leary, Ken Kesey, Terence McKenna e outros gurus propagadores da Boa Nova. Na segunda metade da década o ácido já estava em todo canto, facílimo de contrabandear e de vender, impregnando o ar cultural dos tempos. Nem é preciso dizer que muitos artistas resolveram se encharcar em acid trips e que muitas obras-de-arte incrivelmente revolucionárias para a época não teriam nascido sem esse pequeno empurrãozinho químico...

Bob Dylan, que já tinha migrado do ácido para a sua nova droga predileta, a meta-anfetamina, em 1966 já tinha produzido “dois álbuns de magia alquímica” e agora fazia propaganda aberta do estilo de vida chapadão com seu novo lema “Everybody must get stoned”. Diz a lenda que foi ele, Dylan, quem teve a bondade de estender aos Beatles o primeiro béque que os 4 jamais fumaram – e pouco depois da experiência com a cannabis, John Lennon e George Harrison foram os primeiros dos Fab Four a embarcar na onda do ácido, o que certamente ajudou a empurrar os Beatles para uma viagem onírica, colorida e pirotécnica – Magical Mystery Tour! - inimaginável antes do LSD.

Brian Wilson não ficou comendo poeira na caretice e também se entregou ao zeitgeist impregnado de drogas. “...no final de Novembro de 1965, o garoto prodígio da Costa Oeste, Brian Wilson, tinha experimentado havia pouco tempo sua primeira dose de detilamida do ácido lisérgico-25. Numa reportagem publicada no novembro seguinte, ele diria: 'Há certa de um ano eu tive o que considero uma experiência muito religiosa: tomei uma dose inteira de LSD e depois... tomei uma dose menor. E aprendi muitas coisas, como paciência, compreensão... Não posso ensinar nem contar a você o que aprendi ao tomar, mas considero uma experiência muito religiosa'. Dez anos depois, ele não acharia os resultados tão benéficos assim. 'Tomei minha cota de LSD. Isso danificou minha mente... Voltei, graças a Deus, não sei em quantos pedaços' (1976)". (C.H.)

Por mais que queiramos imputar à loucura de Wilson essas declarações insanas e chapadas que vinculam o ácido a uma experiência mística, parece que essa era uma visão muito difundida nos anos 60: a de que o LSD não era apenas uma “droga recreativa”, mas uma ferramenta importantíssima para uma viagem espiritual que transformava para sempre a percepção de mundo e a religiosidade do “viajante”. O ácido não era brincadeira: era coisa séria. Quase um telefone cósmico para conversar direto com Deus, que antes do LSD parecia deixá-lo sempre fora do gancho...

Roger McGuinn, por exemplo, garante que para a "turma" “não era só uma questão de ficar chapado.... Era conhecer Deus... isso te abre para uma 'sensibilidade' espiritual. Provavelmente as pessoas nascem assim, mas isso é encoberto ao longo da vida no contato com a sociedade... o LSD rompe essa barreira e permite que a gente volte a experimentar um contato espiritual puro”. Já George Harrisson, o mais “espiritual” dos Beatles, cuja carreira solo irá protagonizar um tropismo cada vez mais forte para o misticismo oriental, deu declarações semelhantes: “Na primeira vez em que tomei LSD, foi arrasador. Fui invadido por uma sensação de bem-estar, de que Deus existia e que eu podia vê-lo em cada folhinha de grama...”.

Era o espírito dos tempos – Timothy Leary causando em Harvard, Ken Kesey viajando feito louco pelos EUA, Terence McKenna seguindo os passos de Aldous Huxley e teorizando sobre a Linda Sociedade Psicodélica do Porvir, a Utopia Hippie fermentando... É nesse contexto contra-cultural que Pet Sounds surgiu – como o ápice da criatividade de Brian Wilson, que provou através dessa obra-prima que, se o LSD podia gerar uma experiência religiosa e expandir a criatividade humana ao ponto da genialidade, também podia gerar seus malefícios quando usado em excesso.

É sintomático que o Brian Wilson pós-Pet Sounds tenha virado quase uma ruína humana viva, que parecia ter fritado alguns milhões de neurônios na frigideira do ácido, pra sempre incapaz de realizar um novo álbum que ficasse à altura do anterior. O ambicioso sucessor, Smile, que seria composto em conjunto com Van Dyke Parks, acabou tornando-se um dos grandes álbuns não-lançados da história. Não foi a primeira vez que um grande artista pareceu “não voltar” duma longa viagem psicodélica – vimos viagens só de ida ao playground químico também com Arnaldo Baptista e Syb Barrett, só para citar dois dos maiores.



“Ao que parece, a consequência imediata do LSD foi a inspiração para reproduzir 'todos os sons incríveis' que ele [Brian Wilson] disse a Bill Wagner, da Capitol, ter ouvido quando louco de ácido. Foi o começo de 10 semanas prodigiosamente produtivas, a partir do final de janeiro de 1966, nas quais Wilson elaborou quase sozinho um álbum dos Beach Boys diferente de todos os anteriores. Descobrindo beleza em cada grão de ferro da fita magnética, Wilson deixou que a franquia Beach Boys excursionasse pelos EUA enquanto usava o nome do grupo num álbum solo. Construindo o som de uma maneira à qual os Beatles não tinham acesso, uma vez que ainda estavam presos aos 4 canais, Wilson explorou 'ao máximo' os oito que tinha à disposição em Los Angeles, com até 19 músicos tocando juntos para embelezar suas novas visões divinas.” (C.H., pg. 31)

Tamanha ralação no estúdio não deixaria de dar frutos na história posterior do pop, indicando que a Era do Álbum viera para substituir a Era do Single. Até mesmo os Beatles, seguindo na trilha de Brian Wilson, estavam prestes a abandonar os palcos para se fecharem por períodos cada vez mais prolongados no estúdio com George Martin para construir os álbuns históricos que lançariam dali em diante,. “O estúdio rapidamente se tornava o playground favorito dos Fab Four”, como diz Heylin, ao invés dos shows ensurdecedores onde a própria banda mal conseguia se ouvir, soterrada pelo fuzuê das fãs enlouquecidas.

A competição entre os Beatles e os Beach Boys nos anos 60, muito comentada pelos críticos musicais como um importante elemento que fecundou essas obras, parece ter sido mesmo sadia, bela e enriquedora para a música pop universal. As bandas, ao invés de trocarem farpas ou soltarem balas de canhão uma contra a outra, como dois navios piratas em batalha, um tentando levar o outro ao naufrágio, pareciam engajadas num rito de admiração e elogios mútuos. Brian Wilson, o grande cabeça por trás do grupo californiano, nunca escondeu de ninguém o tamanho da fascinação que sentiu ao lançamento de Rubber Soul, o álbum dos Fab Four que representou uma notável evolução rumo a um som mais psicodélico e multifacetado que os rapazes de Liverpool estavam bolando em meados da década.

Naquela época, muito influenciado pelo álbum dos Beatles, Wilson se fechou no estúdio para criar Pet Sounds, álbum que, por sua vez, deixaria PaulMcCartey louco de admiração e faria com que ele se esforçasse por superar a obra-prima dos Beach Boys nos discos subseqüentes dos Beatles, Revolver e Sgt. Peppers. O próprio George Martin declararia depois que “sem Pet Sounds, Sgt. Peppers' não teria acontecido... Pepper foi uma tentativa de igualar Pet Sounds.”

Os Beach Boys já estavam na ativa desde 1961, mas antes de Pet Sounds, clássico absoluto da banda, tinham se notabilizado principalmente por canções ensolaradas que idealizavam a vida californiana e falavam sobre surfe, paquera e passeios de carro com a capota abaixada pelas beiras das praias. Eram tão bons-moços que dava raiva. E a música que faziam parecia alienada, bestalhona e propandeadora dum hedonismozinho de meia-tijela. É com Pet Sounds que eles atingem um grau de sofisticação, de experimentação no estúdio e de virtuosismo harmônio e melódico que só encontra paralelo na fase psicodélica dos Beatles e nas gravações feitas pelo mago Phil Spector. Grande parte das composições do álbum foram feitas em parceria por Wilson e Tony Arsher, um publicitário especialista em rimas, e conseguem unir com perfeição a simplicidade característica dos Beach Boys no começo com saltos mais ambiciosos.

Wilson, compositor de ego infladíssimo e espírito ultra-competitivo, imaginou Pet Sounds como uma “sinfonia de bolso” e pôs-se a criá-la com o frenesi neurótico de um perfeccionista obssessivo. A faixa de abertura, “Wouldn’t It Be Nice”, é uma das mais belas pepitas da história do pop, a melancolia mais alegre que já ficou condensada em música; a balada “God Only Knows” tornou-se uma das músicas de amor mais cantadas e choradas que já se gravou; “Sloop John B”, um dos maiores hits da banda.

Mas Pet Sounds não era um mero álbum de singles, como eram os lançamentos anteriores dos Beach Boys, e não havia uma única música dispensável ou mediana – lentas e melancólicas baladas como “Caroline No” e “Don't Talk (Put Your Head On My Shoulder” dividiam espaço com rock sessentista magnífico como “Here Today” e “I Know There's An Answer”. Depois de Pet Sounds, as neuroses, paranóias e abusos nas drogas pisodélicas fizessem com que Brain Wilson começasse a surtar, mas o álbum continua um dos poucos na história do pop com um séquito tão grande de fiéis, que sabem cantar cada verso de cada música; e um dos poucos álbuns idolatrados a ponto de virar camiseta...

Poucos fatos são mais emblemáticos do quão significativo foi Pet Sounds do que este: o de que Paul McCartney, universalmente reconhecido como um dos grandes compositores da história da música pop, autor de algumas das melodias mais memoráveis do rock no século 20, nunca conseguiu se perdoar por não ter conseguido compor nada que se comparasse a “God Only Knows”, que ele considerava a mais bela canção já composta. E para um mestre do tamanho de Macca sentir-se menos que alguém, é mesmo preciso algo fora de série...

DOWNLOAD (mp3 de 160 kps - 44 MB):
http://www.mediafire.com/?nmvmo5dwygo


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:: CURIOSO ADENDO ::

THE BEACHLES - Sgt. Petsounds'


Em 2006, um tal de Clayton Clouds, DJ que virou réu da E.M.I., se meteu a fazer um álbum-mistureba (também conhecido como mash-up) mixando de modo caótico e semi arbitrário o Sgt. Peppers com o Pet Sounds. O resultado é uma curiosidade excêntrica, em algumas partes interessante, com nomes de música engraçados de tão estúpidos, mas no geral um porre - insuportável ouvir o treco inteiro sem se irritar. Eu achei bem mais interessante o cruzamento improvável entre Jay Z e White Album que um tal de Dangermouse soltou anos atrás, mas fica aí o disco disponível pra download. O mais legal é que a E.M.I., que detêm os copyrights dos Beatles e ficou puta da vida com a atitude, tentou processor o DJ e exigiu "dados" sobre todas as pessoas que tinham baixado o disco, mas esses ataques histéricos corporativos não deram em nada e o álbum do The Beachles continua rolando solto na net. Mais um pau no cu da E.M.I., como se não bastasse o do Sex Pistols...

DOWNLOAD (98 MB):
http://rapidshare.com/files/98853614/The_Beachles_-_Sgt._Petsound_s_Lonely_Hearts_Club_Band__2006_.rar

domingo, 18 de maio de 2008

:: grandes álbuns de 2008 (pt 3) ::


Aí vão alguns lançamentos interessantes recém saídos do forno: // a musa da telona Scarlett Johansson, a Marilyn Monroe desta década, estréia seu vozeirão de traveco em seu soturno e fúnebre debut, que presta homenagem à Tom Waits. Achei meia-boca, mas é bem provável que parte dos frequentadores desse blog estejam interessados em conferir essa curiosidade, então aí vai... // Depois de mais de 10 anos distantes, o duo de trip-hop de cemitério Portishead retorna com o elogiado Third - mais melancolia distilada pela voz de Beth Gibbons em canções assombrosamente tristes. (8.8 na Pitchfork) // Alguma da melhor barulheira rocker vanguardista é o que nos oferece o duo No Age, com seu segundo álbum Nouns (9.2 na Pitchfork). // O indie-rock zoado e sem firulas do trio nova-yorkino Blood On The Wall, com seu terceiro álbum de inéditas, me divertiu bastante. // Poesia em doses explosivas no primeiro full-lenght do Titus Andronicus, que lembra um Bright Eyes mais apunkalhado ou o Neutral Milk Hotel sob um ataque de histeria. (8.5 na Pitchfork) // Do Canadá do Arcade Fire vem mais uma banda de primeira linha, o Wolf Parade (Indie nation: No longínquo ano de 2005, “Apologies To The Queen Mary” (Sub Pop, 2005) firmou-se como um dos melhores discos que construíram, naquela data, a “nata” do indie-rock. Hoje, as faixas de “At Mount Zoomer” (Sub Pop, 2008) moldam quase 47 minutos de canções encorajadoras, afetuosas e internamente dançantes...). // Voilà:


BLOOD ON THE WALL, "Liferz" (2008)
http://www.mediafire.com/download.php?ywdy2sibln5



TITUS ANDRONICUS - "The Airing of Grievances" (62 MB):
http://www.mediafire.com/download.php?mgxsrjmh2vu



WOLF PARADE - "At Mount Zoomer" (65 MB):
http://www.mediafire.com/download.php?djdb4gzcdoz


SCARLETT JOHANSSON - "Anywhere I Lay My Head" (60 MB)
http://www.mediafire.com/download.php?mtnozxzm2ik




NO AGE - "Nouns" (64 MB):
http://www.mediafire.com/download.php?xmjrmjjswvd



PORTISHEAD - "Third" (60 MB):
http://www.mediafire.com/download.php?gors0jkmblc

sábado, 10 de maio de 2008

:: Reef ::




:: REEF - Glow (1997) ::

EXUMANDO OS 90
(ou Como Acertar em Cheio e Depois Mandar Tudo pro Ventilador)

A melhor coisa deste Glow, lançado em 1997 pelos quase-merecidamente quase-desconhecidos do Reef é que ele não é nada novo, nada cool, e seus criadores não estão mais juntos por aí pra estragar tudo. A uma pirateada de distância, o que vai achar são só guitarras certas nas horas certas, um vocalista doidão cantando como um avatar chapado dos anos 90 e uma cozinha adepta daquele groove safado de quem não sabe nem o que a palavra significa.

Apesar do resto de trabalho da banda ser bem nota cinco, o disco é primoroso. É até difícil explicar por quê. Os riffs são OK, o vocal é OK, a produção chuta a banda lá pros anos 70 e tudo mais… mas a força da bolacha fica mesmo na impressão de estar ouvindo quatro caras amigos se divertindo pra caraleo. Place Your Hands lembra (um pouco) os Black Crowes no auge; Summer’s In Bloom tem um refrão feito pra mandar de volta pra garagem 90% das bandas atuais; Consideration é uma das melhores baladas “não-de-amor” já feitas, com uma puta letra corajosa nestes tempos de medo desmedido de tudo; Come Back Brighter é o single-hit perfeito, e que dá uma boa amostra de todo o resto do disco.

O Reef nunca foi um sucesso mundial porque talvez tenha feito as escolhas erradas depois deste disco. Refinou em vez de manter o bruto e simples perfeito de Glow, estilizou o barulho em vez de se preocupar só em fazê-lo, comprou equipamento bom, ouviu opinião de produtor ou sei lá o quê. Aqui, entretanto, têm-se um retrato bem representativo do que foi o melhor do rock nos anos 90: muita sujeira grunge, resgate de groove sem dispensar as melodias, vocalista esquizofrênico, respeito quase religioso com o som pesado feito duas década antes, experimentalismo em nome da diversão…

Enfim, tudo o que você precisa pra passar 50 minutinhos sonhando em montar aquela banda que só aparece depois de cinco cervejas com os camaradas. Precisa de mais?




DOWNLOAD (mp3 - 34,6 MB - 12 músicas - 50 min.)

http://www.mediafire.com/?ttdd29y2zdd

terça-feira, 6 de maio de 2008

:: Blondie ::




:: BLONDIE, “Parallel Lines” (1978)

Adoro essa porra de disco de paixão - é daqueles que deixo no repeat por umas 2, 3 vezes seguidas. Nem tenho mais vergonha de admitir. Antes achava que era meio guilty pleasure, mas hoje é prazer-extremo-e-guilt-free. Lester Bangs escreveu um livro inteiro sobre a banda, mas eu tenho pouco mais a dizer sobre Debbie Harry e Parallel Lines do que essa besteira: é um disco que me deixa feliz.

Um dos maiores crássicos do Punk Bubblegum na história. Passo a palavra pro 1.000 Discos Para Ouvir Antes de Morrer:

"A bombástica loura Debbie Harry e seu quinteto, liderado pelo guitarrista (e namorado da cantora) Chris Stein, alcançaram o firmamento do pop com seu terceiro álbum, que alcançou o posto mais elevado das tabelas de vendas britâncias, foi o número 6 nos EUA e vendeu um milhão de cópias. (...) Na capa, Harry aparece esteticamente discreta, mas a sua sofisticação refletia o novo som da banda, que misturava as suas raízes punk com a comercialidade glamorosa de Mike Chapman.

O resultado foi new wave, par excellence. Harmonias contagiosas complementam a prestação vocal de Harry, oscilante entre timbres roucos, doces e luxuriantes. (...) Reconhecidos pelas audiências inglesas depois de terem conseguido êxitos na Europa um ano antes, os Blondie conquistaram finalmente os EUA com “Heart Of Glass”.

(...) Gravado num verão quente de Nova York, Parallel Lines valeu todo o suor resultante da sua produção. A Billboard resumiu o resultado como “rock engenhoso, arrojado e contagiante”, que demonstra “maturidade e credibilidade e poder vocal”. Este álbum continua a ser um clássico – muitas vezes imitado, mas raramente igualado.” (398)

* * * * *

(E a Debbie Harry das antigas, libidinosa e abusada, com seu jeitinho que eu definiria como de junkie-alcóolatra-descolada-perdida-na-vida-e-até-um-pouco-nerd, era uma coisinha sexy ao cúmulo! Já foi minha namorada imaginária predileta! Aí vão algumas fotinhas de juventude [a maioria delas escaneadas por nós aqui do Depredando - muitas são inéditas na net!] dessa maravilhosa BELDADE PUNK - só consigo ver essas imagens com babador!...):





DOWNLOAD (mp3 de 320kps - 120MB - 12 músicas - 41min20s):

:: depredando's awesome hit parade ::

10 MIL visitas! Uau! Estamos soltando rojões! Esse blog está orgulhoso por seu sucesso estrondoso e agradece o apoio e o incentivo de seus fiéis escudeiros - contribuidores, usuários e marketeiros... O Google nos botou na lista negra por crimes contra a humanidade, mas não nos deixamos desanimar por essa desaprovação da parte do Gigante e estamos de pé, depredando forte e sempre! :) E esperamos crescer ainda mais, com a ajuda da propaganda boca-a-boca e spâmica que vocês certamente vão fazer para dar uma forcinha a mais a esse adorável projeto criminoso de pirataria e comunitarismo musical. Aí em baixo, como curiosidade, compartilhamos o HIT PARADE do Depredando - os álbuns que, até agora, fizeram mais sucesso popular em número de downloads (coisas surpreendentíssimas aconteceram: não esperava que as Go-Go's fossem faturar o título de lavada. E nunca imaginei que 120 criaturas de interessariam por baixar o álbum do israelense Amit Erez - e dá mó gosto saber que discos tão maravilhosos como estes espalharam-se por aí como um febre por causa desse blog...).

TOP 10 Downloads:

01. Go-Go's - Beauty And The Beat - 266
02. Little Richard - Here's Little Richard - 156
03. Cream - Disraeli Gears - 141
04. Amit Erez - Amit Erez - 118
05. Leonard Cohen - Songs of... - 104
06. The Band - Music From Big Pink - 102
07. Todd Rundgren - A Wizard, A True Star - 96
08. Joe Strummer & The Mescaleros - Global A Go-Go - 90
09. The Rolling Stones - Let it Bleed - 89
10. Posies - Froasting In The Beater - 77

Ah, e a Nina Simone, com seu Wild is the Wind, antes de ser deletada do servidor por ações malignas do Mediafire, contava já com 144 downloads - menção honrosa pra ela então!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

:: Thom Yorke Acústico ::


:: THOM YORKE - The Bridge School Benefit Concert (2002)

A história, ultra-resumida, é que Neil Young e sua esposa Pegi criaram em 1985 uma escola infantil em São Francisco dedicada exclusivamente a crianças com problemas mentais e dificuldades de fala. O legal é que a Bridge School nasceu financiada pela música e prossegue, ainda hoje, conseguindo o capital para seu funcionamento através de um show beneficiente anual, organizado por Neil e sua esposa Pegi, que já contou com a presença de artistas do primeiríssimo escalão nos últimos 20 anos - gente do naipe de Pearl Jam, Dave Matthews, Brian Wilson, Foo Fighters, entre dúzias de outros. Em 2002, o vocalista do Radiohead apresentou-se no evento em duas noites, uma acompanhado por seu violão, outra sentado ao piano, o que rendeu esse celebrado álbum ao vivo pirata (e unplugged) que disponibilizamos por aqui. O repertório é quase exclusivamente composto por músicas do Radiohead até o Hail To The Thief e inclui uma linda cover de "After the Gold Rush" de Neil Young. Bootleg imprescindível para qualquer fã!

TRACKLIST:


October 26, 2002 (Night 1 of 2)
1. Intro
2. Everything In Its Right Place
3. I Might Be Wrong
4. Sail to the Moon
5. Like Spinning Plates
6. There There
7. Pyramid Song
8. Lucky
9. After the Gold Rush (Neil Young cover)

October 27, 2002 (Night 2 of 2)
1. Intro
2. Street Spirit
3. Morning Bell
4. Nice Dream
5. I Might Be Wrong
6. Sail to the Moon
7. Like Spinning Plates
8. Paranoid Android
9. True Love Waits

quinta-feira, 1 de maio de 2008

:: 3 álbuns de covers ::

(uau.)


Eu acho que álbuns de covers são ótimos quando não se reduzem a ser um calhamaço sônico contendo meros xeroxes das músicas originais, reproduzidas com completa fidelidade ao modelo. Nesse ramo, acho melhor ser infiel e reconstruidor do que levar a mimese e a verossimilhança até os extremos. Gosto mais do resultado de "releituras" e "reinvenções" feitas em cima da música alheia por artistas que transformam o material coverizado em algo totalmente pessoal. É o caso nestes três álbuns de covers que hoje destacamos por aqui.

Um deles traz uma banda punk maluca e bem-humorada, o Me First and The Gimme Gimmies (que contêm membros do NOFX, do Lagwagon e outros grupos do mesmo estilo), no discaço Blow The Wind, que traz somente crássicos dos anos 60 reinterpretados no maior gás. Ao lado de músicas consagradas de Bob Dylan ("Blowin' in The Wind"), Beach Boys ("Sloop John B") e Beatles ("All My Loving"), há também ressuscitamentos de hits mais melados e peçonhentos, que fariam qualquer punk revirar o estômago, como "Wild World" de Cat Stevens. Divertidíssimo e excitante.

Os outros dois álbuns são bem mais low-key e sussa. Cat Power, em seu The Covers Record, conseguiu cometer um disco em que tudo soa extremamente Cat Power - tornou suas todas as canções que coverizou, transfomando em lentas e noturnas baladas indie clássicos que incluem Rolling Stones, Velvet Underground, Bob Dylan, Moby Grape, entre outros. Um tanto indigesto para quem não curte a melancolia desconsolada de Chan Marshall, o álbum é mais interessante para fãs da cantora que desejam sacar como é que ficam os artistas que mais a influenciaram quando revividos por ela.

Já o Relations, lindíssimo disco da Kathryn Williams, é talvez meu sério candidato a melhor disco de covers já lançado (entre tudo que conheço...) - é um diamante puro. A seleção de repertório é impecável e a interpretação da moça é sempre passional, pessoal e genial. Rola Nirvana ("All Apologies"), Big Star ("Thirteen), Neil Young ("Birds"), Velvet Underground ("Candy Says"), Pavement ("Spit On a Stranger"), Leonard Cohen ("Hallellujah", numa versão que compete com a do Jeff Buckley fácil...) - só filé mignon, do começo ao fim. Recomendadíssimo, assim como todos os álbuns de próprias dessa excelente nova cantora-compositora.



ME FIRST AND THE GIMME GIMMIES - Blow The Wind (2001):
http://www.mediafire.com/?i2vb4mqnyie




CAT POWER - The Covers Record (2000):
http://www.mediafire.com/?0dztd4in02b


KATHRYN WILLIAMS - Relations (2004):
http://www.mediafire.com/?xmt001hmhod