sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

:: Gun Club

:: THE GUN CLUB - “Fire Of Love” (1981)

Como surgidos do nada, os pioneiros do punk psuchobilly de Los Angeles chegaram com um álbum de estréia que ofuscou os seus contemporâneos californianos e foi fonte de inspiração para os White Stripes e muitas outras bandas de garage do século 21. O som é tosco, as letras frequentemente psicóticas e as canções... as canções são algumas das melhores do rock norte-americano.

A princípio escolheram o nome Creeping Ritual. Pierce e o guitarrista Kid Congo Powers formaram uma banda em 1980 para tocar na cena punk de Los Angeles. Pierce exibia uma gama ampla de influências (sobretudo blues, com toques de country e rockabilly), criando uma mistura selvagem. Cantava, uivava, gritava em canções que estavam enraizadas no sul mais profundo, com referências à “caça aos negros” e ameaçando “vou te foder até morreres”. É evidente que isto poderia ter sido muito ofensivo, mas canta com um brio tão teatral que o ouvinte se apercebe que ele está apenas a atuar. Ou não.

Em qualquer caso, canções como “Sex Beat”, “She Is Like Heroin To mE, “For The Love Of Ivy” e “Jack On Fire” são rock intenso e as leituras que Pierce faz do country blues como “Preaching the Blues” e “Cool Drinks of Water” sugerem uma imersão na música que supera o tenicismo enfadonho de Eric Clapton ou Gary Moore. - do 1.001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer

DOWNLOAD (55 MB):
http://www.mediafire.com/?hjvtnhztg0s

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

:: Casey Dienel

:: WHITE HINTERLAND - "Phylactery Factory" (2008)

"Eu me pergunto às vezes se é responsabilidade do escritor e do artista tornar tudo claro para o leitor – ou se um pouco de material nebuloso é saudável e nos lembra de pensarmos por nós mesmos. Falando geralmente, eu me enquadro nesta última categoria. Eu não me importo de me sentir desorientada se isso me faz questionar as coisas – e acho que como uma cultura nós deveríamos ser muito mais céticos e questionadores daquilo que as pessoas fazem ou dizem. Não sei se isso soa cínico – mas eu acho que é saudável questionar algo antes de você digerir e arquivar na tua enciclopédia mental. Nós devemos isso à nossa psique! Eu sugeriria a qualquer pessoa que questione qualquer coisa que eu digo, inclusive isso que estou propondo agora. O que é que eu sei?!" - CASEY DIENEL, na entrevista exclusiva concedida a mim no ano passado.

Ela agora se esconde atrás do codinome White Hinterland, mas continua sendo a Casey Dienel apaixonante que fez um dos álbuns mais doces, poéticos e mansos dos últimos anos, o adorável Wind-Up Canary, meu disco favorito de 2006. Foi ele que me fez ficar tão fascinado com a pessoa e a obra dessa jovem americana a ponto de trocar com ela uma meia dúzia de e-mails e fazer uma entrevista que é das coisas que mais me dá orgulho nessa minha carreira de jornalista (ver http://www.rabisco.com.br/).


Era, pois, com muita expectativa que eu esperava o novo álbum de Casey pra ver se ela passava pelo teste do segundo álbum e se confirmava todo o talento que eu profetizava. E ela passa no teste com louvores! Pouco mudou de um álbum para o outro: a cantoria de Casey continua tímida e singela (em "Destruction of The Art Deco House", por exemplo, ela canta tão baixinho que mesmo ouvidos treinadíssimos no inglês sentem dificuldade em entender as palavras que ela murmura), o piano continua tocado com a atitude de uma indie-kid que gostaria de ser Thelonious Monk e as letras continuam com um irrestível sabor lúdico e literário que sempre foi um dos maiores charmes da música de Casey Dienel.

Esse Phylactery Factory, disco até um pouco mais difícil e vanguardista que o anterior, provavelmente não vai fazer o mínimo sucesso de público, nem mesmo gerar hype alguym nos círculos restritos do indie, como também não fez o álbum de estréia da moça. É verdade que há por aqui uma ou outra música mais acessível e grudenta - caso da viciante "Dreaming Of Plumb Trees", mas nada que soe extremamente radiável. Ela nem se importa com isso, na verdade, e não se incomoda nem um pouco com seu status ainda minúsculo dentro do panorama musical contemporâno.

Este é outro álbum sublime de uma cantora, compositora e pianista que tem tudo para ter uma longa e cultuadíssima carreira, mesmo que ela prefira manter-se discreta e longe dos holofotes por não ter a mínima vontade de trocar a vida pacata pelas turbulências da fama. Daria pra dizer que Phylactery Factory é daqueles discos que vai revelando seus encantos aos poucos, a cada nova ouvida, à medida que o poder dos versos e das palavras de Casey vai ganhando abrigo dentro de nossa alma... Mas seria dizer errado sugerir que os encantos estão assim tão velados: Casey Dienel é encantadora à primeira vista e à primeira ouvida, e só fica mais e mais encantadora quanto mais a conhecemos e ouvimos... Que me perdoem o excesso de doçura, mas são palavras de um homem apaixonado... :)

DOWNLOAD (mp3 de 192 kps - 78MB - 9 músicas)
http://www.mediafire.com/?v421ymmgdtc

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

:: Chris Cornell



:: CHRIS CORNELL - "Euphoria Morning"

Me desculpem se isso vai soar como excesso de fanatismo, mas eu, que passei a adolescência inteira headbanging com os discos do Soundgarden e que já cheguei a dar ao Superunkown a honra de estar entre os 10 melhores discos de rock de todos os tempos (!), numa listinha ingênua que fiz quando tinha uns 17 aninhos de idade e as cordas vocais estragadas de tanto berrar "Outshined" e "The Day I Tried To Live" e "Blow Up The Outside World", acho que Euphoria Morning é um dos discos mais subestimados da história do rock. Esse disco é fodaço, fodaço, fodaço.

Comprei esse álbum, original, logo que saiu, nem botando tanta fé assim que o Chris Cornell sozinho faria algo que chegasse aos pés do que fez frente ao Soundgarden e ao Temple Of The Dog, e hoje, um 5 anos depois, continuo achando Euphoria Morning uma obra-prima. Acho que é a melhor coisa que o mestre Cornell fez depois do fim do Soundgarden e que dá um pau em qualquer disco do Audioslave - e olha que eu não sou dos que maltrata com tomates o supergrupo que reuniu 3/4 do Rage Against The Machine tendo à frente o mais potente dos vocalistas do grunge. Gosto do Audioslave, bastante até (e "Original Fire" deve ser um dos sons de rock pesado mais empolgantes desta década!) - mas gosto muito mais de Euphoria Morning do que de qualquer disco do Audioslave e bem mais do que o segundo e desapontador álbum solo.

Que Cornell é um dos vocalistas de voz mais espantosamente poderosa e performance mais cheia de garra de sua geração não é segredo - e os clássicos álbuns em que deixou a marca de sua voz continuam fudidos de bom até hoje: especialmente Badmotorfinger e Superunkown do Soundgarden, e o Temple Of The Dog da banda-projeto de mesmo nome, que tinha em seu cast de estrelas vários músicos Pearl Jam...

Em Euphoria Morning, os anos de Soundgarden ressuscitam em músicas mais porrada como "Pillow of Your Bones" e "Mission" (que não fariam feio se estivessem em Superunkown ou Down On The Upside) ou na sombria e dolorida "Steel Rain" (quase um follow-up para o clássico das trevas "Black Hole Sun"). Já a faceta romântica e catártica de Cornell explode na lindíssima balada "When I'm Down", com um refrão inesquecível ("só te amo quando estou pra baixo / só estou perto de ti quando você está longe / mas uma coisa pra você manter em mente: estou pra baixo todo o tempo"). O cantor folk recluso e melancólico surge em "Sweet Euphoria", uma das coisas mais tocantes que já se fez com apenas um violão e um microfone. Já sua homenagem ao finado Jeff Buckley, "Wave Goodbye", que tem certos trechos em que o vocal de Cornell arrisca uns falsetes buckleyanos muito bem cantados, ultrapassa o mero status de música tributo e se transforma em algo universal sobre a saudade e a culpa. A letra inteira é linda e muito bem construída, mas alguns versos se destacam:

"Words get tangled on your tongue
and you stumble on your feet
when you miss somebody
And every hurtful thing you ever said is ringing in your ears
when you miss somebody"

Mas nada supera "Preaching The End Of The World", uma das músicas mais lindas e doloridas dentre todas que já ouvi. Nela, onde Cornell inicia com uma cantoria mansa, que beira o Thom Yorke, a fantasia do fim do mundo gera um anseio por um amor fatalmente efêmero. A performance apaixonada-desesperada de Cornell declamanado essa poesia sobre o amor em tempos de apocalipse prova o talento imensurável dele como cantor, compositor e artista. Certas pérolas poéticas chegam ao nível dum Dylan ou dum Leonard Cohen, como o lindo verso "we can share in every moment as it breaks" ou a estrofe:

"There'll be no commitment and no confessions
and no little secrets to keep
No little children nor houses with roses
Just the end of the world with me..."

Se antes desse álbum Chris Cornell já tinha lugar garantido no panteão dos mais idiossincráticos e vulcânicos dos vocalistas de rock das últimas duas décadas, ou mesmo de toda a história do rock pesado, depois de Euphoria Morning provou ser ainda mais: um compositor, um músico e um poeta que conseguiu, em vários momentos desse inspiradíssimo álbum, beirar a genialidade. Esse disco, apaixonante, arrepiante, aventureiro, poético e doloroso é Chris Cornell em plena forma. Um dos melhores álbuns solo já lançados por um vocalista de uma banda de grande porte.

DOWNLOAD (mp3 de 192kps, 74 MB, 14 músicas):

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

The Cars


[1978] The Cars

O disco de estréia dos Cars tem apenas nove músicas e dura pouco mais de meia hora, mas mesmo assim acaba sendo um perigo pra quem não tem tempo sobrando. Suas faixas são canções pop de rara perfeição, daquelas que grudam imediatamente no ouvido e nunca causam enjôo, nem depois de mais de duas décadas circulando pelas rádios.

The Cars nasceu em 1976 na cidade de Boston, quando Ric Ocasek e Benjamin Orr que vinham tocando desde o começo da década em bandas de baile, se estabeleceram de vez na guitarra e no baixo, respectivamente. Assim que deram as boas vindas a mais um guitarrista (o canhoto Elliot Easton), o tecladista Greg Hawkes e o baterista ex-Modern Lovers Dave Robinson, o grupo estava pronto para o sucesso.

Tão pronto que logo as primeiras gravações demos - feitas no porão de Ric - entraram no topo das paradas das estações locais antes mesmo de ter assinado contrato com algum selo.

Lançado em maio de 1978 pela Elektra Records, o disco não podia abrir de maneira mais explosiva, enfileirando logo de cara os três maiores êxitos de toda a história do grupo, "Good Times Roll", "My Best Friend's Girl" e "Just What i Needed". A banda costumava dizer que The Cars, o álbum, era seu verdadeiro best of. Com razão todas as nove faixas se tornaram sucesos radiofônicos e clássicos do pop-rock dos anos 80. Até as que não estouraram viraram hinos da geração new wave como "Moving In Stereo" usado na trilha de uma das mais marcantes cenas da comédia adolescente, Picardias Estudantis.

Todas as faixas foram compostas por Ric Ocasek, a partir de seu dom de agradar ao mesmo tempo rockeiros, modistas e modernos, colacando uma pitada de ironia e ingenuidade bublegum no carrancudo art rock da época. Apesar do instrumental quadrado e mecânico - importado da fase alemã de Bowie - e dos teclados típicos da new wave, a sonoridade se mantém atual através de suas melodias altamente assobiáveis e guitarras sempre em primeiro plano.

A estrada percorrida pelos Cars rendeu mais cinco discos, com destaque para Heartbeat City de 1984, e seguiu reta até 1988 quando Ocasek resolveu saltar e seguir a pé para se dedicar à sua carreira solo e ajudou a criar a identidade de bandas como Weezer (Ocasek produziu o primeiro disco da banda, o tão famoso Blue Album), Hole, Guided By Voices e Bad Religion. Em 97 lançou seu mais elogiado trabalho, Troublizing. Ben Orr que se revezava nos vocais com Ric, se arriscou em apenas uma obra solo de pouca repercussão e morreu em outubro de 2000.

Texto publicado na Rock Press de dezembro de 2000, por João Eduardo Veiga.

Foi através desse texto que conheci a banda e me apaixonei antes mesmo de ouvi-la, até que um dia encontrei uma edição alemã desse disco jogada num saldão a meros dez reais mas acho que se não o conhecesse eu compraria esse disco só pela capa. Ouvi até furar é claro e depois nem me surpreendi ao saber que Smashing Pumpkins e Nirvana já tocaram covers do The Cars.

Download: Sharebee - mp3 de 192 kbps - 48 MB

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

:: Sonics ::


:: THE SONICS

"The Sonics é uma daquelas bandas injustiçadas que nunca chegaram a estourar no seu país natal, mas que tiveram uma importância gigantesca, e que até hoje críticos não conseguiram decidir se eles foram "ancestrais" do "punk" ou do "grunge" (sendo que resposta óbvia provavelmente é "ambos"). Banda alternativa metida a porradinha adora dizer que foi influenciada, mesmo, é pelos Stooges. Na grande maioria das vezes, é mesmo. De Sonic Youth a Strokes, poucas bandas escapam disso. Bem, esta não só escapa, como foi "só" a que influenciou os Stooges... entre outras, do calibre de Cramps e praticamente toda banda que pipocou na região do Noroeste dos EUA. Então, The Sonics não é pouca m*, como você pode conferir ouvindo o som, não só por causa dos seguidores deles. Ainda hoje, com quase meio século de idade, suas gravações soam sujas e quem não estava avisado disso pode se impressionar. Não é sem motivo que o vocalista, Gerry Roslie, é insistentemente comparado a Little Richard: com gritos histéricos em músicas na maioria inspiradas em histórias de terror, somadas às guitarras distorcidas (ou como disse Andy Parypa, no Seattle Times em 84: "Se nossos discos parecem distorcidos, é porque eles são. Meu irmão (Larry) estava sempre fuçando nas caixas. Elas sempre estavam tipo overdrive... Ou ele estava desconectando os auto-falantes e esburacando eles com um furador de gelo. É por isso que a gente acabou soando como um trem quebrado."), as composições deles como The Witch, Psycho, Strychnine e Boss Hoss, mais do que "hits" da época, tornaram-se "crássicos" das bandas de garagem. Fora as composições próprias, a banda gravou diversos covers de, é claro, Little Richard, Chuck Berry e Bo Diddley..." - DYING DAYS


DOWNLOAD - "The Jerden Years - 1966-69"
pt 1 (faixas 1 a 15): http://www.mediafire.com/?7mhkmjj2ndp
pt 2 (faixas 16 a 30): http://www.mediafire.com/?0kidgl2azik

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

:: os 10 melhores dos anos 60...- #07 ::

[7º]


THE BAND
"Music From Big Pink" (1968)

- por Eduardo Carli de Moraes -

Antes de soltar este clássico álbum de estréia, um dos mais poderosos e originais debuts da história do folk-rock, a The Band era célebre “somente” como a banda de acompanhamento de Bob Dylan. Foi esta A Banda que forneceu a força elétrica bruta que Bob quis adicionar ao seu som folk a partir de Bringin’ It All Back Home, seu primeiro álbum que fugiu da sonoridade exclusivamente acústica e folky e arriscou-se no reino da eletrificação e da distorção.

Os músicos da The Band – na sua grande maioria de origem canadense - já estavam na ativa desde o começo dos anos 60, tocando com o cantor de rockabilly Ronnie Hawkins com o nome de The Hawks. Uma vez instalados no Greenwich Village em meados da década, acabaram chamando muita atenção de figurinhas graúdas da cena boêmia-artística efervescente de lá, inclusive de Bob Dylan, que estava à procura de um grupo que estivesse ao mesmo tempo profundamente enraizado na cultura americana mas que ao mesmo tempo tivesse uma atitude aventureira e ousada.

Contratados como back-up band para a primeira turnê rock and roller de Bob Dylan, a The Band acompanhou o mito de Outubro de 1965 a Maio de 1966, quase sempre frente a platéias de “folkies puristas” que soterravam os músicos debaixo de vaias e tomates. Bob Dylan, na época, era tido como o Traidor do Movimento Folk de Protesto por ter abraçado a eletricidade - e a the Band, coitada, acabou acusada de cúmplice no crime.

Após o acidente de motocicleta de 1966, tornando-se subitamente uma estrela reclusa, Bob Dylan fechou-se num porão com a The Band e ai começaram suas contribuições mais antológicas – que permaneçaram inéditas por muitos anos e foram lançadas só em 1975; são as famosas e cultuadíssimas The Basement Tapes. Só o fato de terem estado no mesmo palco que Bob Dylan em momentos cruciais dos anos 60 já serviria para colocar a The Band na história do rock – eles estavam lá, por exemplo, no célebre show no Royal Albert Hall, em 1966, quando Dylan sente uma certa animosidade do público folk mais purista em relação ao barulho extremo que saía do palco e, antes do início de “Like a Rolling Stone”, faz o singelo pedido à The Band: “Play it fucking LOUD!” O mito é atendido com prontidão.

Mas foi mesmo em 1968 que a The Band se tornaria uma banda de primeira grandeza na cena rocker mundial, livrando-se do estigma de estar em segundo plano em relação à Bob Dylan. Este, porém, é uma presença espiritual e uma influência musical inegável em Music From The Big Pink. Só lembrar que Dylan aparece aqui em várias facetas: é dele a linda e lamentosa balada “I Shall Be Released”, que fecha o álbum, e a co-autoria de outras duas canções, “Tears Of Rage” e “This Wheel’s On Fire”; é dele a pintura exposta na capa do álbum; e o próprio nome do disco faz referência à casa em Woodstock onde a The Band e Bob Dylan se conheceram e começaram suas jams em meados dos anos 60 – a “Big Pink”.

“Apesar de ter sido criado por quatro canadenses e um cara natural do Arkansas, Music From Big Pink é uma peça duradoura de ‘americana’, um acontecimento dos que marcam uma época e que parecia sintetizar um século de cultura americana”, diz Andrew Gilbert. “O quinteto afundou as raízes de seu som e suas letras no solo americano usando órgãos, violinos e bandolins em vez de guitarras elétricas carregada de efeitos.”

O álbum mostra-se extremamente coeso e bem estruturado para um banda que fazia sua estréia fonográfica “solo”, por assim dizer, e o quinteto parecia muito bem sincronizado, sem que o guitarrista Robbie Robertson chegasse a representar neste início o papel de líder que cada vez mais assumiria na sequência. Robbie comenta que modificou bastante seu estilo de tocar e sua estética musical na época do parto de Music From The Big Pink – saíram os solos de guitarra ruidosos e tocados com ira e vingança que ele tanto apreciava na juventude (“eu tocava guitarra como se estivesse com ejaculação precoce”, comentou sobre sua abordagem urgente e frenética do instrumento em tempos idos), dando lugar a algo mais doce, atmosférico e etéreo, com riffs “à la Curtis Mayfield”.

Já os vocais gritados e/ou grunhidos foram preteridos em prol de uma cantoria mais suave e uma harmonização mais mansa entre o vocal principal e os de apoio. A decisão de iniciar o álbum com uma música lenda e arrastada, com respingos de melancolia, era já uma originalidade digna de nota na época: “Tears Of Rage” tinha a intenção de ser um cartão de visitas provando ao mundo que estavam diante de uma banda tremendamente original. Já a clássica “The Weight” tornou-se um dos hinos tardios dos anos 60, utilizada com efeitos encantadores na trilha sonora de um dos filmes mais quentes da época – Easy Rider, de Dennis Hopper.

Nas letras de Robbie Robertson consegue-se notar o efeito da convivência com Dylan, cujo trabalho poético influenciou a “escolha temática, a construção formal e a imagética” de Robertson – suas letras tornaram-se menos diretas e mais misteriosas, moldadas com um esmero dylanesco que nunca soava como pastiche ou imitação barata. Robbie admite que estava fissurado também no trabalho de cineastas como Luis Buñuel, John Ford e Kurosawa na época, e tinha começado a se interessar por mitologia européia e nórdica, o que também entrou no caldo de suas influências com um peso semelhante ao de Dylan.


Assim que foi lançado, Music From The Big Pink recebeu críticas altamente favoráveis e foi entronizado por gente com opinião pra lá de respeitável como George Harrisson e Eric Clapton. O álbum passou longe de ser um sucesso de público, apesar de conter um dos maiores hits da The Band (“The Weight”), mas é reconhecido até hoje como um dos álbuns mais lindos, originais e atemporais da década de 60 – uma obra-de-arte esplêndida que o tempo não enferrujou e que revela cada vez mais encanto a cada nova ouvida.

No ano seguinte, 1969, o segundo álbum só consagraria ainda mais a The Band como uma dos mais talentosos e originais conjuntos de rock do mundo. A contribuição com Bob Dylan tornou-se um tanto mais escassa após os contágios mútuos constantes de meados dos anos 60, mas a The Band trabalhou novamente com Dylan várias vezes: foram a banda de apoio para o álbum Planet Waves; fizeram com ele uma turnê que geraria o álbum ao vivo Before The Flood; e fizeram uma aparição no show de Bob no Isle Of Wight de 1969.

Quando a The Band decidiu encerrar suas atividades em 1976, teve uma das despedidas mais chiques e inesquecíveis que uma banda de rock já teve a honra de possuir: no Dia de Ação de Graças, fizeram um show memorável ao lado de convidados de peso (além de Dylan, compareceram Neil Young, Van Morrison, Muddy Waters, Joni Mitchell, entre outros), registrado em filme pelo fã Martin Scorsese num dos melhores rockumentaries que existe – The Last Waltz. Homenagem digníssima para uma banda esplendorosa.


DOWNLOAD
(Music From The Big Pink remasterizado + 6 bonus tracks)
(mp3 de 192kps - 83 MB - 16 faixas - 1h):
http://www.mediafire.com/?7ykbftgqdeg

domingo, 17 de fevereiro de 2008

:: Nilsson & Lennon ::


:: HARRY NILSSON & JOHN LENNON - "Pussycats" [1974]

The relationship between Harry Nilsson and John Lennon is legendary. They were notorious booze hounds and carousers, getting kicked out of clubs for misbehavior and generally terrorizing L.A. during Lennon's "lost weekend" of 1974. They wanted to make an album together — hell, anyone working at such a peak would — and the result was Pussy Cats, a Nilsson album produced by Lennon. Almost immediately, Nilsson got sick, resulting in a ruptured vocal cord. Not wanting Lennon to stop the sessions, Nilsson never told his friend, stubbornly working his way through the sessions until he lost his voice entirely. These are the sessions that make up Pussy Cats, an utterly bewildering record that's more baffling than entertaining. Like many superstar projects of its time, this is studded with contributions from friends and studio musicians, all intent on having a good time in the studio — which usually means hammering out rock & roll oldies. In this case, it meant both Dylan's "Subterranean Homesick Blues" and the children's song "Loop de Loop," which gives a good idea where Nilsson was at. Through its messiness, Pussy Cats winds up showing how he and Lennon violently careened between hedonism and self-loathing. Of the new songs, the inadvertently revealing "All My Life" is the strongest, followed by the sweet "Don't Forget Me," yet this is more about tone than substance. It's about hearing Nilsson's voice getting progressively harsher, as the backing remains appealingly professional and slick. It doesn't quite jibe, and it's certainly incoherent, but that's its charm. It may not be as wild as the lost weekend itself, but it couldn't have been recorded at any other time and remains a fascinating aural snapshot of the early days of 1974. - AMG ALL MUSIC GUIDE

DOWNLOAD (192kps - 76 MB):
http://www.mediafire.com/?bmtgzze14dg

:: apontando o dedo ::


:: WADO E O REALISMO FANTÁSTICO - "Terceiro Mundo Festivo" (2008)

Diz o Marcelo Costa no Scream and Yell: "Quem vem acompanhando a carreira deste catarinense (de nascimento, alagoano de coração) não irá ficar surpreso com a qualidade de “Terceiro Mundo Festivo”. O disco soa como uma continuação de “Manifesto da Arte Periférica” – sem negar olhares para “Cinema Auditivo” e “A Farsa do Samba Nublado”, este último, principalmente, nas letras – e abre muitas possibilidades para a música brasileira, desde sua sonoridade bem resolvida (o disco foi todo gravado em Maceió) até sua forma de distribuição gratuita. Neste momento de transição pelo qual a indústria da música está passando, Wado resume de forma perfeita a situação: “Perdemos os talheres e voltamos a comer com as mãos. Temos de nos educar, pois assim fica feio. Acho que todo trabalho deve ser remunerado, e acredito que aos poucos isso vai se restabelecer” (aspas do papo do compositor com Lucas Santtana).

“Terceiro Mundo Festivo” – assim como os três álbuns anteriores do compositor – está liberado para download no endereço oficial de Wado (www2.uol.com.br/wado) e surge com o primeiro grande lançamento da música nacional em 2008. A Internet apagou as fronteiras existentes em mapas entre as grandes capitais mundiais, está derrubando a toda poderosa indústria da música (a tendência é que mais e mais discos cheguem ao público sem passar por grandes conglomerados de entretenimento) e, apesar dos poucos recursos, as novas tecnologias estão permitindo o lançamento de álbuns de qualidade fora dos grandes centros. Periferia, você sabe, é periferia em qualquer lugar. “Terceiro Mundo Festivo” respira o sol de Maceió, namora os blocos africanos de Salvador, seduz São Paulo e Rio de Janeiro e faz festa no coração de todas as capitanias hereditárias para além (e avante) do meridiano de Tordesilhas. É um disco de inspiração terceiro-mundista e vocação cosmopolita, como são os de M.I.A., Timbaland, De Leve, Ali e Vieux Farka Toure, entre muitos outros. A inteligência a favor da arte derrubando fronteiras. Desde já, um dos grandes discos nacionais de 2008."

DOWNLOAD:
www2.uol.com.br/wado

:: made in Israel ::


:: AMIT EREZ [2007]

Não se assustem com o nome esquisito do sujeito (sei lá eu como se pronuncia!), com a capa meio sem graça de seu álbum (o primeiro!), nem com a proveniência excêntrica (ele é de Israel!) - e baixem sem medo. Porque Amit Erez fez um dos discos mais bonitos e singelos de 2007 com seu poderoso indie-folk que remete à Damien Rice, Jeff Buckley, Rufus Wainwright, Elliott Smith e Nick Drake. São 12 canções, todas em inglês e todas sublimes, em que esse desconhecidíssimo israelense ultra-talentoso demontra que veio pra tomar seu lugar de honra no panorama indie internacional. Por enquanto ninguém nunca ouviu falar, nem nos círculos indie mais restritos, mas quando ele virar coisa cult vocês poderão dizer: "Ouvi primeiro no Depredando!" =)

DOWNLOAD (mp3 de192kps - 70 MB)
http://www.mediafire.com/?5iyxtydhxwy

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Creedence Clearwater Revival


[1968] Creedence Clearwater Revival
Download: Mediafire - 39 MB


[1969] Bayou Country
Download: Sharebee - 39 MB


Creedence Clearwater Revival começou como The Blue Velvets, um trio californiano formado por John Fogerty (vocal e guitarra), Doug Clifford (bateria) e Stu Cook (baixo). No final dos anos 50 eles eram uma banda unicamente instrumental, até que em 1959 eles começaram a tocar junto da banda do irmão mais velho de John, Tom Fogerty, e o negócio deu tão certo que Tom resolveu se juntar a eles definitivamente. Nessa época eles eram conhecidos como “Tommy Fogerty and The Blue Velvets”.

Em 1964 os caras resolveram ir atrás duma gravadora e acabaram indo para a Fantasy Records. Só que um dos donos da gravadora resolveu implicar com o nome da banda, mudando de The Blue Velvets para The Golliwogs, uma referência a um personagem dum livro que zoava os negros. Com esse nome, 7 singles foram lançados, mas nenhum deles recebeu atenção nacional. Eles quase desmancharam a banda em 1967 por causa de problemas com o exército já que dois dos integrantes (John Fogerty e Doug Clifford) haviam sido convocados. Claro que como bons americanos que são eles passaram a perna no exército e foram dispensados por problemas médicos.

A gravadora deles foi comprada por um tal de Saul Zaentz. O cara foi bacana e tals, resolveu continuar com a banda e até concordou em gravar um álbum completo se eles mudassem o nome da banda. Claro que eles concordaram, e assim nasceu Creedence Clearwater Revival. Só pra explicar, Creedence é parte do nome de um amigo do Tom, Creedence Nuball. Clearwater é de um comercial de cerveja (Clear water Beer), o Revival é porque agora que os quatro estavam reunidos, tudo parecia que ia dar certo.

O primeiro e auto-intitulado álbum do Creedence, lançado em 1968, rendeu ao grupo um disco de ouro e trazia músicas que se tornaram grandes clássicos, como "Susie Q" e "I Putt a Spell on You". Em meio ao grande sucesso das bandas inglesas da época, o Creedence foi um dos primeiros nomes americanos a conseguir um lugar no topo das paradas.

Em 1969 vieram os álbuns "Bayou Country", "Green River" e "Willy and The Poorboys", todos recebendo disco de platina, além de trazerem outros sucessos como "Proud Mary", "Fortunate Song" "Down on the Corner".

Em uma edição da revista Uncut, o vocalista, guitarrista e compositor John Fogerty, comentava faixa a faixa os discos do Creedence, e ao falar sobre o "Bayou Country", de 1969, ele afirmou: "Aquele álbum deixou claro quem éramos, algo como o 'Nevermind' do Nirvana. Depois do 'Bayou Country', comecei a sentir que tinha liberdade e poder de fazer o que quisesse, e como alguém disse uma vez, criei um mito ao meu redor, e vivi dentro dele".

A banda continou a fazer tours, incluindo até um show no festival de artes e música de Woodstock, porém eles não foram incluídos nem nas filmagens nem em nada, porque um dos Fogerty achou que o show foi ruim, pois a banda que tocou antes deles, Grateful Dead, passou o limite de horário e quando foram terminar a apresentação já era 3 da madrugada, então, quando o CCR começou a tocar a platéia já tava dormindo.

O ambiente interno da banda estava conturbado e o John passou a se desentender com os outros membros que estavam enciumados por serem apenas a sombra do líder do grupo. Em fevereiro de 1972 John deixa o Creedence para seguir em carreira solo. O trio remanescente ainda lançou o álbum "Mardi Gras" no mesmo ano, mas logo em seguida anunciou a sua dissolução.

John Fogerty conseguiu fazer sucesso com sua carreira solo, lançando em 1974 o álbum "Zephyr National". Tom morreu em 1990 vitima de problemas respiratórios. Stu Cook e Doug Clifford montaram o Creedence Clearwater Revisited, que se apresenta até os dias de hoje, tocando os clássicos que fizeram sucesso com o Creedence "original".

Difícil imaginar como seria a sonoridade do grunge sem a influência desses caras, John Forgety ensinou muita vocalista a como cantar com sua voz de Gibson plugada num ampilificador da Marshall, como diz um amigo meu.

Os dois primeiros álbuns são uma ótima entrada pra quem quer saber de onde o Kings Of Leon tirou aquele som e aquele visual anti-rockstar.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

:: os 10 melhores dos anos 60...- #08 ::

[8º]


LEONARD COHEN
"Songs Of Leonard Cohen" (1968)


Leonard Cohen tem toda uma aura mística que o envolve como uma névoa. Poucos artistas são mais misteriosos e fascinantes, mais indecifráveis, mais intrigantes e complexos... Cheguei a apelidá-lo Human Puzzle, e é assim que até hoje, carinhosamente, me refiro a esse brilhante poeta da música - um dos maiores. Com mais de 40 anos de carreira (cheia de altos e baixos, é verdade), o compositor canadense, mansamente e sem estardalhaço, deixou uma marca indelével na música do fim do século 20 e é hoje um dos poucos capaz de sustentar um Duelo contra Bob Dylan numa disputa pelo posto de Maior Poeta da Música Pop Em Língua Inglesa nas últimas 4 décadas.

“O departamento de produção da Columbia certamente não esperava que Leonard Cohen se tornasse tão popular quando assinaram o contrato discográfico, mas depois de vender mais de 100.000 cópias do seu primeiro álbum em 1968 essa estrela inesperada estava já muito bem situada no mapa” – diz o 1.001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer. De fato, o bardo canadense não era o tipo de artista em quem uma grande gravadora apostaria suas fichas para ser um sucesso de vendas. A música de Leonard Cohen, soturna e melancólica, tendo como destaque as letras altamente simbólicas e carregadas de lirismo, não parecia nada adequada às rádios comerciais. Se seu 1o álbum foi tão bem-sucedido, não foi por concessões feitas ao comercialismo - e hoje Cohen é reconhecido muito mais pela qualidade de sua discografia do que pelas vendagens (bastante modestas) que alcançou. Muito mais cult que pop.

Sofisticado e intelectual demais para o hit parade, Cohen tinha tudo para ser um daqueles minúsculos artistas cult conhecidos por meia dúzia de gente antenada. Nossa sorte é que o culto ao redor de seu nome foi tão intenso que hoje é quase impossível conhecer qualquer fã de música que não tenha ouvido falar em seu nome e sua obra, seja como músico, como escritor ou, para os fãs mais exaltados, quase como um profeta (a filiação de Cohen ao budismo tornou-se tão intensa nos anos 90 que ele passou vários anos preso dentro dum monastério, dedicando-se totalmente à vida contemplativa, chegando a atingir, segundo alguns, uma invejável estatura de Iluminado!).

Leonard Cohen
considerava-se muito mais um escritor e um poeta do que propriamente um músico - e já tinha mais de trinta anos quando gravou seu disco de estréia, alavancado para o sucesso pelo hit “Suzanne”, que já havia se notabilizado na versão de Judy Collins, em 1966. Antes de embarcar de vez em sua jornada musical, Cohen tinha estudado literatura inglesa em duas universidades (a McGill de Montreal e a Columbia de Nova Yorke) e já havia publicado livros de poesia (o primeiro deles lançado em 1956) e romances (The Favorite Game, de 1963, e Beautiful Losers, de 1966). No fim dos anos 50, recitava poesias sob um fundo pianístico simples ao estilo beatnik – aí começaram nos primórdios suas aventuras propriamente musicais. Mas é falso pensar que o interesse de Cohen pela música é tardio, já que desde sua adolescência ele procurava modos de levar sua poesia para além dos muros da academia – e poucos métodos eram mais eficazes do que musicá-las.

Apesar de ter sido considerado uma espécie de “trovador rival” de Bob Dylan e um dos poucos poetas da música capazes de rivalizar com ele em talento literário, Cohen, ao contrário de investir no folk de protesto que notabilizou Dylan (ao menos em seus primeiros álbuns), era muito mais o poeta da angústia, dos amores doloridos e do questionamento religioso. Artistas de muito renome hoje o consideram como uma influência primordial, como Nick Cave, R.E.M., Jeff Buckley, Sisters Of Mercy (que retiraram inspiração para o nome da banda de uma canção deste primeiro álbum de Cohen) e Kurt Cobain (que citou-o num verso de “Pennyroyal Tea” do Nirvana).

“Na Europa”, comenta a Enciclopédia do Rock da Rolling Stone, “sua aura de desespero romântico quase suicida fez com que ele ganhasse aclamação como um herdeiro de Jacques Brel”. Seu primeiro álbum, um dos mais belos documentos poéticos musicais da década, é o tipo de obra para se ouvir com o respeito que ouviríamos um grande poeta declamando suas melhores poesias. O ideal é procurar não se incomodar com o tom de voz um tanto monótono e desapaixonado de Cohen, que de fato não é um cantor com uma potência vocal digna de nota, e prestar atenção, palavra a palavra, aos versos que passeiam por cima desses simples e singelos dedilhados ao violão.

As 10 músicas de Songs Of Leonard Cohen compõe um álbum impregnado de mistério, de uma beleza tenebrosa, de uma poesia fantasmagórica e espectral, onde um dos mais brilhantes poetas da música em língua inglesa está em um de seus mais brilhantes momentos. Cohen ainda faria pelo menos mais um disco excelente e lotado de um lirismo ainda mais sombrio e torturante, o incrível Songs Of Love and Hate, mas seu álbum de estréia permanece uma obra-de-arte assustadoramente penetrante, que nos encara com olhos de Medusa, petrificantes, e nos deixa ali, com a consciência boquiaberta frente a um fluxo ininterrupto de palavras tão intrigantes...

DOWNLOAD (mp3 de 192kps, 10 faixas, 41min, 56MB):
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domingo, 10 de fevereiro de 2008

:: Jorma Kaukonen ::


:: JORMA KAUKONEN - "Quah" (1974)

Quah — Jorma Kaukonen's (guitar/vocal) solo debut effort — was recorded and issued shortly after the dissolution of Jefferson Airplane in 1974. In contrast to the sonic indulgences of Grace Slick's Manhole or Paul Kantner and Jefferson Starship's Blows Against the Empire, Kaukonen retreated back to his folk-blues roots along with vocalist Tom Hobson — who contributes to "Blue Prelude" and "Sweet Hawaiian Sunshine" — to create this intricate acoustic masterwork. From the highly original artwork — courtesy of Kaukonen's then-wife Margareta — to the stark and beautiful melodies within the grooves, Quah is unlike any other recording from the era. Much of the album's vibe is strikingly similar to the final contributions that Kaukonen made to Jefferson Airplane. The most obvious and direct correlation being "Third Week at the Chelsea," which maintains much of the same intimacy as the tracks "Genesis," "Flying Clouds," and "Song for the North Star." Likewise, his admiration for folk, blues, and gospel — which had first surfaced on the self-titled Hot Tuna debut release — informs the content of this disc on his cover of Rev. Gary Davis' "I Am the Light of This World" as well as the haunting traditional blues "Another Man Done Gone"and Blind Boy Blake's understatedly ribald "Police Dog Blues." Tom Hobson's inimitable vocal delivery stands apart from Kaukonen's in a somewhat theatrical manner. His take on the noir torch song "Blue Prelude" could not be more dissimilar to the practically giddy "Sweet Hawaiian Sunshine." Yet both are equally functional in the context of the rest of the album. In 1987 Relix magazine issued a very limited pressing of Quah on CD. Tragically, it was not re-pressed and remains near the top of want lists from enthusiasts eager to retire worn vinyl copies. This disc is a timeless and highly underrated statement from one of the world's premier guitarists. It is worthy — if not quietly demanding — of repeated listening. - AMG ALL MUSIC GUIDE

OUÇA 3 FAIXAS POR STREAMING...







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(mp3 de 192kps - 57MB - 12 faixas - 42:29min):
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sábado, 9 de fevereiro de 2008

:: Elliott Smith ::



ELLIOTT SMITH - "Figure 8" (2000)

"Os anos decorridos entre a gravação de Either/Or e Figure 8 foram turbulentos para Elliott Smith. Em 1997, os seus amigos começaram a preocupar-se com o seu comportamento alcóolico e auto-destrutivo. Convenceram-no a passar uma curta temporada num hospital psiquiátrico no Arizona e a experiência foi desagradável.

Mas o fato de a sua música surgir na trilha sonora de Gênio Indomável valeu-lhe uma nomeação para o Oscar e uma mudança de gravadora. Na Dreamworks dispôs de uma luxuosa produção em estúdio, evidente em Figure 8, graças ao número de pistas e de camadas musicais, e aos elegantes arranjos de cordas em canções como “Everything Means Nothing To Me”.

Como nos discos anteriores, as letras melancólicas de Smith são acompanhadas de momentos de otimismo, e é tentador imaginar que esta atmosfera descontraída é mais evidente em Figure 8. Será que a mudança para um clima mais quente teve influência neste trabalho? Estabelecera-se em Los Angeles após um longo período de nomadismo. A canção “L.A.” resume tudo, deambulando entre a libertação e a desolação, misturando as típicas e animadas harmonias da Costa Oeste com o refrão: “Last night I was about to throw it all away.”

Em “In The Lost and Found (Honky Bach)”, Smith utiliza o mesmo piano dos estúdios Abbey Road que Paul McCartney tocara em “Penny Lane”. Como fã de sempre dos Beatles, isso deu-lhe enorme prazer; também deu oportunidade aos críticos para o compararem aos Fab Four. Tinham razão, no sentido em que este disco roça a grandeza. Brilhante, desconsolado e universal.” - 1.001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer

DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 70 MB):
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APERITIVOS: OUÇA 2 FAIXAS COMPLETAS DO ÁLBUM...



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

:: os 10 melhores dos anos 60...- #09 ::

[9º]

FRANK ZAPPA
"Hot Rats"

(1969)


JAZZ FROM HELL
- por Eduardo Carli de Moraes -

Hoje Frank Zappa (1940-1993) é reconhecido como uma figura gigante no panorama da música moderna, um verdadeiro Mestre da composição, do arranjo, da guitarra e da iconoclastia cultural. Com mais de 80 álbuns em sua incrivelmente prolífica discografia, o cara tem um dos materiais sônicos mais volumosos que se conhece - e mais importante: essas toneladas de material são dignas de exploração minuciosa.

Através de sua longa e variadíssima carreira, Zappa demonstrou uma extrema versatilidade no domínio dos idiomas do pop, transitando com facilidade do rock ao jazz, da música eletrônica a trabalhos orquestrados, misturando humor escatológico, esperteza política e experimentalismo vanguardista como poucos outros artistas da música popular neste século. Aliás, ele sempre foi contra uma divisão rígida entre a música popular e a alta cultura – até porque seu gosto musical era ultra eclético. Zappa colecionava singles de rock and roll e R&B dos anos 50 ao mesmo tempo que reverenciada compositores clássicos contemporâneos como Stravinksy e Edgard Varèse.

Zappa teve uma vida pitoresca e quase engraçada (cito só meia dúzia de bizarrices): tentou estudar teoria musical numa facul da California, mas abandonou o curso depois de 6 meses; no começo dos anos 60, fez uma trilha sonora para um filme de terror B chamado O Maior Pecador Do Mundo e para um western, trampo que gerou a grana necessária para que ele construísse um estúdio em Cucamonga, California; chegou a ser acusado de conspiração para criação de pornografia (!) depois que um policial tomou posse de fitas com sex parties e passou só 10 dias (de uma sentença de seis meses) em cana. E pra que não fiquem dúvidas de que esse mago doidão da música tinha excentricidades que beiravam a loucura mais deslavada, é só ver como ele batizou sua prole. Com sua segunda esposa, Zappa teve quatro filhos, que ganharam os singelos nomes de Moon Unit, Diva, Dweezil e Ahmet Rodan. Quer mais?!?

Perfecionista ao extremo, Frank Zappa requeria dos membros de suas bandas uma “técnica intimidora”, o que ajudou a revelar ao mundo excelentes músicos, como o guitar hero Steve Vai e o fundador do Little Feat, Lowell George. Zappa também demonstrou inovações consistentes em tecnologia instrumental e de estúdio, experimentou com praticamente todos os estilos de música, inclusive música clássica, com uma versatilidade igualada por poucos nomes musicais do século 20.

Conta-se que Zappa chegava ao fim dos anos 60 “frustrado” com as vendas de seus discos, que nunca chegaram a ser sucesso comercial, e com problemas para sustentar sua banda de apoio, a Mothers of Invention, com quem tinha gravado alguns instigantes álbuns como Freak Out! (de 1966, disco que acabou perdendo dinheiro) e We’re Only In It For The Money (de 1967, uma selvagem paródia do Sgt Peppers dos Beatles onde Zappa fazia miséria com o ideário hippie).

Alguns críticos acusavam Zappa e os Mothers of Invention de serem nada além de uma piada cínica, escatológica e monumental, mas “Zappa não mostrava o mínimo desconforto em assumir duas personas aparentemente contraditórias: o debochado provocador e o compositor sério (cuja estatura de fato iria aumentar através dos anos e cujo culto sempre permaneceu intenso)” – como diz a Enciclopédia do Rock da Rolling Stone (pg 1106). Num ato de radicalismo que não é estranho a esse excêntrico gênio do rock moderno, desfez sua banda e refugiu-se no estúdio com novas companhias para gravar aquele que se tornaria um de seus discos mais notáveis: o monstro de jazz-rock dos infernos que é esse Hot Rats.

Acompanhando-o nessa jornada estavam seu velho amigo Captain Beefheart (que canta “Willie The Pimp”, única música com vocais do disco), o multi-instrumentista francês Jean Luc Ponty (que em 1970 lançaria o aclamado King Kong, só com composições de Zappa), o violinista Don ‘Sugarcane’ Harris e ainda Ian Underwood (que já havia colaborado com Zappa em Uncle Meat).

Hot Rats une radicais improvisos em que os saxofones e as guitarras endoidecem loucamente, em um pandemônio que lembra o free jazz de Ornette Coleman e Peter Brötzmann (“Gumbo Variaton” a mais incrível delas), com canções mais palatáveis e digeríveis (“Peaches Em Regalia”). Este álbum já prenuncia o trabalho de outro grande mestre do crossover entre as facetas mais radicais do rock com o jazz, John Zorn, que décadas depois marcará época fazendo o hardcore mais agressivo usando saxofones como tática de ataque. O Funhouse dos Stooges, um dos mais originais álbuns punk da história, também não existiria sem Hot Rats.

Neste álbum, provavelmente o melhor de sua carreira nos anos 60 (apesar do impacto cultural maior de Freak Out!), Frank Zappa está no cume de sua genialidade. Ele prova para qualquer cético o quanto ele tinha de inventividade musical em sua fusão de jazz e rock – e quanto era um guitarrista fudido de bom e com um estilo próprio bastante fresco e original. Em 6 músicas, três delas passando dos 9 minutos de duração (“Gumbo Variation” bate nos 16!), Zappa passeia com segurança, confiança e muito groove por esses 47 minutos de música brilhante - que consegue soar sofisticada e empolgante, ao mesmo tempo, o que não é coisa das mais fáceis de atingir. Não há nem sinal do deboche zappiano clássico, já que Hot Rats é um dos “discos sérios” da carreira do compositor, onde a sátira e as piadinhas escatológicas saem completamente do quadro, deixando subsistir somente som – e que som!

* * * * * *


“A genius of the guitar and a great producer and composer, Zappa left an immense musical legacy to be explored, much still hidden and all illuminated by a intellect that was lyrical and farsighted, when it was not obscured by its polemic trait. He had almost a philosophical attitude to music, the absolute liberty of being and playing without barriers or boundaries. Radical sounds were sewn into musical contexts never touched on by other pop musicians, in a sort of stylistic nomadism across all the territories he defined “conceptual continuity”; pop melodies were woven into jazz and virtuoso instrumentals; sequences of sounds and fragments of conversation were attached to extraordinary music. Zappa painted panoramas that surpassed sound to become culture.

(...) Zappa’s concerts with the Ensemble Modern in 1992 were a real event for the conservative world of classical music. A rock composer spearking in the tongue of the classics and proposing a sort of fragmentary yet coherent “suite”, using a quite personal linguistic crossover (linked to both his previous 30 years of work in rock and to the development of classic post-Schoenberg language) was not a common or easily digestible event. The Ensemble’s immaculate rendition empowers Zappa’s skill for constructing scores, and allows the referenced substrata to emerge – Webern, Stravinsky, Ligeti, Varèse, Bartok – as 20th century classical music as read and experienced through the Zappa composition. These final compositions may not be the favorite listening of those who prefer Zappa’s histrionics as a satirist, or his fluid, errant guitar solos, but they are definetely worthy products that delve into the depths of the restless soul of a musician who was totally immersed in such a complex century.” (ASSANTE)

DOWNLOAD (mp3 de 192kps - 63 MB - 6 faixas - 47 min):
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sábado, 2 de fevereiro de 2008

Beleza Degradante



Tom Waits [1985] Rain Dogs

"uma sucessão de climas urbanos e suburbanos, captados através de um olhar cínico e canalha, onde desfilam uma galeria de personagens saídos dos becos mais sórdidos do Harlem ou de Los Angeles. Cenas de caçadas policiais, como num romance de Raymond Chandler, espeluncas de quinta categoria em Chinatown, onde mulheres da vida vagueiam pela rua ao lado de personagens de Bukowski que perderam o rumo de casa. Todo o cinismo corrosivo das operetas de Bertold Brecht e Kurt Weill, interpretado com a dramaticidade irônica de um teatro de vaudeville"

Rene Dacol ("O Estado de São Paulo", 25/6/86).

Apesar de toda a sua esquisitice, Waits faz parte da mesma linhagem de "frágeis senhores da guerra" em que se incluem compositores como Bob Dylan, Lou Reed, David Bowie, Elvis Costello, Leonard Cohen, Neil Young e Nick Cave. Além disso, é um poeta de mão cheia e um compositor sofisticado, capaz de fazer melodia até mesmo com o barulho de uma cadeira, como prova a canção "Shore Leave", do álbum "Swordfishtrombones" de 1983 que era a primeira parte de uma trilogia informal, que seria completada com "Rain Dogs" e "Frank Wild´s Years". Comprova-se este fato quando Elvis Costello, um dos sujeitos com o melhor bom gosto musical no mundo, faz três covers de clássicos de Waits para o álbum com Anne Sofie Von Otter, "For The Stars". No entanto, para chegar ao seu estilo único, Waits teve de criar uma persona anterior: a de melhor cantor de botecos que já existiu.

Rain Dogs é uma coletânea de histórias sobre marinheiros (diz a lenda que seria o Frank de "Swordfishtrombones" cruzando o oceano e chegando em New York - fato que nunca foi comprovado), um compêndio de sabedoria do submundo, um tratado de loucura escrito pelos próprios loucos - tudo isso e muito mais. Neste álbum, Tom Waits incorpora de vez a sua persona de cicerone do absurdo e faz a pedra de toque da sua metafísica. Sim, o mundo é um hospício (o título "Rain Dogs" é uma gíria para os doentes que ficam girando em torno de um mesmo lugar, como os cachorros que rondam suas poças de urina em dias de chuva), mas capaz de uma poesia assustadora, uma poesia que também pode ser dolorida, repleta da incomunicabilidade que só os amantes proibidos possuem. Há espaço para o humor negro, também se percebe que Waits está cada vez mais preocupado com uma pergunta básica, à la Sartre: Os infernos são outros ou somos nós que construímos o nosso próprio Inferno? Ainda assim é uma obra bastante esperançosa, já que consegue refletir sobre a passagem do tempo no ser humano com uma serenidade indistinguível, mesmo que aceite o fato tristemente, como sussurra com um tom próximo de uma voz normal em "Time" (regravada por Tori Amos):

"The shadow boys are breaking all the laws/ And you're east of East St. Louis/ And the wind is making speeches/ And the rain sounds like a round of applause (...)And they all pretend they're Orphans/ And their memory's like a train/ You can see it getting smaller as it pulls away/ And the things you can't remember/ Tell the things you can't forget that/ History puts a saint in every dream/ And it's Time Time Time/ That you love" (Os garotos da sombra quebram as leis/ E você está a oeste de East St Louis/ E o vento está fazendo discursos/ E a chuva soa como aplausos (...)/ E todos fingem serem órfãos/ E a memória deles é como um trem/ Você pode vê-la diminuir enquanto ela vai embora/ E as coisas que você não se lembra/ Contam as coisas que você não quer esquecer que/ a História põe um santo em cada sonho/ E é o Tempo o Tempo o Tempo/ Que você ama).

Uma metafísica começa quando o sujeito aprende a amar o Tempo, independente da sua crueldade nas pessoas. Além do Tempo, deve-se aprender a cultivar a solidão como uma amiga. E isso Tom Waits nos ensina como ninguém. Contudo, ele retrata um mundo em que a única fuga decente parece ser a resignação de "já ter visto tudo" e, por isso, nada mais o impressiona. "9th and Hennepin" pode ser considerada o hino do frágil senhor da guerra, com sua ironia alucinatória em estilo beatnik. A solidão de estar separado da amada é talvez a única coisa que o mantém são, mesmo quando quer se "comportar como um cachorro". Escute "Downtown Train", a canção mais pop que Waits já escreveu, tão pop que até Rod Stewart fez uma versão radiofônica, não percebendo a desilusão afiada ao cantar:

"The downtown trains are full/ With all those Brooklyn girls/ They try so hard to break out of their little worlds/ You wave your hand and they scatter like crows/ They have nothing that will ever capture your heart/ They're just thorns without the rose/ Be careful of them in the dark/ Oh if I was the one/ You chose to be your only one" (O trens do centro estão lotados/ De garotas do Brooklyn/ Elas tentam sair daqueles mundos pequeninhos/ Você faz um aceno e elas respondem como corvos/ Elas não tem nada que vá agarrar o seu coração/ São apenas espinhos sem rosa/ Tome cuidado com elas no escuro/ Se eu fosse o único/ O único que você escolheria).

A mensagem de Waits não é algo explicíta. Seu humor do absurdo ainda mostra alguma resistência contra as ilusões da vida quando berra na última canção de "Rain Dogs", "Anywhere I Lay My Head" - "I don't need anybody/ Because I learned to be alone/ And anywhere/ I lay my head, boys/ I will call my home" (Eu não preciso de ninguém/ Porque aprendi a ficar sozinho/ E em qualquer lugar/ que eu deitar a minha cabeça/ Será a minha casa).

Sua alma é sua casa porque ninguém mais pode tê-la - exceto o Diabo, para quem o personagem de Waits está prontinho para fazer um pacto. No caso, um pacto patético, como fez no álbum seguinte, a parte final de sua trilogia, "Frank´s Wild Years", que mostra o velho Frank se envolvendo com o tinhoso. A tentação sempre foi algo que interessou Waits e ele desenvolveria este assunto na sua metafísica, fazendo uma contraposição com o tema da inocência - que só é possível quando sonha, e geralmente o sonho é um pesadelo grotesco.

Tom Waits está para a canção como "On The Road" de Kerouac esteve para a literatura beat dos anos 50.

Texto parcialmente extraído do site: O Indivíduo

Download: Mediafire - mp3 de 192 kbps - 73 MB

:: CSNY ::


:: CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG - "Deja Vu" (1969)

"O Crosby, Stills, Nash & Young é uma das bandas incontornáveis de finais de 60 (talvez sejam com os The Band, Santana, The Who, Traffic, Led Zeppellin e Velvet Underground o projecto musical mais consistente daqueles meses de final de década a nível do rock). Compositores dotados, harmonias vocais incomparáveis, dimensão acústica (a entrada de Neil Young, além de enriquecer tudo isto, viria a dar ao grupo uma visão eléctrica que antes não possuia).

1969 é o ano da sua formação como Crosby, Stills and Nash. Stephen Stills era voz e uma das almas dos Buffalo Springfield (juntamente com Richie Furay e um Neil Young que se começava a destacar. Gravaram apenas três álbuns em dois anos. Inesquecíveis). David Crosby, ex-Byrds, um dos inovadores em termos de som (à sua conta 'inventaram' sub-categorias do rock como o folk-rock e o country-rock). Graham Nash era um ex-Hollies, banda inglesa que deu algumas das melhores harmonias vocais à british pop da altura.

O concerto excepcional em Woodstock (era a segunda vez que os CSN tocavam juntos em público - pode ouvir-se no video de 'Suite: Judy Blue Eyes') faz deles porta-vozes da contracultura americana. Neil Young, também ele ex-Buffalo Springfield e agora em carreira a solo com os Crazy Horse (o seu primeiro álbum 'Everybody Knows This is Nowhere', também de 1969, é o início de uma carreira auspiciosa), chega em Outubro. Para enriquecer (ainda mais) o já diversificado talento do grupo. O sucesso é imediato e os CSNY disputam a popularidade aos monstros sagrados Beatles e Rolling Stones.

Na viragem de 1969 para 70 estão no seu auge. O segundo álbum, 'Deja Vu', cimenta a reputação e aperfeiçoa as (poucas) falhas do primeiro. Mais eléctrico (a presença da guitarra de Young só poderia dar nisto), harmonias vocais fabulosas ('Teach your children' ou 'Our house' por exemplo). E têm ainda tempo de prosseguir as suas aventuras a solo. Nessa ordem, dos quatro, Young é o mais consistente e também aquele que soube acompanhar melhor a evolução do rock (veja-se a admiração que nutrem por ele, entre outros, Eddie Vedder dos Pearl Jam, com quem, aliás, gravou). Problemas com drogas (nomeadamente Stephen Stills e David Crosby), álcool e alguns conflitos entre Crosby e Stills impedem a continuação dos grandes momentos anteriores." - texto editado e adaptado do Dançamos no Mundo

DOWNLOAD (mp3 de 224kps - 58MB):
http://www.mediafire.com/?5hdonggg3gf